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quinta-feira, 23 de maio de 2013

Acordei doente mental -ELIANE BRUM

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ELIANE BRUM - 20/05/2013 10h03 - Atualizado em 20/05/2013 10h03
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Acordei doente mental

A quinta edição da “Bíblia da Psiquiatria”, o DSM-5, transformou numa “anormalidade” ser “normal”

ELIANE BRUM
 
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Eliane Brum, jornalista, escritora e documentarista. Autora de um romance - Uma Duas (LeYa) - e de três livros de reportagem: Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua  -  (Foto: Lilo Clareto/Divulgação)
A poderosa American Psychiatric Association (Associação Americana de Psiquiatria – APA) lançou neste final de semana a nova edição do que é conhecido como a “Bíblia da Psiquiatria”: o DSM-5. E, de imediato, virei doente mental. Não estou sozinha. Está cada vez mais difícil não se encaixar em uma ou várias doenças do manual. Se uma pesquisa já mostrou que quase metade dos adultos americanos tiveram pelo menos um transtorno psiquiátrico durante a vida, alguns críticos renomados desta quinta edição do manual têm afirmado que agora o número de pessoas com doenças mentais vai se multiplicar.

 E assim poderemos chegar a um impasse muito, mas muito fascinante, mas também muito perigoso: a psiquiatria conseguiria a façanha de transformar a “normalidade” em “anormalidade”. O “normal” seria ser “anormal”.
A nova edição do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) exibe mais de 300 patologias, distribuídas por 947 páginas. Custa US$ 133,08 (com desconto) no anúncio de pré-venda no site da Amazon. Descobri que sou doente mental ao conhecer apenas algumas das novas modalidades, que tem sido apresentadas pela imprensa internacional. Tenho quase todas. “Distúrbio de Hoarding”. Tenho.

Caracteriza-se pela dificuldade persistente de se desfazer de objetos ou de “lixo”, independentemente de seu valor real. Sou assolada por uma enorme dificuldade de botar coisas fora, de bloquinhos de entrevistas dos anos 90 a sapatos imprestáveis para o uso, o que resulta em acúmulos de caixas pelo apartamento. Remédio pra mim. “Transtorno Disfórico Pré-Menstrual”, que consiste numa TPM mais severa. Culpada. Qualquer um que convive comigo está agora autorizado a me chamar de louca nas duas semanas anteriores à menstruação. Remédio pra mim. “Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica”. A pessoa devora quantidades “excessivas” de comida num período delimitado de até duas horas, pelo menos uma vez por semana, durante três meses ou mais. Certeza que tenho.

Bastaria me ver comendo feijão, quando chego a cinco ou seis pratos fundo fácil. Mas, para não ter dúvida, devoro de uma a duas latas de leite condensado por semana, em menos de duas horas, há décadas, enquanto leio um livro igualmente delicioso, num ritual que eu chamava de “momento de felicidade absoluta”, mas que, de fato, agora eu sei, é uma doença mental. Em vez de leite condensado, remédio pra mim. Identifiquei outras anomalias, mas fiquemos neste parágrafo gigante, para que os transtornos psiquiátricos que me afetam não ocupem o texto inteiro.

Há uma novidade mais interessante do que as doenças recém inventadas pela nova “Bíblia”. Seu lançamento vem marcado por uma controvérsia sem precedentes. Se sempre houve uma crítica contundente às edições anteriores, especialmente por parte de psicólogos e psicanalistas, a quinta edição tem sido atacada com mais ferocidade justamente por quem costumava não só defender o manual, como participar de sua elaboração. Alguns nomes reluzentes da psiquiatria americana estão, digamos, saltando do navio. Como não há cordeiros nesse campo, movido em parte pelos bilhões de dólares da indústria farmacêutica, é legítimo perguntar: perceberam que há abusos e estão fazendo uma “mea culpa” sincera antes que seja tarde, ou estão vendo que o navio está adernando e querem salvar o seu nome, ou trata-se de uma disputa interna de poder em que os participantes das edições anteriores foram derrotados por outro grupo, ou tudo isso junto e mais alguma coisa?
Não conheço os labirintos da APA para alcançar a resposta, mas acredito que vale a pena ficarmos atentos aos próximos capítulos. Por um motivo acima de qualquer suspeita: o DSM influencia não só a saúde mental nos Estados Unidos, mas é o manual utilizado pelos médicos em praticamente todos os países, pelo menos os ocidentais, incluindo o Brasil. É também usado como referência no sistema de classificação de doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS). É, portanto, o que define o que é ser “anormal” em nossa época – e este é um enorme poder. Vale a pena sublinhar com tinta bem forte que, para cada nova patologia, abre-se um novo mercado para a indústria farmacêutica. Esta, sim, nunca foi tão feliz – e saudável.
O crítico mais barulhento do DSM-5 parece ser o psiquiatra Allen Frances, que, vejam só, foi o coordenador da quarta edição do manual, lançada em 1994. Professor emérito da Universidade de Duke, ele tem um blog no Huffington Post que praticamente usa apenas para detonar a nova Bíblia da Psiquiatria. Quando a versão final do manual foi aprovada, enumerou o que considera as dez piores mudanças da quinta edição, num texto iniciado com a seguinte frase: “Esse é o momento mais triste nos meus 45 anos de carreira de estudo, prática e ensino da psiquiatria”. Em carta ao The New York Times, afirmou: “As fronteiras da psiquiatria continuam a se expandir, a esfera do normal está encolhendo”.
Entre suas críticas mais contundentes está o fato de o DSM-5 ter transformado o que chamou de “birra infantil” em doença mental. A nova patologia é chamada de “Transtorno Disruptivo de Desregulação do Humor” e atingiria crianças e adolescentes que apresentassem episódios frequentes de irritabilidade e descontrole emocional. No que se refere à patologização da infância, o comentário mais incisivo de Allen Frances talvez seja este: “Nós não temos ideia de como esses novos diagnósticos não testados irão influenciar no dia a dia da prática médica, mas meu medo é que isso irá exacerbar e não amenizar o já excessivo e inapropriado uso de medicação em crianças. Durante as duas últimas décadas, a psiquiatria infantil já provocou três modismos — triplicou o Transtorno de Déficit de Atenção, aumentou em mais de 20 vezes o autismo e aumentou em 40 vezes o transtorno bipolar na infância. Esse campo deveria sentir-se constrangido por esse currículo lamentável e deveria engajar-se agora na tarefa crucial de educar os profissionais e o público sobre a dificuldade de diagnosticar as crianças com precisão e sobre os riscos de medicá-las em excesso. O DSM-5 não deveria adicionar um novo transtorno com o potencial de resultar em um novo modismo e no uso ainda mais inapropriado de medicamentos em crianças vulneráveis".
A epidemia de doenças como TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) tem mobilizado gestores de saúde pública, assustados com o excesso de diagnósticos e a suspeita de uso abusivo de drogas como Ritalina, inclusive no Brasil. E motivado algumas retratações por parte de psiquiatras que fizeram seu nome difundindo a doença. Uma reportagem do The New York Times sobre o tema conta que o psiquiatra Ned Hallowell, autor de best-sellers sobre TDAH, hoje arrepende-se de dizer aos pais que medicamentos como Adderall e outros eram “mais seguros que Aspirina”. Hallowell, agora mais comedido, afirma: “Arrependo-me da analogia e não direi isso novamente”. E acrescenta: “Agora é o momento de chamar a atenção para os perigos que podem estar associados a diagnósticos displicentes. Nós temos crianças lá fora usando essas drogas como anabolizantes mentais – isso é perigoso e eu odeio pensar que desempenhei um papel na criação desse problema”. No DSM-5, a idade limite para o aparecimento dos primeiros sintomas de TDAH foi esticada dos 7 anos, determinados na versão anterior, para 12 anos, aumentando o temor de uma “hiperinflação de diagnósticos”.
Pensar sobre a controvérsia gerada pelo nova “Bíblia da Psiquiatria” é pensar sobre algumas construções constitutivas do período histórico que vivemos. Construções culturais que dizem quem somos nós, os homens e mulheres dessa época. A começar pelo fato de darmos a um grupo de psiquiatras o poder – incomensurável – de definir o que é ser “normal”. E assim interferir direta e indiretamente na vida de todos, assim como nas políticas governamentais de saúde pública, com consequências e implicações que ainda precisam ser muito melhor analisadas e compreendidas. Sem esquecer, em nenhum momento sequer, que a definição das doenças mentais está intrinsicamente ligada a uma das indústrias mais lucrativas do mundo atual.
Parte dos organizadores não gosta que o manual seja chamado de “Bíblia”. Mas, de fato, é o que ele tem sido, na medida em que uma parcela significativa dos psiquiatras do mundo ocidental trata os verbetes como dogmas, alterando a vida de milhões de pessoas a partir do que não deixa de ser um tipo de crença. Talvez seja em parte por isso que o diretor do National Institute of Mental Health (Instituto Nacional de Saúde Mental – NIMH), possivelmente a maior organização de pesquisa em saúde mental do mundo, tenha anunciado o distanciamento da instituição das categorias do DSM-5. Thomas Insel escreveu em seu blog que o DSM não é uma Bíblia, mas no máximo um “dicionário”: “A fraqueza (do DSM) é sua falta de fundamentação. Seus diagnósticos são baseados no consenso sobre grupos de sintomas clínicos, não em qualquer avaliação objetiva em laboratório. (...) Os pacientes com doenças mentais merecem algo melhor”. O NIMH iniciou um projeto para a criação de um novo sistema de classificação, incorporando investigação genética, imagens, ciência cognitiva e “outros níveis de informação” – o que também deve gerar controvérsias.
A polêmica em torno do DSM-5 é uma boa notícia. E torço para que seja apenas o início de um debate sério e profundo, que vá muito além da medicina, da psicologia e da ciência. “Há pelo menos 20 anos tem se tratado como doença mental quase todo tipo de comportamento ou sentimento humano”, disse a psicóloga Paula Caplan à BBC Brasil. Ela afirma ter participado por dois anos da elaboração da edição anterior do manual, antes de abandoná-la por razões “éticas e profissionais”, assim como por ter testemunhado “distorções em pesquisas”. Escreveu um livro com o seguinte título: “Eles dizem que você é louco: como os psiquiatras mais poderosos do mundo decidem quem é normal”.
A vida tornou-se uma patologia. E tudo o que é da vida parece ter virado sintoma de uma doença mental. Talvez o exemplo mais emblemático da quinta edição do manual seja a forma de olhar para o luto. Agora, quem perder alguém que ama pode receber um diagnóstico de depressão. Se a tristeza e outros sentimentos persistirem por mais de duas semanas, há chances de que um médico passe a tratá-los como sintomas e faça do luto um transtorno mental. Em vez de elaborar a perda – com espaço para vivê-la e para, no tempo de cada um, dar um lugar para essa falta que permita seguir vivendo –, a pessoa terá sua dor silenciada com drogas. É preciso se espantar – e se espantar muito.
Vale a pena olhar pelo avesso: quem são essas pessoas que acham que o “normal” é superar a perda de uma mãe, de um pai, de um filho, de um companheiro rapidamente? Que tipo de ser humano consegue essa proeza? Quem seríamos nós se precisássemos de apenas duas semanas para elaborar a dor por algo dessa magnitude? Talvez o DSM-5 diga mais dos psiquiatras que o organizaram do que dos pacientes.
Há ainda mais uma consequência cruel, que pode provocar muito sofrimento. Ao transformar o que é da vida em doença mental, os defensores dessa abordagem estão desamparando as pessoas que realmente precisam da sua ajuda. Aquelas que efetivamente podem ser beneficiadas por tratamento e por medicamentos. Se quase tudo é patologia, torna-se cada vez mais difícil saber o que é, de fato, patologia. Por sorte, há psiquiatras éticos e competentes que agem com consciência em seus consultórios. Mas sempre foi difícil em qualquer área distinguir-se da manada – e mais ainda nesta área, que envolve o assédio sedutor, lucrativo e persistente dos laboratórios.
Se as consequências não fossem tão nefastas, seria até interessante. Ao considerar que quase tudo é “anormal”, os organizadores do manual poderiam estar chegando a uma concepção filosófica bem libertadora. A de que, como diria Caetano Veloso, “de perto ninguém é normal”. E não é mesmo, o que não significa que seja doente mental por isso e tenha de se tornar um viciado em drogas legais para ser aceito. Só se pode compreender as escolhas de alguém a partir do sentido que as pessoas dão às suas escolhas. E não há dois sentidos iguais para a mesma escolha, na medida em que não existem duas pessoas iguais. A beleza do humano é que aquilo que nos une é justamente a diferença. Somos iguais porque somos diferentes.
Esse debate não pertence apenas à medicina, à psicologia e à ciência, ou mesmo à economia e à política. É preciso quebrar os monopólios sobre essa discussão, para que se torne um debate no âmbito abrangente da cultura. É de compreender quem somos e como chegamos até aqui que se trata. E também de quem queremos ser. A definição do que é “normal” e “anormal” – ou a definição de que é preciso ter uma definição – é uma construção cultural. E nos envolve a todos. Que cada vez mais as definições sobre normalidade/anormalidade sejam monopólios da psiquiatria e uma fonte bilionária de lucros para a indústria farmacêutica é um dado dos mais relevantes – mas está longe de ser tudo.
E não, eu não acordei doente mental. Só teria acordado se permitisse a uma Bíblia – e a pastores de jaleco – determinar os sentidos que construo para a minha vida.
http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2013/05/acordei-doente-mental.html
 

Senado devolve mandato de Luis Carlos Prestes

Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Senado fez ontem (22) uma sessão solene para devolver, simbolicamente, o mandato de senador a Luis Carlos Prestes, que morreu em 1990. Durante o ato, o presidente da Casa, Renan Calheiros, leu mensagem da presidenta Dilma Rousseff na qual ela elogia o “ato de reparação histórica” à memória de Prestes.
O ex-senador, que era membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB), foi o responsável pela chamada Coluna Prestes, movimento político que percorreu vários estados das regiões Sudeste e Nordeste entre os anos de 1925 e 1927 se insurgindo contra o governo da República Velha e as elites agrárias. Em 1947, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou o registro do PCB e o mandato de Prestes.
A devolução simbólica do broche e diploma de senador foi feita à mulher de Luis Carlos Prestes, Maria do Carmo Ribeiro Prestes.
O suplente do senador comunista, Abel Chermont, também teve o mandato devolvido. O broche e diploma foram entregues ao neto, Carlos Eduardo Chermont.
“Ele [Prestes] foi respeitado e considerado um político de caráter que sempre defendeu seus ideais. Com a iniciativa do Senado Federal, eu quero expressar minha certeza de que a democracia e a liberdade sempre serão valorizadas em nosso país”, declarou Maria do Carmo Prestes.

http://www.brasil247.com/+h9a7x

José de Abreu volta zen ao Twitter

Política

José de Abreu volta zen ao Twitter

Entrevista

Ator fala do acordo com Gilmar Mendes, do vício em internet, de liberdade, patrulha, TV Globo, homofobia e por que não gosta do Facebook: "é muito família"
Por Lino Bochini
por Lino Bochini publicado 22/05/2013 11:24, última modificação 22/05/2013 13:18
10 comentários e 217 comentários
Zé de Abreu
Para ilustrar essa entrevista, José de Abreu enviou fotos inéditas de sua última viagem à Cuba, em abril de 2013. Aqui, o ator cantando na Bodeguita
O que começou como uma entrevista rápida, virou um jantar demorado e intenso, regado a vinho e carne. Que se desdobrou em telefonemas, e-mails e mensagens via twitter e celular. Na última ligação, na noite de terça-feira 21, José de Abreu avisava que tinha conseguido, finalmente, reatitwivar sua conta original no Twitter (@zehdeabreu), com todos os 75 mil seguidores. O ator saiu da rede social por conta do processo movido pelo ministro do STF Gilmar Mendes –“resolvi recolher as armas”. Mas agora voltou. E, jura, voltou mais calmo. “Pelo menos vou tentar não me pilhar tanto”.
No papo logo após uma apresentação da peça Bonifácio Bilhões no último sábado, em São Paulo, o ator falou longamente sobre como está na Internet desde os primórdios das BBS, enumerou os sites que lê com mais frequência (“Viomundo, Nassif, Brasil 247, Maria Frô, Socialista Morena... e mais um monte de coisa”), reclamou da gripe e também da patrulha que sofre na rede e desfiou elogios à Globo e aos cãezinhos peludos da raça lhasa apso.
Atendeu prontamente aos pedidos de fotografia de fãs e contou satisfeito que hoje, em meio aos inúmeros pedidos pra tirar foto por conta de sua atuação na Globo, muitos o assediam, todo dia, por causa da suas posições políticas na internet. Falando em assédio, parece mentira, mas o taxista que nos levou até o restaurante entrou no papo e não queria sair mais porque tinha sido candidato a vereador pelo PT no interior de Sergipe e era fã do José de Abreu versão político. E o taxista da volta, piauiense, comentou logo após o ator descer do carro que ficou feliz em saber que “o Nilo da novela gosta do Lula”. A seguir os melhores momentos da conversa:
Gilmar Mendes e saída do twitter
[O ministro do STF abriu processo contra José de Abreu por injúria, calúnia e difamação por conta de um tuíte que insinuava que ele teria contratado um espião preso na operação Monte Carlo da PF. Um acordo foi fechado no último dia 12 de maio, e o processo foi retirado. O ministro já havia ameaçado processar Zé em outra ocasião, quando o artista o chamou de “corrupto”]. “Fizemos um acordo, mas não posso falar muito sobre isso porque a minha parte no acordo consiste justamente em não falar mais dele publicamente. Depois do processo, conversei muito com amigos e familiares, e resolvi guardar as armas, então fechei minha conta no twitter”.
Volta ao twitter-droga
“Voltei hoje (ontem, terça feira, 21 de maio) ao Twitter! Eu tinha suspendido minha conta por algumas semanas resolvi reativar. Mas vou voltar mais clamo, vamos ver se consigo... Me fez bem ficar de fora do twitter, eu observava, mas não estava exposto, brigando. Foi bom... aquilo é um vício como outro qualquer, uma droga. Mas droga não é necessariamente ruim... estamos aqui tomando um vinho, e é legal, estamos conversando, combina com a comida etc. E facebook eu nunca gostei muito, acho muito família, muita fotinho de filho... muito light. Sou mais heavy, mais do twitter mesmo.
Patrulha na rede
“Tem alguns tuiteiros que me xingam diariamente, muitas vezes de coisas pesadas. Já me chamaram de canalha, homofóbico, filho da puta... falaram que minha mulher vai pra Ipanema dar pra surfista... Porra, que é isso? Ficam me monitorando, me patrulhando, o que não tem nada a ver com a própria lógica da rede. Twitter é o assobio de um passarinho, algo efêmero, que poderia até sumir depois de umas horas. Não é algo pra durar, pra você imprimir, tirar do contexto e registrar em cartório. Um saco isso de ficarem atrás de mim. Qualquer coisa que eu posto é exposta em tudo que é canto... tem estudante de direito que semanalmente manda meus tuítes para a Procuradoria-Geral da República e fica pedindo providencias. Você acredita? Tem outros dois malucos fizeram um blog só pra isso, pra expor meus tuites com comentários! Pô, são dedo-duros cibernéticos!” [risos]
Processo contra difamadores e liberdade na internet
“Acho que twitter é praticamente um chat, algo libertário, como toda internet. Eu brigo? Claro, entro na pilha, não me seguro e falo demais. Mas já decidi: não vou processar ninguém. Falei isso só pra dar um susto. Já me diverti bastante vendo os babacas apavorados e "disfarçando". Vivo de imagem, sou ator, esses processos costumar sair caro pros caluniadores... Mas repito: não vou processar ninguém. Até porque sempre achei a internet muito libertária, e deveria continuar assim. Se for pra ter lei de internet tinha que ser pra dizer que não tem que ter lei. Ou vale só a Constituição e já tá bom demais. Tem que ser um território livre. Sem adjetivos.”
Acusações de homofobia
[O ator foi acusado de preconceito por ter se recusado a beijar um homem na boca em um bar]. “Homofóbico é ótimo! Fiz o primeiro beijo homo do teatro brasileiro em O beijo da Mulher Aranha, do Manuel Puig. A primeira trepada homo ao vivo no teatro brasileiro. E que foi cortada pela censura [mostra a imagem do documento da censura no celular] mas que era desobedecida toda noite. Fiz também o filme gaúcho A Intrusa, baseado no conto homônimo do Borges, com música do Piazzolla, onde havia um menàge com 2 homens e uma mulher, e encerrava com um beijo na boca entre eles, que eram irmãos. Foi um Brokeback Montain 30 anos antes! Porra, eu beijava homem na boca em cima do palco antes desses caras que me acusam de homofobia nascerem!”
Rede Globo nem aí
“A Globo acabou de renovar meu contrato por 3 anos, como tem sido há décadas. Tive um aumento razoável e vou ser o vilão-protagonista da próxima novela das seis. Eu me expor dessa forma como eu faço, me posicionar politicamente, acaba me valorizando como artista. E a Globo nunca, nunca, me fez qualquer indagação sobre meu posicionamento. Conversei até com o antigo diretor geral, o Florisbal, e ele me lembrou do Dias Gomes, do Oduvaldo Viana Filho -- a Grande Família é dele -- e do Paulo Pontes, todos comunas que trabalharam, e muito, na Globo. Tem aquela lenda que o Roberto Marinho dizia teria dito pros milicos: "dos meus comunistas cuido eu". Não sei se é verdade, mas teve uma época com muita censura e perseguição política e a Globo começou a levar muitas boas cabeças pra lá, como Paulo José, Hugo Carvana, Paulo Afonso Grisolli ... O Projac é uma fábrica de sonhos, não tem nada a ver com aquela meia hora diária de noticiário…"
Candidatura a deputado federal
“Não vou sair candidato, já decidi. Conversei com muita gente e achei melhor não sair, até porque eu teria que sair da Globo e preciso do salário, pago duas pensões pra ex-esposas, ajudo pessoas da família, gente que pede pela internet, protetores de animais...”
Lhasa apso
“Olha tô falando sem demagogia, tenho ajudado muito gato e cachorro hoje em dia, outro dia ajudei um que apanhou tanto que tinha ficado sem a pele do rosto,  só sobrou a arcada dentária. Admiro pacas essas pessoas que dedicam sua vida a essa causa. Tem muitos no tuinto. [E discorre em seguida sobre o lhasa apso que aparece no vídeo que fez com Rafinha Bastos. “No Tibete acreditavam que o lhasa apso era reencarnação de monges, e sabe que ele te passa uma paz grande mesmo?”].
Zé computer guy
“Eu sempre usei a internet, desde os primórdios das BBS, passei por todas as fases, mIRC, ICQ e tudo mais. Sempre adorei isso, meu primeiro computador foi um IBM-Aptiva. E eu gostava tanto que até era o cara que montava o micro para os amigos. Montei mais de 10. E meu micro mesmo ficava todo aberto em cima de uma mesa, as peças espalhadas, assim era mais fácil ir trocando.”
Sou o que sou
“Várias vezes eu penso, não deveria ter escrito isso... mas vou lá e escrevo, não aguento, sou provocador, sou um filho da puta... sou um artista!”

Lei determina prazo para início de tratamento de câncer

23 de Maio de 2013 - 9h22

Lei determina prazo para início de tratamento de câncer 


A partir desta quinta-feira (23), pacientes com câncer deverão iniciar o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) até 60 dias após o registro da doença no prontuário médico. A determinação consta da Lei 12.732/12, sancionada pela presidenta Dilma Rousseff em novembro do ano passado, que entra em vigor nesta quinta. 


Para ajudar estados e municípios a gerir os serviços oncológicos da rede pública, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou, há uma semana, a criação do Sistema de Informação do Câncer (Siscan). O software, disponibilizado gratuitamente para as secretarias de Saúde, vai reunir o histórico do paciente e do tratamento. A previsão do governo é que, a partir de agosto, todos os registros de novos casos de câncer no país sejam feitos pelo Siscan.

Na ocasião, o ministro alertou que estados e municípios que não implantarem o sistema até o fim do ano terão suspensos os repasses feitos para atendimento oncológico. Com o objetivo de acompanhar o processo de implantação do Siscan e a execução de planos regionais de oncologia, uma comissão de monitoramento, de caráter permanente, visitará hospitais que atendem pelo SUS. O grupo vai avaliar as condições de funcionamento e a capacidade de oferecer atendimento oncológico com agilidade.

Nesta quarta (22), o diretor-geral do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), Paulo Hoff, elogiou a nova regra, mas cobrou recursos para o cumprimento da lei. De acordo com o médico, que também é professor de oncologia e radiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, nas instituições que tratam o câncer pelo SUS no estado o tempo médio entre o diagnóstico e o início do tratamento é 22 dias, abaixo do exigido pela lei. Ele disse, no entanto, que há casos em que, dependendo da localização do paciente e do tipo de tumor, o prazo pode passar de três meses.

Dados do Ministério da Saúde mostram que o SUS conta atualmente com 277 serviços habilitados em oncologia, sendo 134 no Sudeste, 63 no Sul; 48 no Nordeste, 20 no Centro-Oeste e 12 no Norte. As unidades oferecem radioterapia, quimioterapia e cirurgia oncológica.

Atualmente, 78% dos pacientes com câncer em estágio inicial recebem tratamento em até 60 dias. Desses, 52% conseguem ser atendidos em 15 dias. Entre os pacientes com câncer em estágio avançado, 79% recebem tratamento em até 60 dias. Chega a 44% os que conseguem ser atendidos em 15 dias.

A estimativa do ministério é que o país registre este ano 518 mil novos casos de câncer. A previsão é que 60.180 homens tenham câncer de próstata e 52,6 mil mulheres sejam diagnosticadas com câncer de mama. Depois das doenças cardiovasculares, o câncer é a doença que mais mata no país.

Em 2010, 179 mil pessoas morreram em decorrência da doença. O câncer dos brônquios e do pulmão foi o tipo que mais matou (21.779), seguido do câncer do estômago (13.402), de próstata (12.778), de mama (12.853) e de cólon (8.385).


Fonte: Agência Brasil


http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=1&id_noticia=214372

Faculdade em Conquista diploma a 1ª baiana com Down

Nilma Gonçalves
  • Divulgação
    Amanda passou em dois vestibulares ainda no 3º ano
Na pré-adolescência, Amanda Amaral Lopes tinha como um dos ídolos o jornalista  William Bonner. Foi também nessa época que ela descobriu  a paixão pelo texto escrito, e a poesia virou uma das  formas de  comunicação dela com o mundo.
Apesar  da ideia inicial de ser jornalista, "quis o destino", como ela própria costuma dizer, que a biologia entrasse em sua vida. Aos poucos, ela entende que  as coisas não acontecem tão ao acaso assim. Portadora da síndrome de Down, Amanda será a primeira pessoa que possui o distúrbio genético a concluir um curso de nível superior na Bahia.
Moradora de Vitória da Conquista (a 509 km de Salvador), no sudoeste baiano, a jovem de 24 anos recebe, na noite desta quinta-feira, 23, o diploma de licenciatura em ciências biológicas, pela Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC), ao lado de mais 15 estudantes.
Na plateia, estarão, orgulhosas, a irmã mais velha, Ana Clara, e a mãe, Alba Regina, sua grande incentivadora.  "Sem minha mãe, eu não seria nada. Não teria chegado aonde cheguei", ressalta Amanda, que perdeu o pai há cinco meses.
"Meu pai foi uma pessoa muito importante na minha vida e fará falta, ainda mais em um dia especial como esse", emociona-se.
O começo -  Mesmo tendo nascido em Vitória da Conquista, os primeiros anos de vida de Amanda foram em Divisópolis, cidadezinha de Minas Gerais. Ainda criança, ela tinha que se deslocar, com os pais, duas vezes por semana para a Bahia, onde fazia tratamento com fonoaudióloga, fisioterapeuta e psicóloga, tudo por uma maior qualidade de vida. "Era complicado, mas a gente não deixava de vir", relembra Alba Regina.
A alfabetização foi toda em escolas mineiras, onde enfrentou preconceitos. "Havia crianças que não queriam ficar na sala dela, e professor que dizia  não ter capacidade para dar aula", afirma a mãe.
Na cidade baiana, a garota teve acolhimento. "Aqui, colocamos ela em uma escola que se valeu de todos os princípios da inclusão, comemora Alba, que chegou a ser professora da filha. "Mas não sem antes consultar se ela queria ser minha aluna",  relembra, rindo. "Ela é muito geniosa", completa.
Dificuldades - Ter a mãe como professora não era exatamente uma vantagem. "Deixei uma coisa muito clara: 'Você não vai ter privilégios sobre as outras crianças'. Apesar de sua condição especial, nunca deixei de colocar as dificuldades da vida para ela", relata a mãe.
A estratégia deu certo: a moça passou em dois vestibulares - biologia e jornalismo - quando ainda frequentava o 3º ano. Por ainda não ter concluído o ensino médio,  não pôde cursar. Posteriormente,  submeteu-se novamente ao processo de seleção e optou pela modalidade de ensino a distância, com uma aula presencial por semana.
"Minha dificuldade era a matemática. Mas tive colegas que me ajudaram bastante com a disciplina, e eu consegui", celebra Amanda.
Atualmente, a maior barreira enfrentada  é o mercado de trabalho. "As oportunidades  para quem tem síndrome de Down são poucas. Apesar de as pessoas já conhecerem mais sobre o assunto, a gente ainda é muito discriminado", lamenta ela, que está desempregada, mas nem pensa em desistir.
"Acho que sou uma grande vitoriosa por ter chegado até aqui. Agora, pretendo fazer uma pós-graduação em libras", planeja, referindo-se à especialização que prepara profissionais para atuarem com deficientes auditivos.
Em São Paulo - É cada vez  mais comum o ingresso de portadores da síndrome de Down na vida acadêmica. Em 2012, o paulista João Vitor,  26 anos, colou grau no curso de licenciatura em educação física, em Curitiba, Paraná. Antes, em 2009, ele há havia concluído bacharelado na mesma área.
Também em 2012, Kallil Assis passou no vestibular de geografia, na Universidade Federal de Goiás. Gabriel Nogueira ingressou no curso de teatro da Universidade Federal de Pelotas, no  Rio Grande do Sul. No mesmo Estado, no município de Estrela, Andrieli Machado passou na faculdade de educação física da Univates, em Lajeado.
Distúrbio genético - A síndrome de Down (ou trissomia do cromossomo 21) é uma alteração genética causada por um erro na divisão  celular durante a divisão embrionária. Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possui hoje 300 mil pessoas com o distúrbio.

É uma terapia, diz brasileiro dono da 2ª página mais popular do Tumblr

É uma terapia, diz brasileiro dono da 2ª página mais popular do Tumblr

Blog criado pelo publicitário Marcelo Cidral faz sucesso ao ilustrar situações cotidianas com GIFs animados
22 de Maio de 2013 | 12:25h
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Correio Braziliense
Marcelo Cidral
Comprado esta semana pelo Yahoo! por US$ 1,1 bilhão, o Tumblr já caminha com as 'próprias pernas' há anos e atrai 220 milhões de visitantes mensais.

Embora não seja tão conhecido quanto Facebook ou Twitter no Brasil, daqui saiu a segunda página com maior audiência da rede social.

"Como eu me sinto quando", criada por Marcelo Cidral, de 25 anos, recebe 1,2 milhão de acessos únicos por mês, segundo a consultoria Quantcast. "O blog funciona como uma espécie de terapia", define o publicitário.

A página ilustra situações cotidianas com humor ao se apropriar de GIFs animados. Para Cidral, boa parte do sucesso se deve à identificação com os leitores. "É aquela velha história do 'eu achava que era o único que pensava assim'", conclui.

A ideia de utilizar GIFs para brincar com o corriqueiro começou fora do Brasil e se popularizou aqui pelas mãos de Marcelo. A importação do estilo abriu espaço para diversos blogs similares, porém focados em nichos. É o caso do "Jornalices" e o "Como me sinto na agência quando", que dialogam com jornalistas e publicitários.

Há, inclusive, tumblrs focados em uma única piada. É o que o publicitário Adriano Brandão, 33, fez algumas vezes com suas criações para aproveitar páginas que têm sucesso momentâneo. Foi o caso do blog "Jesuscidência", idealizado por ele após Rosane Collor cunhar o termo em entrevista ao 'Fantástico', no ano passado, o que motivou piadas na internet.

"Eu criei o tumblr meia hora depois, ele fez um grande sucesso e durou até a noite da segunda-feira", conta. "Tumblr é igual jogador de futebol: é importante saber a hora de parar", conta.

A volatilidade digital incentiva Adriano a não parar de lançar blogs na plataforma. De sua cabeça saíram diversos outros como "Renato era chato", "Pagodados", "Unfollow neles", "Funsquare", "Tiro de letras", "Atos 1:11" e "Jota para tudo".

Além de fazer sucesso pela criação de conteúdo, alguns modelos dão certo simplesmente por sua curadoria. Assim funciona o "Pica não relatada", do blogueiro Luide Hister, 25, que seleciona diariamente cerca de 50 imagens bizarras e bem humoradas. O nome do site, inclusive, é um trocadilho com o termo inglês "Pic unrelated", ou "foto não relacionada" em tradução livre
 
http://olhardigital.uol.com.br/negocios/digital_news/noticias/funciona-como-terapia,-diz-brasileiro-dono-da-2-pagina-mais-popular-do-tumblr

Manifesto de cientistas pede o fim da criminalização dos dependentes de drogas

21/05/2013 2:17 pm
Manifesto de cientistas pede o fim da criminalização dos dependentes de drogas
Entre os signatários estão o professor John F. Araujo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Neurociência e Comportamento, e o ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão  
Por Felipe Rousselet 
Manifestante da Marcha da Maconha (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)
Um grupo de cientistas divulgou um manifesto que pede a revisão da legislação brasileira de forma que o usuário de drogas não seja criminalizado. De acordo com o grupo, o usuário dependente deve ser considerado um doente, e não um criminoso.
Leia também:
Uma das modificações sugeridas pelo grupo de cientistas é a descriminalização do consumo de drogas. Entretanto, mantendo a criminalização do tráfico. Para isso, o manifesto sugere que sejam expressos nas leis critérios claros do que deve ser considerado porte ou plantio para consumo individual, e o que deve ser considerado tráfico.
O manifesto está aberto a adesões de outros cientistas identificados com os princípios por ele expressos. Até o momento, o manifesto é assinado por 32 cientistas das principais universidades brasileiras, entre eles o professor John F. Araujo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Neurociência e Comportamento, e o ex-ministro da Saúde, José Gomes Temporão.
Veja a íntegra do manifesto:
Manifesto de cientistas favoráveis a uma política mais humana em relação aos usuários de drogas de abuso
Os cientistas brasileiros abaixo assinados, com o propósito de contribuir para a discussão que a sociedade e o parlamento têm travado com relação à política de drogas no Brasil, manifestam sua adesão aos princípios abaixo, e enfatizam a necessidade de modificação da lei 11.343/2006, de modo a melhor tratar o enorme problema social que as drogas representam atualmente.
(1) O consumo de drogas de abuso pode resultar em dependência química, uma doença reconhecida pela ciência: o usuário dependente, assim, deve ser considerado um doente, e não um criminoso.
(2) Muito diferente é o tráfico de drogas, que envolve práticas claramente violentas e antissociais: os traficantes, desse modo, devem ser considerados criminosos.
(3) O usuário de drogas deve ser educado e advertido dos riscos que corre, e o dependente químico deve ser tratado pelo sistema de Saúde.
(4) Os traficantes, por outro lado, devem ser reprimidos e penalizados na forma da lei.
Tendo em vista estes princípios, acreditamos que a lei deve ser modificada de modo a descriminalizar o consumo, mantendo a criminalização do tráfico. Isso significa que é necessário incluir na lei uma definição clara do que deve ser considerado porte ou plantio para consumo individual, diferenciada do que deve ser considerado tráfico. Isso levará os agentes da lei a encaminhar os usuários dependentes aos sistemas de Saúde, e os traficantes ao sistema penal, preservando a possibilidade de recuperar os primeiros, e restringindo a ação policial e jurídica aos segundos.
Assinam:
Adalberto Vieyra, Professor titular do Instituto de Biofísica da UFRJ
Alberto Passos Guimarães Filho, Pesquisador Emérito do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas do MCTI
Angelo da Cunha Pinto, Professor titular do Instituto de Química da UFRJ
Antonio C. Roque da Silva, Professor titular da Universidade de São Paulo e Diretor da Sociedade Brasileira de
Neurociência e Comportamento Bela Feldman-Bianco, Professora do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UNICAMP
Caio Lewenkopf, Professor titular do Instituto de Física da UFF
Carlos Caroso Soares, Professor associado de Antropologia, UFBA
Ennio Candotti, Presidente de Honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
Etelvino Bechara, Professor titular do Instituto de Química da USP
Fernando Garcia de Mello, Professor titular do Instituto de Biofísica da UFRJ
Fernando Zawislak, Professor titular do Instituto de Física da UFRGS
Gustavo L. Ribeiro, Professor titular da UnB e Presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação em Ciências Sociais
(ANPOCS)
Helena B. Nader, Professora titular da Escola Paulista de Medicina, UNIFESP, e Presidente da Sociedade Brasileira para
o Progresso da Ciência (SBPC)
Ivan Izquierdo, Professor titular do Centro da Memória da PUC-RS
John F. Araujo, Professor adjunto da UFRN e Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Neurociência e
Comportamento
Jorge Alberto Quillfeldt, Professor titular do Instituto de Biociências da UFRGS, Diretor da Sociedade Brasileira de
Neurociência e Comportamento
José Antonio Aleixo, Professor associado da UFRPE
José Gomes Temporão, médico, ex-Ministro da Saúde
José Murilo de Carvalho, Professor emérito da UFRJ
Lisbeth Cordani, Professora do Instituto de Matemática e Estatística da USP
Lucia Melo, Pesquisadora titular da Fundação Joaquim Nabuco
Luiz Roberto G. Britto, Professor titular e ex-diretor do Instituto de Ciências Biomédicas da USP
Maria Lucia Maciel, Professora colaboradora da UFRJ
Nelson Maculan Filho, Professor titular da COPPE e ex-Reitor da UFRJ
Nelson Monteiro Vaz, Professor titular do Instituto de Ciências Biomédicas da UFMG
Regina Markus, Professora titular do Instituto de Biociências da USP
Reinaldo Guimarães, Professor da UERJ
Ricardo Reis, Professor associado do Instituto de Biofísica da UFRJ
Roberto Lent, Professor titular e Diretor do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ
Rute Gonçalves de Andrade, Pesquisadora do Instituto Butantan
Sergio Machado Rezende, Professor titular do Departamento de Física da UFPE e ex-Ministro da Ciência e Tecnologia
Umberto Cordani, Pesquisador senior do Instituto de Geociências da USP
Walter A. Zin, Professor titular do Instituto de Biofísica da UFRJ, e Presidente da Federação de Sociedades de Biologia
Experimental (FeSBE)

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http://revistaforum.com.br/blog/2013/05/manifesto-de-cientistas-pede-o-fim-da-criminalizacao-dos-dependentes-de-drogas/

Justiça proíbe internauta de se manifestar no Facebook


Postado em: 20 mai 2013 às 12:22

Internauta não pode fazer críticas no Facebook, decide Justiça. Construtora conseguiu que cidadão fosse proibido de se manifestar sobre sua obra

Na quarta-feira, 15, o Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu manter a proibição do engenheiro agrônomo Ricardo Fraga Oliveira, de 49 anos, de se manifestar nas redes sociais contra um empreendimento imobiliário na Vila Mariana, zona sul de São Paulo. Oliveira foi proibido de mencionar o assunto em suas páginas online e de circular no quarteirão da obra. Seu perfil no Facebook segue fora do ar. A determinação levanta, mais uma vez, a discussão sobre liberdade de expressão na internet no Brasil.
censura justiça facebook
Liberdade de expressão na internet brasileira: ainda não há legislação específica sobre a questão (Foto: Divulgação)
Em junho de 2011, Oliveira iniciou o movimento O Outro Lado do Muro para questionar o uso de uma área de 10 mil metros quadrados para a construção do Ibirapuera Boulevard. No muro do terreno, ele colocou uma escada para que as pessoas olhassem por cima e opinassem sobre o uso do espaço. “Nossa ideia não era parar obra nenhuma, era fazer uma reflexão sobre a ocupação do espaço urbano”, diz Oliveira.
A construtora Mofarrej afirma que as manifestações afugentavam clientes e as publicações no Facebook eram ofensivas e caluniosas. “O direito de expressão tem um limite, pois há o direito da empresa de livre iniciativa”, afirma Daniel Sanfins, advogado da empresa. O caso retorna agora à primeira instância. “Essa decisão pode abrir um precedente perigoso para a liberdade de expressão, pois a limita de forma muito forte”, diz Renato Silviano, advogado de Oliveira.
Decisões envolvendo a retirada de conteúdo online são recorrentes no País, mas proibir um cidadão de se manifestar na internet ainda é um campo novo.

Leia também
No mês passado, o advogado Cassius Haddad, de Limeira (SP), processado por ofender o promotor Luiz Bevilacqua e fazer críticas ao Ministério Público no Facebook, foi proibido de acessar redes sociais, sob pena de prisão preventiva. Após duas semanas, foi liberado a usar a internet, mas ainda não pode mencionar o Ministério Público nem o nome de Bevilacqua.

Lei

Não há legislação específica para tratar da liberdade de expressão na internet no País, o que faz com que os critérios de decisão pareçam, por vezes, nebulosos. O Marco Civil da Internet, projeto de lei que surgiu há três anos com o objetivo de regular temas como liberdade de expressão online e privacidade, está parado no Congresso.
No Brasil, a Justiça tem entendido que provedores como Google e Facebook precisam remover o conteúdo ao serem notificados. As decisões judiciais, de maneira geral, dizem que é responsabilidade das empresas avaliar as reclamações.
No ano passado, o Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul ordenou a prisão do diretor de operações do Google no Brasil, Fabio Coelho, por não retirar do ar vídeos do YouTube que atacavam o candidato a prefeito de Campo Grande Alcides Bernal (PP). A área eleitoral é um dos pontos mais críticos. No segundo semestre de 2012, o Brasil fez ao Google 697 pedidos de remoção de conteúdo. Quase metade (316) se baseava no Código Eleitoral.
“Muitas vezes a Justiça censura opiniões pois entende que ofendem a reputação de alguém e, com isso, abafam críticas de relevância social. Mas opiniões e críticas são protegidas no Direito Internacional”, diz a advogada Camila Marques, da ONG Artigo 19, que defende a liberdade de expressão.
Bruno Magrani, pesquisador do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV-Rio, diz que o problema não é a falta de legislação. “O problema é a forma com que o Judiciário interpreta a liberdade de expressão no Brasil. Existe um entendimento de que ela é um valor menor.”
as informações são do jornal O Estado de S. Paulo

http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/05/internautas-sao-censurados-no-facebook.html#

Colunista Convidado - JOSÉ DE ABREU - Conteudo Livre

domingo, 19 de maio de 2013

Colunista Convidado - JOSÉ DE ABREU

O Globo - 19/05/2013

Twitter, a nova fronteira

“Costumo dizer que o que se fala
no ‘Tuinto’ não se fala nem no
boteco mais chinfrim, com todo
mundo bêbado, porque dá crime
de morte. Mas agora me dei mal”

A primeira entrada na rede foi através do BBS (Bulletin Board System), uma
pré-internet que permitia a ligação de computadores através de uma linha
telefônica utilizando uma caixinha chamada modem (modulador-demodulador),
que era ligada na parede, na linha telefônica de um lado e de outro
numa entrada do PC ou, no meu caso, do Brother Office Organizator,
um pré-notebook. E lá pelos 1994, 95, comecei a usar o tal de chat. E não
parei mais. Veio a internet, com seus vários caminhos (o www era apenas
um deles), e o IRC-Internet Relay Chat tomou conta da rede, principalmente
com o software mIRC, no qual fundei o canal #barril, com um monte de
gente do Brasil todo. Em 95, fiz uma estreia de teatro aqui no Rio (com a
peça “Os amantes da comédia ou A comédia dos amantes” só com gente do
#barril, evento até hoje único, creio). Fez parte da origem dos encontros
dos participantes pelo país afora, os “Mircontros”.

Depois veio o primeiro chat com vídeo, com uma camerazinha que parecia
uma bolinha de golf com a qual pude usar o “CU-SeeMe”, software
de transferência simultânea de vídeo desenvolvido pelo departamento
de tecnologia da informação da Cornell University, de onde provinha o
“CU” inicial que era lido como “see you”, pra dar liga pro “see me”. Mas
que aqui no Brasil era chamado de “cussimi” mesmo. Lembro-me de
uma noite inteira de idiotice aguda num teste que fizemos num programinha
de chat da Microsoft chamado Comic Chat, onde cada um tinha
um avatar engraçado, tipo com saco de supermercado na cabeça, e andava
com seu avatar de corpo inteiro por um cenário virtual, com o texto
teclado aparecendo dentro de um “balão”, como nos gibis. Hilário.

Com o predomínio do canal com interface gráfica, o “www”, na rede, o IRC
(assim como TFP, canal para transferência de arquivos) foi perdendo força,
até que deixei de usar quando surgiu o ICQ ou, noutro jogo de palavras, “I
Seek You”, que revolucionou o chat com sua simplicidade e praticidade e que
durou bastante, até ser substituído pelo MSN Messenger, com voz e vídeo,
pop demais, que me afastou de vez dessa forma de comunicação.

Só voltei, depois de um tempo sendo leitor assíduo e colaborador bissexto
de alguns blogs, com o Twitter. E lá tomei assento. A facilidade com
que me adaptei aos 140 toques me fez crer que era um número “natural”
e não criado por uma limitação física. Na verdade, era o limite de toques
do velho telex — 160 menos 20 pro @seu_nome.

No ‘Tuinto’, como chamamos na intimidade, com a chegada da eleição de
2010 — já um pouco antes se revelava —, os limites do razoável foram superados
numa velocidade cada vez maior, e, parece, sem volta. Trolls de direita
jogando sempre abaixo da linha da cintura, provocando, é esse seu papel,
né? Com a chegada do tal guru indiano na campanha do Serra, então, a
coisa virou uma lama só. Hoje costumo dizer que o que se fala no ‘Tuinto’
não se fala nem no boteco mais chinfrim, com todo mundo bêbado, porque
dá crime de morte. Mas agora me dei mal. Levei dois processos por difamação-
injúria-calúnia e levei um susto. Me retratei, vou dar um tempo.
http://conteudolivrenews.blogspot.com.br/2013/05/colunista-convidado-jose-de-abreu.html

terça-feira, 14 de maio de 2013

Para a CIA, Brizola era o perigo

Para a CIA, Brizola era o perigo

publicada domingo, 05/05/2013 às 23:23 e atualizada domingo, 12/05/2013 às 20:16
por Rodrigo Vianna
“Não resta dúvida que toda a pressão e carga era sobre o Brizola. Ele era o perigo“, diz Jair Krischke, do Movimento de Justiça e Direitos Humanos – um dos maiores especialistas em documentação sobre a ditadura militar brasileira.
A frase de Jair está em reportagem do jornal ‘Zero Hora”, que traz importantes documentos da CIA e mostra que o ex-governador Leonel Brizola era considerado o grande inimigo da ditadura brasileira.
Claro que o diário gaúcho, de uma das famílias conservadora, “compra” a versão da CIA, especialmente nesse trecho:
“Brizola comandava operações, treinava guerrilheiros e recebia auxílio financeiro de Cuba e de ultranacionalistas brasileiros com objetivo de derrubar a ditadura. A versão sobre as atividades do trabalhista e o papel de Cuba no apoio de grupos extremistas na América Latina estão descritos em um calhamaço de papeis da CIA”.
Para o “Zero Hora”, “grupos extremistas” eram os que lutavam contra as ditaduras. Extremistas não eram os militares que deram o golpe, nem os civis que financiaram a ditadura e as torturas. Ok. E Brizola vira um “ultranacionalista”  – na típica tentativa de desqualificar todos aqueles que lutaram ou lutam pela soberania, sem tirar os sapatos para os Estados Unidos. Ok, de novo.
Mas, tirando essas escorregadas, o material do “Zero Hora” é precioso.  Brizola era respeitado pelo inimigo. E isso não é pouco quando se sabe qual era esse inimigo.
A memória desse brasileiro deve ser sempre reverenciada. Resistiu ao golpe em 61 (Campanha da Legalidade), e teria resistido em 64 se Jango ficasse no Brasil. Voltou após a Anistia para comandar uma corrente nacionalista e socialista. os militares lhe roubaram a sigla PTB. Brizola fez o PDT. Enfrentou, com coragem, 3 questões ainda nao resolvidas no Brasil: racismo, oligopólio midiático e Educação.
Teve a coragem de questionar o poderio da Globo, porque logo compreendeu que aquilo era incompatível com a Democracia. Com Darcy Ribeiro, colocou a Educação no centro de sua administração no Rio. E fez do PDT o primeiro partido a ter uma secretaria ligada ao Movimento Negro.
Na hora “H”, Brizola nunca fugiu da luta. Perdeu a vaga no segundo turno para Lula em 89, por meio ponto. No dia seguinte estava onde? No palanque de Lula. Sabia que há momentos em que a luta política não permite titubeios. É preciso tomar partido e lutar, ainda que a vitória seja incerta. Lutou. Ganhou algumas vezes, perdeu outras. Jamais mudou de lado, nem titubeou na defesa dos interesses nacionais.
Um grande brasileiro era Brizola. Já sabíamos. Se faltava alguma prova, aí está: era ele o grande inimgo da CIA, dos EUA e da ditadura brasileira.
Confira mais detalhes na reportagem do “Zero Hora”.
===
por Guilherme Mazui e Klécio Santos
Nos primeiros anos do regime militar (1964-1985), os focos de insurgência armada haviam sido sufocados e a maioria dos líderes políticos de esquerda estava presa ou vivia no exílio. Nesse clima de aparente legalidade, a população se inclinava a apoiar os militares, instigada pelo discurso oficial de combate à ameaça subversiva. Um nome, contudo, era temido nos bastidores do poder: Leonel de Moura Brizola.
Enquanto respirava a brisa do Rio da Prata, no Uruguai, Brizola comandava operações, treinava guerrilheiros e recebia auxílio financeiro de Cuba e de ultranacionalistas brasileiros com objetivo de derrubar a ditadura. A versão sobre as atividades do trabalhista e o papel de Cuba no apoio de grupos extremistas na América Latina estão descritos em um calhamaço de papeis da CIA — a agência de inteligência americana — enviados ao governo brasileiro, ao qual ZH teve acesso.
Intitulado Intelligence Handbook, o dossiê da agência se detém em descrever em dezenas de páginas a ação dos grupos contrários ao regime, com foco sobre o Movimento Nacional Revolucionário (MNR) de Brizola, considerado como o mais “ativo” grupo de oposição ao regime. A documentação é datada de fevereiro de 1968.
A teia de relações de Brizola é descrita em minúcias, bem como os homens que formavam o seu establishment: Paulo Shilling — um dos fundadores do Movimento dos Agricultores Sem Terra (Master), uma organização precursora do MST —, o ex-deputado Neiva Moreira e o coronel do Exército Dagoberto Rodrigues, ex-diretor do Departamento de Correios e Telégrafos no governo João Goulart. Os tentáculos de Brizola se estenderiam pela Europa, onde seu contato era o ex-deputado Max da Costa Santos, que se encontrava exilado em Paris. Era ele quem viajava para Cuba através de uma conexão por Praga em busca de suporte para ações guerrilheiras. Para a CIA, a indicação mais clara do envolvimento de Cuba é seu apoio ao grupo de exilados de Leonel Brizola. “Os couriers (mensageiros) cubanos contataram e financiaram insurgentes brasileiros no Uruguai e financiaram sua viagem a Cuba para treinamento em campos de guerrilha”, aponta o relatório.
Tancredo, Simon e Brizola em Nova York: ex-governador prepara seu retorno
Um estilo centralizador
Ainda segundo os documentos, Brizola arranjou um grau de proteção para ele próprio e sua organização no Uruguai desenvolvendo relações próximas com vários políticos e oficiais, bem como com grupos revolucionários daquele país, entre eles o Movimento Revolucionário Oriental e a Frente de Esquerda de Libertação (Fidel), ambos ligados ao regime cubano. Àquela altura, Brizola já sofria com escassez de homens dispostos a “encarar os perigos e dificuldades encontradas pelas guerrilhas” e os relatos apontam o recrutamento de possíveis combatentes até no Paraguai. Embora fosse financiado pelos revolucionários de Sierra Maestra e que membros do MNR eram constantemente treinados na ilha, Brizola se recusava a aceitar cubanos como integrantes do seu grupo, segundo a CIA, “provavelmente temendo perder o controle de sua organização”.
— Não resta dúvida que toda a pressão e carga era sobre o Brizola. Ele era o perigo — atesta Jair Krischke, do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, que considera fundamental que toda documentação venha à tona, mesmo que sob a ótica americana dos fatos.
Para a CIA, a “insistência” de Brizola em ser o único comandante de qualquer operação o teria colocado em desacordo com outros grupos brasileiros e contribuído para o seu “fracasso” em obter apoio unânime até entre os exilados no Uruguai. Centralizador, o gaúcho em 1968 estaria cedendo espaço para outras agremiações guerrilheiras, como a Resistência Armada Nacionalista (RAN), sob a liderança do ex-almirante Cândido de Assis Aragão e que reunia antigos oficiais do Exército e da FAB. O grupo contaria, conforme os dados da CIA, com uma rede de escape e uma base guerrilheira de apoio na Bolívia, onde foram encontrados contatos e nomes e endereços em Porto Alegre.
Até mesmo o suporte de Cuba Brizola estaria perdendo, em detrimento de outras lideranças como Carlos Marighella. Diante do suposto isolamento, o ex-governador estaria buscando outras fontes de financiamento através do governo da Argélia, onde Miguel Arraes estava exilado. A atuação de Arraes é tida pela CIA como mais voltada para esfera política, sem ação “proeminente nos círculos revolucionários”. Já Brizola era mais temido, principalmente por, dois anos antes, ter posicionado um grupo paramilitar na serra do Caparaó, divisa entre Espírito Santo e Minas Gerais, naquela que é tida como a primeira guerrilha da ditadura. “O grupo foi recrutado, organizado, treinado, financiado e dirigido por Leonel Brizola”, enfatiza o relatório da CIA.
— Caparaó era a menina dos olhos do Brizola, mas foi um grande fracasso. Era um grupo muito bem preparado militarmente, mas que acabou se isolando da população e ficou sem condições psicológicas de resistir — relata o jornalista Flávio Tavares, que questiona a maioria dos informes da CIA já que eram baseados em dados do regime que nem sempre traduziam a verdade.
Leia outros textos de Plenos Poderes
http://www.rodrigovianna.com.br/plenos-poderes/brizola-era-o-perigo-diz-a-cia.html

'Corpos de militantes mortos eram expostos como troféu no DOI-Codi'

 Início

 

'Corpos de militantes mortos eram expostos como troféu no DOI-Codi'


Marival Chaves (foto), ex-servidor do centro de tortura, falou à Comissão Nacional da Verdade que Ustra era 'permissivo' com atos de violência contra presos políticos
10/05/2013



Júlia Rabahie,


Em depoimento prestado nesta sexta-feira (10) à Comissão Nacional da Verdade (CNV) em Brasília, o ex-sargento e servidor do Destacamento de Operações Internas do Centro de Informações de Defesa Interna do II Exército de São Paulo (DOI-Codi/SP), Marival Chaves, afirmou que após presos políticos da ditadura (1964-85) serem mortos e torturados nos chamados centros clandestinos de tortura – aqueles que estavam fora do aparato oficial de repressão – por agentes do Estado, seus corpos eram levados para o DOI-Codi de São Paulo para serem expostos aos oficiais do Exército. Chaves trabalhou do DOI-Codi entre 1973 e 1974.
O militar reformado foi interrogado pelos membros da CNV Cláudio Fonteles e Carlos Dias, e ao ser questionado do motivo para a exposição dos corpos dos dissidentes mortos, afirmou que funcionavam como “troféu”. “As pessoas eram trazidas por se tratarem de figuras importantes nas organizações clandestinas, era como um troféu de vitória”.
Entre os corpos que foram exibidos no DOI-Codi de São Paulo, Chaves apontou o casal Antônio Carlos Bicalho Lana e Sônia Maria Morais Angel Jones, militantes da Aliança Libertadora Nacional (ALN) mortos em 1973 no centro de cárcere e tortura clandestino da Serra do Mar, chamado de “O sítio”. “Eles foram presos na Baixada Santista e levados para o sítio. Foram levados depois para o DOI-Codi, vi os corpos e deu para ver que as balas foram direcionadas para as cabeças e para os ouvidos”.
Chaves não afirmou com certeza a autoria da determinação para que os corpos fossem expostos, mas o coronel reformado Carlos Alberto Ustra, comandante do DOI-Codi de 1970 a 1974, que também prestou depoimentos à CNV, foi apontado por ele como “permissivo em relação a este tipo de atitude”. “Acho difícil que, sem que o comando tivesse conhecimento, ou até autorizasse, os corpos seriam trazidos e expostos a visitação pública interna no DOI”, comentou, acrescentando que pediu para deixar o local porque não suportava as atrocidades.
Além do centro de tortura da Serra do Mar, que, segundo Chaves, funcionava desde antes de 1973, quando passou a trabalhar no DOI-Codi, até 1974, quando foi desativado, havia um segundo centro clandestino usado para os mesmos fins. “Em 1974 este primeiro centro foi desativado e montaram o de Itapevi, 'a Boate'”. Para o ex-sargento, tanto o funcionamento do Sítio como o da Boate tinha aval e colaboração do comandante Ustra.
“Não tinha como uma iniciativa dessa acontecer sem o Ustra liberar. A decisão pela ativação dos centros era medida adotada pela cúpula do golpe. Se você quer definir responsabilidade, ele era o comandante”, disse.
Ele ainda afirmou que os líderes da ALN eram pessoas “marcadas para morrer”. “Se assumia o comando, morria.” Um terceiro centro clandestino passou a funcionar em 1975, contou. “Era na Rodovia Castelo Branco.” Ainda de acordo com ele, os últimos ativistas do Partido Comunista Brasileiros (PCB) desaparecidos foram encaminhados para este terceiro centro. Em 1975, líderes do PCB, como Orlando da Silva Rosa Bonfim Júnior, “foram encaminhados para este cárcere e lá morreram”.
Esta foi a primeira vez que a Comissão da Verdade tomou depoimentos abertos ao público de agentes da repressão.
Foto: Wilson Dias/ABr

http://www.brasildefato.com.br/node/12872#.UZJ48LkHwvY.twitter

terça-feira, 7 de maio de 2013

Cientistas descobrem a "cura" para os cabelos brancos

http://noticias.r7.com/saude/cientistas-descobrem-a-cura-para-os-cabelos-brancos-06052013
6/5/2013 às 14h59 (Atualizado em 6/5/2013 às 15h07)

Cientistas descobrem a "cura" para os cabelos brancos

Pesquisadores desenvolvem medicamento para tratar a raiz do problema
Antônio Fagundes adotou o visual com cabelos brancos Divulgação/Globo
Adeus a tinturas e a fórmulas que prometem reduzir ou acabar com os cabelos brancos. Os cientistas descobriram os motivos do aparecimento dos fios sem coloração e também afirmam que encontraram um tratamento eficaz que combate a descoloração. A informação é da Nature World News da última sexta-feira (3).
De acordo com os cientistas  da Bradford University's School of Life Sciences, da Inglaterra, os cabelos grisalhos aparecem por causa do acúmulo de peróxido de hidrogênio no folículo capilar. Segundo eles, é exatamente isso que causa o branqueamento de dentro para fora dos fios.
Além de descobrirem a causa, os pesquisadores desenvolveram um método para atingir este acúmulo de hidrogênio. Trata-se de um composto de raios ultravioleta B ativado com luz solar.
Além de atacar a causa dos cabelos brancos, este tratamento ajuda no tratamento do vitiligo, doença que provoca despigmentação de partes da pele.
Leia mais notícias de Saúde
Segundo o editor da médica Faseb Journal, Gerald Weissmann, por "gerações, inúmeras soluções têm sido inventado para esconder os cabelos grisalhos", mas agora, pela primeira vez, um tratamento real que chega à raiz do problema foi desenvolvido.
— Essa é uma notícia emocionante, o que é ainda mais interessante é que isso também funciona para vitiligo. O desenvolvimento desse tratamento eficaz para esta doença tem o potencial para melhorar radicalmente a vida de muitas pessoas.
Apesar de vitiligo não provocar dor ou ser perigoso, é algo que angustia os pacientes portadores, de acordo com a Academia Americana de Dermatologia. Um a dois milhões de pessoas em os EUA têm vitiligo, segundo o Instituto Nacional de Artrite e Doenças Osteomusculares e de Pele.
  • Espalhe por aí:

domingo, 5 de maio de 2013

Para psicanalista, trauma de tortura é uma "chaga aberta"

Para psicanalista, trauma de tortura é uma "chaga aberta"

Atualizado em  2 de maio, 2013 - 05:49 (Brasília) 08:49 GMT
A violência sofrida por vítimas da ditadura militar no Brasil e por suas famílias não foi compartilhada e elaborada pela sociedade como um todo e é como uma "chaga aberta" que está sendo transmitida de geração para geração, segundo um psicanalista ouvido pela BBC Brasil.
Moisés Rodrigues da Silva Júnior, presidente da instituição de saúde mental paulistana Projetos Terapêuticos, disse, no entanto, que o Estado brasileiro acaba de dar um passo decisivo e histórico para tentar remediar isso.
Um projeto piloto que oferece atendimento a algumas das vítimas acaba de ser inaugurado pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.
As chamadas Clínicas do Testemunho são parte de uma política que visa reparar erros cometidos por agentes do Estado brasileiro durante a ditadura. Entre estes, perseguições, tortura, desaparecimentos e assassinatos de supostos oponentes políticos.
O governo já oferece reparação econômica às vítimas e seus familiares, mas segundo o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, não basta reparar economicamente. “É obrigação do Estado reparar também psicologicamente”.
Cinco instituições de saúde mental – em São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Recife – estão participando da fase inicial do programa, que vai durar dois anos e deve atender cerca de 700 pessoas. Entre as instituições está a clínica onde Moisés atende.

Dor inexplicável

"Como não houve o compartilhamento ou elaboração (do trauma sofrido), a violência se torna um material tóxico que habita as pessoas na forma de medos, ameaças e sofrimento", disse Moisés.
Ele citou como exemplo o caso de uma família que atendeu, um casal e seus filhos. Moisés não sabia que um dos avós das crianças havia desaparecido durante a ditadura.
A família parecia bem ajustada. Mas os netos adolescentes do desaparecido faziam uso abusivo de drogas, explicou Moisés.
"Tinham uma dor que não sabiam referir exatamente. Fomos conversando, até que começou a aparecer, por parte do pai - o filho do desaparecido - a ideia de que ele sentia a vida como uma tortura."
"Mas de onde vinha essa palavra, tortura? Eu não sabia que o pai dele tinha sido torturado, mas essa palavra me chamou a atenção e eu quis saber de onde vinha. Encontramos isso na história do avô. Não é que a partir daí tudo se fez luz, mas isso foi importante no tratamento dessa família."
Moisés disse que as vivências traumáticas, quando não são expressas, ficam num limbo atemporal onde não podem ser reconhecidas como causa do sofrimento e tão pouco esquecidas.
"São uma presença ausente, ou uma ausência presente, que pode invadir (o presente) a qualquer momento, reativando os sentimentos de terror. Formam uma grande rede, que passa de uma geração para outra, como uma chaga aberta", explicou. "Então, temos de falar disso".
"Fazer circular aquilo que ficou estagnado provoca terror e, ao mesmo tempo, começa a arejar o terror. O tóxico é compartilhado e dividido por todos."
O psicanalista admitiu que o processo não é fácil e disse não saber quantas pessoas vão querer participar das Clínicas do Testemunho.

Tortura 'legítima'

Uma pesquisa divulgada no ano passado pelo Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da Universidade de São Paulo (USP) constatou que 47,5% dos entrevistados eram favoráveis ao uso, em tribunais, de provas obtidas a partir de tortura policial. O estudo foi feito em onze capitais brasileiras.
Nesse contexto, a decisão do Ministério da Justiça de oferecer atendimento às vítimas da ditadura representa um marco histórico, disse o psicanalista.
"A tortura é feita no Brasil com o apoio forte da população", reconhece. "Mas não podemos esquecer o lugar do Estado na organização social e simbólica".
Para Moisés, a decisão do Estado de oferecer atendimento às vítimas da ditadura estabelece um precedente fundamental.
"O que é importante aqui é o reconhecimento, pelo Estado, de que não cumpriu seu dever (de proteger o cidadão), de que impingiu sofrimento e está pronto a reparar o mal realizado."
"Isto muda tudo. A partir de agora, a história não é mais eu atendendo aos netos do desaparecido, que se drogam."
"Agora, sou contratado pelo Ministério da Justiça para exercer ações reparatórias".
O projeto Clinicas do Testemunho foi inaugurado em abril, em um evento na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
Moisés estava presente.
"Tinha uma população muito comocionada, de afetados, familiares, simpatizantes, profissionais da saúde. Foi muita satisfação poder viver essa vitória, porque até outro dia dizia-se que isso tudo (os relatos de tortura e desaparecimentos) era uma fantasia, que no Brasil não tinha havido uma ditadura e, sim, uma 'ditabranda'".

Um testemunho

A militante política carioca Eliete Ferrer, de 66 anos, também saudou o lançamento das Clínicas do Testemunho. Ela é organizadora do livro 68, A Geração que Queria Mudar o Mundo, publicado em 2010.
No final da década de 1960, professora de história do nível primário, Eliete passou a integrar a Aliança Libertadora Nacional (ALN) em protesto contra o golpe militar.
Inicialmente, o grupo apenas realizava manifestações, mas com o endurecimento na política do governo, o movimento também se radicalizou e passou à luta armada.
Em 1973, o então companheiro de Eliete, jornalista Luiz Carlos Guimarães, foi preso e torturado. Quando foi solto, dois meses depois, o casal caiu na clandestinidade e saiu do Brasil.
"Fomos para o Chile, fomos direto para o terror", ela explicou. "Nós não sabíamos".
Presos em 11 de setembro de 1973, dia do golpe militar no Chile, Eliete e o companheiro sofreram violência nas mãos da polícia chilena.
Houve espancamentos, simulações de fuzilamento e ameaças de estupro. Mas eles conseguiram escapar e, com ajuda da ONU e de entidades ligadas a direitos humanos, se exilaram na Suécia.
Eliete só retornaria ao Brasil em 1979, quando entrou em vigor a Lei da Anistia.
Traumatizada, ela recebeu atendimento psicológico por voluntários do Grupo Tortura Nunca Mais/Rio de Janeiro (GTNM/RJ).
"Quando cheguei ao Brasil, tinha muitos problemas. Não conseguia falar sobre o Chile ou sobre a prisão do Luiz Carlos."
"Eu tinha muitos pesadelos, sempre acordava gritando, duas, três vezes por noite", contou. "Sonhava que as pessoas queriam me matar."
"Fiz terapia durante muitos anos, mais de dez. O GTNM/RJ foi pioneiro em oferecer esse atendimento".
Ela disse que a terapia a ajudou a viver melhor consigo mesma.
"Quando a gente fala, o assunto duro, pontudo, que machuca como um ouriço, vai se polindo e todo mundo consegue segurá-lo."
Por tudo isso, Eliete aplaude a iniciativa do Estado brasileiro, de assumir a responsabilidade pelo atendimento às vítimas.
"As clinicas são uma forma de olharmos para a ferida, junto a um profissional, uma pessoa que estudou a alma humana, e vai te ajudar a curar aquela ferida."

Próximo passo

Mas a militante acrescentou que, para ela, o processo de reparação ainda não está completo.
"Se o torturador não é punido, a tortura continua, nas delegacias."
"Éramos militantes, mas quem é torturado hoje é o preto pobre nas periferias das cidades."
E finalizou: "O próximo passo, em termos institucionais, seria o julgamento dessas pessoas. Não queremos que sejam torturados como fomos, mas que sejam julgados pelas leis do país."
A Lei da Anistia, que permitiu que presos políticos e exilados como Eliete voltassem a viver em liberdade no Brasil, também garantiu o perdão político aos torturadores que trabalharam a serviço do regime.
Além do atendimento às vítimas e familiares de vítimas da ditadura militar, o projeto Clínicas do Testemunho inclui atividades paralelas: o treinamento de profissionais para atender pessoas afetadas pela violência de Estado e pesquisas sobre as consequências psíquicas e sociais da violência de Estado.
Interessados em participar das clínicas devem procurar a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.

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