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terça-feira, 17 de março de 2015

"Dei minha vida para que o povo pudesse protestar"

"Dei minha vida para que o povo pudesse protestar", diz Dilma após manifestações
DILMA ROUSSEFF




A presidente falou pela primeira vez após as manifestações deste domingo; "Dei minha vida para que o povo pudesse protestar" disse Dilma

 Brasilia

A presidente Dilma Roussef falou nesta segunda-feira (16) pela primeira vez após as manifestações que levaram milhares à rua no último domingo.
"Muitos da minha geração deram a vida para que o povo pudesse ir às ruas se expressas. Eu, particularmente, participei e tenho a honra de ter participado dos processos de resistência da ditadura. Como outros brasileiros, sofremos as consequências da resistência para ver esse país livre da censura e da opressão, da interdição da liberdade de expressão", afirmou a presidente.
"Ontem, quando eu vi, como ocorreu na sexta, centenas de milhares se manifestando, não pude deixar de pensar e tenho certeza que muitos concordam comigo: Valeu a pena pensar na liberdade, valeu a pena pensar na democracia", completou Dilma.
Segundo a presidente, as manifestações do fim de semana mostraram que o País vive "pacificamente" com os protestos. "Na democracia, respeitamos as urnas. [...] Respeitamos todas as vozes.
Ao defender "humildade" e "firmeza" por parte do governo diante das manifestações, a presidente afirmou ter tomado medidas de combate à corrupção. Dilma disse que anunciará nos próximos dias medidas de combate à impunidade. "Reitero minha convicção de que a conjuntura atual aponta para a necessidade de ampla reforma política", disse.
Dilma também destacou a autonomia que o governo dá à atuação da Polícia Federal. "Um País em que o Executivo assegura liberdade de ação da PF, reconhece total autonomia do Ministério Público Federal para que apure denúncias de crimes de quaisquer espécies, investigando quem quer que seja", afirmou.
"Meu compromisso é governar o País para os 200 milhões de brasileiros, seja os que votaram, seja os que não votaram em mim, seja os que participaram, seja os que não participaram das manifestações", finalizou.

O pronunciamento da presidente Dilma Rousseff foi feito após a cerimônia de sanção do Código de Processo Civil. 

O real motivo da perseguição a Dirceu



A vida é complicada para quem desafia a plutocracia
A vida é complicada para quem desafia a plutocracia
Um jornalista americano escreveu uma coisa que me marcou profundamente.
Ele disse que num certo momento da carreira ele era convidado para programas de tevê, recebia convites seguidos para dar palestras e estava sempre no foco dos holofotes.
Num certo momento ele se deu conta de que tudo isso ocorria porque ele jamaisescrevera algo que afrontasse os interesses dos realmente poderosos.
Foi quando ele acordou. Entendeu, por exemplo, as reflexões de Chomsky sobre as grandes empresas jornalísticas.
Para encurtar a história, ele decidiu então fazer jornalismo de verdade. Acabou assassinado.
Assange, Snowden, Falciani: não é fácil a vida de quem enfrenta o poder.
Tudo isso me ocorreu a propósito de José Dirceu. Tivesse ele defendido, ao longo da vida a plutocracia, ninguém o incomodaria.
Mas ele escolheu o outro lado.
E por isso é alvo de uma perseguição selvagem. É como se o poder estivesse dizendo para todo mundo: “Olhem o que acontece com quem ousa nos desafiar.”
É à luz de tudo isso que aparece uma nova rodada de agressões a Dirceu, partida – sempre ela – da Veja.
Quis entender.
Os dados expostos mostram, essencialmente, uma coisa: Dirceu não pode trabalhar. Não pode fazer nada.
O que é praxe em altos funcionários de uma administração fazerem ao deixá-la?
Virar consultor.
Não é só nos governos. Nas empresas também. Fabio Barbosa fatalmente virará consultor depois de ser demitido, dias atrás, da Abril.
Foi o que fez, também, David Zylbersztajn, o genro que FHC colocou na Agência Nacional do Petróleo. (Não, naturalmente, por nepotismo, mas por mérito, ainda que o mérito, e com ele o emprego, pareça ter acabado junto com o casamento com a filha de FHC.)
Zylbersztajn é, hoje, consultor na área de petróleo. Seus clientes são, essencialmente, empresas estrangeiras interessadas em fazer negócios no Brasil no campo da energia.
Algum problema? Não.
Quer dizer: não para Zylbersztajn. Mas para Dirceu a mesma posição de consultor é tratada como escândalo.
Zylbersztajn ajuda empresas estrangeiras a virem para o Brasil. Dirceu ajuda empresas brasileiras a virem para o Brasil.
O delator que o citou diz que Dirceu é muito bom para “abrir portas”. É o que se espera mesmo de um consultor como Dirceu.
Zylbersztajn, caso seja competente, saberá também “abrir portas”.
Vamos supor que a Globo, algum dia, queira entrar na China. Ela terá que contratar alguém que “abra portas”.
Abrir portas significa, simplesmente, colocar você em contato com pessoas que decidem. Conseguir fechar negócios com ela é problema seu, e não de quem abriu as portas.
Na manchete do site da Veja, está dito que o “mensaleiro” – a revista não economiza uma oportunidade de ser canalha – faturou 29 milhões entre 2006 e 2013.
São oito anos. Isso significa menos de 4 milhões por ano. Do jeito que a coisa é apresentada, parece que Dirceu meteu a mão em 29 milhões. Líquidos.
Não.
Sua empresa faturou isso. Não é pouco, mas está longe de ser muito num universo de grandes empresas interessadas em ganhar o mundo.
Quanto terá faturado a consultoria de Zylbersztajn entre 2006 e 2013? Seria uma boa comparação.
No meio das acusações, aparece, incriminadora, a palavra “lobby”. É um estratagema para explorar a boa fé do leitor ingênuo e louco por razões para detestar Dirceu.
Poucas coisas são mais banais, no mundo dos negócios, que o lobby.
Peguemos a Abril, por exemplo, que edita a Veja. Uma entidade chamada ANER faz lobby para a Abril e outras editoras de revistas. A ANER da Globo se chama ABERT.
Você pode ter uma ideia de quanto as empresas de jornalismo são competentes no lobby pelo fato de que ainda hoje elas gozam de reserva de mercado – uma mamata que desapareceu virtualmente de todos os outros setores da economia brasileira.
E assim, manobrando e manipulando informações, a mídia mais uma vez agride Dirceu.
As alegações sempre variam, mas o real motivo é que ele decidiu, desde jovem, não lamber as botas da plutocracia.
(Acompanhe as publicações do DCM no Facebook. Curta aqui).
Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.


FONTE `DCM :   http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-real-motivo-da-perseguicao-a-dirceu/

Novos desafios do conflito político e social

Vejam o nível dos manifestantes de domingo dia 15 de março de 2015






As manifestações de rua realizadas no último fim de semana , na sexta-feira (13) e no domingo (15), abrem uma nova etapa e trazem o conflito político e social a patamar mais elevado.

O condomínio oposicionista – formado por partidos neoliberais e conservadores liderados pelo PSDB e a mídia golpista - apoiado em grupos de agitação organizados nas redes sociais – encontrou um modus operandi, para intensificar a contestação ao governo da presidenta Dilma e incrementar planos desestabilizadores. Conjugam agora ação parlamentar, governamental (nos poderes locais), o denuncismo através dos meios de comunicação e as manifestações de rua.

Em junho de 2013, foi feito o primeiro ensaio, com a instrumentalização dos protestos por reivindicações sociais difusas. Agora, sob o pretexto de “combater a corrupção”, fomentaram mobilizações em que foram levantadas bandeiras francamente reacionárias, pregaram o golpe, o retorno à ditadura militar e a intervenção estrangeira no país. Desenterraram das catacumbas o discurso anticomunista, agitaram à exaustão o ódio ao principal partido no governo, o Partido dos Trabalhadores, com o que se pretende estigmatizar toda a esquerda, ofenderam a honra de uma estadista de conduta ilibada e querida pelo povo, reeleita há menos de cinco meses.

É necessário assinalar entre parênteses a contradição em termos entre o combate à corrupção e o pedido de retorno ao regime militar, bem assim o antagonismo entre este suposto combate e o governo tucano do ex-presidente FHC, porquanto se houve dois períodos em que a corrupção mais grassou na história republicana brasileira, foram exatamente de 1964 a 1985, quando vigorou a ditadura dos generais, e de 1995 a 2002, durante os dois mandatos do ex-professor da Sorbonne.

A marcha golpista deste domingo só foi possível pela desfaçatez com que a mídia golpista exerce o monopólio dos meios de comunicação. A convocação sistemática das manifestações, a criação de um ambiente propício ao golpe desmascaram estes veículos como instrumentos dos mais escusos interesses antinacionais e antidemocráticos. Prepararam a marcha golpista deste domingo como se fora um ato cívico, pacífico, familiar e patriótico, convergindo para uma palavra de ordem central: “Fora, Dilma! Fora, PT!

A palavra de ordem “Fora, Dilma!” é a expressão do revanchismo das forças derrotadas nas eleições presidenciais de 2014. Algo desprovido de sentido, uma vez que o segundo mandato mal começou.

Não fosse a cortina de desinformação e intoxicação da opinião pública, pelas quais é responsável a usina de mentiras da mídia golpista, a população brasileira estaria melhor conscientizada de que Dilma Rousseff tem planos de governo consoantes os compromissos que assumiu durante a campanha eleitoral, metas factíveis a atingir, organiza sua governança, elabora programas administrativos, dispõe-se ao diálogo com a sua ampla base de sustentação política-parlamentar e os setores organizados da sociedade, e está combatendo firmemente a corrupção em harmonia republicana com os órgãos investigativos e o Poder Judiciário.

A palavra de ordem não faz sentido, a não ser como expressão de uma luta política que assume caráter francamente golpista por parte do condomínio oposicionista. Um desvario, uma aventura, um tiro na água, que não leva em conta a correlação real de forças, a capacidade política e administrativa do governo, a base política e popular, o valor que tem para a esmagadora maioria do povo brasileiro na imensidão do território nacional que tem apego aos programas sociais do governo e, logicamente, apreço à mandatária.

Do ponto de vista jurídico, o pedido de impeachment é de um absurdo ainda maior, denota a ignorância de quem o faz e promove. A menos que rasguem a Constituição, o que só seria possível por um golpe de força, Dilma Rousseff não é vulnerável ao impeachment porque não cometeu nem cometerá crime de responsabilidade. Politicamente, seu governo tem todas as condições para construir a aliança necessária para rechaçar nas casas legislativas qualquer iniciativa nessa direção.

As primeiras reações da mídia e das lideranças políticas da aliança PSDB-DEM-PPS após as manifestações do último domingo mostram que o conflito político aberto entre dois campos nitidamente opostos veio para ficar e tende a intensificar-se. Pretende-se que uma vez “nas cordas”, a presidenta não teria outro caminho para sobreviver como mandatária senão “ouvir as ruas” (do dia 15), o que significaria governar para os adversários da democracia, da soberania nacional e do progresso social.

Nada disso deveria surpreender. A rigor, o conflito em curso é o prolongamento da peleja política-eleitoral do ano passado e o corolário lógico de uma luta de fundo que se desenvolve ininterruptamente há longo tempo na sociedade brasileira. A elevação do nível do conflito político também não deve causar temor. O que se espera das forças consequentemente de esquerda e progressista é que compreendam a natureza e o sentido dos acontecimentos, marchem e se coloquem à altura dos desafios, com nitidez programática e adequados métodos de luta, o que pressupõe conhecer a natureza do inimigo e a convicção de que está descartada a conciliação com este.

A encruzilhada diante da qual se depara o povo brasileiro implica a opção de avançar na realização de mudanças estruturais - o que significa adotar um programa patriótico, democrático e popular correspondente às verdadeiras necessidades da nação e aspirações do povo - ou ceder às classes dominantes e seus aliados imperialistas internacionais. Cair no defensivismo ou render-se a uma agenda contraditória com o programa vencedor nas eleições seria uma atitude inconsequente. Como afirmou o presidente nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), em declarações ao Portal Vermelho logo após as manifestações do domingo, “tal como no segundo turno das eleições de 2014, agora com mais desassombro é preciso unir todas as forças possíveis interessadas em continuar o avanço das conquistas sociais e em defesa do Brasil; cabe ao governo Dilma aplicar mais ainda o projeto de governo por meio de constante diálogo que una e amplie a base social que a elegeu e reforce a perspectiva de novas conquistas”.

Nesse sentido, “ouvir a voz das ruas” é principalmente tomar em consideração a mensagem das urnas e a vontade popular que se expressou nas manifestações da sexta-feira passada, que associaram o apoio ao mandato da presidenta à luta em defesa dos direitos sociais e pela realização de reformas.

O desafio deve ser respondido com novas manifestações com caráter progressista e em apoio ao governo democrático-popular liderado pela presidenta Dilma, com a batalha das ideias e com inflexões da agenda política para a esquerda, aumentando a capacidade de unir formas democráticas, patrióticas e populares.


FONTE DA MATERIA _ http://vermelho.org.br/editorial.php?id_editorial=1477&id_secao=16
FOTO : escolhida por mim em fotos divulgadas na intermet ; Não estava no Portal Vermelho junto com a matéria

quarta-feira, 11 de março de 2015

Teólogo afirma que veículos de comunicação são golpistas

Crise é "forjada, mentirosa e induzida pela mídia", diz Leonardo Boff

Teólogo afirma que veículos de comunicação são golpistas e contra o povo, mas com os movimentos sociais emergiu uma nova consciência política e o outro lado ficou sem condições de dar o golpe.


Reprodução
Leonardo Boff conclamou a ocupar as ruas contra o ódio e em defesa do BrasilLeonardo Boff conclamou a ocupar as ruas contra o ódio e em defesa do Brasil
A crise econômica e política pela qual o país atravessa neste momento é "em grande parte forjada, mentirosa, induzida, ela não corresponde aos fatos", afirma o teólogo Leonardo Boff. Segundo o teólogo, a crise amplificada por uma dramatização da mídia. "Essa dramatização que se faz aqui, é feita pela mídia conservadora, golpista, que nunca respeitou um governo popular. Devemos dizer os nomes: é o jornal O Globo, a TV Globo, a Folha de S. Paulo, o Estadão, a perversa e mentirosa revista Veja."

Em entrevista à Rádio Brasil Atual na segunda-feira (9), o teólogo disse que, no entanto, o atual nível de acirramento no cenário político não preocupa porque, para ele, comparado a outros contextos históricos, a "democracia amadureceu". Ele diz acreditar, ainda, na emergência de uma "nova consciência política".

Boff também considera que o cenário brasileiro é bastante diferente da Grécia, Espanha e Portugal, onde são registrados centenas de suicídios, por conta do fechamento de pequenas empresas e do desemprego, e até mesmo de países centrais, como os Estados Unidos, que veem a desigualdade social avançar.

"A situação não é igual a 64, nem igual a 54", compara. "Agora, nós temos uma rede imensa de movimentos sociais organizados. A democracia ainda não é totalmente plena porque há muita injustiça e falta de representatividade, mas o outro lado não tem condições de dar um golpe."

Para Boff, não interessa ao militares uma nova empreitada golpista. Restaria ao campo conservador a "judicialização da política", e acrescenta: "Tem que passar pelo parlamento e os movimentos sociais, seguramente, vão encher as ruas e vão querer manter esse governo que foi legitimamente eleito. Eles têm força de dobrar o Parlamento, dissuadir os golpistas e botá-los para correr."

Sobre o 'panelaço' ocorrido no domingo, durante o discurso da presidenta Dilma Rousseff para o Dia Internacional da Mulher, Boff afirma que o protesto é "totalmente desmoralizado", pois "é feito por aqueles que têm as panelas cheias e são contra um governo que faz políticas para encher as panelas vazias do povo pobre".

O teólogo afirma que a manifestação expressa "indignação e ódio contra os pobres" e são símbolo da "falta de solidariedade"; e que o "panelaço veio exatamente dos mais ricos, daqueles que são mais beneficiados pelo sistema e que não toleram que haja uma diminuição da desigualdade e que gostariam que o povo ficasse lá embaixo".

Sobre o ato programado pela CUT e movimentos sociais para sexta-feira (13), Leonardo Boff diz que a importância é reafirmar os valores democráticos e a defesa da soberania do país: "Aqueles que perderam, as minorias que foram vencidas, cujo projeto neo liberal foi rejeitado pelo povo, até hoje, não aceitam a derrota. Eles que tenham a elegância e o respeito de aceitar o jogo democrático".

O teólogo frisa, mais uma vez, não temer o golpe. "É o golpe virtual, que eles fazem pelas redes sociais e pela mídia, inventando e fantasiando, projetando cenários dramáticos, que são projeções daqueles que estão frustrados e não aceitam a derrota do projeto que era antipovo."

Fonte: Rede Brasil Atual



Áudio: Leonardo Boff em entrevista a Rádio Brasil Atual


Leonardo Boff em entrevista a Rádio Brasil Atual
FONTE : http://www.vermelho.org.br/noticia/260391-1

segunda-feira, 2 de março de 2015

PETROBRAS. DE GETÚLIO À DILMA: PETROBRÁS E GOLPE








Excelente texto do Ricardo Arthur Fitz sobre a história da PETROBRAS DE GETÚLIO À DILMA: 

PETROBRÁS E GOLPE
Ricardo Arthur Fitz

Este texto não é um texto acadêmico. Nem foi concebido para sê-lo. Ele é resultado de preocupações e consequentes reflexões sobre o atual momento brasileiro, em que pese duas questões centrais: a evidente construção de um clima pré-golpe e a questão que está levando ao esgotamento da Petrobrás, numa clara tentativa de privatizá-la e, particularmente, internacionalizar o pré-sal. Obviamente é impreciso e mesmo falso examinar os eventos históricos a partir de uma monocausalidade. Mais impreciso ainda seria atribuir à questão do petróleo e da Petrobrás uma relação direta de causa e efeito com os eventos e, em particular com as crises políticas. A realidade é muito mais complexa. A preocupação é “juntando as peças”, tentar ver como elas se articulam. É certo que no texto existem muitas lacunas e omissões e é possível que haja imperfeições, também é certo que trata de forma superficial uma questão muito complexa, mas acredito que, como um todo, ele é coerente, preocupantemente coerente. Repito: não é um texto acadêmico, mas penso que vale como reflexão.
A trajetória do petróleo no Brasil começa já no século XIX. Em 1892 foi feita uma prospecção e perfurado um poço de 488 metros de profundidade em Bofete (SP). Os resultados, porém, revelaram apenas água sulfurosa.
Em 1930 o engenheiro Manoel Inácio Bastos, ao ouvir falar de uma “lama preta” usada como combustível pelos moradores de Lobato, na Bahia chama a atenção das autoridades para a possível existência de petróleo na região. Bastos é desacreditado, chamado de “maníaco”. Iniciava-se uma campanha que negava a existência de petróleo no Brasil. Esta campanha iria se estender por um bom tempo no Brasil. Havia interesse por parte de grupos estrangeiros que forneciam combustível ao Brasil que não se fizesse exploração de petróleo no país.
Cinco anos depois, Monteiro Lobato (o sobrenome do escritor e a região da Bahia são apenas coincidência) passa a advogar publicamente a questão da prospecção e exploração de petróleo no Brasil. Envia duas cartas ao presidente Getúlio Vargas. Na primeira se refere às “manobras da Standard Oil para senhorear-se das nossas melhores terras potencialmente petrolíferas”.
Na segunda carta, após uma audiência com Getúlio, em que este aparentemente se comprometeu a criar por decreto a Cia Petróleos do Brasil, Monteiro Lobato denuncia as pressões para que o decreto não se concretize: “há alguém interessado em embaraçar a ação da Cia Petróleos do Brasil, dificultando a obtenção da autorização para que ela siga seu curso natural”. E segue afirmando: “há gente paga por estrangeiros para que o Brasil não tenha nunca o seu petróleo. Em vez de, pelas funções de seus cargos, esses homens tudo fazerem para que tenhamos petróleo, quanto antes, tudo fazem para que não o tenhamos nunca.”
Veja o teor dessas cartas em: http://www.projetomemoria.art.br/
…/monteirolo…/cartaget.html
Em 1936 Monteiro Lobato publica “O escândalo do petróleo no Brasil”. Neste texto, acusa o governo de não perfurar, nem deixar que se perfure. O livro foi sucesso editorial. Em menos de um mês, esgotou-se a edição do livro (5 mil exemplares). Logo em seguida sai uma segunda edição, que também se esgota rapidamente (ao todo foram lançadas 10 edições). Incomodado com o teor das críticas o governo de Getúlio manda recolher todas as edições. 
Em 1938, finalmente é criado o Conselho Nacional do Petróleo. O CNP também não avançou muito nas questões relativas à prospecção e extração do petróleo. 
No ano seguinte, novas críticas de Lobato à burocracia e a integrantes do governo, que dificultavam o desenvolvimento de uma política de petróleo no Brasil, levaram-no à prisão, sob a acusação de ser “subversivo e desrespeitoso”. Foi condenado a uma pena de seis meses, mas a mobilização de intelectuais brasileiros conseguiu que fosse indultado e Monteiro Lobato passou “apenas” três meses no Presídio Tiradentes.
Já há algum tempo vinha acontecendo uma campanha de desmoralização de Monteiro Lobato. Em 1933 publicara História do Mundo para crianças que foi alvo de censura e perseguição pela Igreja. O padre Sales Brasil escreveu um libelo intitulado A literatura infantil de Monteiro Lobato ou comunismo para crianças. Esta campanha ainda se estendeu por longo tempo: “ a edição de 1958, das Edições Paulinas, traz cartas de apoio que vêm do Vaticano e um prefácio que clama como vinda desde 1936 a queixa contra ‘os grande males que poderiam advir, para fé e a educação cristã das crianças, da leitura das últimas obras de Monteiro Lobato’.” 
Em 1939 é encontrado petróleo em Lobato e em 1941 ocorre a primeira extração comercial no município de Candeias, na Bahia. O aproveitamento deste recurso e a ampliação da prospecção e extração ocorreram muito lentamente. Não se faziam investimentos significativos.
O final do estado Novo viu surgir uma intensa disputa entre grupos políticos que foram denominados de ”nacionalistas” e “entreguistas”. Enquanto os primeiros advogavam a causa do fortalecimento da economia legitimamente nacional, os segundos representados politicamente pela União Democrática Nacional (UDN) e pela grande imprensa. Defendiam o ingresso de capital externo no país. No que se refere ao petróleo, isso significava atrair as grandes petroleiras estrangeiras (principalmente americanas) ao Brasil. No governo Dutra essa disputa se torna ainda mais acirrada, inclusive nos círculos militares.
Em 1946 (mesmo ano da promulgação da nova Constituição) é lançada oficialmente a campanha “O petróleo é nosso”, tendo à frente a UNE, sindicalistas, o Partido Comunista, alguns militares, além de individualidades políticas. Obviamente, havia uma identidade com o grupo dos “nacionalistas”. A campanha “O petróleo é nosso” defendia o monopólio estatal do petróleo. Eram promovidos encontros, comícios, alguns de grandes proporções. A campanha ganhou as ruas e acabou por se transformar em uma das maiores mobilizações populares da história do Brasil.
Manifestação em prol do monopólio do petróleo no Brasil promovida pelo Centro de Estudos e Defesa do Petróleo e da Economia Nacional (CEDPEN) em 1948. Ao fundo, painel com retrato do ex-presidente Artur Bernardes que também defendia essa tese.
Getúlio, agora no início da era populista e em meio à disputa entre “entreguistas” e “nacionalistas”, encampa a ideia. Em 1951 enviou ao Congresso um projeto de lei com o objetivo de estatizar e monopolizar a exploração e distribuição de petróleo no Brasil. Isto desagradou profundamente o governo norte-americano e, ato contínuo, convida o governo brasileiro a mandar tropas à Guerra da Coreia (1950-1953). Era uma maneira de forçar Vargas a adotar um posicionamento no cenário político internacional. Vargas, por seu turno, para firmar posição, recusa o convite . Abre-se uma crise com os Estados Unidos e com alguns setores militares.
Essa crise vem acompanhada de tentativas de desestabilização de Getúlio em diversas frentes. Ainda assim, em 1953, a mobilização popular em torno de “O petróleo é nosso”, levou o Congresso a aprovar a criação da Petrobrás, que detinha o monopólio da exploração, refino e distribuição de petróleo no Brasil.
No ano seguinte a desestabilização do governo de Getúlio ganhou proporções enormes, conduzida principalmente pela UDN, por setores militares e da classe média, empresários e pela grande imprensa. Destacava-se afigura de Carlos Lacerda, apelidado de “O Corvo”, proprietário do jornal Tribuna da Imprensa. Em agosto de 1954 é dado o golpe. Militares exigem a renúncia de Vargas que se suicida, neutralizando o golpe de estado. 
A Petrobrás sobreviveu. Sobreviveu e se tornou um símbolo da resistência ao grande capital internacional e à evasão de riquezas do Brasil para o exterior. 
Timidamente a Petrobrás começa a produzir comercialmente na década de 1960, ganhando grande impulso na década de 1970 (durante a ditadura militar), como resposta à crise do petróleo de 1973, a criação a OPEP e a monumental alta do petróleo no mercado internacional.
Em 1974 é descoberto petróleo na Bacia de Campos (litoral do estado do RJ) mais especificamente no campo de Garoupa. No ano seguinte o governo federal autoriza a participação de empresas estrangeiras na prospecção, mediante contratos de risco, mas a exploração continuava a cargo da Petrobrás. Em 1977 entra em operação o Campo de Enchova.
Daí em diante a Petrobrás ganha um impulso considerável. Em 1984 é descoberto o campo gigante de Albacora, no ano seguinte o campo gigante de Marlim, ambos na Bacia de Campos. Agora a Petrobrás passa a investir também pesadamente no desenvolvimento de tecnologia. Em 1994 começa a operar a primeira plataforma semissubmersível (P-18) totalmente desenvolvida pelos técnicos da Petrobras – portanto com tecnologia brasileira -, no Campo de Marlim, na Bacia de Campos (RJ). O aperfeiçoamento tecnológico passou a ser uma das marcas da empresa. Em 1996 é encontrado mais um campo gigante na Bacia de Campos: o Campo de Rocador.
A viabilidade de exploração de petróleo no Brasil e a capacidade de fazê-lo, com tecnologia nacional em uma empresa estatal que crescia vertiginosamente, ficou plenamente demonstrada. Mas, os entreguistas não se entregaram. Em 1994 Fernando Henrique Cardoso foi eleito presidente. No mesmo ano, ainda antes de assumir, FHC fez um discurso no congresso intitulado O fim da Era Vargas, que começava dizendo: “Levamos a cabo a tarefa da transição. Olhando para trás, revendo os obstáculos vencidos, podemos dizer a nós mesmos e ao País, sem jactância, mas com satisfação: missão cumprida.” 
De fato, a missão estava apenas começando. Fernando Henrique deu inicio a um grande projeto de privatizações das estatais. No que diz respeito à Petrobrás, iniciou o processo de privatização da mesma, quebrando, com o apoio do Congresso, o monopólio estatal da produção de petróleo em 1997, o que foi saudado entusiasticamente pela grande imprensa brasileira. Nessa ocasião, a Petrobrás já era a terceira maior empresa da América Latina.

Simultaneamente, abriu o capital da empresa para investidores estrangeiros, propiciando a entrada da Petrobrás na Bolsa de Valores de Nova York. As consequências disso se estendem ao longo do tempo. Em 2002 - devido aos escândalos e fraudes financeiras e contábeis de grande corporações americanas, como a Enron, Xerox, Worldcom e outras - foi promulgada nos Estados Unidos a Lei Sarbanes-Oxley, conhecida por Lei SOx. Agora, a maior empresa brasileira se torna obrigada a submeter-se às autoridades norte-americanas, por força de lei (também americana).
Ainda em 1997 foi implementado o modelo de exploração por concessão. Com a lei, o petróleo e o gás passariam a ser propriedade privada das empresas que o exploram. O petróleo só pertence à União antes de sua exploração.
Mas a coisa não para por aí. No final do ano 2000, o presidente da Petrobrás, Philippe Reischtul, anunciou para o ano seguinte a mudança do nome da Petrobrás para Petrobrax, com o objetivo de facilitar o processo de internacionalização da empresa. Justificava o ato explicando que a terminação brás, no nome, a identificava com a ineficiência das estatais. A ineficiente Petrobrás tinha uma receita de 69,2 bilhões em 2002 e em 2012 esta ineficiente empresa estatal que, – não custa lembrar – havia se tornado a maior empresa e a terceira da América Latina ampliou sua receita para 281,3 bilhões de reais, com lucro líquido de 5 bilhões de reais por trimestre (2014).
Também cabe lembrar que na época a grande imprensa alardeava de forma uníssona que as estatais eram ineficientes por serem estatais, apesar de os balanços de empresas como a Companhia Siderúrgica Nacional, a Vale do Rio Doce (privatizada escandalosamente abaixo do seu valor real) e o Banco do Brasil mostrarem exatamente o contrário. O discurso da ineficiência das estatais era a justificativa para a transferência de empresas altamente lucrativas para mão privadas.
Pois bem, apesar de contratar uma empresa, a Und SC Ltda, para fazer a nova logomarca, sem licitação (a lei de 1997 o permitia), ao custo de R$ 700.000,00 à época, a Petrobrás continuou sendo Petrobrás. Cabe ainda salientar que o custo total do processo de transição ficou orçado em 50 milhões de reais.
Veja matéria sobre o anúncio da Petrobrax em:http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi2712200008.htm
O presidente da Petrobras, Philippe Reischtul, em frente ao novo logotipo da empresa
Em 2006 a Petrobrás anunciou a descoberta de petróleo no pré-sal, a profundidades que vão de 5 a 7 mil metros abaixo do nível do mar, com possibilidades de ser a maior reserva de petróleo do mundo. A partir, mais do que nunca, os olhos e os tentáculos das grandes petroleiras voltaram-se para o Brasil e para a Petrobrás. Não se poderia deixar tamanha riqueza nas mãos de uma estatal de um país emergente, e ainda por cima governado por um partido de centro-esquerda.
Em dezembro, após as eleições presidenciais daquele ano, foram revelados pelo Wikileaks, do ex-agente americano da NSA, Edward Snowden, cinco telegramas enviados pelo consulado norte-americano a Washington envolvendo a questão do pré-sal. - A cônsul Elizabeth Lee Martinez se refere ao pré-sal como “uma nova e excitante descoberta” e uma “oportunidade de ouro” para as empresas americanas. Um dos telegramas, bastante extenso, levou o sugestivo título de A indústria do petróleo vai conseguir combater a lei do pré-sal? É uma referência direta à lei que define a Petrobrás como operadora única do pré-sal e as outras empresas (coisas da lei de 1997), em regime de partilha, deveriam entregar ao menos 30% do que for explorado à União. Snowden revelou ainda que nos telegramas que a diretora de relações governamentais da Chevron, Patrícia Pardal, teria dito que o candidato tucano José Serra “teria mudado as regras”, caso fosse eleito presidente nas eleições daquele ano. Já para “a diretora de relações internacionais da Exxon Mobile, Carla Lacerda, a Petrobrás terá todo o controle sobre a compra de equipamentos, tecnologia e contratação de pessoal, o que poderia prejudicar os fornecedores americanos.”
O fato é que José Serra não conseguiu mudar as regras porque não foi eleito. Apesar da intensa campanha contras o presidente Lula e as tentativas de desestabilização de seu governo, tendo como pano de fundo a questão do “mensalão” (que não cabe examinar aqui), Lula elege seu sucessor, ou melhor, sucessora: Dilma Rousseff. Ora, Dilma havia sido justamente ministra de Minas e Energia no segundo governo Lula e tinha uma cadeira no Conselho de Administração da Petrobrás. Era, portanto, alguém que conhecia a questão.
Em setembro de 2013 novas revelações do Wikileaks dão conta de que o governo norte-americano espionava a Petrobrás e as contas eletrônicas da Presidente Dilma Rousseff. O fato levou a Presidente a cancelar uma visita que faria proximamente ao presidente Barak Obama.
Um problema que a política de combustíveis apresenta é o do refino do combustível. Até recentemente, a ultima refinaria construída fora a Getúlio Vargas em 1976, ainda no regime militar. Em 2009 é construída a Refinaria Potiguar Clara Camarão, ainda no governo Lula, o que foi timidamente mencionado pela imprensa. Outras começaram ganhar vulto: a Refinaria Abreu e Lima em Pernambuco, o complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (com obras ainda em andamento), e o início das obras das refinarias Premium I e Premium II no Maranhão. Em outras palavras, a Petrobrás é uma empresa forte e em expansão.
Nisto se encaixa a complexa questão da compra da refinaria de Pasadena, na Califórnia. Em 2004 a antiga Refinaria Crown estava praticamente falida, com uma dívida milionária (em 1998 chegou a ter um prejuízo de 829,4 milhões de dólares), quando foi comprada pela Astra Oil. A Astra pagou uma inexpressiva quantia pela refinaria: US$ 45,2 milhões pela refinaria e seus estoques de petróleo, mas assumiu uma dívida de US$ 300 milhões e investiu mais US$ 100 milhões para poder pô-la em operação.
Em 2006, ainda antes da descoberta do pré-sal, antes da construção da Refinaria Potiguar Clara Maranhão e antes da crise de 2008 nos USA, a Petrobrás compra 50% das ações da Astra Oil. Naquela ocasião, foram pagos US$ 190 milhões pela refinaria e US$ 170 milhões pela reserva de estoque da refinaria. Um desentendimento entre as duas parceiras (a capacidade de investimentos da Petrobrás na refinaria era maior do que a Astra Oil pretendia investir) chegou à justiça americana. Em 2010 a Corte Federal de Houston determina que a Petrobrás compre os restantes 50% da refinaria. Num acordo extra-judicial, a refinaria é comprada em 2012. A Petrobrás esclarece que no total, “foram desembolsados US$ 554 milhões com a compra de 100% das ações da PRSI-Refinaria e US$ 341 milhões por 100% das quotas da companhia de trading (comercializadora de petróleo e derivados), totalizando US$ 895 milhões. Adicionalmente, houve o gasto de US$ 354 milhões com juros, empréstimos e garantias, despesas legais e complemento do acordo com a Astra. Desta forma, o total desembolsado com o negócio Pasadena foi de US$ 1,249 bilhão.” As negociações foram conduzidas por Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa.
O fato é que a Petrobrás foi francamente prejudicada pela justiça norte-americana, primeiro, e pelos valores arbitrados, depois.
Em março de 2014. A Polícia Federal, investigando as operações de lavagem de dinheiro do doleiro Alberto Youssef (Operação Lava-Jato), chegou a Paulo Roberto Costa, que fora diretor da Petrobrás até 2012. Paulo Roberto Costa, engenheiro mecânico, era funcionário de carreira desde 1978. Desde 1995, durante o governo Fernando Henrique, costa tem cargos de direção na empresa. Por indicação do próprio tornou diretor da Gaspetro e depois Diretor de Abastecimento da Petrobrás. No atual governo, era indicação do PP. Dele dependia a aprovação para a construção de gasodutos, refinarias, plataformas, etc.
Paulo Roberto Costa utilizava-se de Youssef para lavar dinheiro que era fruto de propina paga por grandes empreiteiras. A PF já apreendeu mais de 700 milhões de reais desse dinheiro. As grandes empreiteiras (OAS, Queiroz Galvão, Mendes Júnior, Galvão Engenharia, IESA Óleo e Gás, Engevis, UTC, Camargo Correa) atuavam de forma cartelizada, sobrefaturando preços. Para poder agir livremente, pagavam propina a Costa.
Nestor Cerveró curiosamente também tem cargos de diretoria na Petrobrás desde 1995, sob o governo Fernando Henrique. Cerveró é acusado de ter recebido 15 milhões de dólares de propina do Estaleiro Samsung Heavy Industries da Coréia do Sul para comprar um navio para a Petrobrás.
A grande imprensa fez e ainda faz sobre essa questão um alarde extraordinário. Não que não merecessem destaque. Mas confundiu-se a atuação individual de pessoas corruptas com a instituição Petrobrás e com o governo. O objetivo parece evidente: desacreditar a Petrobrás e atingir a Presidente Dilma, que, em 2006 era do Conselho de Administração da empresa. Fabricam-se crises políticas a partir de atos individuais. Em uma orquestração envolvendo o grande capital internacional e interesses nacionais mesquinhos, articula-se a desestabilização do governo e articula-se um golpe.
Na última semana, a agência de classificação de risco Moody’s rebaixou a nota da Petrobrás para grau especulativo. Com isso, as ações da empresa despencaram. A Petrobrás não está quebrando. Estão tentando quebra-la, ou pelo menos enfraquecê-la para privatizá-la e internacionalizar seu capital. Para isso é necessário também a desestabilização política.
Aqui, os entreguistas (que por acaso também são os que articulam a desestabilização política) continuam na ativa. O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), um dos mais ferozes, apresentou um projeto (PLS 214/2014) para acabar com o sistema de partilha na exploração do pré-sal. Na prática, isto significa abrir a exploração do pré-sal para as grandes corporações estrangeiras.
Veja matéria em:
http://www.brasil247.com/
…/Aloysio-Nunes-quer-abrir-pr%C3%A…
A quem interessa a crise? Quando os governos não correspondem aos interesses dos poderosos, esses governos devem cair. Os golpes, hoje, tendem a ser “golpes brancos”, com menor uso da força, geralmente numa atuação conjunta do judiciário, imprensa e setores conservadores do parlamento. 
Os exemplos estão aí: Manuel Zelaya, Honduras (2009), acusado de “desobedecer leis”; Fernando Lugo, Paraguai (2012), acusado de “mau desempenho”. Em ambos os casos fabricou-se uma crise política que levou a uma desestabilização e a derrubada do poder. Em outros casos as tentativas de desestabilização ainda não surtiram efeito: Rafael Correa no Equador, Hugo Chaves e Nicolás Maduro na Venezuela, Cristina Kirchner na Argentina e, Lula e Dilma no Brasil.
No nosso país os velhos entreguistas continuam vivos. Os herdeiros da UDN e de Carlos Lacerda estão aí, abrigados em novas siglas, preparados para dar o bote. O faminto capital internacional saliva diante da Petrobrás. 
É necessário que todo cidadão consciente assuma a luta pela Petrobrás e reúna toda a foça que puder para evitar o golpe.
Ricardo Arthur Fitz
março de 2015

domingo, 1 de março de 2015

Repórter revela ligação da mídia com esquema bilionário do HSBC

Repórter revela ligação da mídia com esquema bilionário do HSBC

28/2/2015
Por Redação - do Rio de Janeiro

O banqueiro Saul Sabbá teve seu nome veiculado em uma lista de suspeitos no escândalo do HSBC
O banqueiro Saul Sabbá teve seu nome veiculado em uma lista de suspeitos no escândalo do HSBC
No site Megacidadania, o repórter Alexandre Teixeira revela como o ex-assessor de FHC, que integrava o programa de privatização da década de 90, Saul Dutra Sabba, dono do Banco Máxima, foi protegido pela mídia conservadora e teve seu nome retirado da primeira lista divulgada no país. “(O colunista do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo) Fernando Rodrigues enterra de vez a credibilidade do jornalismo ao ocultar os nomes dos correntistas brasileiros que estão camuflados no HSBC”, afirmou Teixeira ao jornalista João Pedro Werneck, em entrevista divulgada neste sábado.
O ‘Suiçalão’ ou Swissleaks, como ficou conhecido o escândalo, internacionalmente, tem como fonte original um especialista em informática do HSBC, o franco-italiano Hervé Falciani. Segundo ele, entre os correntistas, estão 8.667 brasileiros, responsáveis por 6.606 contas que movimentam, entre 2006 e 2007, cerca de US$ 7 bilhões, que em grande parte podem ter sido ocultados do fisco brasileiro.
No boletim do mandato da deputada Jandira Feghali, Werneck publica, na sessão Dois Dedos de Prosa, a conversa com Alexandre Teixeira.
– O jornalista Fernando Rodrigues, do UOL, não revela a lista com nomes de brasileiros donos de contas do HSBC na Suíça. O que isso aponta no jornalismo nacional?
– Fernando Rodrigues enterra de vez a credibilidade do jornalismo ao ocultar os nomes dos correntistas brasileiros que estão camuflados no HSBC (fugindo assim de suas responsabilidades tributárias). O termo “camuflados” se aplica com perfeição, pois autoridades francesas concluíram em 2013 que 99,8% de seus cidadãos na lista vazada praticavam o crime de evasão fiscal.
– Essa seleção do vazamento de informações tem caráter político? Ele mostra que Barusco, por exemplo, possuía contas por lá, mas não o ex-assessor de FHC. Por que?
– O número de brasileiros que utilizaram o mecanismo criminoso disponibilizado pelo HSBC é de aproximadamente 6 mil pessoas e já foi divulgado divididas da seguinte fome: 10%, ou seja, 600 contas estão vinculadas a empresas no exterior em paraísos fiscais (que é o método de esconder o dono do dinheiro); 20%, ou seja, 1.200 contas estão em nome de seus proprietários; 70%, ou seja, 4.200 contas são contas numeradas que é o tradicional artifício para ocultar seu proprietário.
Portanto, ao pinçar um nome dentre 1,2 mil identificados, Fernando Rodrigues comprova estar agindo com evidente imparcialidade, pois conseguimos identificar a conta do banqueiro Saul Dutra Sabba, dono do Banco Máxima e que foi assessor do FHC nas privatizações de grandes empresas como Vale e CSN, mas o Fernando Rodrigues, estranhamente, não teve interesse em divulgá-la.
– Qual é a relação da TV Globo neste processo noticioso? E por que?
– O blog Diário do Centro do Mundo está desenvolvendo uma série de reportagens sobre o escândalo da sonegação/corrupção da Rede Globo e identificou o paraíso fiscal das Ilhas Virgens como sendo o local onde a Globo executou seus crimes. É exatamente nestes paraísos fiscais que estão centenas de contas de brasileiros, via mecanismos fraudulentos do HSBC.
– O que o Brasil tem a perder com uma mídia se portando desta forma?
– O distinto público brasileiro ainda sofre forte influência da pauta midiática imposta por seis famílias que controlam os principais meios de comunicação, notadamente TV e rádio. É notório o vínculo político existente entre a velha mídia empresarial e os partidos oposicionistas. E é de conhecimento público que o HSBC é um grande financiador publicitário destas famílias que controlam a mídia brasileira. Portanto, a possibilidade concreta de que estas empresas de comunicação também tenham se utilizado desta bandalheira para roubar o dinheiro público (como é o caso do Grupo Clarín de Comunicação na Argentina), evidencia as reais motivações de Fernando Rodrigues (empregado que é do Grupo UOL/Folha de São Paulo) para encobrir a divulgação dos titulares destas contas camufladas.
Entendo que é dever de consciência política de todos que lutam contra a corrupção, exigir a imediata divulgação integral da lista dos saqueadores camuflados pelo HSBC – concluiu Alexandre Teixeira, editor do Megacidadania.

FONTE: http://correiodobrasil.com.br/noticias/brasil/reporter-revela-ligacao-da-midia-com-esquema-bilionario-do-hsbc/752813/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=b20150301