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sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

O tal "rapper" que insultou Chico Buarque

Por Jean Wyllys, em sua página no Facebook:

Sobre o episódio da ofensa e patrulha ideológica perpetradas por playboys herdeiros das capitanias hereditárias e antipetistas contra Chico Buarque no Leblon, ainda duas considerações:

1. A primeira é que, como sugerido, fui ao Google procurar saber quem é o tal "rapper" Túlio Dek (um dos ofensores de Chico Buarque) e o que encontrei, entre platitudes sobre sua vida amorosa passada em sites que se ocupam de subcelebridades, foi a informação de que ele é neto de Jairo Andrade. E, de acordo com esta matéria de 2007 do site A Nova democracia (http://www.anovademocracia.com.br/…/79-a-luta-camponesa-faz… ), o avô de Túlio Dek não era flor que se cheirasse!

"Jairo Andrade Bezerra, falecido há 4 anos, nasceu em Passos (MG) e foi extrema-direita de carteirinha. Entusiasta organizador da 'Marcha com Deus, pela Família, pela Liberdade' em 1964, atividade patrocinada pela CIA, que antecedeu ao golpe militar que derrubou o governo constitucional de João Goulart.

Foi para o sul do Pará no final dos anos 1960 e sempre teve apoio da ditadura militar para cometer todo tipo de desmandos na região. Roubou terras dos indígenas, posseiros e dos colonos assentados pelo Incra no assentamento Agropecus.

Jairo recebeu nove autuações por trabalho escravo. Teve seu nome incluído na Lista Suja do Trabalho Escravo, condenado por manter 97 trabalhadores escravizados na Fazenda Forkilha. Seu irmão, Gilberto Andrade recebeu igual condenação por trabalho escravo na fazenda Boa Fé, em Centro Novo (Maranhão). Apesar de denunciado por trabalho escravo (desde final dos anos 60), Jairo Andrade nunca deixou de receber recursos públicos da SUDAM para investir em sua propriedade.

Foi fundador da criminosa e arqui-reacionária UDR — União Democrática Ruralista, em 1985, sendo seu primeiro tesoureiro nacional. Subiu no palanque com Fernando Collor em Redenção nas eleições presidenciais de 1989. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, em 5/11/1994, Jairo Andrade — acusado de contratar pistoleiros para assassinar o ex-deputado e advogado de posseiros Paulo Fonteles e inúmeros trabalhadores rurais — não desconversou: descreveu mortes das quais participou, informou onde enterrou as vítimas e fez ameaças. Como sempre acontece com os crimes do latifúndio em nosso País, nada aconteceu a este bandido, réu confesso".


Bom, o tal Túlio Dek teve todas as oportunidades de ser alguém melhor que seu avô. Mas, a julgar pelo que fez a Chico Buarque; a julgar pelo tipo de valores que subjaz a seu discurso de analfabeto político e alienado (discurso que é também o dos outros playboys companheiros seus), Túlio Dek decidiu dar continuidade à capitania herdada.

E assim podemos traçar a genealogia dos canalhas que hoje aplaudem a tentativa de um novo golpe na democracia e de desmonte da Constituição Cidadã de 1988!

2. A segunda coisa é que quando comentei que publicaria esse texto, um amigo meu me disse que não o fizesse porque as pessoas de direita fascistas me atacariam na internet com insultos e calúnias; ao que eu lhe respondi:

"Meu caro, os fascistas, velhos e novos, já me insultam, caluniam e difamam na internet . Não só a mim, mas a todas as pessoas que se coloquem a favor da justiça social, das liberdades individuais, das minorias sexuais, étnicas e religiosas, da democracia, da honestidade intelectual e da vida com pensamento. Atacar essas pessoas com insultos impublicáveis e calúnias; deturpar suas falas; criar perfis falsos e robôs para encher caixas de comentários com discursos de ódio, enfim, destruir a civilidade e o respeito nas redes sociais é a nova forma de censura desses fascistas, sejam os novos, sejam os antigos. Muita gente, temendo essa violência simbólica (que ameaça ser física o tempo todo), cala-se ou se dedica a publicar platitudes para receber likes. Eu não! Jamais vou me acovardar diante de fascistas, pois corro o risco de ser cúmplice deles nessa covardia. Com Chico Buarque, aprendi a me perguntar: 'Como beber dessa bebida amarga; tragar a dor; engolir a labuta? Mesmo calada a boca, resta o peito. Silêncio na cidade não se escuta!'. Ninguém vai aproximar de mim novamente o cálice (o 'cale-se!') de vinho tinto de sangue, pois não vou deixar! Vou escrever, sim, esse texto e defender, sim, Chico Buarque"

domingo, 20 de dezembro de 2015

Movimentos sociais defendem democracia e fim do ajuste fiscal

Os movimentos sociais querem “a Dilma que elegeram”, cobrando que a presidenta assuma compromissos de campanha com os trabalhadores e a manutenção de conquistas sociais

Por Redação, com ABr – de Brasília
Os movimentos sociais que foram às ruas esta semana contra o impeachment defendem a continuidade do mandato da presidenta Dilma Rousseff, mas cobram uma mudança no rumo da política econômica, com duras críticas ao ajuste fiscal. Entidades como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) defendem a redução da taxa de juros e a retomada de investimentos públicos para estimular a economia.
Movimentos e entidades convocaram a população para manifestação por saídas populares à crise política e econômica
Movimentos e entidades convocaram a população para manifestação por saídas populares à crise política e econômica
Em reunião com Dilma um dia depois das manifestações, representantes da Frente Brasil Popular fizeram questão de mostrar à presidenta a insatisfação dos movimentos com as medidas econômicas que vem sendo tomadas pelo Palácio do Planalto. A presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE) – umas das organizações que articularam as manifestações – Carina Vitral, disse que as entidades esperam uma “guinada à esquerda” do governo Dilma.
— Fizemos uma declaração contrária ao impeachment golpista, mas também uma cobrança forte para que mudanças continuem sendo aprofundadas. Demonstramos uma contrariedade grande ao ajuste fiscal, que penaliza e aprofunda a crise econômica. A gente quer uma guinada do governo à esquerda, aprofundando direitos da classe trabalhadora, da juventude e dos movimentos sociais — disse, após reunião da Frente Brasil Popular com Dilma no Palácio do Planalto.
Nas manifestações, os movimentos sociais disseram querer “a Dilma que elegeram”, cobrando que a presidenta assuma compromissos de campanha com os trabalhadores e a manutenção de conquistas sociais.
O líder do MST, João Pedro Stedile, disse que os movimentos sociais estarão ao lado do governo na defesa do mandato de Dilma se o processo de impeachment for levado adiante, mas também criticou a demora do Palácio do Planalto em reagir a problemas da economia que afetam diretamente os trabalhadores, como o aumento do desemprego e da inflação.
— O governo tem que agir rápido diante da gravidade da crise econômica, tem que dar sinais para a população. Nossa sugestão é que o governo anuncie urgentemente medidas concretas que possam retomar o crescimento da economia para garantir o emprego e a renda dos trabalhadores. Para isso, o governo tem que reduzir a taxa de juros e precisa utilizar esses recursos públicos, que são nossos, para a volta do crescimento baseado nos investimentos na indústria, na construção de moradia popular, na infraestrutura, no transporte público e na agricultura familiar — sugeriu.
Na véspera, a presidenta Dilma Rousseff decidiu tirar Joaquim Levy do Ministério da Fazenda e substitui-lo por Nelson Barbosa, que ocupava o Ministério do Planejamento. Responsável por medidas como a mudança nas regras de acesso ao seguro-desemprego e a limitação do seguro defeso para pescadores, Levy era o principal alvo das críticas das entidades de trabalhadores.
— A CUT, que representa milhões de trabalhadores desse país, tem muito firmes suas posições contra essa política econômica, Levy não nos representa, trouxemos essa demanda para a presidenta — disse a secretária de Relação com os Movimentos Sociais da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Janeslei Albuquerque, no início da semana.
Em entrevista no fim da noite de ontem, o novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, disse que, para estabilizar a economia e promover sua recuperação, os esforços para o ajuste fiscal devem continuar.

Golpe é barrado no STF em julgamento surpreendente !

À exceção de um voto, os demais ministros também entenderam que o Senado poderá arquivar o processo de impedimento e barrar o golpe contra Dilma

Por Redação – de Brasília
A tentativa de golpe contra o governo constitucionalmente eleito da presidenta Dilma Rousseff saiu enfraquecida após o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), na tarde desta quinta-feira. Ao invés dos votos dos ministros mais notadamente progressistas, o STF surpreendeu ao derrubar a eleição promovida pela Câmara dos Deputados, que elegeu a comissão para análise do pedido de impedimento contra a presidenta Dilma Rousseff. Os ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes e o relator da matéria, ministro Edson Fachin, foram vencidos pela maioria.
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, na tarde desta quinta-feira, a eleição da chapa avulsa, ocorrida no dia 8 de dezembro, para formação da comissão especial que conduzirá o processo. O decisivo voto do ministro Marco Aurelio Mello foi seguido pela posição do ministro Celso de Mello. A Corte decidiu, ainda, por maioria absoluta, que a eleição sob a liderança do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) será anulada.
Lewandowski colocou uma pá de cal na tentativa de golpe ao governo Dilma
Lewandowski encerrou o processo em que foi afastada a tentativa de golpe contra o governo da presidenta Dilma
À exceção de um voto, os demais ministros também entenderam que o Senado poderá arquivar o processo de impedimento da presidenta e, assim, enterrar a tentativa de golpe de Estado, mesmo se o plenário da Câmara dos Deputados admitir a denúncia por crime de responsabilidade. Dessa forma, Dilma somente poderia ser afastada do cargo, por 180 dias, como prevê a lei, após a decisão dos senadores.
A maioria dos ministros seguiu o voto divergente do ministro Luis Roberto Barroso. O ministro divergiu do relator, ministro Edson Fachin, e considerou inaceitável a eleição de chapa avulsa, formada por deputados oposicionistas. Para Barroso, a candidatura não é constitucionalmente..

A Corte foi unanimidade em entender que não cabe defesa prévia de Dilma antes da decisão individual do presidente da Câmara dos Deputados

No dia 8 de dezembro, a chapa 2 – que apóia o golpe – intitulada Unindo o Brasil, foi eleita por 272 votos contra 199 da chapa oficial. A sessão foi marcada por um tumulto, uma vez que deputados contrários ao processo secreto de votação e ao lançamento de uma chapa alternativa para concorrer à comissão se desentenderam com os defensores do voto secreto e da chapa alternativa.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Contra golpe, gaúchos se incorporam a nova campanha da legalidade


Autoridades e políticos dos partidos PDT, PCdoB, PT, PSOL e Rede participaram nesta sexta (11) do lançamento de uma nova campanha da legalidade contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, junto ao busto do ex-governador Leonel Brizola, ao lado do Palácio Piratini, em Porto Alegre. Em 1961, Brizola liderou, a partir do Rio Grande Sul, a Campanha da Legalidade para lutar pela defesa da posse de João Goulart após a renúncia de Jânio Quadros.


   
O ato teve início com o pedetista e prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, lendo um documento de adesão ao Movimento Rede da Legalidade, capitaneado pelo governador do Maranhão, Flávio Dino.

“A democracia é maior que tudo e este pensamento nos permite separar, nesse momento, divergências ideológicas, programáticas, visões sobre a economia e projetos políticos para o País. É com esse discernimento que afirmamos que não há embasamento legal para o pedido de impeachment da presidente Dilma”, diz o documento, que também traz palavras de Brizola proferidas durante a Campanha da Legalidade.

Após esta leitura, Carlos Lupi, presidente nacional do PDT e ex-ministro do Trabalho dos governos Lula e Dilma, fez uma defesa veemente da legalidade e da necessidade de se defender o mandato da presidenta. “O momento que vive o país é muito grave, de ameaça à soberania constitucional”, disse.

Citando Brizola, Lupi afirmou que o processo de impeachment é um golpe de direita movido por “interesses impublicáveis” e disse que não era nenhum exagero compará-lo ao golpe militar de 1964. “Em 1964, começou com alguns civis apoiando o golpe. O governador da Guanabara, Carlos Lacerda, e o governador de Minas Gerais, José de Magalhães Pinto, defenderam porque achavam que iam ser presidentes em seis meses. O que era para durar seis meses durou 21 anos”, disse.

O ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (RS), salientou que, por trás do processo de impeachment da presidente Dilma, estão as mesmas forças conservadoras que tentaram interromper a ordem democrática nos anos 1950 e 1960.

“(O impeachment) É um instrumento de uma luta antirepublicana que sempre existiu no Brasil. Fizeram isso contra o Juscelino, fizeram isso contra o Jango, contra o Getúlio, contra o Brizola”, disse Tarso. “Não precisa mais de golpe militar, inclusive não há disponibilidade hoje das Forças Armadas para golpe militar, então eles utilizam essa força do capital financeiro, que submete a Constituição, que constrange a sociedade, que chantageia com equilíbrio macroeconômico, criando distorções na ordem republicana para se apropriar do Estado novamente. Então, é uma diferença qualitativa. Agora, o sentido estratégico é o mesmo, perverter o processo democrático, reduzir a influência dos movimentos sociais na definição de políticas públicas, manter as desigualdades sociais que nós vivemos”, complementou.

Defesa da legalidade

No ato, Carlos Lupi afirmou ainda que é preciso travar uma disputa de comunicação para esclarecer a população sobre as consequências de um possível impeachment. “Eu acho que a gente tem que fazer um contraponto de informação. A gente tem que esclarecer a população que, se tiver impeachment, não tem eleição direta, não. Muita gente do povo acha: ‘ah, vamos impedir a presidenta para fazer eleição’. Não tem. Segundo, na linha de sucessão da presidenta, depois de ela ser impedida, vem o Michel Temer, que é do PMDB. O mesmo PMDB do Eduardo Cunha, que tá indiciado pelo Ministério Público suíço, indiciado pelo Ministério Público brasileiro, pela Procuradoria Geral da República, suspeito de várias ações criminosas. (...) Que legitimidade tem essa gente de pedir o impedimento da presidente Dilma, que não paira sobre ela um único indício de qualquer responsabilidade. É um jogo pesado da política para apeá-la do poder e ficar no lugar dela”, afirmou.

Ele reiterou que, nesta nova campanha da legalidade, não se trata de defender o governo Dilma, mas a própria democracia. “O impeachment é algo muito sério. Ninguém pode começar a travar o impeachment porque não simpatiza, porque o Ibope está baixo, porque não gosta de um presidente, de um governador ou de um prefeito. Se isso virar moda, porque a população vai votar? Pode mudar daqui a seis meses, daqui a um ano, dependendo da vontade da oposição”, disse Lupi.

O deputado federal Henrique Fontana (PT) foi na mesma linha: "Acima de tudo, nós estamos defendendo um mandato legítimo, de uma mulher que jamais roubou um centavo do dinheiro público. Não cometeu um único crime e querem cassar o mandato dela com a assinatura e a liderança de um dos políticos mais corruptos do Brasil (Eduardo Cunha). Nós não podemos aceitar isso”, disse o deputado. “A única maneira que a democracia aceita colocar alguém no poder é através do voto da maioria da população. O que eles estão tentando fazer é pegar um atalho”.

Também participaram do ato o ex-governador Olívio Dutra, os deputados federais Maria do Rosário (PT), Deonilso Marcon (PT), os deputados estaduais Luiz Fernando Mainardi (PT), Stela Farias (PT), Edegar Pretto (PT), Tarcisio Zimmermann (PT), Manuela D’Ávila (PCdoB), Junior Piaia (PCdoB), o ex-prefeito de Porto Alegre Raul Pont, a ex-candidata à presidente Luciana Genro (Psol), o trabalhista histórico e ex-líder do governo Brizola na Assembleia Legislativa do Estado Sereno Chaise, entre outros.


Do Portal Vermelho, com Sul 21

Cardozo: Decisão do STF sobre impeachment evita vingança


O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse nesta sexta-feira (11) que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tramitação do pedido de impeachment no Congresso Nacional vai evitar que o instrumento seja usado como “retaliação ou vingança” pela oposição.


Agência Brasil
Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo
Na próxima semana, o STF vai analisar a validade da Lei 1.079/50, que regulamenta as normas de processo e julgamento do impeachment. A legalidade da norma foi questionada pelo PCdoB, que conseguiu na Corte uma liminar do ministro Edson Fachin para suspender a tramitação do processo contra a presidenta Dilma Rousseff, iniciada na Câmara dos Deputados, até decisão do tribunal.

“Algumas questões são muito importantes que fiquem acertadas pela Corte para que não ficarem sujeitas ao arbítrio do presidente da Câmara [Eduardo Cunha]. O que vimos, em algumas situações, é que realmente a lei precisa ser bem interpretada e definida de forma sóbria. Acho que a decisão do Supremo será muito bem-vinda para que o processo de impeachment não seja usado como retaliação, como forma de vingança, o que contraria a Constituição Federal, a ordem jurídica nacional”, disse Cardozo em entrevista no Palácio do Planalto após a entrega do 21º Prêmio Direitos Humanos.

Ao comentar a decisão do PSDB de unificar o partido em torno da defesa do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o ministro disse que não se surpreendeu com a atitude do principal partido de oposição, mas que lamenta a adesão de pessoas que, segundo ele, sempre estiveram ligadas à defesa da democracia.

“O que eu lamento é que algumas pessoas que historicamente ajudaram a construir a democracia no Brasil e que têm uma biografia na defesa do Estado de Direito parecem ter esquecido do que defenderam no passado e agora, por questões momentâneas, abrem mão de princípios”, afirmou Cardozo, sem citar nomes.


Fonte: Agência Brasil

Dilma pede que Supremo anule golpe de Cunha


A presidenta Dilma Rousseff pediu, nesta sexta (11) que Supremo Tribunal Federal (STF)  anule a todos os atos praticados até agora pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em relação ao impeachment – tanto o acolhimento do pedido quanto a formação da comissão especial que analisará o tema. Ao prestar informações para o julgamento da ação do PCdoB que questiona o rito do processo, a presidente argumentou que Cunha não ouviu sua defesa antes de tomar a decisão.


   
"É de inegável prejuízo a autorização para prosseguimento do processo pelo Presidente da Câmara dos Deputados sem a indispensável oitiva prévia do denunciado, pois é neste momento que ele poderá influenciar o juízo sobre a existência ou não de justa causa ou de outras condições de procedibilidade", diz um dos trechos do documento, encaminhado por Dilma e redigido pelo consultor-geral da União substituto, Fabrício da Soller.

Ela justifica, no documento, que o acolhimento de um processo de imepachment é "ato tão grave e de consequências tão significativas, que o princípio da ampla defesa e do contraditório não se coaduna com a impossibilidade do presidente da República se contrapor à denúncia antes da decisão do presidente da Câmara".

"Somente uma pessoa que vivesse em estado de alienação acerca do que o país está a testemunhar nos últimos dias poderia dizer que não traz nenhum prejuízo para o denunciado e para o próprio País a decisão de recebimento da denúncia e a sua consequente leitura no plenário da Câmara", diz outro trecho do texto, que possui 23 páginas.

As informações prestadas por Dilma foram pedidas pelo ministro Edson Fachin para embasar o julgamento pelo STF de ação do PCdoB que questiona o rito do processo definido por uma lei de 1950, bem como os atos praticados até então pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, sobre o tema. O partido argumenta que os procedimentos para um afastamento de presidente devem se adequar à Constituição de 1988.

No documento enviado ao STF, a Presidência concorda com todos os pedidos do partido. Além de anular o ato de Cunha, Dilma defende as votações relativas ao impeachment sejam abertas, ao contrário do que ocorreu na eleição da comissão especial da Câmara que analisará as acusações, contestada pelo PCdoB na ação

Em outro trecho, a Presidência avalia que somente o Senado pode autorizar o afastamento, porque cabe a ele "instaurar o processo". "É natural que esse juízo acerca da instauração ou não do processo seja de fato objeto de deliberação pelos senadores da República, já que dessa instauração é que decorrerá a gravíssima consequência da suspensão do Presidente da República de suas funções", diz o texto.

O documento afirma ainda que, mesmo que a Câmara conclua por autorizar o processo de impeachment, o Senado pode recusar a instauração do processo. "Caberá ao Senado Federal fazer um juízo de valor sobre a instauração ou não do processo, no caso dos crimes de responsabilidade, assim como o STF o faz no caso dos crimes comuns. Quer-se dizer com isso que o Senado Federal não está obrigado a instaurar o processo, uma vez concedida a autorização".

A ação do PCdoB será analisada na próxima quarta-feira 16, pelos ministros do Supremo, ocasião em que também deverão avaliar os parecer. Mais cedo, o Senado também havia se manifestado, defendendo que a Casa não é obrigada a seguir uma decisão da Câmara sobre o impeachment.  


Do Portal Vermelho, com Brasil 247 e G1

Polícia invade teatro em São Paulo para agredir estudantes

Polícia invade teatro em São Paulo para agredir estudantes

Quatro soldados da Polícia Militar de São Paulo, montados em motocicletas invadiram o Teatro de Arena Eugênio Kusnet, localizado na região central de São Paulo, e espancaram três adolescentes que se escondiam da repressão contra os participantes de um ato de protesto pela reorganização do ensino público proposta pelo governado Geraldo Alckmin (PSDB).


Paulo Goya/Facebook
A Polícia Militar invadiu, de moto, o hall do teatro, foi até a bilheteria e espancou os meninos A Polícia Militar invadiu, de moto, o hall do teatro, foi até a bilheteria e espancou os meninos
A Polícia Militar invadiu, de moto, o hall do teatro, foi até a bilheteria e espancou os meninos
São Paulo – Quatro soldados da Polícia Militar de São Paulo, montados em motocicletas invadiram o Teatro de Arena Eugênio Kusnet, localizado na região central de São Paulo, e espancaram três adolescentes que se escondiam da repressão contra os participantes de um ato de protesto pela reorganização do ensino público proposta pelo governado Geraldo Alckmin (PSDB).

"A gente estava aqui quando a PM veio perseguindo três jovens, entrou com motocicleta dentro do teatro, que é uma instituição federal, foi até a bilheteria e espancou os meninos", relatou o diretor musical do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, Eugênio Lima, que dava aula no local quando ocorreu a invasão.

Em nota, a Fundação Nacional de Artes (Funarte) reiterou o relator de Eugênio e afirmou que "os policiais retiraram à força os jovens de dentro da bilheteria do teatro, sem ordem de prisão, nem qualquer tentativa de manutenção da ordem – apenas com agressões aos adolescentes."

"A Funarte repudia essa ação arbitrária e violenta, que fere os direitos previstos na Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente e, principalmente, o Estado Democrático de Direito. Em defesa da memória do Teatro de Arena e de todos os artistas que fizeram desse espaço palco da luta insubmissa e revolucionária contra a ditadura militar, a Funarte e o Ministério da Cultura, gestores do teatro, exigem esclarecimentos do Governo do Estado de São Paulo sobre o episódio", diz em nota.

O ministro de Cultura, Juca Ferreira, afirmou ontem (10) que está "chocado com a atuação da polícia", e solicitou esclarecimentos ao governo Alckmin sobre o caso.


VEJA MAIS EM : http://www.vermelho.org.br/noticia/274020-8

Banditismo midiático: Folha confessa que manipulou declaração de Lula

11 de dezembro de 2015 -


Banditismo. Essa é a palavra que sintetiza a conduta da grande imprensa para criminalizar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta quinta-feira (10), o Instituto Lula divulgou nota denunciando que o jornal Folha de S. Paulo, descaradamente, atribui a Lula fala que não existiu em uma entrevista ao jornal espanhol El País.


   
“Agindo de má-fé, atribuiu ao ex-presidente uma fala que não existiu. Em nenhum momento, Lula afirmou que os pobres terão de deixar de comer carne para comer somente arroz durante a crise. A Folha distorceu um trecho da versão que leu (mal) em espanhol. Para deixar mais clara sua má-fé, o jornal escolheu a distorção como manchete de uma matéria que apenas toca superficialmente nos temas discutidos durante a conversa e deu a ela destaque na home do UOL”, diz a nota.

A ação criminosa foi classificada como uma atitude “irresponsável” e “lamentável”. “No site em português do El País, a Folha poderia ter encontrado a transcrição do que foi dito, sem precisar recorrer à tradução criativa”, continua o Instituto.

“São 12 anos em que houve o maior processo de mobilidade social da história de 500 anos desse país, em que nós dobramos o número de jovens nas universidades, e que o salário aumentou quase 74% em termos reais e foram 12 anos em que, foi um momento mais extraordinário de participação da sociedade na discussão das políticas públicas do governo. Você poderia perguntar para mim eles vão perder? Eu acho que não. Estamos passando por uma certa dificuldade, ou seja, nós passamos a comer carne quase todo dia, agora eu vou ficar um dia sem comer carne”, finaliza a nota.

Como é de praxe, o jornal publicou nota após às 16 horas tratando a manipulação dos fatos como “erro”, e informou que corrigiu a distorção no site, numa clara tentativa de fugir da Lei do Direito de Resposta.


Do Portal Vermelho, com informações do Instituto Lula

"Osvaldão foi da estirpe de Zumbi", diz crítico do Estadão

11 de dezembro de 2015 -


O filme "Osvaldão", realizado por Fundação Mauricio Grabois, Clementina Filmes e Estrangeira Filmes, está sendo exibido em várias regiões do pais. Dirigido por Ana Petta, Vandré Fernandes, Fábio Bardella e André Michiles, a obra ganha cada vez mais espaço na mídia. Abaixo, reproduzimos comentário do crítico de cinema do jornal "O Estado de S. Paulo", Luiz Carlos Marten.


Divulgação
   
'Osvaldão' resgata comandante negro do Araguaia
 
Por Luiz Carlos Marten

Teria sido um ganho simbólico se o documentário Osvaldão houvesse estreado apenas duas semanas atrás, no feriadão do Dia da Consciência Negra. Pois o que o filme resgata é justamente um personagem pouco conhecido e até desconhecido da história recente do Brasil. Ou você vai jurar que já ouviu falar do comandante negro da Guerrilha do Araguaia? A ditadura militar fez o que pôde para apagar seus vestígios, mas ele ressurge com força no documentário de Ana Petta, André Michiles e Fábio Bardella.

Vamos logo esclarecendo que a forma não é a mais brilhante nesse trabalho coletivo. Osvaldão não busca novas formas narrativas, como faz Lúcia Murat em seu ensaio poético Em Três Atos, que mistura mídias - dança, teatro, cinema e literatura. Osvaldão até que não deixa de ser aristotélico, armando sua tragédia em três atos, mas o relato não foge muito do de outros documentários - entrevistas, material de época etc. E é justamente uma raridade de arquivo que faz a diferença. A produção descobriu um filme feito na antiga Checoslováquia, em 1961.

Encontro na Antibabilônia é sobre jovens de todo o mundo no país comunista. O personagem principal é justamente Osvaldo Orlando da Costa, o mineiro que se tornaria o mítico comandante do Destacamento B da Guerrilha do Araguaia, no Pará, onde se travou um dos capítulos mais sangrentos da resistência armada à ditadura militar. Foram três ofensivas do Exército e, somente na terceira, a mais brutal de todas, os militares lograram derrotar a guerrilha. Não lograram, contudo, apagar a figura de Osvaldão no inconsciente coletivo. Negro, atlético, campeão de boxe, guerrilheiro. Osvaldão foi da estirpe de Zumbi dos Palmares e Antônio Cândido, celebrado como o Almirante Negro na voz de Elis Regina por sua luta no episódio que ficou conhecido como 'Revolta da Chibata'.

Mineiro de Passa Quatro, foi o primeiro combatente a chegar ao sul do Pará, em 1967, com a missão de implantar uma frente da guerrilha. Tornou-se mítico por sua identificação com a floresta - mateiros contam como virava árvore, pedra. Morreu em 1974, aos 35 anos. Seu corpo foi pendurado num helicóptero que sobrevoou a área para mostrar a todos que estava morto. Depois, o cadáver sumiu.

No Araguaia, entre 1972 e 75, houve a maior ação do Exército desde a Guerra de Canudos. O filme não é um registro jornalístico. Impossível cobrar 'objetividade' ou 'isenção'. O conceito é 'fordiano', estabelecido pelo mestre John Ford em seu western crepuscular O Homem Que Matou o Facínora. Quando a lenda supera a realidade, o que faz o jornalista? No filme, Edmund O'Brien publica a lenda. A grandeza dos derrotados. Osvaldão permanece vivo na lembrança. Os povos da mata contam sobre ele histórias que perpetuam o mito. São elas - e o documentário checo - que estruturam o relato. O texto é dito por Criolo, Leci Brandão e Antônio Pitanga, três militantes da consciência negra. Osvaldão recoloca seu personagem na história. Não é pouca coisa


Fonte: O Estado de S.Paulo

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

FAO defende programas sociais para superação da fome e da pobreza


As políticas de proteção social desenvolvidas pelo Brasil desde 2003 foram destacadas pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) como exemplos de iniciativas que oferecem oportunidades à população mais vulnerável para superar a extrema pobreza e a fome e melhorar a saúde e a educação das crianças. O organismo divulgou nesta terça-feira (13), em Roma, o relatório O Estado da Alimentação e Agricultura 2015.


Ubirajara Machado/MDS
Segundo a FAO, o Brasil foi o primeiro país a desenvolver um programa institucional de aquisição de alimentos que fortaleceu a agricultura familiar Segundo a FAO, o Brasil foi o primeiro país a desenvolver um programa institucional de aquisição de alimentos que fortaleceu a agricultura familiar
Segundo o estudo, o “Brasil foi o primeiro país a desenvolver um programa institucional de aquisição de alimentos, conectando a compra da produção dos agricultores familiares com uma estratégia de segurança alimentar”. A experiência brasileira do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) vem sendo implantada pela FAO em diversos países africanos.

A amplitude do programa e seu baixo custo também foram ressaltados pelo organismo: “após 10 anos de operação, o PAA já comprou mais de 3 milhões de toneladas de alimento de 200 mil famílias agricultoras. E isso com um investimento de 0,0004% do PIB brasileiro”. O relatório aponta que o sucesso do programa se deu pelo desenvolvimento e articulação de diversas iniciativas estruturantes, como acesso ao crédito e seguro, assistência técnica e extensão rural, ações afirmativas de gênero e investimento em transporte, energia e saneamento básico.

As compras por meio do PAA criaram novas relações entre agricultores familiares, intermediários, governos e consumidores, o que ampliou a viabilidade de sistemas alimentares locais. No Nordeste, a FAO aponta que a renda de quem participa do programa é três vezes superior às famílias que não participam. Em Campina do Monte Alegre (SP), os preços de comercialização por meio do PAA são 45,9% superiores aos oferecidos por intermediários.

O Programa Nacional de Alimentação Escolar, que atende a mais de 43 milhões de crianças e jovens, foi destacado no relatório como outra importante iniciativa para a garantia da segurança alimentar. O estudo aponta que a política brasileira é a segunda maior do mundo, atrás apenas da Índia, que atende a 105 milhões de crianças. No mundo, 45 países africanos, 28 latinoamericanos e 23 do Leste Europeu e Ásia Central possuem programas semelhantes.

Garantia de renda

O Bolsa Família também é citado pelo organismo internacional como uma política pública que ampliou o acesso à renda, com resultados efetivos na redução da pobreza e da extrema pobreza. E como um importante instrumento para evitar impactos maiores em situações econômicas adversas. “Durante a crise financeira global de 2008, o governo brasileiro pôde reagir rapidamente a um baixo custo, ao ampliar a escala de seus programas. O impacto foi significativo, alcançando 1,6 milhão de pessoas mais vulneráveis, o que contribuiu para o crescimento da demanda interna.”

A focalização do programa de complementação de renda é citada pela FAO como um dos principais motivos de seu sucesso, com o desenvolvimento do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal. “A maior eficiência e o menor custo obtido ao usar um registro familiar único atrai muito interesse dos outros países. Hoje, cerca de 23 países já possuem ou estão desenvolvendo um cadastro semelhante. E outros 10 planejam estabelecer o mesmo modelo.”

O relatório ainda destaca que o número de países que mantém programas de transferência condicionada de renda, como é o Bolsa Família, aumentou de 27, em 2008, para 63, em 2014. A maior parte na América Latina e Caribe (22 países) e na África Subsaariana (18 países). O programa indiano Janani Suraksha Yojana é o maior do mundo, atendendo a 78 milhões de pessoas. O Bolsa Família vem em segundo, com 49 milhões de pessoas, seguido pelo Prospera, do México, que beneficia a 26 milhões de pessoas.

Impacto

"Precisamos garantir apoio às pessoas mais vulneráveis para que possamos erradicar a fome no mundo”, afirmou o diretor geral da FAO, José Graziano da Silva. “Os programas de proteção social garantem um acesso à alimentação – muitas vezes ampliando o que as próprias famílias já produzem –, com maior diversidade e mais saudável. Esses programas podem ter impactos positivos na nutrição materna e infantil, na redução do trabalho infantil e no acesso à educação.”

“A experiência tem permitido ao Brasil ter uma opinião forte, com credibilidade e legitimidade diante dos resultados que alcançou”, disse o secretário nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Arnoldo de Campos. Ele participou do lançamento do relatório em Roma, onde busca ampliar as parcerias internacionais para a garantia da segurança alimentar e na definição de ações para o combate ao sobrepeso à o obesidade.

Entre 2011 e 2014, o MDS recebeu 345 missões de 92 países, sendo que 88% foram de países da América Latina, Caribe e África. “O Brasil é uma referência com ações criativas, ousadas e que trazem resultados para a sua população em larga escala”, destacou Campos. “Isto é fruto de vontade política do governo federal. O Brasil deu um basta nesta situação, com apoio da sociedade, dos estados e municípios, de forma articulada.”



FONTE DESSE ARTIGO : http://www.vermelho.org.br/noticia/271479-10

Cunha ficou puto, achei que tudo estava combinado..diz Paulinho da Força

Paulinho sobre nota: Cunha ficou puto, achei que tudo estava combinado

No sábado (10) a oposição golpista divulgou nota defendendo que o presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) se afastasse do cargo por conta das investigações da Operação Lava Jato. Mas aliados tucanos não gostaram da medida. “Um erro, uma besteira”, disse o deputado Paulinho da Força (Solidariedade), um dos líderes do golpismo, de acordo com nota na coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo desta segunda-feira (12).


   
Segundo ele, a nota assinada pelo PSDB, DEM, PPS, PSB e pelo Solidariedade “não acrescentou nada e só criou dificuldade para o nosso lado”. O texto pede que Cunha se afaste do cargo "para que ele possa exercer, de forma adequada, o seu direito constitucional à ampla defesa".

Paulinho escancarou ao dizer que as legendas já tinham combinado com Cunha uma forma de fazer o processo de impeachment contra Dilma Rousseff andar na Câmara, mas a nota jogou um balde de água fria colocando o plano em risco. "O Eduardo ficou puto", teria dito Paulinho, segundo a colunista. "Agora temos que consertar a m. que fizemos", completou.

E disse mais: "Eu achei que tínhamos jogado a criança fora junto com a água, fiquei com essa impressão".

Paulinho disse ainda que só assinou a nota porque recebeu um telefonema do deputado tucano Carlos Sampaio, líder do PSDB na Câmara. "Eu entendi que os termos já estavam combinados com o próprio Eduardo Cunha", confessou.

Paulinho disse que agora a oposição tenta correr atrás do prejuízo. "Vamos fazer uma reunião agora, vamos ver como consertar isso", afirmou.

Cunha está sob os holofotes por conta da denúncia do Ministério Público Federal ao Supremo Tribunal Federal por lavagem de dinheiro e corrupção passiva. As investigações ganharam um novo ingrediente com o envio do Ministério Público da Suíça de informações ao Brasil comprovando a existência de contas bancárias ocultas em nome de Cunha e de familiares naquele país.


Do Portal Vermelho, com informações de agências


19.10.2015

"Impeachment subiu no telhado" diz Paulinho da Força

Paulinho admite derrota golpista: "Impeachment subiu no telhado"

A oposição tucana e seus aliados não escondem a derrota. Tentaram o caminho do golpe ao manobrar em direção ao um pedido de impeachment contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff, sem provas e base legal, e como admitiu o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SD-SP), o plano “subiu no telhado”.


Reprodução
Cunha, Aécio e Paulinho Cunha, Aécio e Paulinho
"A gente estava fazendo impeachment pela imprensa e ninguém consegue fazer impeachment pela imprensa. Na hora que você fala que vai fazer, o adversário se prepara", disse o aliado tucano em entrevista ao Valor Econômico.

Os golpistas achavam que o fato da grande mídia apoiar, e muitas vezes ditar a pauta política, os deixavam com a faca e o queijo nas mãos.

“Nós subestimamos um pouco isso. Achávamos que era muito mais fácil tirar a Dilma do poder do que está sendo", confessou Paulinho, que nem mesmo na central sindical que ele comanda, a Força Sindical, conseguiu apoio para a empreitada. Segundo o atual presidente da central, Miguel Torres, em nota publicada no semanário Época, a crise política passa ao largo do dia a dia dos trabalhadores. Ele afirma que "o impeachment da Dilma e se cai ou não Eduardo Cunha passam longe do debate nas fábricas” e, portanto, a pauta dos trabalhadores é garantir os empregos.

Ainda segundo Paulinho - que não poupa palavras e nem esconde seus planos quando o assunto é golpismo -, a nota publicada pela oposição pedido o afastamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados foi um dos maiores erros.

Ele disse que a nota seria de “fachada”, apenas para tentar diminuir a cobrança que existia por coerência no discurso da oposição de combate à corrupção. Mas o tiro saiu pela culatra, pois esqueceram de avisar o aliado-chave no golpe, provocando a ira de Cunha.

Não contavam com a astúcia do STF

A arrogância de Paulinho não permite que enxergue todos os fatos, pois além dos erros de estratégia, a oposição sofreu um baque crucial com as três liminares do Supremo Tribunal Federal (STF), impetradas por parlamentares como Rubens Junior do PCdoB do Maranhão, que barraram o chamado “rito do impeachment”.

Cunha foi denunciando pela procuradoria-geral da União como dono de conta suspeita na Suíça que teria movimentado dinheiro de propina em contratos da Petrobras. As evidências contra ele só aumentam.

Paulinho joga a toalha: "Para mim está claro: se cair o Eduardo, não tem impeachment”, pois isso, ele diz que não vai poupar esforços para “manter o apoio a ele porque nosso objetivo principal é derrubar a Dilma".

As declarações de Paulinho só confirmam o que a presidenta Dilma tem afirmando nos últimos meses, de que a oposição faz a política do “quanto pior, melhor” e não está preocupada em combater a corrupção muito menos em retomar o crescimento.

FHC também muda discurso

Fernando Henrique Cardoso foi outro a dar declarações evidenciando o derrotismo. Em entrevista ao jornal argentino Clarín, admitiu que as acusações contra Dilma não têm consistência para retirá-la do cargo.

"Não acho que [Dilma] tenha cometido abuso de poder em benefício próprio", disse o ex-presidente tucano.

Agora, a oposição diz que vai tentar reanimar o impeachment pelas ruas com os grupos como Revoltados On line e Vem pra Rua. Mas não parece surtir o efeito esperado. Uma “manifestação” pelo impeachment reuniu cerca de 20 pessoas na Avenida Paulista, região central da cidade de São Paulo, neste domingo (18).

Apesar da convocação nas redes sociais, o pequeno grupo teve que aproveitar os momentos de semáforo fechado para ocupar a via, no sentido Rua da Consolação.


19.10.2015 



Do Portal Vermelho, com informações de agências

O cangaço, o latifúndio e as oligarquias

O cangaço, o latifúndio e as oligarquias

         

 O presente artigo tem como finalidade fazer uma análise do cangaço na história brasileira e os motivos que levaram a formação desse movimento social que causava temor na região do nordeste devido as atitudes violentas praticadas.

Por Fátima Teles


I - INTRODUÇÃO
 
O presente artigo tem como finalidade fazer uma análise do cangaço na história brasileira e os motivos que levaram a formação desse movimento social que causava temor na região do nordeste devido as atitudes violentas praticadas.
 
Analisar o cangaço é investigar também o contexto sócio-econômico e cultural do Brasil desde a sua colonização no que tange a questão agrária. Um país “descoberto” por europeus que não respeitavam a cultura dos habitantes ali encontrados, iniciando assim uma série de violências contra a etnia que habitava as terras e palmeiras brasileiras. O poder político do Império através das capitanias e sesmarias concedeu terras aos seus correligionários em detrimento dos que ali já viviam, plantavam, produziam e colhiam. Posteriormente a exploração da mão-de-obra escrava também não era questionada em razão das etnias tidas como minorias não serem reconhecidas culturalmente sendo tratadas como inferiores, forçadas ao progresso “civilizador”.
 
O intuito da pesquisa é refletir essas práticas violentas compreendendo-as como um grito de justiça social diante da concentração de riqueza, da ausência do Estado de direito, do controle social exercido pela política coronelística. O trabalho traz uma reflexão sobre o cangaço configurando-o como uma questão social nordestina, pelo fato de ter surgido no final do século XIX, época de seca na Região Nordeste, fome e miséria, além dos conflitos gerados pelo latifúndio explorador onde o homem do campo era subserviente à elite agrária e ao coronelismo político. Os direitos sociais eram inexistentes e a lei do mais forte era a que imperava, de modo que a justiça se efetivava através da coragem das pessoas e de suas ações vingativas.
 
O cangaço surge a partir de conflitos familiares, desigualdade social, injustiças e, ausência de política agrária, tornando-se uma questão social. Para realização dessa pesquisa foram necessárias bibliografias para ampliar o conhecimento diante desse movimento social no contexto histórico de nosso país.
 
II DESENVOLVIMENTO
 
Na passagem do Império para a República velha vários movimentos sociais se fizeram presentes. Enquanto no sertão nordestino os trabalhadores rurais cansados da exploração do trabalho no campo buscavam inserir-se em movimentos messiânicos como os de Antônio Conselheiro em Canudos na Bahia, outros seguiam o beato José Lourenço no Caldeirão no Ceará, comunidades essas que viviam em regime de igualdade onde todos tinham direito a tudo que produziam e se baseavam na fé para o trabalho.. Outros sertanejos entravam no cangaço como forma de fazer justiça diante dos seus sofrimentos ou injustiças sofridas.
 
O Sul do País também gritava por justiça social. A guerra do Contestado foi um exemplo da inexistência de política agrária, João Cândido levanta a bandeira dos direitos humanos com a revolta da chibata e os operários dos grandes centros iniciam a formação de sindicatos chamando a atenção com a greve geral de 1917 na luta pelos direitos trabalhistas. Porém, a classe dominante e o governo consideram a “questão social” ilegítima por ela subverter a ordem instituída e coloca os aparelhos do Estado para repreendê-la tratando-a como “caso de polícia”.
 
“A questão social brasileira, em suas variadas formas, tem na desigualdade e na injustiça social ligadas à organização do trabalho e à cidadania seu núcleo orgânico. Resulta da estrutura social produzida pelo modo de produção e reprodução vigentes e pelos modelos de desenvolvimento que o País experimentou...” (Arcoverde in Capacitação em serviço social e política social : 1999.P.78)
 
No início do Século XX o Brasil vivia sob os ditames da República velha. A política brasileira desde as suas primeiras ações governamentais contribuiu para a fragmentação da região no que diz respeito a cultura, educação, saúde, agricultura, etc. O sudeste do país havia maiores investimentos pelo fato de terem grandes políticos dessa região governando o Brasil em regime de alternância. A região Sul crescia a olhos vistos com uma agricultura rica cultivada pelos imigrantes, tendo a colaboração do próprio clima, já que havia chuva para fertilizar o solo sempre.
 
A dinâmica social e econômica das cidades litorâneas era diferente do sertão onde a aridez do clima se tornava um grande auxiliar para as secas que traziam como conseqüência a fome, a miséria e o êxodo rural.
 
Enquanto nas cidades havia empregos no comércio e nas instituições do governo, no campo restava apenas a agricultura de subsistência onde o homem do campo trabalhava horas exaustivas enriquecendo cada vez mais o seu patrão e empobrecendo a si próprio através da mão-de-obra barata, de modo que o dinheiro que ganhava mal dava para a alimentação da família. Essa situação favorecia a prática de favores e a subserviência, o “paternalismo” alienador.
 
As condições climáticas do semi-árido nordestino favoreciam o surgimento de secas prolongadas de tempos em tempos, castigando a produção agrícola do homem do campo trazendo miséria e fome. As secas, o controle social, a partir da prática de favor cultivada pelos senhores de fazenda diante dos trabalhadores fez com que alguns se indignassem e fossem mudar o seu destino, adentrando no cangaço ou no messianismo.
 
As secas que aconteciam no Nordeste costumeiramente terminavam por desanimar o trabalhador rural e fazer com que o mesmo buscasse meios de superação. Foi assim que muitos abraçaram a fé através do messianismo religioso que percorria o sertão, outros iam embora para o Sudeste em busca do sustento da família em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo pelo processo de industrialização que se iniciava ou partiam para a Amazônia trabalhar nos seringais extraindo látex para a produção da borracha. Ainda havia aqueles que decidiam entrar no cangaço por motivos de vinganças pessoais ou como grito de justiça social num país onde não havia políticas sociais para diminuir as desigualdades sociais e os direitos sé eram efetivados através da lei do mais forte.
 
“Em 1877, por exemplo, o sertão nordestino foi atingido por uma terrível seca, que matou cerca de 500 mil pessoas e obrigou 3 milhões de sertanejos a buscar sobrevivência em outras áreas. Uma delas foi a Amazônia, onde se expandia a exploração da borracha” (Projeto Araribá: 2006.p.69).
 
Nessa época um grande contingente de pessoas , especialmente de nordestinos foram trabalhar na produção de borracha com a esperança de uma renda que viesse favorecer condições de vida melhor para suas famílias e muitos ficaram apenas na ilusão, no sonho do enriquecimento.
 
“Vale a pena citar o Diário de Pernambuco que informa o número de flagelados em fins de 1877: 700 mil no Ceará, 150 mil no Piauí, 117 mil no Rio Grande do Norte, 400 mil na Paraíba, 200 mil em Pernambuco, 50 mil em Alagoas, 30 mil no Sergipe e 500 mil na Bahia. Vê-se que o Nordeste sofria por inteiro, com fome, miséria e morte. A história do sertão é marcada pela ausência do Estado; o sertão passou da monarquia para a República, esquecido pelo poder central ficando a mercê das elites arbitrárias. O sertanejo continuou entregue à própria sorte.” (Diário de Pernambuco in Bezerra: 2009.p 58).
 
A seca trazia prejuízos exorbitantes para a população nordestina já que a sua economia era basicamente agrária e ao mesmo tempo favorecia uma minoria que concentrava interesse políticos e econômicos tornando a seca uma indústria de votos através da prática de favores e assistencialismo conduzindo e controlando o sofrido povo nordestino de modo a aliená-los já que os sertanejos terminavam precisando da ajuda da elite agrária para a sobrevivência familiar.
 
Virgulino Ferreira, o Lampião, nascido no sertão Pernambucano, adentrou no cangaço no início do século XX logo após o assassinato de seu pai por causa de conflitos familiares. O orgulho e a questão da honra no sertão nordestino sempre foram muito fortes uma vez que não havia resposta imediata da justiça os sertanejos faziam justiça com as próprias mãos respondendo as suas indignações. Sentindo-se injustiçado Lampião formou o seu bando e com a alma ébria de ódio saiu pelo sertão nordestino saqueando o comércio, as fazendas e matando sem temor, como forma de se vingar e sobreviver a dor que encarcerava as veias do seu coração. Agia como se toda a sociedade fosse culpada pela sua perda e assim a vida destemida o protegia de seu desalento e o fato de ser temido e conhecido no País inteiro alimentava o seu ego.
 
Muitos sertanejos entraram no cangaço pelo status social que ele adquiriu no sertão, chamados de justiceiros, o que denotava poder entre a população sertaneja, já que ora eram amados e ora eram temidos. Outros seguiam Antônio Conselheiro ou o beato José Lourenço nas comunidades criadas por eles onde se vivenciava os princípios da igualdade e fraternidade, onde ninguém era oprimido e tudo era repartido entre todos.
 
“Virgulino, ao tornar-se Lampião, não pensou ser bandido ou herói: apenas disse não a uma agressão sofrida e reagiu. Subverteu a ordem estabelecida. Foi autor da sua própria história e não, apenas, coadjuvante na história de alguém. Subverteu a ordem quando matou, quando invadiu cidades, quando escolheu seu destino...” (Bezerra: 2009.P.122).
 
Lampião fez do cangaço uma forma de enfrentamento à justiça, às desigualdades sociais, ao próprio governo e a toda elite agrária, sendo temido por suas ações violentas e truculentas em todo o sertão nordestino. Subverte a ordem também quando por amor deixou Maria Bonita adentrar no cangaço, levando-a consigo e tratando-a como companheira, o que acarretou a vinda de outras mulheres para esse movimento social. Analisamos a questão de gênero que envolve o cangaço. Um país que caminhava com base na educação patriarcal, machista, onde o homem era o centro das decisões, cabendo a mulher apenas a educação da prole e a organização do lar. Na vida rudimentar da Caatinga, do sertão nordestino, as mulheres entram no cangaço, quebrando a tradição masculina do mesmo e são tratadas como companheiras, participando das lutas, seguindo os seus companheiros nas viagens, alegrando as suas noites com músicas e danças.
 
“se o indivíduo pode ser considerado como produto da história, ele é também produtor dessa história. Ele é portador de historicidade, quer dizer, da capacidade de interferir na sua própria história, função que o conduz enquanto sujeito a um movimento dialético entre aquilo que ele é e o que ele se torna: O indivíduo é o produto de uma história na qual ele busca se tornar o sujeito”. (Bezerra apud Lins, 1997)
 
Lampião foi o produto de uma sociedade desigual econômica e socialmente, que por não oportunizar os trabalhadores à dignidade transforma-os em rebeldes e revolucionários. Sendo produto de uma história ele também se torna seu produtor pois interfere nessa história e a modifica como autor do seu próprio destino, da sua história. Portanto, como sujeito, ele constrói e transforma. Lampião não se tornou só o produto de um Brasil ditado por uma elite dominante que governava em prol dos seus próprios interesses. Lampião se torna construtor da história de luta dos sertanejos que escolheram a vida rude e violenta do mundo do cangaço e dessa forma enfrentou governantes de toda a Região nordestina a tal ponto que ficou conhecido pelo seu destemor até hoje em pleno século XXI, de modo que não se fala em cangaço sem a figura emblemática de Lampião, representante maior do cangaço brasileiro.
 
A forma como foi criada a representação social do homem sertanejo e do sertão, perduram ainda na contemporaneidade na imaginação dos brasileiros: “atraso, violência, seca, mortes, bando de salteadores. No entanto, não há o esclarecimento, não há a consideração da dimensão histórico-político-cultural da fabricação dessa imagem do nordestino. A construção simbólica do sertão é feita do ponto de vista da elite que retrata o flagelado como “preguiçoso”, culpado pela própria situação de exclusão em que é obrigado a viver”. (Bezerra:2009.p.62).
 
Essa representação deve ser refletida, analisada para que, compreendendo as peculiaridades de cada região brasileira e os investimentos políticos e econômicos que cada uma recebeu para o desenvolvimento social dos seus habitantes, os aparelhos ideológicos não sejam utilizados para favorecer a prática do preconceito e da discriminação que geram a exclusão social, mas o comprometimento com o exercício da cidadania em reconhecer que os movimentos sociais foram e são formas de enfrentamento às desigualdades sociais e injustiças de toda ordem. Dessa forma, o cangaço deve ser compreendido como um movimento que surgiu das injustiças e da desigualdade social imposta no país desde a sua colonização.
 
III – CONCLUSÃO
 
A pesquisa e o estudo sobre o cangaço trouxe a possibilidade de analisar esse movimento social como uma questão social do Nordeste surgida como um grito de justiça social em decorrência da desigualdade social, a falta de oportunidades para o trabalho com condições de dignidade para o trabalhador rural, pela ausência do Estado diante da questão agrária.
 
Conclui-se que a violência praticada no cangaço pode ser refletida a partir de uma análise de conjuntura do Brasil naquele momento para melhor compreender as razões que levaram a formação desse movimento social.
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 
Rosa, Bezerra. A representação do cangaço. Recife. Ed.do autor, 2009.
 
Rodrigues, Joelza Ester. História em documento: imagem e texto. São Paulo. FTD, 2002.
 
Melani, Maria Raquel Apolinário. Projeto Araribá: história 6. São Paulo. Moderna, 2006.
 
Seriacopi, Gislane Campos Azevedo. História: volume único. São Paulo. Àtica, 2005.
 
Mota, Myriam Becho. História das cavernas ao terceiro milênio. São Paulo. Moderna, 2005.
 
Cabral, João Firmino. Lampião: herói ou bandido. Fortaleza. Tupynaquim Editora, 2009.
 
Arcoverde, Ana Cristina Brito. Questão social no Brasil e serviço social. In: Capacitação em serviço social e política social. Brasília. CEAD, 1999.
 
Mestriner, Maria Luiza. O Estado entre a filantropia e a Assistência Social. São Paulo. Cortez, 2008.
 

domingo, 11 de outubro de 2015

Direitos da mulher: Igualdade jurídica e discriminação


O Direito de Família avançou de modo revolucionário na viragem do século 20 para o século 21, como nenhum outro ramo do Direito, mas não podemos subestimar as resistências culturais ancoradas nos resíduos do modelo patriarcal.

Por Paulo Lôbo*, no Consultor Jurídico


Pintor: François Boucher
Obra do pintor François Boucher, talvez o maior artista decorativo do chamado setecento europeu. Obra do pintor François Boucher, talvez o maior artista decorativo do chamado setecento europeu.
Já no final do século 18, Mary Wollstonecraft, pensadora feminista pioneira, publicou A vindication of the rigths of woman, sustentando que não podemos defender nossa posição a favor dos direitos dos homens, sem assumir um interesse semelhante nos direitos das mulheres, pois a justiça, por sua própria natureza, tinha de ter alcance universal, em vez de ser aplicável aos problemas de algumas pessoas, mas não de outras.

Magistrados e membros do Ministério Público latino-americanos, em colóquio patrocinado pela ONU, em 2005, concluíram que há obstáculos reais para a eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher, em virtude da “persistência do sistema patriarcal que gera desequilíbrio de relações de poder entre a mulher e o homem”, dominado principalmente pela concepção tradicional da família nuclear, influenciada por fatores religiosos e culturais.

Não é surpreendente que, em mais de dois séculos da revolução liberal, haja necessidade de um direito das mulheres, notadamente em países onde se supunha resolvido o problema. Não se trata de expressão de feminismo radical, mas de séria investigação das condições reais do ordenamento jurídico em assegurar-lhes a plenitude como sujeitos de direitos, em total paridade com os homens. A matéria é necessariamente interdisciplinar, não podendo ficar contida no campo tradicional do direito de família. Em estudo dedicado à matéria, a jurista norueguesa Tove Stang Dahl faz aplicação desse direito no campo da teoria geral do direito, em situações específicas, dentre outras: a) direito das mulheres ao dinheiro; b) direito das donas de casa; c) discriminação na situação de desemprego.

O tema assume importância relevante quando se discute o gênero neutro, que vê homens e mulheres como iguais em direitos, afastando propositadamente as diferenças. Enquanto se avançava na busca da igualdade jurídica integral entre homens e mulheres — no Brasil, só alcançável com a Constituição de 1988 — que vencesse a desigualdade, justificada em preconceitos e discriminações em razão do sexo, as diferenças foram obscurecidas porque não contribuíam para se alcançar o penoso objetivo.

Vencida a etapa da igualdade jurídica, vem à tona a rica dimensão psicossocial das diferenças entre os gêneros, que a dogmática do direito de família não pode mais descurar. O imenso desafio é a compatibilidade das diferenças com o princípio da igualdade jurídica, para que não se retroceda à discriminação em razão do sexo, que a Constituição veda.

Por que será que o juiz brasileiro, na quase totalidade dos casos de separação de casais, preferia a mãe ao pai para guardião dos filhos, nas hipóteses de guarda exclusiva, antes que a Lei 13.058/2014, obrigasse a guarda compartilhada na ausência de acordo? O senso comum atribui à mulher o papel de dona de casa (espaço privado) e ao homem o de provedor (espaço público). Essa diferença é negativamente discriminatória, ou seja, é juízo de valor negativo do papel da mulher. A escolha apenas poderia estar fundamentada em dado de ciência que demonstre, no geral, estar a mulher mais apta biológica ou psicologicamente para exercer esse papel, quando os pais estejam separados, salvo se em situação concreta tal não ocorrer. Não pode ter fundamento na natureza, pois revela pré-compreensão ou preconceito.


*Paulo Lôbo é advogado, doutor em Direito Civil pela USP, professor emérito da UFAL e diretor nacional do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM). Foi conselheiro do CNJ.

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Cejusc de Sorriso usa método da constelação familiar e evita divórcio

08/10/2015
Sessão de constelação evita divórcio em Fórum de Sorriso, no Mato Grosso.Crédito: Divulgação/TJMT
O Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) da Comarca de Sorriso (MT) realizou a primeira sessão de constelação familiar com resultado exitoso. A acadêmica J.D.T.D., 31 anos, havia ingressado na Justiça com um pedido de divórcio. Durante a audiência, os conciliadores utilizaram a técnica da constelação e o casal acabou retomando a união de 15 anos.
A constelação familiar é uma nova ferramenta que começou a ser utilizada pela Comarca de Sorriso nas audiências de conciliação e mediação feitas na unidade judiciária. O método, de uso recente dentro do cenário jurídico, faz uma abordagem sistêmica, com indivíduos ou um grupo que unidos para formar um inconsciente coletivo e solucionar emaranhados de relacionamentos que podem levar ao fim uma demanda jurídica.
Durante a sessão, os envolvidos têm a oportunidade de enxergar de fora a situação que os aflige. E foi exatamente isso que aconteceu com J.D.. “Eu nunca tinha ouvido falar desta técnica, mas achei muito interessante. Durante a sessão, pude perceber que nós brigamos por bobeira, besteiras. Na hora da discussão, ficamos com raiva um do outro, com ódio no coração, por coisas que não são graves. Isso eu consegui ver muito bem”, relatou.
Nova chance - J.D. conta que o casal percebeu que grande parte das discussões que eles têm é ocasionada por fatores externos, por discussões provocadas por interferência familiar. “Isso ficou bem claro durante a constelação. A gente pode ver isso de fora. Percebemos também que ainda nos gostamos e que brigamos por coisas tolas. Decidimos tentar novamente, resolvemos dar uma nova chance a nós, ao nosso casamento, a nossa família e aos nossos filhos”, disse.
A acadêmica conta que ficou surpresa com a técnica. “Nunca pensei que tinha isso na Justiça. Achei que ia participar de uma audiência normal e que ia sair de lá com o divórcio. Nunca pensei em uma possibilidade assim. Muitos casais pedem a separação por nada, são coisas pequenas que vão se acumulando. Eu acho que todos deveriam passar por essa experiência, que de fato me surpreendeu”, declarou.
Quem também aprovou a técnica foi o marido de J.D, o comerciante S.D., 38 anos. “Eu nunca imaginava encontrar isso na Justiça. Aliás, nem acreditava nesse tipo de coisa. Achei que iriam falar sobre a importância do casamento, da família, mas nunca pensei que seria uma abordagem tão profunda. Minha esposa tem um irmão desaparecido e durante a sessão vimos que isso também interfere em nosso relacionamento. Isso me surpreendeu muito. Fiquei realmente impressionado. Percebi que coisas do passado, da família, que já aconteceram, influenciam diretamente na nossa vida. Eu aprovei a técnica e gostaria de participar de outra sessão dessas”, admitiu.
Técnica - A decisão de trazer esta técnica para dentro do Cejusc surgiu após a realização da palestra “Constelações Sistêmicas Familiares na Mediação”, realizada em 11 de setembro no fórum da comarca. A palestra, realizada pelo Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec) e pelo Cejusc de Sorriso, foi realizada para servidores, mediadores e conciliadores do Cejusc e ministrada pela consteladora sistêmica familiar e organizacional, Neiva Klug.
De acordo com ela, o método abrange quatro áreas: familiar, empresarial, escolar e, agora, jurídica. “Durante o processo de constelação, o mediador, chamado de constelador, faz observações empíricas, fundamentadas em diversas formas de psicoterapia familiar e dos padrões de comportamento que se repetem nas famílias e grupos familiares ao longo de gerações”, explicou.
O juiz coordenador do Cejusc de Sorriso, Anderson Candiotto, ressalta que “o Poder Judiciário deve lançar mão de toda e qualquer forma lícita e adequada para a solução de conflitos de interesses, inclusive metodologia de constelação sistêmica, sempre focado na humanização do acesso ao sistema judicial, propiciando ambiente favorável e profícuo à mediação como instrumento de afirmação da dignidade da pessoa humana".
Gestora judiciária do Cejusc, Rita de Cácia Figueiredo Medeiros diz que se sente enaltecida em saber que o Judiciário está proporcionando mais uma ferramenta “às pessoas que nos procuram para resolver seus conflitos”, pois na constelação se pode trabalhar todos os tipos de dificuldades em relacionamentos, perdas (lutos), comportamentos destrutivos, relações com trabalho e dinheiro. “Fiquei extremamente feliz em saber que na primeira sessão já tivemos ótimos resultados”, disse.
Onde começou - A constelação familiar é um método psicoterapêutico desenvolvido pelo filósofo e psicoterapeuta alemão Bert Hellinger a partir de psicanálise. Ele criou um método ou técnica de acessar o inconsciente pessoal e coletivo por meio de procedimentos em grupos terapêuticos. Deu-lhe o nome de constelação familiar (desde 1980), depois de movimentos da alma e agora o chama de “Movimento do Espírito – Hellinger Science – uma Ciência dos Relacionamentos”, junto com Sophie Hellinger.
Há mais de um milhão de exemplares de seus livros editados pelo mundo. Ele esteve no Brasil pela primeira vez em 1998. Realizou seminários de uma semana em Goiânia (2006) e em Lindóia (SP) em 2008 e 2009. Seus livros são filosóficos e a consciência é seu tema para os ensinamentos. Bert denominou também que seu método é fenomenológico e que não se trata de interpretação das conclusões, mas de “ver” algo acontecendo.
Por meio de uma frase-tema e um mínimo de informação sobre o cliente, a condução do trabalho desencadeia no ambiente do grupo coisas extraordinárias. Na constelação, o grupo é conectado a favor da “alma” do cliente. Os temas conflito revelam no desenrolar da constelação aprendizados que servem à atuação de profissionais das mais diversas áreas, principalmente médicos, terapeutas, advogados de família e juízes.
Fonte: TJMT
http://www.cnj.jus.br/index.php?option=com_content&view=article&id=80645:cejusc-de-sorriso-usa-metodo-da-constelacao-familiar-e-evita-divorcio&catid=814:judiciario&Itemid=4641&acm=257277_7571 

Não há prova capaz de dar lastro jurídico ao impeachment diz Renan Quinalha

Não há prova capaz de dar lastro jurídico ao impeachment, diz jurista

Em artigo publicado no site Justificando, o advogado Renan Quinalha, doutor em Direito pela Universidade de São Paulo (USP), afirma que “não há, até o momento, prova alguma capaz de dar lastro jurídico a um pedido de impeachment”.


Reprodução
“Mesmo que o Congresso rejeite as contas, acolhendo o parecer do TCU, segue inexistindo razão jurídica suficiente para impeachment”, disse Renan “Mesmo que o Congresso rejeite as contas, acolhendo o parecer do TCU, segue inexistindo razão jurídica suficiente para impeachment”, disse Renan
Segundo Renan, um dos fundamentos que impedem que seja aplicada a cassação do mandato está no fato de que a recomendação do TCU, de rejeição das contas do governo Dilma de 2014, não foi por “desvio de dinheiro” ou “corrupção”, mas “por expedientes que atrasaram repasses do Tesouro para os bancos públicos pagarem despesas de programas sociais”.

“Mesmo que o Congresso rejeite as contas, acolhendo o parecer do TCU, segue inexistindo razão jurídica suficiente para impeachment. Primeiro, porque as tais ‘pedaladas’ são do ano de 2014, ou seja, último ano do primeiro mandato de Dilma e não do atual. Ainda que se entenda ser um crime de responsabilidade, o que é altamente discutível e que demanda prova de ser decorrência de decisão direta da presidenta, ele deveria ser praticado no atual mandato para atingir este”, salienta o jurista.

Renan argumenta ainda que não há precedente de rejeição de contas no Legislativo que culminaram com impeachment em todo o país. As penalidades sempre foram multas ou proibição de candidatar em eleições seguintes.

“Se, ainda assim, o Congresso desencadear um processo de impeachment, o que é plenamente possível considerando a polarização do cenário político, não tenhamos dúvida de que essas questões chegarão ao STF. E também mobilizarão respostas nas ruas, acentuando tensionamentos e disputas pouco apropriadas para o momento de crise vivido pelo país”, ressalta.

O advogado aponta que a polarização política desencadeou um procedimento incomum, que contaminou as decisões técnicas, pois segundo ele, “é impossível não constatar que tal prática [o atraso nos repasses] não começou com este governo e, até o momento, ela não foi motivo para impedimento de nenhum outro político”.

“O fato de todos terem feito não torna a prática correta, mas o fato de ninguém ter sido punido segundo o mesmo critério de proporcionalidade coloca em questão a objetividade do julgamento em curso”, explica Renan.

E acrescenta: “Por que a seletividade justo agora? Essa é a pergunta que não quer calar e que alguns se negam a responder”.

Para o advogado, o argumento de que é preciso haver uma mudança de entendimento sobre o que a grande imprensa chama de “pedaladas fiscais”, é importante, mas não é o que está acontecendo.

“Do jeito que a carruagem anda, ganha ponto o uso seletivo e oportunista desse argumento por parte de setores que ainda não assimilaram a derrota nas últimas eleições e cujas últimas preocupações sincera são com a coisa pública”, destacou.

Ela frisa que outros elementos podem surgir para tentar fortalecer a tese do impeachment, mas mesmo assim “a ação não pode ser imposta no grito”.


Do Portal Vermelho, com informações do Justificando

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Mercedes Sosa, a cantora da integração completaria 80 anos

Mercedes Sosa, 80 anos da compositora que cantou a integração

Uma das mais importantes vozes da América Latina de todos os tempos, a cantora argentina Mercedes Sosa completaria 80 anos, em 2015, caso estivesse viva. Ela faleceu no dia 4 de outubro de 2009, depois de ter sido internada por problemas nos rins e uma complicação cardiorrespiratória. Ela padecia de mal de Chagas, uma doença ligada à pobreza rural dos primeiros anos de sua vida.

Por Fania Rodrigues, no Brasil de Fato


Divulgação
Este domingo (4) marcou seis anos da morte de Mercedes Sosa Este domingo (4) marcou seis anos da morte de Mercedes Sosa
Inspirada no folclore argentino, sua música foi além do estilo enquadrado pela indústria fonográfica. Mercedes Sosa fazia canções para todos os gostos e gêneros musicais. Inspirou várias gerações de músicos ao redor do mundo.

O cantor René Pérez, vocalista da banda Calle 13, de Porto Rico, afirma que a música Latinoamerica, um dos maiores sucessos da banda, foi inspirada em Mercedes Sosa. Calle 13, hoje, é o grupo mais exitoso da música latina, reconhecido mundialmente.

Brasil

No Brasil, a cantora argentina fez parceria com grandes nomes da MPB, como Milton Nascimento, Chico Buarque, Caetano Veloso e Gal Costa. Considerado um dos grandes momentos da música latina, o disco Corazón Americano (1985), de Mercedes Sosa, teve a participação de Milton Nascimento, que cantou Coração de Estudante, em português e em espanhol. Em 1976, em pleno regime militar, já havia gravado com Milton Nascimento uma versão de uma das músicas consagradas em sua voz: Voltar aos dezessete.

A parceria entre os dois deu início a uma grande amizade. Em recente entrevista à revista Caros Amigos, Milton Nascimento conta como recebeu a notícia da morte da cantora. “Essa foi uma coisa que muito me entristeceu. As coisas que a gente fez davam para escrever um livro. Conheci muita gente, muitos compositores através de Mercedes Sosa. Foi com ela que o Brasil, pela primeira vez, abriu as portas para a música da América Latina”, destaca Milton Nascimento. Entre seus maiores sucessos está a Canción con todos, praticamente um hino à integração cultural latino-americana.

Reconhecimento

Em 50 anos de carreira, Mercedes Sosa gravou mais de 100 discos, entre os trabalhos solos e coletivos. Das inúmeras honrarias que recebeu destacam-se quatro Prêmios Grammy Latino.


Fundadora do Movimento do Novo Cancioneiro, esse ícone da música argentina ajudou a popularizar um estilo que ficou conhecido como a “nova canção latino-americana”, que influenciou diferentes gêneros como o rock, o pop e o tango.

Militância

Mercedes Sosa sempre apoiou as causas da política de esquerda ao longo da sua vida. Foi militante do Partido Comunista, nos anos 70, e grande simpatizante do líder argentino Juan Domingo Perón. Depois do golpe militar, em 1976, seus discos foram proibidos e ela foi incluída na lista de pessoas marcadas para morrer. Apesar da perseguição, Mercedes Sosa permaneceu na Argentina o quanto pôde.

Foi para o exílio em 1979, primeiro em Paris e depois em Madri. Voltou a Buenos Aires três anos depois, em grande estilo. Realizou vários shows no Teatro Ópera de Buenos Aires, que se tornaram um verdadeiro ato cultural contra a ditadura, mas também mexeu com as estruturas da música popular argentina. Mercedes provocou a renovação dos estilos musicais da Argentina, principalmente no folclore, no tango e no rock nacional.

sábado, 3 de outubro de 2015

No Recife: Policial atira em manifestante à queima-roupa durante protesto pacífico


Atitude covarde de policial flagrada em vídeo despertou a indignação dos manifestantes, que reagiram com gritos de guerra contra a truculência da PM. Nas redes sociais, internautas também repudiaram o incidente. O comando da Polícia Militar divulgou uma nota oficial sobre o caso

policial militar ocupe estelita
Durante um protesto realizado pelo movimento Ocupe Estelita nesta quinta-feira (1), a brutalidade e o sangue frio de um policial militar despertou revolta em uma passeata que, até então, seguia pacificamente.
A situação ocorreu após uma faixa carregada pelos ativistas atingir o chapéu do policial (vídeo abaixo).
No vídeo, publicado no Youtube, é possível ver quando os manifestantes tentam passar pelos policiais com uma faixa do movimento, e levantam o tecido para não encostar nos agentes. Parte da faixa acaba tocando a cabeça de um dos militares, que revida com o disparo à queima-roupa em direção ao rosto do manifestante, que é atingido no ombro.
Os policiais militares que estavam no local foram repudiados pelos manifestantes após o incidente. “Não acabou, tem que acabar, eu quero o fim da polícia militar!”, gritavam os ativistas.

Indignação

O deputado estadual Edilson Silva (PSOL) se disse “indignado e perplexo” com a ação do policial e protocolou uma denúncia na Corregedoria da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE). O mesmo documento deve ser entregue ao Comando Geral da PM ainda nesta manhã. “[O vídeo] é uma coisa inacreditável. Nós protocolamos uma denúncia e a e exigência de que esse rapaz seja retirado das ruas e seja exemplarmente punido”, falou.
O deputado ainda pede que o policial seja submetido a avaliações psicológica e psiquiátrica, seja desarmado e punido. “Ele precisa ser afastado porque mostrou que não tem equilíbrio emocional para estar nas ruas”, explicou.

PM afastado

O Comando Geral da Polícia Militar informou, por meio de nota, que o policial foi afastado de suas funções até que seja concluída a investigação sobre o caso. “O comando repudia a ação contida nas imagens e já determinou a apuração rigorosa dos fatos, que considera lamentável e equivocado”.
Ainda segundo o comunicado, “as imagens mostram que a ação é isolada, e a presença da PM no local tinha por objetivo garantir a segurança de todas as pessoas que participavam, como também daquelas que transitavam pelo local”.
Vídeo:

Ocupe Estelita

O protesto foi promovido pelo movimento Ocupe Estelita, que é contra a construção de prédios em um terreno no cais de Santa Rita, no centro do Recife. Eles reivindicam que o espaço seja transformado em um parque público.
Na última quarta-feira (30), a PF (Polícia Federal) cumpriu mandados de busca e apreensão na sede do consórcio responsável pela obra, na capital pernambucana, e em uma empresa de leilões em São Paulo.
A PF investiga uma suposta fraude no leilão do terreno –que pertencia à RFFSA (Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima)–, ocorrido em 2008. A suspeita é de que o Consórcio Novo Recife tenha arrematado o terreno por um valor R$ 10 milhões inferior ao do mercado.

FONTE: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2015/10/policial-atira-em-manifestante-a-queima-roupa-durante-protesto-pacifico.html

Documentário da TV Senado ganha Prêmio Herzog de Jornalismo



Com conteúdo impactante, comovente e, principalmente, real, a produção Em Busca da Verdade, da TV Senado, lançada em junho deste ano, conquistou o 37º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, na categoria Documentário de TV.  O filme retrata as graves violações de direitos humanos ocorridos durante a ditadura militar (1964-1985) e que foram investigadas pela Comissão Nacional da Verdade (CNV).

Agência Senado
Entre os três casos tratados no documentário, está o caso do ex-deputado Rubens Paiva, dado como desaparecido,  Entre os três casos tratados no documentário, está o caso do ex-deputado Rubens Paiva, dado como desaparecido, 
Dirigido pelos jornalistas Deraldo Goulart e Lorena Maria, ambos da TV Senado, o documentário, com 58 minutos de duração, apresenta as principais investigações feitas pela CNV e pelas Comissões Estaduais da Verdade, revelando como funcionou a estrutura de repressão no país naquela época.

Entre os aspectos tratados no documentário, estão os casos do sapateiro Epaminondas, militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) que morreu sob tortura em 1971, do ex-deputado Rubens Paiva, dado como desaparecido, e do ex-militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), Stuart Angel, também morto durante o regime.

Trabalho coletivo

Lorena destaca que o trabalho é resultado de um esforço conjunto de toda a equipe. Para compilar as cerca de 3,4 mil páginas produzidas pela CNV, foi necessário criar filtros para selecionar os conteúdos retratados na obra, explica a servidora.

"Os casos que entraram no documentário foram os que tinham o relatório oficial parcial na comissão. Ao todo, foram o de três pessoas e, em apenas um deles, havia sido encontrado o corpo da vítima", explicou.

Por sua vez, Deraldo destaca o reconhecimento advindo do prêmio é valioso. "Se você não tem o reconhecimento, acaba desmotivado. Sem dúvida, esse prêmio fortalece o nosso núcleo, que, apesar de pequeno, é valoroso", afirmou.

Ao defender a premiação ao documentário da TV Senado, o professor Vitor Blotta , da Escola de Comunicações e Arte da Universidade de São Paulo (ECA-USP), elogiou o o trabalho, que “realmente cumpriu um serviço público fundamental de destrinchar questões ainda não tão claras do regime militar”.

"Louvo o esforço, que é tanto do poder público, dos meios de comunicação estatais, quanto deve ser também do jornalismo de meios sociais, principalmente porque há essa demanda pra questão do direito à informação, das pessoas que com certeza, a maioria, não conseguirá acessar os documentos diretamente do relatório da Comissão", destacou o professor.

O prêmio, organizado por um conjunto de entidades, como Instituto Vladirmir Herzog, Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo e Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), será entregue no dia 20 de outubro, às 20 horas, no Teatro Universidade Católica de São Paulo (Tuca).

Como assistir:
Dia e horário: Sábado (3), às 22h, e no domingo (4), às 21h30.
Como sintonizar: TV aberta, TV digital, antena parabólica, TV por assinatura
Pela internet: O programa está disponível na página da TV Senado (acesse aqui)


Fonte: Agência Senado  
3 de outubro de 2015