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sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

O tal "rapper" que insultou Chico Buarque

Por Jean Wyllys, em sua página no Facebook:

Sobre o episódio da ofensa e patrulha ideológica perpetradas por playboys herdeiros das capitanias hereditárias e antipetistas contra Chico Buarque no Leblon, ainda duas considerações:

1. A primeira é que, como sugerido, fui ao Google procurar saber quem é o tal "rapper" Túlio Dek (um dos ofensores de Chico Buarque) e o que encontrei, entre platitudes sobre sua vida amorosa passada em sites que se ocupam de subcelebridades, foi a informação de que ele é neto de Jairo Andrade. E, de acordo com esta matéria de 2007 do site A Nova democracia (http://www.anovademocracia.com.br/…/79-a-luta-camponesa-faz… ), o avô de Túlio Dek não era flor que se cheirasse!

"Jairo Andrade Bezerra, falecido há 4 anos, nasceu em Passos (MG) e foi extrema-direita de carteirinha. Entusiasta organizador da 'Marcha com Deus, pela Família, pela Liberdade' em 1964, atividade patrocinada pela CIA, que antecedeu ao golpe militar que derrubou o governo constitucional de João Goulart.

Foi para o sul do Pará no final dos anos 1960 e sempre teve apoio da ditadura militar para cometer todo tipo de desmandos na região. Roubou terras dos indígenas, posseiros e dos colonos assentados pelo Incra no assentamento Agropecus.

Jairo recebeu nove autuações por trabalho escravo. Teve seu nome incluído na Lista Suja do Trabalho Escravo, condenado por manter 97 trabalhadores escravizados na Fazenda Forkilha. Seu irmão, Gilberto Andrade recebeu igual condenação por trabalho escravo na fazenda Boa Fé, em Centro Novo (Maranhão). Apesar de denunciado por trabalho escravo (desde final dos anos 60), Jairo Andrade nunca deixou de receber recursos públicos da SUDAM para investir em sua propriedade.

Foi fundador da criminosa e arqui-reacionária UDR — União Democrática Ruralista, em 1985, sendo seu primeiro tesoureiro nacional. Subiu no palanque com Fernando Collor em Redenção nas eleições presidenciais de 1989. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, em 5/11/1994, Jairo Andrade — acusado de contratar pistoleiros para assassinar o ex-deputado e advogado de posseiros Paulo Fonteles e inúmeros trabalhadores rurais — não desconversou: descreveu mortes das quais participou, informou onde enterrou as vítimas e fez ameaças. Como sempre acontece com os crimes do latifúndio em nosso País, nada aconteceu a este bandido, réu confesso".


Bom, o tal Túlio Dek teve todas as oportunidades de ser alguém melhor que seu avô. Mas, a julgar pelo que fez a Chico Buarque; a julgar pelo tipo de valores que subjaz a seu discurso de analfabeto político e alienado (discurso que é também o dos outros playboys companheiros seus), Túlio Dek decidiu dar continuidade à capitania herdada.

E assim podemos traçar a genealogia dos canalhas que hoje aplaudem a tentativa de um novo golpe na democracia e de desmonte da Constituição Cidadã de 1988!

2. A segunda coisa é que quando comentei que publicaria esse texto, um amigo meu me disse que não o fizesse porque as pessoas de direita fascistas me atacariam na internet com insultos e calúnias; ao que eu lhe respondi:

"Meu caro, os fascistas, velhos e novos, já me insultam, caluniam e difamam na internet . Não só a mim, mas a todas as pessoas que se coloquem a favor da justiça social, das liberdades individuais, das minorias sexuais, étnicas e religiosas, da democracia, da honestidade intelectual e da vida com pensamento. Atacar essas pessoas com insultos impublicáveis e calúnias; deturpar suas falas; criar perfis falsos e robôs para encher caixas de comentários com discursos de ódio, enfim, destruir a civilidade e o respeito nas redes sociais é a nova forma de censura desses fascistas, sejam os novos, sejam os antigos. Muita gente, temendo essa violência simbólica (que ameaça ser física o tempo todo), cala-se ou se dedica a publicar platitudes para receber likes. Eu não! Jamais vou me acovardar diante de fascistas, pois corro o risco de ser cúmplice deles nessa covardia. Com Chico Buarque, aprendi a me perguntar: 'Como beber dessa bebida amarga; tragar a dor; engolir a labuta? Mesmo calada a boca, resta o peito. Silêncio na cidade não se escuta!'. Ninguém vai aproximar de mim novamente o cálice (o 'cale-se!') de vinho tinto de sangue, pois não vou deixar! Vou escrever, sim, esse texto e defender, sim, Chico Buarque"

domingo, 20 de dezembro de 2015

Movimentos sociais defendem democracia e fim do ajuste fiscal

Os movimentos sociais querem “a Dilma que elegeram”, cobrando que a presidenta assuma compromissos de campanha com os trabalhadores e a manutenção de conquistas sociais

Por Redação, com ABr – de Brasília
Os movimentos sociais que foram às ruas esta semana contra o impeachment defendem a continuidade do mandato da presidenta Dilma Rousseff, mas cobram uma mudança no rumo da política econômica, com duras críticas ao ajuste fiscal. Entidades como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) defendem a redução da taxa de juros e a retomada de investimentos públicos para estimular a economia.
Movimentos e entidades convocaram a população para manifestação por saídas populares à crise política e econômica
Movimentos e entidades convocaram a população para manifestação por saídas populares à crise política e econômica
Em reunião com Dilma um dia depois das manifestações, representantes da Frente Brasil Popular fizeram questão de mostrar à presidenta a insatisfação dos movimentos com as medidas econômicas que vem sendo tomadas pelo Palácio do Planalto. A presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE) – umas das organizações que articularam as manifestações – Carina Vitral, disse que as entidades esperam uma “guinada à esquerda” do governo Dilma.
— Fizemos uma declaração contrária ao impeachment golpista, mas também uma cobrança forte para que mudanças continuem sendo aprofundadas. Demonstramos uma contrariedade grande ao ajuste fiscal, que penaliza e aprofunda a crise econômica. A gente quer uma guinada do governo à esquerda, aprofundando direitos da classe trabalhadora, da juventude e dos movimentos sociais — disse, após reunião da Frente Brasil Popular com Dilma no Palácio do Planalto.
Nas manifestações, os movimentos sociais disseram querer “a Dilma que elegeram”, cobrando que a presidenta assuma compromissos de campanha com os trabalhadores e a manutenção de conquistas sociais.
O líder do MST, João Pedro Stedile, disse que os movimentos sociais estarão ao lado do governo na defesa do mandato de Dilma se o processo de impeachment for levado adiante, mas também criticou a demora do Palácio do Planalto em reagir a problemas da economia que afetam diretamente os trabalhadores, como o aumento do desemprego e da inflação.
— O governo tem que agir rápido diante da gravidade da crise econômica, tem que dar sinais para a população. Nossa sugestão é que o governo anuncie urgentemente medidas concretas que possam retomar o crescimento da economia para garantir o emprego e a renda dos trabalhadores. Para isso, o governo tem que reduzir a taxa de juros e precisa utilizar esses recursos públicos, que são nossos, para a volta do crescimento baseado nos investimentos na indústria, na construção de moradia popular, na infraestrutura, no transporte público e na agricultura familiar — sugeriu.
Na véspera, a presidenta Dilma Rousseff decidiu tirar Joaquim Levy do Ministério da Fazenda e substitui-lo por Nelson Barbosa, que ocupava o Ministério do Planejamento. Responsável por medidas como a mudança nas regras de acesso ao seguro-desemprego e a limitação do seguro defeso para pescadores, Levy era o principal alvo das críticas das entidades de trabalhadores.
— A CUT, que representa milhões de trabalhadores desse país, tem muito firmes suas posições contra essa política econômica, Levy não nos representa, trouxemos essa demanda para a presidenta — disse a secretária de Relação com os Movimentos Sociais da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Janeslei Albuquerque, no início da semana.
Em entrevista no fim da noite de ontem, o novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, disse que, para estabilizar a economia e promover sua recuperação, os esforços para o ajuste fiscal devem continuar.

Golpe é barrado no STF em julgamento surpreendente !

À exceção de um voto, os demais ministros também entenderam que o Senado poderá arquivar o processo de impedimento e barrar o golpe contra Dilma

Por Redação – de Brasília
A tentativa de golpe contra o governo constitucionalmente eleito da presidenta Dilma Rousseff saiu enfraquecida após o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), na tarde desta quinta-feira. Ao invés dos votos dos ministros mais notadamente progressistas, o STF surpreendeu ao derrubar a eleição promovida pela Câmara dos Deputados, que elegeu a comissão para análise do pedido de impedimento contra a presidenta Dilma Rousseff. Os ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes e o relator da matéria, ministro Edson Fachin, foram vencidos pela maioria.
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, na tarde desta quinta-feira, a eleição da chapa avulsa, ocorrida no dia 8 de dezembro, para formação da comissão especial que conduzirá o processo. O decisivo voto do ministro Marco Aurelio Mello foi seguido pela posição do ministro Celso de Mello. A Corte decidiu, ainda, por maioria absoluta, que a eleição sob a liderança do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) será anulada.
Lewandowski colocou uma pá de cal na tentativa de golpe ao governo Dilma
Lewandowski encerrou o processo em que foi afastada a tentativa de golpe contra o governo da presidenta Dilma
À exceção de um voto, os demais ministros também entenderam que o Senado poderá arquivar o processo de impedimento da presidenta e, assim, enterrar a tentativa de golpe de Estado, mesmo se o plenário da Câmara dos Deputados admitir a denúncia por crime de responsabilidade. Dessa forma, Dilma somente poderia ser afastada do cargo, por 180 dias, como prevê a lei, após a decisão dos senadores.
A maioria dos ministros seguiu o voto divergente do ministro Luis Roberto Barroso. O ministro divergiu do relator, ministro Edson Fachin, e considerou inaceitável a eleição de chapa avulsa, formada por deputados oposicionistas. Para Barroso, a candidatura não é constitucionalmente..

A Corte foi unanimidade em entender que não cabe defesa prévia de Dilma antes da decisão individual do presidente da Câmara dos Deputados

No dia 8 de dezembro, a chapa 2 – que apóia o golpe – intitulada Unindo o Brasil, foi eleita por 272 votos contra 199 da chapa oficial. A sessão foi marcada por um tumulto, uma vez que deputados contrários ao processo secreto de votação e ao lançamento de uma chapa alternativa para concorrer à comissão se desentenderam com os defensores do voto secreto e da chapa alternativa.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Contra golpe, gaúchos se incorporam a nova campanha da legalidade


Autoridades e políticos dos partidos PDT, PCdoB, PT, PSOL e Rede participaram nesta sexta (11) do lançamento de uma nova campanha da legalidade contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, junto ao busto do ex-governador Leonel Brizola, ao lado do Palácio Piratini, em Porto Alegre. Em 1961, Brizola liderou, a partir do Rio Grande Sul, a Campanha da Legalidade para lutar pela defesa da posse de João Goulart após a renúncia de Jânio Quadros.


   
O ato teve início com o pedetista e prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, lendo um documento de adesão ao Movimento Rede da Legalidade, capitaneado pelo governador do Maranhão, Flávio Dino.

“A democracia é maior que tudo e este pensamento nos permite separar, nesse momento, divergências ideológicas, programáticas, visões sobre a economia e projetos políticos para o País. É com esse discernimento que afirmamos que não há embasamento legal para o pedido de impeachment da presidente Dilma”, diz o documento, que também traz palavras de Brizola proferidas durante a Campanha da Legalidade.

Após esta leitura, Carlos Lupi, presidente nacional do PDT e ex-ministro do Trabalho dos governos Lula e Dilma, fez uma defesa veemente da legalidade e da necessidade de se defender o mandato da presidenta. “O momento que vive o país é muito grave, de ameaça à soberania constitucional”, disse.

Citando Brizola, Lupi afirmou que o processo de impeachment é um golpe de direita movido por “interesses impublicáveis” e disse que não era nenhum exagero compará-lo ao golpe militar de 1964. “Em 1964, começou com alguns civis apoiando o golpe. O governador da Guanabara, Carlos Lacerda, e o governador de Minas Gerais, José de Magalhães Pinto, defenderam porque achavam que iam ser presidentes em seis meses. O que era para durar seis meses durou 21 anos”, disse.

O ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (RS), salientou que, por trás do processo de impeachment da presidente Dilma, estão as mesmas forças conservadoras que tentaram interromper a ordem democrática nos anos 1950 e 1960.

“(O impeachment) É um instrumento de uma luta antirepublicana que sempre existiu no Brasil. Fizeram isso contra o Juscelino, fizeram isso contra o Jango, contra o Getúlio, contra o Brizola”, disse Tarso. “Não precisa mais de golpe militar, inclusive não há disponibilidade hoje das Forças Armadas para golpe militar, então eles utilizam essa força do capital financeiro, que submete a Constituição, que constrange a sociedade, que chantageia com equilíbrio macroeconômico, criando distorções na ordem republicana para se apropriar do Estado novamente. Então, é uma diferença qualitativa. Agora, o sentido estratégico é o mesmo, perverter o processo democrático, reduzir a influência dos movimentos sociais na definição de políticas públicas, manter as desigualdades sociais que nós vivemos”, complementou.

Defesa da legalidade

No ato, Carlos Lupi afirmou ainda que é preciso travar uma disputa de comunicação para esclarecer a população sobre as consequências de um possível impeachment. “Eu acho que a gente tem que fazer um contraponto de informação. A gente tem que esclarecer a população que, se tiver impeachment, não tem eleição direta, não. Muita gente do povo acha: ‘ah, vamos impedir a presidenta para fazer eleição’. Não tem. Segundo, na linha de sucessão da presidenta, depois de ela ser impedida, vem o Michel Temer, que é do PMDB. O mesmo PMDB do Eduardo Cunha, que tá indiciado pelo Ministério Público suíço, indiciado pelo Ministério Público brasileiro, pela Procuradoria Geral da República, suspeito de várias ações criminosas. (...) Que legitimidade tem essa gente de pedir o impedimento da presidente Dilma, que não paira sobre ela um único indício de qualquer responsabilidade. É um jogo pesado da política para apeá-la do poder e ficar no lugar dela”, afirmou.

Ele reiterou que, nesta nova campanha da legalidade, não se trata de defender o governo Dilma, mas a própria democracia. “O impeachment é algo muito sério. Ninguém pode começar a travar o impeachment porque não simpatiza, porque o Ibope está baixo, porque não gosta de um presidente, de um governador ou de um prefeito. Se isso virar moda, porque a população vai votar? Pode mudar daqui a seis meses, daqui a um ano, dependendo da vontade da oposição”, disse Lupi.

O deputado federal Henrique Fontana (PT) foi na mesma linha: "Acima de tudo, nós estamos defendendo um mandato legítimo, de uma mulher que jamais roubou um centavo do dinheiro público. Não cometeu um único crime e querem cassar o mandato dela com a assinatura e a liderança de um dos políticos mais corruptos do Brasil (Eduardo Cunha). Nós não podemos aceitar isso”, disse o deputado. “A única maneira que a democracia aceita colocar alguém no poder é através do voto da maioria da população. O que eles estão tentando fazer é pegar um atalho”.

Também participaram do ato o ex-governador Olívio Dutra, os deputados federais Maria do Rosário (PT), Deonilso Marcon (PT), os deputados estaduais Luiz Fernando Mainardi (PT), Stela Farias (PT), Edegar Pretto (PT), Tarcisio Zimmermann (PT), Manuela D’Ávila (PCdoB), Junior Piaia (PCdoB), o ex-prefeito de Porto Alegre Raul Pont, a ex-candidata à presidente Luciana Genro (Psol), o trabalhista histórico e ex-líder do governo Brizola na Assembleia Legislativa do Estado Sereno Chaise, entre outros.


Do Portal Vermelho, com Sul 21

Cardozo: Decisão do STF sobre impeachment evita vingança


O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse nesta sexta-feira (11) que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tramitação do pedido de impeachment no Congresso Nacional vai evitar que o instrumento seja usado como “retaliação ou vingança” pela oposição.


Agência Brasil
Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo
Na próxima semana, o STF vai analisar a validade da Lei 1.079/50, que regulamenta as normas de processo e julgamento do impeachment. A legalidade da norma foi questionada pelo PCdoB, que conseguiu na Corte uma liminar do ministro Edson Fachin para suspender a tramitação do processo contra a presidenta Dilma Rousseff, iniciada na Câmara dos Deputados, até decisão do tribunal.

“Algumas questões são muito importantes que fiquem acertadas pela Corte para que não ficarem sujeitas ao arbítrio do presidente da Câmara [Eduardo Cunha]. O que vimos, em algumas situações, é que realmente a lei precisa ser bem interpretada e definida de forma sóbria. Acho que a decisão do Supremo será muito bem-vinda para que o processo de impeachment não seja usado como retaliação, como forma de vingança, o que contraria a Constituição Federal, a ordem jurídica nacional”, disse Cardozo em entrevista no Palácio do Planalto após a entrega do 21º Prêmio Direitos Humanos.

Ao comentar a decisão do PSDB de unificar o partido em torno da defesa do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o ministro disse que não se surpreendeu com a atitude do principal partido de oposição, mas que lamenta a adesão de pessoas que, segundo ele, sempre estiveram ligadas à defesa da democracia.

“O que eu lamento é que algumas pessoas que historicamente ajudaram a construir a democracia no Brasil e que têm uma biografia na defesa do Estado de Direito parecem ter esquecido do que defenderam no passado e agora, por questões momentâneas, abrem mão de princípios”, afirmou Cardozo, sem citar nomes.


Fonte: Agência Brasil

Dilma pede que Supremo anule golpe de Cunha


A presidenta Dilma Rousseff pediu, nesta sexta (11) que Supremo Tribunal Federal (STF)  anule a todos os atos praticados até agora pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em relação ao impeachment – tanto o acolhimento do pedido quanto a formação da comissão especial que analisará o tema. Ao prestar informações para o julgamento da ação do PCdoB que questiona o rito do processo, a presidente argumentou que Cunha não ouviu sua defesa antes de tomar a decisão.


   
"É de inegável prejuízo a autorização para prosseguimento do processo pelo Presidente da Câmara dos Deputados sem a indispensável oitiva prévia do denunciado, pois é neste momento que ele poderá influenciar o juízo sobre a existência ou não de justa causa ou de outras condições de procedibilidade", diz um dos trechos do documento, encaminhado por Dilma e redigido pelo consultor-geral da União substituto, Fabrício da Soller.

Ela justifica, no documento, que o acolhimento de um processo de imepachment é "ato tão grave e de consequências tão significativas, que o princípio da ampla defesa e do contraditório não se coaduna com a impossibilidade do presidente da República se contrapor à denúncia antes da decisão do presidente da Câmara".

"Somente uma pessoa que vivesse em estado de alienação acerca do que o país está a testemunhar nos últimos dias poderia dizer que não traz nenhum prejuízo para o denunciado e para o próprio País a decisão de recebimento da denúncia e a sua consequente leitura no plenário da Câmara", diz outro trecho do texto, que possui 23 páginas.

As informações prestadas por Dilma foram pedidas pelo ministro Edson Fachin para embasar o julgamento pelo STF de ação do PCdoB que questiona o rito do processo definido por uma lei de 1950, bem como os atos praticados até então pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, sobre o tema. O partido argumenta que os procedimentos para um afastamento de presidente devem se adequar à Constituição de 1988.

No documento enviado ao STF, a Presidência concorda com todos os pedidos do partido. Além de anular o ato de Cunha, Dilma defende as votações relativas ao impeachment sejam abertas, ao contrário do que ocorreu na eleição da comissão especial da Câmara que analisará as acusações, contestada pelo PCdoB na ação

Em outro trecho, a Presidência avalia que somente o Senado pode autorizar o afastamento, porque cabe a ele "instaurar o processo". "É natural que esse juízo acerca da instauração ou não do processo seja de fato objeto de deliberação pelos senadores da República, já que dessa instauração é que decorrerá a gravíssima consequência da suspensão do Presidente da República de suas funções", diz o texto.

O documento afirma ainda que, mesmo que a Câmara conclua por autorizar o processo de impeachment, o Senado pode recusar a instauração do processo. "Caberá ao Senado Federal fazer um juízo de valor sobre a instauração ou não do processo, no caso dos crimes de responsabilidade, assim como o STF o faz no caso dos crimes comuns. Quer-se dizer com isso que o Senado Federal não está obrigado a instaurar o processo, uma vez concedida a autorização".

A ação do PCdoB será analisada na próxima quarta-feira 16, pelos ministros do Supremo, ocasião em que também deverão avaliar os parecer. Mais cedo, o Senado também havia se manifestado, defendendo que a Casa não é obrigada a seguir uma decisão da Câmara sobre o impeachment.  


Do Portal Vermelho, com Brasil 247 e G1

Polícia invade teatro em São Paulo para agredir estudantes

Polícia invade teatro em São Paulo para agredir estudantes

Quatro soldados da Polícia Militar de São Paulo, montados em motocicletas invadiram o Teatro de Arena Eugênio Kusnet, localizado na região central de São Paulo, e espancaram três adolescentes que se escondiam da repressão contra os participantes de um ato de protesto pela reorganização do ensino público proposta pelo governado Geraldo Alckmin (PSDB).


Paulo Goya/Facebook
A Polícia Militar invadiu, de moto, o hall do teatro, foi até a bilheteria e espancou os meninos A Polícia Militar invadiu, de moto, o hall do teatro, foi até a bilheteria e espancou os meninos
A Polícia Militar invadiu, de moto, o hall do teatro, foi até a bilheteria e espancou os meninos
São Paulo – Quatro soldados da Polícia Militar de São Paulo, montados em motocicletas invadiram o Teatro de Arena Eugênio Kusnet, localizado na região central de São Paulo, e espancaram três adolescentes que se escondiam da repressão contra os participantes de um ato de protesto pela reorganização do ensino público proposta pelo governado Geraldo Alckmin (PSDB).

"A gente estava aqui quando a PM veio perseguindo três jovens, entrou com motocicleta dentro do teatro, que é uma instituição federal, foi até a bilheteria e espancou os meninos", relatou o diretor musical do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, Eugênio Lima, que dava aula no local quando ocorreu a invasão.

Em nota, a Fundação Nacional de Artes (Funarte) reiterou o relator de Eugênio e afirmou que "os policiais retiraram à força os jovens de dentro da bilheteria do teatro, sem ordem de prisão, nem qualquer tentativa de manutenção da ordem – apenas com agressões aos adolescentes."

"A Funarte repudia essa ação arbitrária e violenta, que fere os direitos previstos na Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente e, principalmente, o Estado Democrático de Direito. Em defesa da memória do Teatro de Arena e de todos os artistas que fizeram desse espaço palco da luta insubmissa e revolucionária contra a ditadura militar, a Funarte e o Ministério da Cultura, gestores do teatro, exigem esclarecimentos do Governo do Estado de São Paulo sobre o episódio", diz em nota.

O ministro de Cultura, Juca Ferreira, afirmou ontem (10) que está "chocado com a atuação da polícia", e solicitou esclarecimentos ao governo Alckmin sobre o caso.


VEJA MAIS EM : http://www.vermelho.org.br/noticia/274020-8

Banditismo midiático: Folha confessa que manipulou declaração de Lula

11 de dezembro de 2015 -


Banditismo. Essa é a palavra que sintetiza a conduta da grande imprensa para criminalizar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta quinta-feira (10), o Instituto Lula divulgou nota denunciando que o jornal Folha de S. Paulo, descaradamente, atribui a Lula fala que não existiu em uma entrevista ao jornal espanhol El País.


   
“Agindo de má-fé, atribuiu ao ex-presidente uma fala que não existiu. Em nenhum momento, Lula afirmou que os pobres terão de deixar de comer carne para comer somente arroz durante a crise. A Folha distorceu um trecho da versão que leu (mal) em espanhol. Para deixar mais clara sua má-fé, o jornal escolheu a distorção como manchete de uma matéria que apenas toca superficialmente nos temas discutidos durante a conversa e deu a ela destaque na home do UOL”, diz a nota.

A ação criminosa foi classificada como uma atitude “irresponsável” e “lamentável”. “No site em português do El País, a Folha poderia ter encontrado a transcrição do que foi dito, sem precisar recorrer à tradução criativa”, continua o Instituto.

“São 12 anos em que houve o maior processo de mobilidade social da história de 500 anos desse país, em que nós dobramos o número de jovens nas universidades, e que o salário aumentou quase 74% em termos reais e foram 12 anos em que, foi um momento mais extraordinário de participação da sociedade na discussão das políticas públicas do governo. Você poderia perguntar para mim eles vão perder? Eu acho que não. Estamos passando por uma certa dificuldade, ou seja, nós passamos a comer carne quase todo dia, agora eu vou ficar um dia sem comer carne”, finaliza a nota.

Como é de praxe, o jornal publicou nota após às 16 horas tratando a manipulação dos fatos como “erro”, e informou que corrigiu a distorção no site, numa clara tentativa de fugir da Lei do Direito de Resposta.


Do Portal Vermelho, com informações do Instituto Lula

"Osvaldão foi da estirpe de Zumbi", diz crítico do Estadão

11 de dezembro de 2015 -


O filme "Osvaldão", realizado por Fundação Mauricio Grabois, Clementina Filmes e Estrangeira Filmes, está sendo exibido em várias regiões do pais. Dirigido por Ana Petta, Vandré Fernandes, Fábio Bardella e André Michiles, a obra ganha cada vez mais espaço na mídia. Abaixo, reproduzimos comentário do crítico de cinema do jornal "O Estado de S. Paulo", Luiz Carlos Marten.


Divulgação
   
'Osvaldão' resgata comandante negro do Araguaia
 
Por Luiz Carlos Marten

Teria sido um ganho simbólico se o documentário Osvaldão houvesse estreado apenas duas semanas atrás, no feriadão do Dia da Consciência Negra. Pois o que o filme resgata é justamente um personagem pouco conhecido e até desconhecido da história recente do Brasil. Ou você vai jurar que já ouviu falar do comandante negro da Guerrilha do Araguaia? A ditadura militar fez o que pôde para apagar seus vestígios, mas ele ressurge com força no documentário de Ana Petta, André Michiles e Fábio Bardella.

Vamos logo esclarecendo que a forma não é a mais brilhante nesse trabalho coletivo. Osvaldão não busca novas formas narrativas, como faz Lúcia Murat em seu ensaio poético Em Três Atos, que mistura mídias - dança, teatro, cinema e literatura. Osvaldão até que não deixa de ser aristotélico, armando sua tragédia em três atos, mas o relato não foge muito do de outros documentários - entrevistas, material de época etc. E é justamente uma raridade de arquivo que faz a diferença. A produção descobriu um filme feito na antiga Checoslováquia, em 1961.

Encontro na Antibabilônia é sobre jovens de todo o mundo no país comunista. O personagem principal é justamente Osvaldo Orlando da Costa, o mineiro que se tornaria o mítico comandante do Destacamento B da Guerrilha do Araguaia, no Pará, onde se travou um dos capítulos mais sangrentos da resistência armada à ditadura militar. Foram três ofensivas do Exército e, somente na terceira, a mais brutal de todas, os militares lograram derrotar a guerrilha. Não lograram, contudo, apagar a figura de Osvaldão no inconsciente coletivo. Negro, atlético, campeão de boxe, guerrilheiro. Osvaldão foi da estirpe de Zumbi dos Palmares e Antônio Cândido, celebrado como o Almirante Negro na voz de Elis Regina por sua luta no episódio que ficou conhecido como 'Revolta da Chibata'.

Mineiro de Passa Quatro, foi o primeiro combatente a chegar ao sul do Pará, em 1967, com a missão de implantar uma frente da guerrilha. Tornou-se mítico por sua identificação com a floresta - mateiros contam como virava árvore, pedra. Morreu em 1974, aos 35 anos. Seu corpo foi pendurado num helicóptero que sobrevoou a área para mostrar a todos que estava morto. Depois, o cadáver sumiu.

No Araguaia, entre 1972 e 75, houve a maior ação do Exército desde a Guerra de Canudos. O filme não é um registro jornalístico. Impossível cobrar 'objetividade' ou 'isenção'. O conceito é 'fordiano', estabelecido pelo mestre John Ford em seu western crepuscular O Homem Que Matou o Facínora. Quando a lenda supera a realidade, o que faz o jornalista? No filme, Edmund O'Brien publica a lenda. A grandeza dos derrotados. Osvaldão permanece vivo na lembrança. Os povos da mata contam sobre ele histórias que perpetuam o mito. São elas - e o documentário checo - que estruturam o relato. O texto é dito por Criolo, Leci Brandão e Antônio Pitanga, três militantes da consciência negra. Osvaldão recoloca seu personagem na história. Não é pouca coisa


Fonte: O Estado de S.Paulo