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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

FHC e a Privataria Tucana


Gênesis de FHC


Gênesis de FHC



1. No princípio, FHC entregou as siderúrgicas e as telecomunicações.

2. O Brasil perdeu patrimônio e ficou mais pobre; as trevas cobriram as contas públicas e os bens da pátria foram transferidos a preço de banana. Mas FHC observava tudo com olharblasé.

3. FHC disse: "Faça-se a Privataria!" E a Privataria foi feita.

4. FHC viu que a Privataria era boa para poucos e ruim para a maioria, e lançou a Privataria às trevas, para que nada fosse investigado do obscuro processo.

5. FHC achou pouco, e mandou privatizar mais. Sobreveio mais desnacionalização da economia, mais desindustrialização. E o desemprego cresceu e o Príncipe da Sociologialevou o país a ajoelhar-se várias vezes para pedir socorro ao FMI.

6. FHC disse: "Aumente-se o entreguismo, que ainda não foi o bastante.” E seus diligentes ministros trabalharam para atender às ordens antinacionais. E deram a Vale, a Telebras etc. Para proteger banqueiros falidos foi feito o Proer. Para atender, outra vez, os EUA, o Sivam e outras medidas foram executadas. Até tentou-se entregar o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e a Petrobras, que mudaria para Petrobrax e seria uma empresa dos EUA.

7. FHC comprou a emenda da reeleição no Congresso, mas o STF nunca se pronunciou a respeito: não desmembrou, não fatiou, não segmentou. Nada fez. E o PIG se sentia contemplado com as medidas de seu governo.

8. E assim se fez. FHC chamou de “governo” seu descalabro. E sobreveio dia e noite, e o Brasil encaminhava-se para a bancarrota total, apesar dos elogios caudalosos da liberdade de imprimir dos órgãos piguianos.

9. FHC disse: "Que se eternize a natureza do que fizemos, pois aí ninguém estranhará tudo o que de estranho fizemos." E assim se fez.

10. FHC chamou a falência e a humilhação da genuflexão das reiteradas idas ao FMI de NORMAL, e desígnios do Consenso de Washington (que o escolheu para aplicar o ideário neoliberal) de ordens DIVINAS. E FHC viu que isso era bom para a plutocracia, mas péssimo para os pobres.

11. FHC havia escrito muitas coisas antes, mas de imediato ele disse: “Esqueçam o que escrevi. Agora só sigo o roteiro do Grande Irmão do Norte.” E assim foi feito.

12. Em função disso, o Brasil precisou ser resgatado para livrar-se das imposições do FMI, fortalecer a Petrobras, criar acesso dos pobres às universidades, aos aeroportos e outros lugares antes exclusivos de endinheirados.

13. Há muito a se fazer ainda. Porém, o país agora tem condições de encaminhar soluções para seus problemas, pois saiu do abismo demotucano.

Leia também:

O potencial de rejeição de José Serra

A reforma política do Dr. Toicinho - Capítulo 1º das reformas piguianas

Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises) ou Tea Party escreve roteiros em Hollywood

terça-feira, 28 de agosto de 2012


Uma escola, uma menina de 13 anos, uma página do Facebook e milhares de fãs.

27/08/12 | Curiosidades

Se tentar criar uma relação entre o uso do Facebook e a educação, é bem provável que pense na imagem do aluno curtindo imagens engraçadas em horário de aula, divertindo seus colegas e infernizando a vida do pobre professor de matemática que disputa a atenção com a rede social.
Mas para Isadora Faber, a história é outra. Isadora está no sétimo ano de sua escola, localizada em Santa Catarina. Assim como todos os seus colegas, convive diariamente com os problemas que já se tornaram corriqueiros na maioria das escolas públicas do páis: carteiras quebradas, ventiladores que não funcionam, portas sem fechaduras, e por aí vai.
Provavelmente a maioria dos estudantes da escola municipal Maria Tomázio Coelho se sentem incomodados com isso, assim como Isadora. Mas ela foi além do “sentir-se”. Ela agiu.

Como?

Em julho de 2012, Isadora criou uma página no Facebook, o Diário de Classe, cujo objetivo era informar os problemas que convivia diariamente e cobrar mudanças. Na página, ela mostra de perto os problemas que muitos alunos enfrentam, e faz-nos refletir em como a educação pública no Brasil é carente de manutenção e infra-estrutura.
A ideia foi tão boa e deu tão certo que se tornou uma espécie de viral. Para se ter ideia, desde que comecei a escrever esse texto até esta linha, mais de 500 pessoas se tornaram fãs da página, que no momento beira os 20 mil.
Para quem pensa que o jovem brasileiro só sabe usar o Facebook para curtir besteira e bater papo, a jovem Isadora mostra o contrário.
Na descrição de sua página, Isadora diz que quer o melhor não só para ela, mas pra todos. E já está conseguindo. A repercussão da página já beneficiou a escola de algumas formas. É mais uma prova de como é possível usar redes sociais como o Facebook para o bem coletivo.
Que o exemplo de Isadora sirva de exemplo para qualquer cidadão que queira se expressar. A internet é muito mais do que tirinhas, memes ou piadinhas. É possível literalmente mudar o mundo. Pelo menos o seu mundo.
Parabéns Isadora.

http://www.designerd.com.br/uma-escola-uma-menina-de-13-anos-uma-pagina-do-facebook-e-milhares-de-fas/

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

6 palavras "sujas"


A origem “suja” de 6 palavras de nosso cotidiano

Carolina Vilaverde 27 de agosto de 2012
Sabia que ao dizer o nome de uma flor você pode estar falando sobre “testículos”? Pois é, nossos antepassados, responsáveis por criar as palavras que hoje usamos, tinham uma mente bem “suja” na hora de nomear coisas. Essa lista mostra a origem ~safadinha~ de algumas palavras comuns em nosso cotidiano. Confira:
1. A palavra: Orquídea
Orquídeias
O que você acabou de dizer, na verdade: Testículos
Como assim?
Se você olhar para as raízes de algumas orquídeas, vai notar que elas lembram testículos. Discorda disso? Então saiba que a semelhança era tão grande que a família inteira dessa planta foi nomeada a partir dessa observação. A palavra contemporânea para a flor vem da palavra grega “orchis“, que em tradução literal significa “testículos”.
2. A palavra: Porcelana
O que você acabou de dizer, na verdade: Vagina de porca
Como assim?
A palavra porcelana vem do italiano “porcellana”, uma palavra derivada de “porcella”, que significa “porca jovem”. “Porcellana” é o nome de uma espécie de concha, como essas usadas nos búzios, e tem esse nome porque o formato da concha lembra a vulva de uma porca. Então toda vez que você disser porcelana, saiba que esse nome foi inspirado no órgão genital de uma porca. Inspirador, não?
3. A palavra: Baunilha
Baunilha
O que você acabou de dizer, na verdade: Vagina
Como assim?
Durante a derrubada do Império Asteca, homens encontraram a planta da baunilha e a apelidaram de “vainilla”, um diminutivo de “vaina”, que quer dizer “bainha” em espanhol. Por sua vez, “vaina” vem da palavra latina “vagina”. Isso tudo por causa da forma das plantas, que precisam ser abertas e divididas para a extração dos grãos.
4. A palavra: Seminário
O que você acabou de dizer, na verdade: Sêmen
Como assim?
Seminário vem do latim “seminarium”, que significa viveiro de plantas. E isso deriva de outra palavra latina: “semen”, que quer dizer sementes e que também foi base para a palavra “sêmen”.
5. A palavra: Fundamental
O que você acabou de dizer, na verdade: Nádegas
Como assim?
A palavra fundamental é derivada do latim “fundamentalis”, que significa algo como “da fundação”. Por sua vez,  “fundamentalis” vem da palavra “fundamentum” do latim velho. Um dos descendentes imediatos dessa palavra é “fundament” em inglês, que quer dizer “ânus” ou “nádegas” desde o século 13.
6. A palavra: Abacate
Abacate
O que você acabou de dizer, na verdade: Testículos
Como assim?
Na língua dos astecas, abacate era chamado de “awakatl”, com o significado sugestivo de “testículos”. A palavra evoluiu e, em espanhol, acabou virando “aquacate”, que inspirou a nossa tradução para o português.

Divulgando Luiz Nassif On Line


CQC e a tentativa de flagrante em um pedófilo

Por Marco Antonio L.
Do Roteiro de Cinema News
Por Fernando Marés de Souza
Programa comandado pelo jornalista Marcelo Tas na TV Bandeirantes tenta caçar pedófilos na Internet, mas acaba revelando total desconhecimento sobre o assunto. Utilizando-se do abominado recurso do flagrante preparado, o CQC acusou falsamente um cidadão de ser pedófilo. E nesta tentativa de expor um criminoso, acabou cometendo um crime.
Na noite da última segunda, dia 20 de agosto, o programa CQC da Rede Bandeirantes exibiu uma reportagem onde imita o infame "To Catch a Predator" da NBC americana, controverso programa criticado por preparar flagrantes no intuito de expor pedófilos, responsável por um suicídio e processado em 105 milhões de dólares. A matéria do humorístico pseudo-jornalístico comandado por Marcelo Tas pode ser conferida no site da Rede Bandeirantes, ou no vídeo abaixo:
O termo "pedofilia" foi amplamente utilizado na reportagem do CQC, e o cidadão atraído pela armadilha preparada pela repórter Mônica Iozzi foi diversas vezes chamados de "pedófilo", não só na reportagem como também nas chamadas promocionais e contas dos membros do CQC nas redes sociais. Porém, um pequeno detalhe chama a atenção: a conduta retratada não é a da pedofilia. Pode soar estranho, mas pedofilia não é crime, crime é abuso sexual infantil. Pedofilia é uma doença, uma parafilia bem definida pela Organização Mundial da Saúde, que consiste na atração sexual por crianças, indivíduos pré-púberes. E a personagem criada pelo CQC não era uma criança, e sim uma garota de 14 anos completos. A ONG Safernet esclarece
"Pedofilia é um transtorno da personalidade, mais precisamente uma parafilia. No DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), a classificação dos transtornos mentais feitas pela Associação Americana de Psiquiatria, a Pedofilia é caracterizada quando os indivíduos apresentam os seguintes aspectos: 
Critérios Diagnósticos para F65.4 302.2 - Pedofilia - DSM IV 
A. Ao longo de um período mínimo de 6 meses, fantasias sexualmente excitantes recorrentes e intensas, impulsos sexuais ou comportamentos envolvendo atividade sexual com uma (ou mais de uma) criança pré-púbere (geralmente com 13 anos ou menos)
B. As fantasias, impulsos sexuais ou comportamentos causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. 
C. O indivíduo tem no mínimo 16 anos e é pelo menos 5 anos mais velho que a criança ou crianças no Critério A. 
Tampouco o ato de assediar pela internet um indivíduo de 14 anos é crime, conforme o mesmo esclarecimento da ONG Safernet enviado ao Roteiro de Cinema:
"Note-se que só haverá crime se a vítima for criança, ou seja: qualquer ser humano entre zero e 12 anos incompletos.  No caso da reportagem do CQC, a atriz que fez o papel da suposta vítima dizia ter 14 anos, o que, de acordo com a lei brasileira, não haverá crime desde que o contato através da Internet não envolva a produção, troca, filmagem, fotografia de cenas pornográficas ou de sexo explícito."
Chamada da matéria no site da Bandeirantes. 
Uso equivocado do tema pedofilia para alavancar audiência.
Este é primeiro grande equívoco da reportagem. A atração sexual por uma garota de 14 anos não é pedofilia. Este fenômeno é conhecido como Efebofilia e não é classificada como parafilia pelos organismos médicos. Mas o segundo equívoco é ainda mais grave. A reportagem afirma que o fato do cidadão ter marcado um encontro com um garota de 14 anos é crime. Todo o flagrante da reportagem é baseado na falsa premissa de que um adulto fazer sexo consensual com um garota de 14 anos seria um crime. Não é. De acordo com o Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente do Paraná, a presunção de violência   é aplicada apenas para menores de 14 anos. Ou seja: sexo consensual com indivíduos com 14 anos completos - a idade da personagem criada pelo programa - não é crime tipificado pelo Código Penal:

"Estupro de Vulnerável: Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos."
Pedobear como novo integrante do CQC.
Montagem por Thiago Fernandes (@xthiii)
A realidade então é que o "pedófilo" flagrado pela reportagem não é um pedófilo e nem estava cometendo crime algum. E ao acusar um cidadão publicamente e em rede nacional de estar cometendo um crime inexistente, os responsáveis pela reportagem do CQC é que cometem crime de Calúnia, além de crimes de Injúria e de Difamação ao tratá-lo como "pedófilo", chegando ao absurdo de incitarem violência contra ele. Ao tentar flagrar um criminoso, desinformados e apenas interessados na audiência que o sensacionalismo proporciona, quem cometeu um crime foram os responsáveis pela produção e exibição da matéria. E numa análise mais abrangente, todos que publicamente endossaram as acusações da emissora. O desrespeito aos direitos fundamentais do cidadão pela emissora podem incorrer também no descumprimento da Constituição Federal em seu artigo 221, o que - somado aos outros diversos exemplos documentados de desvios éticos da emissora - poderia acarretar no cancelamento ou na não-renovação da concessão do serviço público de radiodifusão da TV Bandeirantes.

A TV Bandeirantes tem um dos piores currículos em matéria de conduta antiética entre as emissoras brasileiras. Na Bahia o Ministério Público propôs ação requerendo que "a emissora deixe de exibir, em seus programas jornalísticos, entrevistas e imagens que atentam contra a dignidade humana". Foi da Band Bahia que saiu o infame caso da repórter Mirella Cunha, que debochou de um preso em rede nacional.
 
Band diz que Mirella  feriu o código de ética do jornalismo da emissora.
Mas existe mesmo esse tal código? A Band silencia sobre o assunto.
A indignação nas redes sociais contra o comportamento da repórter Mirella Cunha gerou uma inédita reação do departamento de Jornalismo da Band comandado por Fernando Mitre. Em nota, a Bandeirantes afirmou que iria "tomar todas as medidas disciplinares necessárias" e que a "postura da repórter fere o código de ética do jornalismo da emissora”. Porém, a própria nota demonstra a falta de ética da emissora. Ao contrário do que afirma a nota, a Band não possui um Código de Ética próprio para ser ferido. Diversos profissionais que trabalham ou trabalharam na Band afirmaram desconhecer tal documento, incluindo o repórter do CQC Mau Meirelles. Desde o dia 23 de Maio, ou seja há três meses, cobro da Assessoria da Band um esclarecimento sobre o tal "Código de Ética do jornalismo da emissora" mencionado na nota, porém, nunca responderam uma simples pergunta: existe mesmo um código de ética da Band? Também nunca esclareceram se o CQC, que afirma praticar jornalismo em uma campanha para justificar a autorização de gravar dentro do Senado Federal, está obrigado a cumprir este ou qualquer outro Código de Ética jornalística. 
Independente dos erros factuais e do caráter calunioso e difamador da matéria do CQC sobre a suposta pedofilia, outra questão alarmante é a do uso do Flagrante Preparado na reportagem, recurso abominado pelo processo penal brasileiro e pela ética jornalística em geral, sobre o qual já discuti em um artigo relatando esta prática pelo Jornal Hoje. Prepara-se um cenário irreal para induzir alguém a cometer um crime somente para pegar a pessoa em flagrante, na tentativa de criar um crime onde não haveria. Um crime impossível. Nem a polícia pode usar este tipo de artifício, quanto mais a imprensa.
Apresentador do CQC chama cidadão de "FDP PEDÓFILO" e diz que
para matéria ter ficado perfeita só faltou ele levar uma surra.
Algumas pessoas comentaram que apesar do sensacionalismo, dos erros factuais e da desonestidade jornalística, o saldo da matéria seria positivo, pois alertaria os pais para o riscos a que seus filhos estão expostos na internet, e que inibiria pedófilos por medo de serem flagrados. Acredito que a conclusão não poderia estar mais longe da verdade. A reportagem apenas desinforma e promove paranoia com internet. Os dados sobre abuso sexual mostram que abusadores são normalmente pessoas conhecidas da família, muito frequentemente parentes das vítimas, então o risco maior não está na internet. Poderia dizer que é mais arriscado mandar sua filha comprar alguma coisa em uma mercearia do que deixar a solta numa sala de bate papo. Os riscos na internet existem, obviamente, mas não são os retratados na reportagem. Crianças e adolescentes não convidam gordinhos da internet para tirarem sua virgindade. Se quiserem se iniciar sexualmente por vontade própria, o farão com um vizinho, um conhecido, não com um estranho. O maior risco, pela natureza da web, não é o aliciamento para sexo, e sim o de ser vitima de pornografia infantil. Porém, existem sim círculos que aliciam menores na internet, em grande parte jovens homossexuais reprimidos pela família, que vêem na rede a única maneira de encontrar um parceiro, uma voz que lhe entenda, e com a confiança conquistada, viram presas para exploradores sexuais. E esses exploradores, sinto informar, não se intimidam com reportagens do CQC. São aliciadores profissionais a serviço do crime organizado que suprem o mercado de prostituição e pornografia infantil no Brasil e no exterior.
Há ainda uma tese muito popular nas redes sociais de que essa matéria do CQC não passaria de uma grande encenação, e que o cidadão acusado falsamente de ser pedófilo seria um ator contratado. O fato do programa não ter reportado o caso para a polícia (praxe em reportagens que supostamente envolvem prática de crime) é um indício  forte de que isso pode ser verdade. Mas não há como confirmar este fato. A esta altura não sei o que seria pior: o CQC ter armado uma farsa para ludibriar o seu público em busca de audiência, ou, na mesma busca pela audiência, ter cometido crimes contra um cidadão inocente.
Procurada pelo Roteiro de Cinema a TV Bandeirantes, como de costume, não comentou o caso.
UPDATE 24/08/14h00: Alguns leitores contestam a tese de que tenha havido crime de Calúnia, por não ter sido citada nenhuma conduta tipificada como crime, mas confirmam a tese de que claramente ocorreram os crimes de Difamação e Injúria por parte dos responsáveis pela reportagem. Porém, eu sustento ainda a tese que além dos crimes claros de Injúria e Difamação, incorreram também no crime de Calúnia, pois Marcelo Tas diz claramente que atraíram "um desses caras" que "ficam procurando" e "atraindo crianças e pré-adolescentes", o que é crime de acordo com o 241-D da Lei 11.829/08. Em todo caso, esse debate é somente para definir se foram cometidos um, dois ou três crimes durante a reportagem. O de Injúria é praticamente irrefutável. Mais detalhes nos comentários.
UPDATE 24/08/16h30: Ao invés de corrigir os erros e se retratar, a Band resolveu justificar a reportagem equivocada em uma matéria em seu site. O lead da matéria de Gabriella Marini é: "Promotor afirma que a reportagem do CQC sobre pedófilos ajuda a aumentar as discussões sobre órgãos de controle na internet", citando o promotor Luiz Alberto Segalla Bevilacqua. Liguei para o promotor ele nega ter feito qualquer juízo de valor sobre a matéria ou ter dito que ela "ajuda em algo". Diz que só esclareceu dúvidas técnicas para a repórter.
UPDATE 26/08/16h30: Na reprise do CQC, exibida na madrugada de hoje, a Band cortou (de maneira brusca e tosca) os três segmentos da reportagem e as referências a ela feitas pelos apresentadores da bancada. É um bom sinal, mas não o suficiente para corrigir o erro.
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PS: Ao confrontar a repórter Mônica Iozzi com as informações que transcrevo aqui, ela, ao invés de me responder, me bloqueou no Twitter. Então ficaria muito feliz se vocês enviassem este artigo para ela: @Srta_Iozzi

Mandem o artigo e cobrem resposta do Marcelo Tas também: @marcelotas
Mandem o artigo e cobrem respostas também de quem patrocina o programa:
@PepsiBr @ClaroRonaldo @Trident_Brasil @KaiserBrasil
A íntegra da mensagem da ONG Safernet sobre o programa pode ser lida aqui:
Uma crítica do jornalista Mauricio Stycer sobre o uso do recurso do Flagrante Preparado na reportagem pode ser lida aqui.
Texto antigo da amiga advogada Aline que mostra que o CQC é reincidente em retratar equivocadamente a pedofilia pode ser lido aqui.
Denunciem casos de abuso, violência ou exploração infantil pelo disque 100.



http://www.advivo.com.br/node/1020722

Cuba sem o bloqueio midiático


Cuba sem o bloqueio midiático

Do blog Tudo em cima:

A Radical Livros está lançando “Cuba Sem Bloqueio: a revolução cubana e seu futuro, sem as manipulações da mídia dominante”, de Hideyo Saito e Antonio Gabriel Haddad. Como anuncia o título, trata-se de um trabalho que mostra a realidade cubana atual de forma clara e direta, sem as mistificações criadas pelos meios de comunicação dominantes.

Qualquer fato contrário à revolução cubana merece destaque nessa imprensa, como exemplifica o caso de um ato do grupo dissidente Damas de Branco, que reuniu dez pessoas em Havana e foi chamada de capa de O Estado de S. Paulo. Qual outra manifestação desse tamanho mereceria tal tratamento? Contrariamente, qualquer notícia favorável à revolução é ignorada, como quando a revista Veja entrevistou o pedagogo e economista Martin Carnoy, que estava no Brasil para lançar o livro “A vantagem acadêmica de Cuba: por que seus alunos vão melhor na escola”, e conseguiu não falar no ensino cubano.

O mesmo aconteceu quando a Unesco divulgou os resultados das duas pesquisas comparativas sobre o ensino na América Latina, uma de 1997 e outra de 2007: a grande imprensa brasileira abriu um bom espaço para falar sobre o desempenho do Brasil, mas não mencionou que os estudantes cubanos ficaram em primeiro lugar em ambas.

Exemplos como esses se multiplicam. Por isso, o título do livro alude a uma Cuba “sem bloqueio”, referindo-se, neste caso, ao bloqueio de informação correta sobre o país, erguido pelos oligopólios da comunicação. É devido a esse bloqueio que a realidade de Cuba continua pouco conhecida entre nós.

Para furar esse “bloqueio informativo”, os autores pesquisaram tanto em fontes cubanas como estrangeiras. Foram consultados livros, pesquisas acadêmicas, estatísticas e estudos de instituições cubanas e multilaterais (como o Banco Mundial e a ONU), publicações de think tanks como o Conselho de Relações Exteriores (Council on Foreign Relations) dos Estados Unidos, além de periódicos, fontes de internet e outras.

Nos 12 capítulos compostos com base no material assim reunido, Hideyo Saito e Antonio Gabriel Haddad dão vida a um processo de construção social que procura enfrentar seus problemas, encarados como consequência de erros e de dificuldades políticas e econômicas de toda ordem, mas também de agressões e de obstáculos criados pelas potências dominantes.

O livro mostra, assim, a existência de uma grande mobilização popular no país, tendo como evento central o debate em torno do aperfeiçoamento do socialismo cubano. Cubanos de todos os estratos sociais participam livremente dessas discussões, por vezes com grande acuidade crítica. Essa efervescência se reflete em conversas particulares, em assembleias, em obras artísticas, em publicações acadêmicas especializadas ou na mídia local.

Definitivamente, “Cuba Sem Bloqueio” não fala sobre um paraíso terrestre. Mas levanta em alto e bom som a questão: “Quantos países capitalistas exibem uma sociedade razoavelmente harmônica, sem concentração de riqueza, sem miséria, sem fome, sem analfabetismo, sem violência social e sem crianças abandonadas”, como a de Cuba? Uma possível resposta está em sua introdução, quando cita Noam Chomsky: “O que é intolerável para essa mídia (‘o verdadeiro crime de Cuba’) são os êxitos cubanos, que podem servir de exemplo para povos de países subdesenvolvidos”.

ISBN: 978-85-98600-15-4
Formato: 16 x 23 cm
Páginas: 448
Preço: R$ 45,00
Compre aqui

Paris recebe réplica da estátua do Cristo Rendentor


Segunda-feira, 27 de agosto de 2012, 08h57

Paris recebe réplica da estátua do Cristo Rendentor


Rádio Vaticano


Uma réplica da estátua do Cristo Redentor será exibida nesta quarta-feira, 29, diante da Catedral de Notre Dame, em Paris, no âmbito da preparação para a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, em julho de 2013. Milhões de jovens estão sendo esperados para essa Jornada que se realizará entre os dias 23 e 28 de julho, com a presença do Papa Bento XVI.

A réplica da estátua tem 3,8 m de altura e 3 m de largura e foi esculpida pelo artista plástico Odilon Lima e artesãos das escolas de samba do Rio de Janeiro. Ela será apresentada no final da tarde desta quarta-feira no final de uma missa na Catedral de Notre Dame, segundo comunicado divulgado pelo Consulado da França no Rio.

“Cristo de braços abertos é o maior símbolo do Rio de Janeiro e vai ao encontro de turistas, peregrinos, de todas as culturas e de todos os países e que mostra que o Rio é uma cidade aberta e acolhedora”, disse o reitor do Santuário “Cristo Redentor”, padre Omar Raposo, em um comunicado.

A estátua do Cristo Redentor, que comemorou seus 80 anos em 12 de outubro de 2011, foi nomeada “Embaixadora da JMJ”. Além da apresentação da réplica, uma exposição conta a história do monumento símbolo mais visitado do Rio e do Brasil. Folhetos em várias línguas serão distribuídos ao público na capital francesa.

A réplica da estátua, eleita sétima maravilha do mundo moderno, então será doada para a cidade de Paris como “um símbolo da paz”.

Várias réplicas da estátua e exposições deverão percorrer os quatro cantos do mundo. A Cidade do Vaticano foi a primeira a receber a réplica no mês de abril. Depois de Paris, será Toronto (Canadá), no dia 16 de setembro, Tóquio (Japão) em 28 de setembro e Maputo (Moçambique), em 10 de outubro.

A JMJ do Rio será a segunda Jornada a ser realizada na América Latina, 26 anos após a de Buenos Aires, que teve a presença de João Paulo II. 

domingo, 26 de agosto de 2012

Atitudes de Barbosa no caso mensalão preocupam OAB


DOMINGO, 26 DE AGOSTO DE 2012


Alguns amigos estão na campanha "Joaquim Barbosa é herói". Que tal ler?: Atitudes de Barbosa no caso mensalão preocupam OAB

Atitudes de Barbosa no caso mensalão preocupam OAB

Por Marcos de Vasconcellos


As atitudes do ministro Joaquim Barbosa durante o julgamento da Ação Penal 470, o processo do mensalão, tornaram-se motivo de preocupação para o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. O Plenário da entidade decidiu, por unanimidade, divulgar uma nota se solidarizando com os advogados que atuam no processo.
O presidente da OAB, Ophir Cavalcante, afirma que a nota se faz necessária porque o ministro Joaquim Barbosa “tem adotado posturas que em nada engrandecem a Justiça”. Entre os problemas apontados por ele, está o pedido do ministro, já no primeiro dia de votação, para enviar uma representação contra os advogados que pediram sua suspeição no caso, questionando sua imparcialidade para julgar o processo. O pedido foi rejeitado pelos outros ministros.
O presidente da OAB também critica a atitude do ministro ao chamar de “abobrinhas” questões preliminares levantadas por advogados do processo. “Quero eliminar as abobrinhas”, disse Barbosa em referência às questões preliminares, ao que até mesmo o ministro Marco Aurélio o advertiu de que os advogados podiam sentir-se ofendidos. 
Pelo visto ofendeu mesmo, pois na visão de Ophir Cavalcante, Joaquim Barbosa “tentou diminuir as vozes da defesa”. E mais: tentou “emparedar os advogados de defesa ao pedir o envio de representação contra eles”.
A nota aprovada pelo Conselho Federal da OAB diz que “manifestações diminuindo a relevância do papel da defesa não se coadunam com o que se espera — e se exige — de uma autoridade do Judiciário”.
A OAB diz também que os advogados que estão atuando na AP 470 têm-se portado com dignidade, respeito, e em estreita observância aos postulados ético-profissionais, não se observando conduta ofensiva ou merecedora de reparos.
Leia a nota:
O plenário do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) decidiu, por unanimidade, divulgar nota se solidarizando com os advogados que atuam na Ação Penal 470, conhecido como mensalão, em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Com o seguinte teor:
1. O advogado é indispensável à administração da Justiça. No exercício de sua missão, deve atuar com independência e autonomia, de modo a assegurar a efetivação de um julgamento justo.
2. Toda e qualquer atitude em desrespeito à liberdade profissional do advogado ofende a Constituição, o devido processo legal e atenta contra as garantias fundamentais dos cidadãos.
3. Os advogados devidamente constituídos na referida Ação Penal têm-se portado com dignidade, respeito, e em estreita observância aos postulados ético-profissionais, não se observando conduta ofensiva ou merecedora de reparos.
4. Manifestações diminuindo a relevância do papel da defesa não se coadunam com o que se espera — e se exige — de uma autoridade do Judiciário.

ESTE É O BRASIL QUE OS TUCANOS NOS DEIXARAM!




sexta-feira, 27 de julho de 2012


Incrível: José Serra não cumpre mandato eletivo integral há 17 anos


José Serra coleciona uma quase inacreditável sequência de descumprimentos ao cargo eletivo assumido. Desde 1995 que o ex-presidenciável não cumpre um mandato completamente. Fato deverá ser imensamente usado pelos adversários



Serra Cumprir Mandato Prefeitura
José Serra precisará convencer eleitor de que, se eleito, não abandonará o barco mais uma vez
O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) não cumpre um mandato integral há 17 anos. O tucano, que oficializou sua intenção de concorrer nas prévias internas na terça-feira, depois de deixar a cadeira da Câmara dos Deputados, em 1995, coleciona uma sequência de descumprimentos ao cargo eletivo assumido. Foram outras duas interrupções consecutivas antes do término: Serra saiu da prefeitura paulistana, em 2006, após ficarapenas um ano e três meses no Executivo para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes e abandonou, em 2010, para se candidatar à Presidência.
O tucano ocupou os cargos de ministro do Planejamento de 1995 a 1996 e ministro da Saúde de 1998 a 2002. No mesmo ano, ele foi candidato à Presidência, sendo derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Para não perder o poderio eleitoral, entrou na disputa pela Capital na eleição de 2004, venceu, mas afastou-se em 2006. Deixou nas mãos do vice Gilberto Kassab, hoje no PSD, mesmo tendo assinado uma carta, ainda durante a campanha, comprometendo-se a permanecer no posto até o fim do mandato.
    Como governador ficou de janeiro de 2007 a abril de 2010, quando renunciou o caro – deixado nas mãos de Alberto Goldman – para se candidatar pela segunda vez à Presidência. Serra já exerceu também os mandatos de deputado constituinte de 1987 a 1991, deputado federal de 1991 a 1995. Demonstrando-se ávido pelo majoritário, em 1988, foi candidato pela primeira vez à prefeitura de São Paulo mas, em uma eleição ainda sem segundo turno, foi derrotado. Depois de oito anos, concorreu novamente ao cargo, amargando outro revés.
    Na entrada da disputa eleitoral, ele justifica ser fruto de uma necessidade. Atualmente, garante que vai completar os quatros anos do governo paulistano, caso seja eleito, assegurando que não disputará o pleito presidencial de 2014. “Vou cumprir o mandato de prefeito por quanto tempo o mandato durar, ou seja, até 2016.” Indagado se daria para prometer se, nesta oportunidade, não deixaria o Executivo, Serra refutou repetir os precedentes do passado. “Exercerei os quatro anos, isso é mais que uma promessa.”
    O professor da Fundação Escola de Sociologia e Política, Rui Tavares Maluf, adianta que o fato será “imensamente usado pelos adversários”. Segundo ele, a situação recorrente, até agora, teve pouco efeito no resultado final, mas a “federalização do pleito” vai dificultar o processo eleitoral. “Fica complicado convencer o novamente o eleitorado. Vejo que atenuaria (a condição) dependendo da escolha do vice.”
    Serra, no entanto, não descartou voltar a disputar à Presidência no futuro. Ele afirmou que um sonho pode “permanecer adormecido” por muito tempo. “Estou no auge da minha energia”, disse ele, evitando fazer conjecturas políticas se a corrida ao Palácio do Planalto se daria em 2018.
    Tavares argumenta que as declarações de Serra ficam incompatíveis ao comentar o fato de não entrar no pleito de 2014. “Ele sempre diz que tem o sonho de ser presidente. Não é nenhum garoto (completa 70 anos dia 19). Essa chance pode ser a última ao cargo.

    Entrevista

    Um doutor na sala de TV

    FLÁVIO DE ALMEIDA
    Domingo, dia 12 de outubro. Por volta de 22h15, começa a exibição, no programa Fantástico da Rede Globo, de mais um documentário da viagem ao corpo humano, produção do inglês Channel 4 com imagens de alta definição e gráficos em 3D. O apresentador é Drauzio Varella, o médico de 65 anos que transformou a mídia em uma aliada da promoção da saúde.
    Seu quadro no Fantástico, com duração aproximada de 15 minutos, é um dos líderes de audiência do programa. Mas quem o vê desenvolto diante das câmeras não imagina que o médico-apresentador chegou um dia a sentir certo desconforto com a exposição na mídia, ainda que a causa fosse nobre. “Os médicos tinham preconceito, e comigo não era diferente”, admite Varella.
    O médico tomou gosto pelos meios de comunicação de massa ao perceber o potencial que eles têm de lidar com questões ligadas à saúde. Suas incursões começaram em 1986, com campanhas de prevenção à aids – ele foi um dos primeiros médicos brasileiros a lidar com casos da doença – veiculadas na rádio Jovem Pan AM e depois na 89 FM de São Paulo.
    Varella transita por outras mídias, como a história em quadrinhos – supervisionou a edição da revista Vira-Lata, que circulou no presídio do Carandiru – e, a partir de sua experiência como voluntário na casa de detenção, escreveu o livro Estação Carandiru, lançado em 1999 e até hoje um sucesso de vendas, com direito a uma versão cinematográfica dirigida por Hector Babenco.
    Nesta entrevista a DIVERSA, o médico aborda temas ligados à relação entre mídia e promoção da saúde e discute os avanços do Sistema Único de Saúde (SUS), sua experiência no tratamento de pacientes com aids, seus estudos de bioprospecção na Amazônia e a briga que comprou com a Igreja Católica, sempre refratária ao uso de preservativos e métodos anticoncepcionais.

    Como o senhor “descobriu” a mídia?

    Foi há cerca de 20 anos, quando um amigo da rádio Jovem Pan, o Fernando {o jornalista Fernando Vieira de Mello}, fez uma entrevista comigo sobre aids. Dois meses depois, encontrei um amigo na rua que disse ter ouvido no dia anterior uma entrevista minha na rádio. Achei estranho, pois ela fora concedida bem antes. Liguei para o Fernando e cobrei uma explicação. Ele justificou: “Dividi a entrevista em fragmentos e estou apresentando na programação”. Disse que ele deveria ter me consultado e que eu achava muito estranho entrar no rádio todos os dias. Ele respondeu: “Estamos prestando um serviço para a população, é uma informação de interesse público, todo mundo está elogiando”. Naquela época ninguém falava em aids. E assim começou, muito timidamente, mas aos poucos fui me envolvendo. Médico sério não fazia essas coisas. O que existia era médico aparecendo em programas de TV durante as tardes para apresentar clínicas de cirurgia plástica e de embelezamento. Havia muito preconceito. E eu também tinha. Mas comecei a me convencer de que é uma das funções da medicina.

    Esse preconceito ainda existe?

    Há médicos que acham que a medicina exige certo recolhimento, que deve ser praticada nos consultórios, evitando, ao máximo, uma exposição pessoal. Respeito muito essa posição. Mas imagino que a maioria dos médicos acredita que esta é uma visão equivocada, porque a medicina não foi feita para servir aos médicos e sim à sociedade. E a obrigação do profissional é tornar acessível à população o conhecimento que ele recebeu. Claro que tem também uma visão mais mesquinha, do sujeito que acha que você está fazendo isso para aparecer. Mas aí não dá para considerar. Se eu fico preocupado com esse tipo de interpretação, não faço nada na vida, vou ficar trancado em casa.

    Vinte anos depois de começar a incursionar pelos meios de comunicação, como avalia a importância deles para a promoção da saúde?

    Produzi uma série na TV Globo mostrando cinco fumantes que estavam em vias de deixar de fumar. Com essa série, eu fiz mais do que em toda a minha carreira de médico. Milhares de pessoas pararam de fumar por causa dela. Recebi inúmeros e-mails e até hoje encontro pessoas que se lembram da série. Desde o operário de macacão na rua até uma pessoa numa classe executiva de vôo internacional. O fumante – e eu já fumei – quer parar de fumar, mas falta a ele uma motivação. Tendo essa motivação, ele abandona o vício. Se já é uma festa quando o médico consegue que um único paciente pare de fumar, imagine quando mais pessoas alcançam esse objetivo.

    Por causa da TV, o senhor se transformou num médico com milhões de pacientes. É o “Doutor Drauzio”, o médico da família brasileira. De que forma esse contato virtualizado muda a relação médico-paciente?

    Eu sou oncologista e acho que, pela natureza da minha especialidade médica, o meu trabalho na TV não muda a relação com meus pacientes. O portador de câncer, que está na fronteira entre a vida e a morte, não se interessa em saber se seu médico aparece na TV; ele quer um profissional que lhe dê atenção. Eu tenho uma clínica e reservo a ela e a meus pacientes cerca de 80% do meu tempo de trabalho. À TV me dedico apenas a partir de sexta-feira e, esporadicamente, algum dia de semana à noite. Assisto entre 60 e 80 doentes por semana.

    O senhor tem uma idéia da audiência de seu quadro no Fantástico?

    É grande, alcançando muitas vezes o pico de audiência do programa. Mas não sou eu que consigo isso; esse sucesso deve-se ao tema. Há um interesse muito grande por esse tipo de informação. Informações não faltam, mas há uma carência por informações apresentadas em linguagem clara. Um dos problemas que especialistas enfrentam é o medo do patrulhamento por estarem supostamente empobrecendo a medicina. Isso é má compreensão do papel da televisão, que trabalha com informação pulverizada voltada para milhões e milhões de pessoas. O desafio é encontrar uma linguagem que seja compreensível sem perder o rigor científico.

    E o senhor achou essa fórmula?

    Eu não paro de aprender. Cada caso exige uma forma diferente de ser contado. O problema é que, em ciência, você tenta ser o mais completo possível, enquanto na televisão, trabalhando com 15 minutos, isso não é possível. Isso me obriga a selecionar a informação mais relevante. Sou obrigado a ser conciso e a escolher exatamente a parte mais importante.

    Como o senhor vê a agressiva publicidade de medicamentos?

    Esse é um debate internacional. O mundo inteiro está preocupado com esse assunto, que tem sido tratado por editoriais de revistas médicas. É uma questão com dois lados. De um lado, os laboratórios têm colaborado muito para o desenvolvimento da medicina e para o preparo dos médicos. A maioria dos médicos que viajam para o exterior tem suas despesas pagas pelos laboratórios. Hoje, encontro em congressos internacionais médicos recém-formados que não teriam condições de bancar com recursos próprios o custo de uma participação em eventos do gênero. Eu mesmo nunca recebi esse tipo de auxílio e até hoje arco com as despesas.
    De qualquer forma, a medicina, e em especial a oncologia, avançou muito por causa dessas possibilidades. Mas não existe uma pressão direta dos laboratórios. Algo do tipo: “paguei sua viagem, você tem que aceitar meu remédio”. Isso não existe. O que os laboratórios esperam é que o médico indique uma droga ao perceber que ela age melhor em relação a certa doença. Por outro lado, a pressão da publicidade é algo terrível, principalmente nos Estados Unidos. Ela força os pacientes a pressionarem os médicos a prescreverem determinados medicamentos.

    O senhor não acha que o Estado deveria intervir para coibir esse tipo de propaganda?

    Sim. Especialmente nos casos em que se apregoam certas propriedades que os medicamentos não têm. Veja o caso da vitamina C para a gripe. Nenhum estudo comprovou que vitamina C serve para gripe e resfriado. Isso deveria ser proibido. Quanta gente gasta dinheiro com essa besteira. Não deveria existir propaganda de remédio, até porque não há medicamento sem efeito colateral. Além disso, acho que deveria haver restrições também às propagandas dirigidas aos médicos feitas em folhetos caríssimos.

    O senhor foi um dos primeiros médicos brasileiros a trabalhar com pacientes com aids, numa época em que a doença ainda era chamada de “câncer gay” ou “peste gay”. Como foi esse trabalho?

    Eu tratei os primeiros casos de aids aqui em São Paulo. Trabalhava no Hospital do Câncer e fui fazer um estágio em Nova York, no Memorial Hospital. E Nova York era o epicentro da epidemia. Eu vi os primeiros casos de Sarcoma de Kaposi, um tipo de tumor de pele que acomete pessoas com aids, muito comum na época. Quando voltei, eu era um dos poucos cancerologistas com experiência, ainda que pequena, com a doença. E acabei me envolvendo muito com a causa e com a questão da informação. Foi um processo muito interessante aqui no Brasil e no mundo inteiro. A aids trouxe à tona a situação dos homossexuais. A doença se disseminou porque eles viviam em guetos em todas as grandes cidades do mundo. Freqüentavam os mesmos lugares e um infectado acabava infectando os outros. Em lugares como São Paulo e Rio de Janeiro era muito difícil encontrar alguém que não tivesse perdido um namorado, um amigo ou alguém muito próximo. Pela primeira vez, e isso foi obra da aids, os homossexuais mostraram a sua cara. Atualmente, eles fazem manifestações e passeatas, mas na época isso não acontecia. E aí alguns médicos, poucos na verdade, também vieram a público dizer que alguma coisa precisava ser feita, que não era possível aceitar aquele quadro passivamente. O Brasil deu um grande salto no enfrentamento dessa questão. Foi o primeiro país a fazer uma distribuição massiva de medicamentos, mudando não só a sorte dos brasileiros, mas também a dos africanos. Hoje, na África, há muitas pessoas sendo tratadas, mas num passado recente ninguém admitia que isso fosse possível. Alegavam que não adiantava dar remédio para pobres, porque eles não tomavam. O exemplo brasileiro mostrou que isso era uma mistificação.

    Há alguns anos, o senhor viu a morte de perto e teve que lutar muito para não sucumbir à febre amarela. Essa experiência alterou o seu pensamento em relação à morte e à própria vida?

    Eu conto essa experiência no livro O médico doente. Quando cheguei ao final do livro, acabei constatando que não mudou nada. A não ser o fato de que passei a trabalhar menos. Achei que iria morrer e pensei sobre o que faltou fazer na vida. É lógico que eu quero viver e fazer outras coisas, mas acabei concluindo que, dentro do tempo que me coube viver, não deixei de fazer nada que fizesse diferença naquele momento.

    O SUS completou 20 anos em 2008. Que avanços ele trouxe? O que falta para termos um atendimento efetivamente universal? Dinheiro? Gestão eficiente?

    Quando o assunto é saúde pública no Brasil, a tendência é falar mal do sistema, do qual também sou um crítico. Com o dinheiro disponível – que não é muito –, a saúde pública poderia ser muito melhor. Falta dinheiro, mas a gestão é fundamental. Se sua casa é desorganizada, se suas finanças não estão em ordem, não há dinheiro que resolva. Sem gestão, qualquer dinheiro posto em algum lugar vai para um saco sem fundo. De todo modo, a situação melhorou. É só comparar o sistema hoje com o da época em que você e eu éramos crianças. Veja o meu caso. Certa vez, na infância, lá pelos idos de 1950, acordei com o olho inchado e meu pai me levou ao médico. Era uma nefrite. Quando voltei para casa, a molecada do Brás, bairro operário onde eu morava, me cercou para perguntar se os médicos davam mesmo aquelas injeções enormes nas crianças. O Brás fica a 20 minutos do centro de São Paulo. A capital paulista tinha a segunda maior população do país (na época o Rio de Janeiro era mais populoso), mas não havia pediatra para cuidar das crianças. Hoje, com todas as dificuldades, todas as crianças são vacinadas, as mães têm acesso a postos de saúde para atender os seus filhos. Uma mulher que mora na favela consegue ser atendida, ainda que isso demore ou que as condições de infra-estrutura não sejam das mais adequadas. Elas têm acesso a um pediatra que eu, na minha infância, não tive.

    O Programa de Saúde da Família, por exemplo, alcança cerca de 94 milhões de pessoas...

    Este é um dado impressionante. É muito fácil organizar a saúde na Escandinávia, que tem 20 milhões de habitantes, mais ou menos a população de São Paulo se contarmos a região metropolitana. Aqui é diferente. Ainda vivemos uma explosão demográfica entre os mais pobres – 47% das crianças que nascem no Brasil são da classe E. E isso ninguém comenta, porque não pega bem defender a distribuição de contraceptivos para meninos e meninas pobres. Enquanto a classe média tem um ou dois filhos, no máximo, a menina da periferia chega aos 25 anos com quatro filhos. Está condenada à miséria.

    Ao defender a distribuição massiva de preservativos, o senhor, inclusive, já bateu de frente com a Igreja Católica...

    O que a Igreja faz é um crime. Seus líderes deveriam ser processados. Estamos diante de uma epidemia incurável, e aí uma instituição faz propaganda – e mais do que isso, faz pressão – contra a camisinha. Que nome se dá a isso? É crime. Não é um erro qualquer. Amanhã a Igreja vai se arrepender. Daqui a cem anos vai pedir desculpas.

    Mas a Igreja tem esse peso todo?

    Tem. É lógico que dois jovens encostados num poste, num canto escuro de alguma cidade do Brasil, não vão deixar de transar porque a Igreja é contra. O que ocorre é o seguinte: se você chegar a um posto de saúde de qualquer lugar do Brasil e perguntar se lá tem camisinha, vão dizer que sim, porque o Ministério da Saúde se encarrega dessa distribuição. Mas quem busca a camisinha não precisa dela. São pessoas casadas, que têm relacionamento estável. A camisinha precisa ser distribuída massivamente, nos bares e boates. Isso não acontece. O prefeito vai querer criar caso com o padre ou com o bispo da região? Quem vai enfrentar essas figuras? A camisinha fica lá no posto como se fosse um remédio que as pessoas apanham para controlar a pressão. Não é assim que tem que ser feito. É preciso fazer uma distribuição mais agressiva, ir atrás dos adolescentes e daqueles que têm vida sexual mais ativa. E isso ninguém faz para não ficar mal com a Igreja. O interessante é que eu falo essas coisas, escrevo artigos nos jornais, e as lideranças da Igreja não respondem. Elas sabem que tenho razão, mas a estrutura da instituição não permite que ajam de outra forma. Você acha que os padres jovens, que estão na linha de frente, em contato direto com o povo, vendo as meninas engravidando, estão de acordo com essa diretriz da Igreja? Lógico que não. Só que não são eles que mandam.

    Se fosse ministro da Saúde, que medidas tomaria para melhorar esse quadro?

    Não, eu não seria.

    Mas o senhor já foi convidado?

    Sim, há uns três ou quatro anos e não aceitei. Nunca aceitei, porque eu seria um péssimo administrador. O melhor ministro da Saúde que já tivemos foi o Serra {o atual governador de São Paulo, José Serra}: ele ampliou o Programa Saúde da Família, proibiu propaganda de cigarro na televisão, coordenou a estruturação do programa de combate à aids, democratizou a produção de medicamentos genéricos. Não precisa ser médico para fazer essas coisas. É preciso ser administrador. E as pessoas confundem quando vêem um médico que se destaca em sua área; logo acham que ele deve ser ministro da Saúde.

    Embora seja uma faceta menos conhecida do seu perfil profissional, o senhor realiza uma pesquisa de bioprospecção de plantas brasileiras na Amazônia. Qual o objetivo desses estudos?

    Esse é um programa que estamos tocando há bastante tempo junto com a Universidade Paulista (Unip) e com o Hospital Sírio-Libânes, aqui em São Paulo. Coletamos plantas, preparamos extratos e depois os testamos contra linhagens de células tumorais malignas e bactérias resistentes a antibióticos. Já coletamos em torno de 2.200 extratos de plantas na região do Rio Negro. Mais de mil já foram testados e identificamos potencial farmacológico em 20 ou 30 deles. O Sírio-Libanês investiu um milhão de dólares em um laboratório, inaugurado em setembro, para fazer o fracionamento desses extratos e identificar a parte responsável pela atividade.

    Esse estudo guarda alguma interlocução com o conhecimento que as comunidades da Amazônia detêm sobre essas plantas?

    Não. Optamos por um método que recolhe plantas de algumas famílias que já demonstraram alguma atividade farmacológica. É um trabalho muito interessante. Estamos formando uma porção de pesquisadores. Trabalhamos com uma equipe de 10 a 12 profissionais e ela vai aumentar agora com a entrada do Sírio-Libanês no projeto.

    E os resultados?

    Acho que não vou vê-los enquanto for vivo. Mas acredito muito no potencial desses estudos, embora tudo seja ainda muito imprevisível.
     

    Revista Diversa nº 16
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