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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Mafalda a garotinha Argentina completa 50 anos

Mafalda completa 50 anos mais atual do que nunca

Mafalda, a garotinha argentina criada por Quino em 1964, famosa por deixar adultos de cabelo em pé com suas tiradas e perguntas, completa 50 anos. A célebre personagem dos quadrinhos é uma das 10 figuras argentinas mais famosas do século 20
Por AFP
Sexta-feira, 31 de janeiro de 2014


"Às vezes fico surpreso como algumas tiras desenhadas há mais de 40 anos ainda podem ser aplicadas a questões de hoje", declarou o roteirista e desenhista argentino de 81 anos, em uma entrevista concedida à AFP.
Os temas favoritos de Mafalda são os problemas econômicos e sociais, as desigualdades, a injustiça, a corrupção, a guerra e o meio ambiente.

O Festival Internacional de Quadrinhos de Angulema (sudoeste da França) montou uma exposição em homenagem a Mafalda. Também há exposições previstas na Argentina, Itália, Espanha, Canadá e México sobre a garotinha e os 60 anos de carreira de seu autor, cujo nome verdadeiro é Joaquín Salvador Lavado Tejón, nascido em 17 de julho de 1932 em Mendoza (oeste da Argentina).

Embora tenha se exilado em Milão em 1976 com o golpe militar, Quino contou à AFP que "Mafalda não foi censurada". "Acredito que porque a arte das tiras era considerada um gênero menor, que não representava uma ameaça como voz histórica. Os desenhos não aparentavam ser uma arte altamente intelectual e eram percebidos como entretenimento".

Sobre o encerramento das tiras 10 anos após sua criação, Quino esclarece que acabou com a série porque "estava cansado de fazer sempre a mesma coisa". "A decisão passou até por áreas conjugais, porque minha mulher estava chateada de não saber se podíamos ir ao cinema, convidar pessoas para jantar, porque eu ficava até as 10 da noite com as tiras".

"Além disso, era muito difícil não repetir. Quando não tinha mais ideia, recorria a Manolito ou a Susanita, que eram os mais fáceis. Se tivesse continuado, os mais ricos eram Miguelito e Libertad".

Sobre a comparação feita entre Mafalda e Charlie Brown, personagem criado pelo americano Charles Schulz, Quino observa que "Charlie Brown vive em um universo infantil próprio, do qual estão rigorosamente excluídos os adultos, com a diferença de que as crianças querem virar adultos. Mafalda vive em um contínuo diálogo com o mundo adulto, mas o rejeita, reivindicando o direito de continuar sendo uma criança".

Questionado, por fim sobre por quê encerrou o trabalho com Mafalda, refletiu: "Havia um professor da minha geração, Oski, e ele nos disse que nunca tivéssemos um personagem fixo. E que se tivéssemos, deveríamos pegar a tira e tapar o último quadrinho com a mão. Se o leitor adivinhasse como terminaria, deveríamos parar de fazê-lo. Me pareceu um bom momento e não imaginei que 40 anos depois continuaria vigente".


FONTE -  http://www.linhadireta.org.br/noticia/p/?id=37872

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

O PT pretende fazer encontros com internautas em março 2014

 



O PT pretende fazer encontros com internautas de movimentos sociais para articular uma atuação na internet.
"Existe uma presença conservadora nas redes, de pessoas que defendem a volta da ditadura, o [deputado federal Jair] Bolsonaro", disse o secretário nacional de Comunicação do partido, o vereador José Américo (SP). Segundo ele, a ideia é organizar uma resposta progressista a essas ideias.
"Vamos fazer algo mais amplo, que reúna movimentos sociais, não só militantes do PT", disse Américo, após reunião na sede do partido em São Paulo. O encontro discutiu exatamente a estratégia de comunicação do PT.
Além dos encontros, o partido vai promover também oficina com seus militantes para aprimorar a presença nas redes. "Vamos ensinar a fazer uma página no Facebook", exemplificou Américo. Já existem cinco desses encontros marcados no Estado de São Paulo.
Todos os sites estaduais também devem passar por mudanças. O site nacional do partido será reformulado e passará a funcionar como uma agência de notícias do PT. O novo formato deve estrear em março.
LULA E DILMA
Durante a reunião, também ficou acertada a participação do ex-presidente Lula e da presidente Dilma nos programas eleitorais aos quais o PT terá direito durante o primeiro semestre.
A direção do partido vai disponibilizar para os Estados falas e imagens de ambos para serem usados localmente. Américo disse que cada Estado poderá pedir falas de temas específicos da região. "A ideia é fazer programas específicos para cada Estado", disse ele.
A Justiça Eleitoral já autorizou o programa do PT em 13 Estados e ainda analisa o pedido de outros 12 e do Distrito Federal. A propaganda foi vetada no Paraná como punição a irregularidades no programa de 2011. O Pará também foi punido com a perda de metade do tempo por não ter respeitado a cota reservada as mulheres em 2013.
Segundo Américo, dessa vez não haverá problemas com a justiça por propaganda antecipada. "A lei é clara, todo mundo sabe que não pode pedir voto, falar da eleição".


FONTE :  http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/01/1404014-pt-vai-articular-internautas-progressistas-nas-redes-sociais.shtml

Rumo ao 6º Congresso, MST defende novo tipo de reforma agrária

28 DE JANEIRO DE 2014  

Rumo ao 6º Congresso, MST defende novo tipo de reforma agrária


Nos dias 10 a 14 de fevereiro, mais de 15 mil militantes de uma das maiores organizações populares de massas do planeta, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), estarão reunidos em seu VI Congresso, em Brasília. A instância máxima de direção do Movimento se debruçará sobre as táticas e estratégias na atual conjuntura para a consolidação da luta por uma Reforma Agrária Popular.




Foto: Agência Estado

Passados 30 anos da fundação do MST, as configurações do campo brasileiro sinalizam para a agudização das contradições sociais que se acumulam como uma dívida histórica, desde a concentração das terras como mercadorias em oligopólios privados, a continuidade da expulsão do homem e da mulher do campo para inchar as grandes cidades, bem como a inundação de agrotóxicos que o modelo do agronegócio despeja anualmente nas mesas de cada brasileiro.

Sinais claros dessas contradições estão expressos nas cifras de acampados hoje à espera de acesso à terra, que ultrapassa as 186 mil famílias, segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Tão alarmante quanto é a quantidade de veneno ingerida por cada pessoa no Brasil hoje através da alimentação contaminada: uma média de 5,2 litros ingeridos por pessoa ao ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Isto para não mencionar a existência no Brasil de trabalho em condições análogas à escravidão em pleno século XXI, sustentado dentro das cercas de latifúndios país afora.

Esta situação sustenta o questionamento às promessas do desenvolvimento capitalista no campo brasileiro, engendrado desde os governos militares através do pacote tecnológico implantado impositivamente nos países do Sul.

“O período da ditadura teve como um dos seus eixos a implantação do que se chamou de Revolução Verde. Com a ‘modernização’ da agricultura, introduziu-se um pacote de máquinas, químicos e tecnologias, além de uma série de medidas, dentre elas o crédito rural condicionado a este modelo, medidas que causaram uma forte expulsão do povo do campo brasileiro”, sustenta Débora Nunes, da coordenação nacional do MST.

Na contramão da lógica do capitalismo dos países centrais, que realizaram Reformas Agrárias como base de desenvolvimento de suas indústrias e mercados internos (a exemplo de EUA e Alemanha), no Brasil o modelo político permeado pela velha oligarquia latifundiária impediu qualquer divisão de terras. Não foi realizada a dita Reforma Agrária clássica.

“Passados 30 anos da criação do MST, chegamos à primeira década deste século com a compreensão de que a possibilidade da realização de uma Reforma Agrária do tipo clássica não mais se viabiliza e nem responderia as atuais necessidades dos camponeses. Com a hegemonia do agronegócio sobre a agricultura, os desafios colocados estão em outro patamar e isso exige que nossas proposições também estejam”, completa Débora.

Segundo Débora, o programa agrário defendido hoje pelo MST ainda se funda na divisão e democratização das terras, ampliando o acesso a este meio de produção fundamental para a massa Sem Terra, mas vai além deste primeiro passo.

Reforma Agrária Popular: um contraponto ao sistema
A chamada Reforma Agrária Popular, defendida pelo MST, busca responder às demandas da conjuntura atual. Débora se refere ao programa não como uma cartilha a ser seguida, mas como uma ferramenta que orienta a militância e dialoga com a sociedade o que o movimento quer para o Brasil.

“O MST apresenta um programa agrário que extrapola a reivindicação de condições e medidas coorporativas apenas para os camponeses. Apresenta-se como uma alternativa aos problemas estruturais do campo e de toda a sociedade brasileira”, diz.

Indo além da concepção de democratização do acesso à terra, o MST, através da luta por uma Reforma Agrária Popular, tem avançado no confronto ao modelo do Capital no campo em outras frentes: na ressignificação do trato dado pela sociedade à natureza, hoje mercantilizada; no estabelecimento de novas relações de produção e assumindo o desafio da transição para uma nova matriz tecnológica no campo, a agroecologia; e na disputa das instituições do Estado para que estas reorientem sua atuação, que hoje apenas privilegia o agronegócio, em detrimento da agricultura camponesa.

“O processo de agroindustrialização defendido e praticado pelo MST, por exemplo, dentro do contexto de Reforma Agrária Popular, tem confrontado a forma de apropriação capitalista da indústria agrícola convencional, bem como suas formas de gestão – além de estar circunscrito a um projeto de sociedade”, explica Débora.

O movimento tem, num processo de lutas e conquistas, confrontado e pautado o Estado, como ente público coletivo, para que cumpra seu papel decisivo na estruturação desta via de desenvolvimento popular para o campo que reflete em toda sociedade.

Débora afirma que “temos pressionado o Estado para que assuma esta nova política agrícola, com financiamento público da produção primária, da agroindustrialização, de implantação das infraestruturas (equipamentos, estruturas públicas, sociais e produtivas – acesso à terra, escola, telecentros, estradas, abastecimento de água e energia, mecanização etc), crédito, comercialização (com abastecimento regulado pelo estado e não desordenado pelo mercado)”, defende citando o caso da alta dos preços do tomate em 2013.

Acúmulos que preparam um salto maior


O MST tem defendido que a luta, o enfrentamento pressionando e pautando Estado e governos, tem alterado estruturas produtivas e sociais, como alicerce para mudanças maiores, em nível global na sociedade.

Seja a partir da própria divisão e uso das terras, seja no estabelecimento de concepções de trabalho associado e cooperado, ou ainda na elevação da consciência e organização de classe através de sucessivos programas de formação popular, o movimento tem acumulado forças para impulsionar as transformações sociais nocampo e na cidade.

“Queremos transformar o campo num lugar melhor para se viver, tanto para que quem está lá tenha esse sentimento, como para que quem está na cidade saiba que o meio rural é onde se produz alimento e vida e onde o povo se coloca em marcha pra concretizar esse sonho” resume Débora.

E conclui: “no atual estágio da luta de classes é preciso inovar na percepção e no programa que esteja além do campo. Essa proposição não está restrita ao campo, é um projeto de agricultura para o campo, mas que resolveria problemas estruturais da sociedade brasileira”.

Fonte: MST


FONTE DO PORTAL : http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=8&id_noticia=234631


PT LANÇA REELEIÇÃO D E DILMA EM 10 DE FEVEREIRO 2014

domingo, 26 de janeiro de 2014

Manifestantes são terroristas? Sim, de acordo com um projeto de lei que tramita no Congresso

Manifestantes são terroristas? Sim, de acordo com um projeto de lei que tramita no Congresso


Postt
Postado em 26 Jan 2014
Terroristas
Terroristas

O Brasil está se preparando com “braço forte” para a Copa.
Se seu amigo, filho, primo ou tio aderir a algum tipo de manifestação durante o evento e acabar preso, ele pode não apenas passar uma noite na delegacia, mas ser considerado “terrorista” e pegar até 30 anos de prisão.
Pelo menos segundo o projeto de lei (728/2011) de autoria do senador Marcelo Crivella, ministro da Pesca e Agricultura,  que tramita no Congresso. “O projeto descreve uma verdadeira criminalização dos movimentos sociais, pois é um tipo penal cheio de expressões abertas, o que permite a acusação e ao juiz dar o sentido que quiserem”, diz Iuri Delellis Camillo, advogado criminalista do escritório Camillo Filho, Carvalho e Ibañez e membro da Comissão de Criminal Compliance do Instituto dos Advogados de São Paulo.
Camillo se refere ao artigo quarto do projeto de lei, que define terrorismo: “Provocar ou infundir terror ou pânico generalizado mediante ofensa à integridade física ou privação da liberdade de pessoa, por motivo ideológico, religioso, político ou de preconceito racial, étnico ou xenófobo”. “O que seria ‘terror ou pânico generalizado’? Ficará ao livre arbítrio da acusação”, argumenta Camillo. Segundo ele, “se está havendo um protesto pacífico e a polícia chega e começa aquela cena de guerra, todos os ali presentes podem ser considerados terroristas. E a pena mínima para o crime é de 15 anos, ou seja, manifestantes serão presos sem direito a qualquer benefício (pois terrorismo é crime hediondo) e também sem a possibilidade de qualquer medida diversa de prisão (pois a pena mínima é muito alta)”.
O projeto, que inclui vários outros itens, como “ataque a delegação” e “violação de sistema de informática” está sendo proposto especificamente para a Copa do Mundo, com a intenção de reforçar a segurança do evento. “Os crimes dessa nova lei já são previstos em legislações anteriores”, diz Camillo, apontando a intenção de enfatizar medidas específicas para a Copa.
A exceção está justamente na definição criminal de terrorismo, que existe em leis da época da ditadura e estão obsoletas. “ O crime de terrorismo é algo muito sério, que já está em discussão há muito tempo e será incluído na reforma do código penal. Um projeto de lei temporária não é a maneira correta para tentar criar esse crime, e até expõe o Brasil à uma situação vexatória: aqui só existe terrorismo se for feito durante a Copa”, diz Camillo.
Para ele, o projeto, mais do que uma forte repressão às possíveis manifestações durante a Copa, é uma forma de atender às exigências da Fifa, preocupada apenas com o sucesso do evento que promove. “É um projeto que ameaça a soberania nacional para atender os interesses de uma instituição, uma empresa. Se ainda fosse para atender os interesses da comunidade internacional, o que é necessário às vezes, seria até compreensível”.
Três comissões do Senado já deram parecer a favor do arquivamento, apontando, inclusive, erros técnicos grosseiros. Mas o que mais poderá surgir daqui pra frente?
Sobre o Autor
Jornalista, escritor, cineasta e advogado.



FONTE: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/manifestantes-sao-terroristas-sim-de-acordo-com-um-projeto-de-lei-que-tramita-no-congresso/

Veículo foi incendiado nas proximidades da Praça Roosevelt no centro de SP nas manifestações contra a Copa

"Um bando de irresponsáveis", diz dono de fusca incendiado nas manifestações contra a Copa

Veículo foi incendiado nas proximidades da Praça Roosevelt no centro de São Paulo
Vanessa Beltrão, do R7
Durante os protestos contra a Copa do Mundo no centro de São Paulo neste sábado (25), um grupo de manifestantes colocou fogo em um fusca nas proximidades da Praça Roosevelt por volta das 20h. O proprietário do veículo, um serralheiro de 55 anos que não quis se identificar, estava voltando da igreja junto com mais quatro pessoas no carro, dentre elas uma criança de quatro anos, quando o fato aconteceu.
— Eu acho que são um bando de irresponsáveis. O Brasil é assim mesmo, acontece essas coisas por causa da impunidade.
De acordo com o serralheiro, usando lenços pretos para cobrir os rostos, os integrantes do grupo estavam colocando fogo em colchões para interceptar a via e podem ter jogado um dos colchões no carro.
— Eu acredito que foi jogado. Estava no chão e quando a gente passou, já estava na lateral do carro. Ou jogaram o colchão para cima ou empurraram com os pés.
Como o fogo não apagava, o serralheiro parou o fusca para que todos pudessem descer.
— Teve muito pânico para sair do carro pegando fogo. A criança estava chorando...Naquele local não tinha um policial. 
O fusca era o único carro do serralheiro que utilizava o veículo para entregar portões. O homem de 55 anos ainda não calculou o prejuízo. Após o incêndio, ele voltou para casa de ônibus.
— Ficamos assustados. Graças a Deus está tudo bem agora.
Protestos
Mais de 100 pessoas foram detidas na noite deste sábado (25) pela Polícia Militar devido às manifestações contra a Copa do Mundo no Brasil. A maioria estava envolvida com agressões a policiais e com o rastro do quebra-quebra ocorrido em várias ruas do centro de São Paulo.
Segundo a polícia, três agências bancárias e uma viatura da GCM (Guarda Civil Metropolitana) também foram depredadas na capital paulista.

FONTE: http://noticias.r7.com/sao-paulo/um-bando-de-irresponsaveis-diz-dono-de-fusca-incendiado-nas-manifestacoes-contra-a-copa-26012014

O vídeo do encontro do Batman com o cineasta rico e a fotógrafa olavete é a melhor tradução do Brasil

O vídeo do encontro do Batman com o cineasta rico e a fotógrafa olavete é a melhor tradução do Brasil



  ShPostado em 23 Jan 2014


Harold Von Kursk, nosso colaborador, me pede, frequentemente, notícias do Brasil. Alemão, naturalizado canadense, ele tem a intenção de voltar para cá um dia. O jornalista Marcelo Zorzanelli já lhe ofereceu pouso algumas vezes.
Von Kursk esteve em meados dos anos 80 no Rio de Janeiro, jovem e cheio de esperança. Conta que não se lembra muito bem. Menciona um bar, mulheres estranhas e sua mente fica enevoada daí em diante.
Harold tenta entender o momento por que nós passamos. As manifestações são como as da praça Tahrir, no Cairo? A Copa vai ser cancelada? O que são rolezinhos? Quem é Barbosa?
Eu tento explicar o Brasil para o gringo, mas o Brasil é inexplicável. Ou era. Eu preciso mandar a ele um vídeo com a perfeita tradução do país. Aquele mesmo, o registro magnífico do encontro entre um cineasta que se diz “rico”, uma fotógrafa macartista, um francês desavisado e o Batman.
O diretor de cinema Rodolfo “Dodô” Brandão, de “Dedé Mamata”, cult dos anos 80, topou com o protético Eron Morais de Melo, que se fantasia como o Cruzado Encapuçado (ai) desde os protestos no ano passado.
Os dois se cruzaram na esquina das avenidas Ataulfo de Paiva e Afrânio de Melo Franco, no Leblon, no dia em que um rolezinho estava marcado para acontecer no shopping.
“ Você é o símbolo da Justiça vestido de capitalismo americano?”, pergunta Brandão, do nada, de graça.
“Eu venho para a rua combater. Quantas vezes você foi às ruas para lutar pela população?”, devolve Eron. “Você quer discutir Batman COMIGO?”. Eron transmitia uma indignação gigantesca ao ver sua legitimidade contestada, logo ele, que provavelmente conhece o personagem melhor do que seu criador, logo ele, que num calor de 40 graus põe uma roupa preta e sai para passear.
No meio do bate boca, entra uma senhora apoplética, se auto-declarando de direita, irritadíssima com o homem morcego. “Manipulado, manipulado!” Ela dá um tapa na lente da câmera (!?!). “Existe um plano, sim! Pode botar aí. Existe um plano de ocupação comunista, totalitarista no país! Será que ninguém quer ver isso?”
Um pobre coitado francês faz perguntas estranhas a Brandão, com tradução capenga do cameraman que o acompanha. Quer saber se há algum tipo de discriminação (?!?). Brandão responde que não, emenda que ganha “muito bem” e que vai beber depois com o “pessoal da Cruzada”, que é, segundo consta, um condomínio famoso na área.
A cena toda é maravilhosa, farsesca, estupidamente brasileira. Nada é o que parece. Num dia lindo, quatro tipos absurdos, diferentes e complementares, sem a mais remota possibilidade de se entender, se encontram numa esquina arborizada para discutir a política e a vida. Há uma tensão crescente e a impressão de que a coisa vai descambar para a pancadaria e o caos num segundo. Tudo se acomoda.
Lembra o final de “Fellini 8 e Meio”, com aquele cortejo, sem a música de Nino Rotta. Lembra mais ainda o comício populista de “Terra em Transe”, de Glauber Rocha. “Por que você mergulha nessa desordem?”, indaga, no filme, a ativista política ao intelectual interpretado por Jardel Filho.
Mas é bem melhor que isso.
Batman é um dentista, o cineasta rico de Havaianas não tem essa grana, a fotógrafa é só uma olavete triste, o francês mora em Santa Teresa. Você não surpreenderia se, na seqüência do bate boca, todos fossem tomar uma cerveja e dividir uma porção de bolinho de bacalhau no boteco.
A única certeza é que aquela bagunça é nossa. Fico pensando em enviar o vídeo ao Harold, mas temo que, ao assistir, ele desista de aparecer por aqui. Ou não — se isso acontece numa esquina carioca num dia de semana, tudo é possível.
“A democracia no Brasil foi sempre um lamentável mal-entendido”, já dizia Bruce Wayne, ou melhor, Sérgio Buarque de Hollanda. Bom, é a mesma coisa.

  KIKO NOGUEIRA
Sobre o Autor
Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

Meu quebra pau com Diogo Mainardi de Paulo Nogueira

“Sou colunista da Veja!”: meu quebra pau com Diogo Mainardi

Paulo Nogueira
Postado em 22 Jan 2014
"Sou colunista da Veja"
“Sou colunista da Veja”
Está nas bancas a lista das 100 pessoas mais influentes do Brasil, segundo a revista Época.
É uma boa lista, aliás.
Mas poderia ser melhor, se guardasse uma categoria com a qual ela foi criada, há cinco anos, quando eu era diretor editorial das revistas da Globo.
Decidi incluir, na ocasião, a mídia. Sabia que era uma coisa complicada, dados os egos dos jornalistas e de seus patrões, mas tinha clareza em que uma lista de influência no Brasil seria incompleta se não incluísse a mídia.
Foi uma de minhas experiências mais enriquecedoras e desgastantes no jornalismo a montagem da relação dos jornalistas.
Tive algumas reuniões com João Roberto Marinho, o acionista que acompanha editorialmente o jornalismo da Globo, antes de convencê-lo de que tínhamos que colocar a mídia na lista.
Depois, apresentei a ele os nomes. João é fácil de trabalhar, e então não houve muitas idas e vindas na questão dos eleitos. O maior cuidado foi com os jornalistas da casa: quem estaria e quem não estaria.
Havia também o ponto da própria família Marinho: quem colocar? Os três irmãos, Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto?
Mas isso, numa lista de 100, não mostraria concentração demais de poder? Seria o caso de optar por Roberto Irineu, o presidente? Ou João Roberto, o editor? Ou Roberto Irineu e mais João Roberto? Mas, neste caso, como se sentiria o caçula, José Roberto?
Terminamos optando por Roberto Irineu. Quer dizer, terminamos é uma forma de dizer. Os irmãos terminaram optando por Roberto Irineu.
Havia outros barões na lista, como Roberto Civita e Edir Macedo. A relação tinha que ser veraz, e mesmo um concorrente odiado como Macedo tinha que estar nela, pela força da Record.
Eram mais ou menos dez categorias, e cada qual contribuía com cerca de dez nomes, portanto.
Pela delicadeza do tema, resolvi escrever o perfil de cada escolhido na mídia.
Os irmãos Marinhos quiseram ler antecipadamente apenas o texto sobre Roberto Irineu. Lembro o pedido que foi feito: tratar Roberto Marinho como “jornalista Roberto Marinho”.
No sábado pela manhã, quando a revista chegou ao Rio, recebi um telefonema de João Roberto. Ele me cumprimentava pela edição. E me disse que cuidaria da diplomacia: explicar por que algumas pessoas da Globo ficaram de fora.
O caso mais complicado era o de Ali Kamel. Disse de cara a João que achava que Kamel não deveria entrar, porque a real decisão por trás do telejornalismo da Globo estava na família. Kamel, por mais poder que tivesse internamente, estava na TV Globo para executar as ordens da família.
Ali Kamel
Kamel ficou de fora
Mas eu disse a João Roberto, e ele sabia disso melhor que eu, que era bom dar um afago consolador em Kamel.
Curiosamente, o maior problema que tive, depois, não foi com gente que não entrou – mas com um integrante da lista, Diogo Mainardi, então colunista da Veja.
Escrevi, essencialmente, que Mainardi vivia de Lula. Notei também que ele “mainardizara” a revista. E disse uma coisa que o magoou extraordinariamente: que ele não tinha estilo.
Não sabia quanto ele era vaidoso literariamente.
A caminho de casa, na noite de quinta, terminado o fechamento, pensei: “Deveria ter acrescentado que ele é tão previsível que vai me atacar”.
Já não dava tempo, mas eu estava certo sobre a previsibilidade de Mainardi.
Na semana seguinte, sua coluna na Veja foi dedicada a me agredir com sua habitual mistura de desonestidade e presunção.
Ele achava que estava revelando ao mundo que eu tinha um pseudônimo, Fabio Hernandez, com o qual escrevera artigos para a VIP.
Todo mundo sabia, exceto ele. Mas é claro que ele disse que eu era Fabio Hernandez, na crença de que estava me causando um grande mal.
Ele se gabava de ser “colunista da Veja”, como aquele personagem de Chico Anísio que dizia trabalhar na Globo, enquanto Fabio Hernandez era colunista de assuntos sentimentais. Daí se vê a mente atrapalhada de Mainardi. Imagino a dor que ele sinta, hoje, quando já não pode dizer, arrogantemente, que é “colunista da Veja”.
Uma segunda paulada em mim viria depois pelo Mainardi digital da Veja, Reinaldo Azevedo. Ele já começava, então, a demonstrar obsessão por mim. Embora sejamos da mesma geração, eu jamais ouvira falar de Reinaldo Azevedo: ele pertencia à Liga B, com uma carreira medíocre com passagens discretas pela Folha e, depois, revistas que viveram do dinheiro público ou amigo, como a Bravo do genro de Abílio Diniz, Luís Felipe Dávila. A Bravo, mais que em cultura, se especializara em Lei Rouanet, e trazia uma quantidade impressionante de anúncios do Pão de Açúcar — os quais nada tinham a ver com o público da revista.
Mais tarde, Azevedo mudaria de dinheiro público e amigo, numa revista de Mendonça de Barros denunciada pela Folha como beneficiária de publicidade tecnicamente injustificável do governo Alckmin. Mesmo com tanta mamata, a revista foi à bancarrota.
Como Mainardi, o ataque veio com uma mistura de desonestidade e falsidade. Azevedo se esforçou para que eu perdesse meu emprego ao dizer que eu estava “promovendo a Record” ao incluir Edir Macedo na lista.
Na época, eu não tinha minha própria voz, e fui impedido de responder.
O que fiz foi mandar um email a Roberto Civita perguntando se ele tinha lido as agressões a mim. Afinal, ele tinha dito a mim, pouco antes, que eu era “como um filho” para ele.
Sempre bem-humorado, ele disse que sim, mas lembrou que eu mencionara, ao falar dele próprio, o “invencível sotaque americano”.
Terminamos rindo. No ano seguinte, numa viagem que ele fez a Londres, tomamos um café da manhã no hotel no qual ele se hospedou, e ele me apresentou a uma das comidas preferidas dos judeus nova-iorquinos, como ele mesmo, o bagel com cream cheese.
Ele estava preocupado com o avanço da internet, e eu recomendei a ele que aplicasse o lucro que ainda tinha com as revistas impressas na construção de uma ponte rumo ao universo digital.
Estava claro, para nós dois, que uma imensidão ideológica nos separava – mas eram tantas as lembranças de tantos anos no mesmo barco que ali éramos apenas dois velhos amigos. Também estava evidente, para ambos, que Roberto afinal acertara em não me convidar para dirigir a Veja, tamanha a diferença de visão de mundo entre nós.
Foi a última vez que o vi, e gosto de saber que rimos um bocado naquela manhã londrina.
Aquela lista inicial das pessoas mais influentes do Brasil segundo a Época — não muito depois eu partia para Londres –
foi a última que trouxe a mídia. Era necessário um editor arrojado — ou irresponsável — o suficiente para enfrentar as consequências da inclusão ou exclusão de jornalistas e barões.
E eu, já na segunda lista, estava a 10 000 km de distância.
Paulo Nogueira

Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo


Fonte:  
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/minhas-recordacoes-da-lista-original-das-100-pessoas-mais-influentes-do-brasil-segundo-a-revista-epoca/