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quinta-feira, 28 de abril de 2016

O Calvário das Viúvas foi "a limpeza" das mulheres do território pós guerra.









Que insulto á condição humana é esse!?
Tratar mulheres como na época sombria do nazismo???
Infelizmente como cidadão belga, sei que na Segunda guerra, Tudo isso aconteceu
E não quero que aconteça com mulheres de ideologia  diferente, como deseja  Bolsonaro 

 "O deputado Jair Bolsonaro recentemente declarou em uma entrevista que as mulheres que se consideram feministas mereciam O Calvário das Viúvas. !!!!!!

Como pouco se sabe sobre a Épuration Légale, a afirmação dele foi esquecida.
O Calvário das Viúvas foi "a limpeza" das mulheres do território pós guerra. 

Quando os soldados nazistas invadiam as cidades europeias, estupravam mulheres e as mantinham sob ameaças. Mulheres viúvas ou que os maridos tinham partido para a guerra, eram submetidas a todo o tipo de "trabalho" e abusos para os soldados alemães. Após a liberação dos territórios ocupados pelos alemães dos países europeus, milhares de mulheres que tinham esse tipo de relacionamento (trabalho e abusos sexuais) com os soldados alemães eram retiradas de suas casas para serem expostas em praças públicas pelas mãos dos homens da família tradicional da cidade.

Era como a caça bruxa das impuras, se houvesse um indício qualquer, a mulher tinha sua cabeça raspada e era exposta em público como desgraça da nação. Muitas vezes só raspar a cabeça não bastava, eram despidas, abusadas, desenhavam a suástica nos seus rostos, ou queimavam a marca com ferro em brasa na testa.

Elas ficavam conhecidas como "nacionalmente indignas" e além da humilhação pública, sofriam penas de seis meses a um ano de prisão, seguida da perda total de direitos civis por mais um ano, quando ainda eram violentadas e insultadas nas ruas. Muitas não suportaram a vergonha daquela situação e sucumbiram cometendo suicídio. Há um registro não oficial na França de que mais de 300.000  suicidaram na época.

Seus filhos foram usados indiscriminadamente para testar medicamentos não aprovados. Somente em 2005, o parlamento norueguês publicou um pedido formal de desculpas a essas vítimas inocentes e aprovou a compensação para as experiências no valor de 3 milhões de euros.

É isso que um homem que defende a moral e os bons costumes da família tradicional brasileira quer que aconteça com mulheres que decidem ter uma ideologia. É isso que defende um homem que prega a justiça com as próprias mãos, como faziam com o Calvário das Viúvas - uma população despejando ódio nos seres humanos, como sempre, mais vulneráveis: As mulheres. Jair Bolsonaro não é novo, ele é só uma reprodução dos mesmos homens de antes, do que sempre aconteceu. Uma repetição de um passado que lutamos tanto progredir, que nos indignamos quando abrimos um livro de história.

Será que ainda somos os mesmos inquisidores do Calvário das Viúvas? Será que ainda não evoluímos ao ponto de proporcionar direitos humanos outros? Ao ver que ele é eleito deputado com o maior número de votos do estado do Rio de Janeiro, acredito que não mudamos, só disfarçamos nossa inquisição interna com a hipocrisia de "cidadãos que querem a democracia"

Autor Anônimo do texto acima 
PS_ Há controvérsias sobre a citação do Deputado no site do E-Farsas. 

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Impeachment é o novo Plano Cohen versão 2016 -DILMA e GETULIO VARGAS

Impeachment é o novo Plano Cohen

:
Entre o golpe de 1930 – que os historiadores houveram por bem chamar de "revolução" – e o de 1937, o Brasil viveu um breve, porém agitado, período democrático, mesmo com Getúlio Vargas no poder.
Em 1934 entrou em vigor uma nova constituição, formulada por uma Assembleia Constituinte, que legalizou a situação de Vargas, transfomando-o em presidente da República, por eleição indireta dos constituintes, com mandato de quatro anos, improrrogáveis e marcou eleições presidenciais para janeiro de 1938.
Em mais um gesto voltado, na aparência, para agradar aos paulistas, que ele tinha esmagado em 1930 e em 1932, Getúlio colocou no governo dois ministros de São Paulo: Macedo Soares e Vicente Rao.
A Assembleia Constituinte também elegeu o novo governador de São Paulo, Armando de Salles Oliveira, engenheiro formado pela Escola Politécnica, que tinha sido interventor de Getúlio a partir de 1933. Salles assumiu o cargo de governador, agora também legalizado, a 11 de abril de 1935 e o deixou a 29 de dezembro de 1936 para se lançar candidato a presidente da República.
Desde o início ficou claro que ele entrara para ganhar. Apoiado pelas forças econômicas paulistas, naturalmene conservadoras, que tinham sido fustigadas por Vargas em 1930, sua campanha, lançada em janeiro de 1937 num banquete-monstro, como era comum na época, tendo por convidados de honra os ministros Macedo Soares e Vicente Rao tinha por objetivo recolocar São Paulo na liderança política do país.
Alto e magro, cabelos penteados para trás, ele discursava de forma empolada, como se cantasse, e seus gestos que lembravam os de um maestro regendo a orquestra, mas seus pronunciamentos empolgavam pelo conteúdo, sempre polêmico e pela forma grandiloquente.
"A nossa campanha está aberta" proclamou Salles no banquete inaugural, realizado no Theatro Municipal. "E as suas perspectivas são tais que os próprios cegos as veem. A bandeira que erguemos não é pequena. É uma só e está sustentada por brasileiros de todos os pontos do país. O seu tamanho é, por conseguinte, o tamanho do próprio país".
Além dos empresários paulistas, Salles tinha apoio de governadores do Nordeste e – mais importante que tudo – do poderoso governador do Rio Grande do Sul, general Flores da Cunha. Ex-aliado de Getúlio em 1930, além de ser o governador ele comandava uma tropa estadual portentosa.
Um dos pontos altos da campanha foi a visita de Salles a Porto Alegre. Desembarcando no porto do rio Guaíba, ele foi recebido por uma multidão entusiasmada que lotou completamente o cais. O automóvel em que se deslocava mal conseguia avançar, tal era a aglomeração à sua volta. Faixas com dizeres otimistas tais como "certos da vitória" foram penduradas em todo o percurso.
Dois outros políticos estavam na disputa. O ex-ministro da Viação Civil de Getúlio, o escritor José Américo de Almeida era o candidato oficial do governo, mas sua campanha não tinha nem o mesmo vigor nem os mesmos investimentos da de Salles e nenhum entusiasmo de Vargas. O máximo que disse a respeito foi: "José Américo é um bom candidato porque divide".
O terceiro postulante era o chefe da Ação Integralista, Plinio Salgado. Seu movimento, de inspiração nazi-fascista tinha representantes no governo Vargas, o que leva a crer que, embora não fosse candidato oficial, contava com certo apoio governamental.
Fazia sua campanha nas principais avenidas do Rio de Janeiro, onde marchavam homens vestidos de preto, com bandeiras nazistas e saudações à la "heil Hitler", como também grupos de mulheres e de estudantes de todas as idades, inclusive crianças.
Estava claro que o candidato a combater era Salles. O lance mais ousado – e no qual Vargas vislumbrou o grande perigo que ele representava – deu-se em meados de 1937. No dia em que a constituição completou três anos, Salles promoveu, na capital federal, um imenso comício noturno, no estádio do América F.C., ao qual compareceram 50 mil cariocas.
Sob o manto da U.D.B. (União Democrática Brasileira), uma congregação de partidos estaduais que pretendia se tornar nacional, ele expôs, nessa noite os cinco pontos defendidos por sua candidatura: 1) luta pela democracia; 2) voto secreto; 3) pluralidade partidária; 4) defesa das liberdades políticas e 5) eleições em janeiro de 1938.
Vargas, como de hábito, ficou na moita durante toda a campanha, dando a impressão de que deixava a coisa rolar, sem interferir no andamento, sem declarações, passando à opinião pública a impressão de que abandonara o autoritarismo e aceitaria de bom grado a decisão que os brasileiros tomassem pelo voto direto e secreto, em janeiro de 1938, mesmo se perdesse, o que parecia inevitável
Tudo indicava que Armando Salles de Oliveira seria o próximo presidente eleito do Brasil quando, no dia 1º. de outubro de 1937, os jornais assustaram os cariocas com manchetes retumbantes.
O Estado Maior do Exército, chefiado pelo germanófilo Goes Monteiro havia descoberto um documento sigiloso com as digitais do Komintern logo chamado pela imprensa de "tenebroso".
Mesmo sem questionar como foi descoberto, onde, como, quando e porque os jornais o consideraram verdadeiro, pois a fonte, segundo os editores, era quentíssima. Tratava-se de um plano em que Moscou orientava os comunistas brasileiros a derrubarem o governo Vargas, insuflando a classe operária a promover saques e depredações na capital federal.
Nos dias seguintes, as manchetes, sempre ameaçadoras, informavam que os ministros militares, em nome da "salvação da Pátria" solicitavam que o presidente da República clamasse ao Congresso para ser decretado, de forma urgente, mas legal, o "estado de guerra", a fim de evitar que a tragédia se abatesse sobre o Brasil.
Não se falava de outra coisa nas ruas do Rio. Na Confeitaria Colombo, nos botecos populares e nas praças públicas os cariocas, assustados com a promessa comunista de saques e depredações já não viam a hora de o "estado de guerra" ser oficializado, mesmo sem saber direito do que se tratava, para salvá-los dos "comedores de criancinhas" e agora candidatos a vândalos que poderiam, inclusive, depredar suas casas.
O clamor "das ruas" ecoava no Congresso. Não havia tempo a perder. "Estado de guerra"! era a palavra de ordem na boca dos parlamentares, que não podiam decepcionar seus eleitores, expostos a um perigo iminente.
Somente um deputado teve a ousadia de contestar a onda avassaladora.
"A Câmara sabe o que esta medida significa"? perguntou Octavio Mangabeira, num discurso que ninguém quis ouvir. "O que esta medida representa? Está a Câmara devidamente informada dos fatos que a justificam? Que satisfação dará ao país votando imediatamente como se pretende medida de tal gravidade sem ao menos ter salvo as aparências nem ao menos ter dado a impressão de que examinou devidamente as peças ou os documentos que lhe foram apresentados, sem mesmo sequer os ter lido"?
Seu discurso não foi suficiente, é claro, para conter a avalanche. O estado de guerra foi aprovado a toque de caixa – sem resistência. Não se tem notícia de comemorações efusivas, provavelmente não, porque a TV Globo não existia.
Decretado o "estado de guerra"", o passo seguinte foi o ministro, da Guerra, é claro, Eurico Gaspar Dutra determinar o imediato envio de tropas ao Rio Grande do Sul. Para proteger nossas fronteiras, suspeitando que Moscou invadisse o Brasil a partir do Uruguai? Não, para dar um xeque-mate no general Flores da Cunha, "federalizando" suas poderosas tropas estaduais, que passaram a obedecer ao comando do Ministro da Guerra.
Flores da Cunha não teve outra coisa a fazer senão renunciar ao cargo de governador e partir para o exílio, abandonando o país e a campanha de Armando de Salles de Oliveira de quem era o mais poderoso aliado (o único que dispunha de tropas).
O valente paulista não deu o braço a torcer, avaliou que ainda haveria eleições, mesmo com "estado de guerra" e seria consagrado nas urnas.
Mal sabia ele que um golpe maior do que aquele, contra a sua candidatura, estava em marcha e seria consumado a 10 de novembro de 1937, quando Vargas, apoiado no "estado de guerra" decretado legalmente e que se fundamentava, por sua vez, no "plano tenebroso" que ficou conhecido com o "Plano Cohen" fechou o Congresso, extinguiu os partidos, cancelou as eleições e rasgou a constituição de 1934, substituindo-a por outra, redigida por um obscuro advogado que, de secretário da Educação do Distrito Federal foi promovido a Ministro da Justiça do novo governo, agora denominado "Estado Novo". E que não foi submetida aos deputados e senadores, pois não havia mais nem Senado, nem Câmara dos Deputados.
Somente o ministro da Agricultura, Odilon Braga, não assinou a infame e autoritária constituição de Francisco Campos e somente o embaixador nos Estados Unidos, Oswaldo Aranha a criticou, ainda assim não publicamente, mas em carta ao seu irmão:
"Essa constituição foi concebida por um anormal".
No dia seguinte, o ministro da Guerra, naturalmente por ordem de Vargas expediu um comunicado aos militares, reproduzido em manchete por "O Globo":
"Qualquer perturbação da ordem será uma brecha para os inimigos da Pátria, para os adversários do regimen democratico que nos consagra".
Num toque de mágica, um golpe autoritário foi classificado de evento de um "regimen democratico", por decisão de Vargas, do ministro da Guerra e da imprensa.
Mas não acaba aí essa história que teve consequências funestas para os brasileiros, com centenas de prisões, torturas, queima de livros e de bandeiras, proibição de obras primas como "O grande ditador", de Charles Chaplin, dentre outros crimes.
Em 1945, quando o "regimen democratico" de Vargas agonizava, pressionado externa e internamente depois de o Brasil ter participado, ao lado de outros países democráticos da campanha vitoriosa da Segunda Guerra Mundial, que derrotou os regimes autoritários da Alemanha e da Itália, o general Goes Monteiro revelou, espontaneamente. que o "Plano Cohen" não fora escrito pelo Komintern, nem representou qualquer ameaça dos comunistas aos cariocas, nem ao Brasil.
Não passou de um papelucho redigido por um agente secreto dos quadros da Ação Integralista – o capitão Olympio Mourão Filho, que, em 1964, detonaria o golpe militar – sob encomenda de Plinio Salgado, que o ofereceu de bandeja a Getúlio Vargas, que prometera transformá-lo em Ministro da Educação do Estado Novo.
Recomendo aos homens e mulheres de bem do Senado, onde hoje começa a discussão da versão 2016 do Plano Cohen, desta vez batizado de "impeachment", que leiam essa história para, inspirados nela, não permitirem que mais uma fraude, de consequências imprevisíveis, mas sempre dolorosas, seja usada com o objetivo de derrubar um presidente da República e macular, de novo, a democracia brasileira.
LEIA AQUI: 

FONTE - http://www.brasil247.com/pt/blog/alex_solnik/228089/Impeachment-%C3%A9-o-novo-Plano-Cohen.htm

sexta-feira, 22 de abril de 2016

ONU para a América Latina, condenou a tentativa de golpe no Brasil !




A razão real que os inimigos de Dilma Rousseff querem seu impeachment

A razão real que os inimigos de Dilma Rousseff querem seu impeachment

Corrupção é só um pretesto para os ricos e poderosos que falharam em derrotá-la nas eleições
 Para ler este artigo em Inglês, clique aqui
Dilma Rousseff
 Dilma Rousseff: the target of the rich and powerful. Photograph: Fernando Bizerra/EPA
Ahistória da crise política no Brasil, e a mudança rápida da perspectiva global em torno dela, começa pela sua mídia nacional. A imprensa e as emissoras de TV dominantes no país estão nas mãos de um pequeno grupo de famílias, entre as mais ricas do Brasil, e são claramente conservadoras. Por décadas, esses meios de comunicação têm sido usados em favor dos ricos brasileiros, assegurando que a grande desigualdade social (e a irregularidade política que a causa) permanecesse a mesma.
Aliás, a maioria dos grandes grupos de mídia atuais – que aparentam ser respeitáveis para quem é de fora – apoiaram o golpe militar de 1964 que trouxe duas décadas de uma ditadura de direita e enriqueceu ainda mais as oligarquias do país. Esse evento histórico chave ainda joga uma sombra sobre a identidade e política do país. Essas corporações – lideradas pelos múltiplos braços midiáticos das Organizações Globo – anunciaram o golpe como um ataque nobre à corrupção de um governo progressista democraticamente eleito. Soa familiar?
Por um ano, esses mesmos grupos midiáticos têm vendido uma narrativa atraente: uma população insatisfeita, impulsionada pela fúria contra um governo corrupto, se organiza e demanda a derrubada da primeira presidente mulher do Brasil, Dilma Rousseff, e do Partido dos Trabalhadores (PT). O mundo viu inúmeras imagens de grandes multidões protestando nas ruas, uma visão sempre inspiradora.
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Brazilian president Dilma Rousseff faces impeachment - video explainer
Mas o que muitos fora do Brasil não viram foi que a mídia plutocrática do país gastou meses incitando esses protestos (enquanto pretendia apenas “cobri-los”). Os manifestantes não representavam nem de longe a população do Brasil. Ao contrário, eles eram desproporcionalmente brancos e ricos: as mesmas pessoas que se opuseram ao PT e seus programas de combate à pobreza por duas décadas.
Aos poucos, o resto do mundo começou a ver além da caricatura simples e bidimensional criada pela imprensa local, e a reconhecer quem obterá o poder uma vez que Rousseff seja derrubada. Agora tornou-se claro que a corrupção não é a razão de todo o esforço para retirar do cargo a presidente reeleita do Brasil; na verdade, a corrupção é apenas o pretexto.
O partido de Dilma, de centro-esquerda, conseguiu a presidência pela primeira vez em 2002, quando seu antecessor, Lula da Silva, obteve uma vitória espetacular. Graças a sua popularidade e carisma, e reforçada pela grande expansão econômica do Brasil durante seu mandato na presidência, o PT ganhou quatro eleições presidenciais seguidas – incluindo a vitória de Dilma em 2010 e, apenas 18 meses atrás, sua reeleição com 54 milhões de votos.
A elite do país e seus grupos midiáticos fracassaram, várias vezes, em seus esforços para derrotar o partido nas urnas. Mas plutocratas não são conhecidos por aceitarem a derrota de forma gentil, ou por jogarem de acordo com as regras. O que foram incapazes de conseguir democraticamente, eles agora estão tentando alcançar de maneira antidemocrática: agrupando uma mistura bizarra de políticos – evangélicos extremistas, apoiadores da extrema direita que defendem a volta do regime militar, figuras dos bastidores sem ideologia alguma – para simplesmente derrubarem ela do cargo.
Inclusive, aqueles liderando a campanha pelo impeachment dela e os que estão na linha sucessória do poder – principalmente o inelegível Presidente da Câmara Eduardo Cunha – estão bem mais envolvidos em escândalos de corrupção do que ela. Cunha foi pego ano passado com milhões de dólares de subornos em contas secretas na Suíça, logo depois de ter mentido ao negar no Congresso que tivesse contas no exterior. Cunha também aparece no Panamá Papers, com provas de que agiu para esconder seus milhões ilícitos em paraísos fiscais para não ser detectado e evitar responsabilidades fiscais.
É impossível marchar de forma convincente atrás de um banner de “contra a corrupção” e “democracia” quando simultaneamente se trabalha para instalar no poder algumas das figuras políticas mais corruptas e antipáticas do país. Palavras não podem descrever o surrealismo de assistir a votação no Congresso do pedido de impeachment para o senado, enquanto um membro evidentemente corrupto após o outro se endereçava a Cunha, proclamando com uma expressão séria que votavam pela remoção de Dilma por causa da raiva que sentiam da corrupção.
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Como o The Guardian reportou: “Sim, votou Paulo Maluf, que está na lista vermelha da Interpol por conspiração. Sim, votou Nilton Capixaba, que é acusado de lavagem de dinheiro. ‘Pelo amor de Deus, sim!’ declarou Silas Câmara, que está sob investigação por forjar documentos e por desvio de dinheiro público.”
Mas esses políticos abusaram da situação. Nem os mais poderosos do Brasil podem convencer o mundo de que o impeachment de Dilma é sobre combater a corrupção – seu esquema iria dar mais poder a políticos cujos escândalos próprios destruiriam qualquer carreira em uma democracia saudável.
Um artigo do New York Times da semana passada reportou que “60% dos 594 membros do Congresso brasileiro” – aqueles votando para a cassação de Dilma- “enfrentam sérias acusações como suborno, fraude eleitoral, desmatamento ilegal, sequestro e homicídio”. Por contraste, disse o artigo, Rousseff “é uma espécie rara entre as principais figuras políticas do Brasil: Ela não foi acusada de roubar para si mesma”.
O chocante espetáculo da Câmara dos Deputados televisionado domingo passado recebeu atenção mundial devido a algumas repulsivas (e reveladoras) afirmações dos defensores do impeachment. Um deles, o proeminente congressista de direita Jair Bolsonaro – que muitos esperam que concorra à presidência e em pesquisas recentes é o candidato líder entre os brasileiros mais ricos – disse que estava votando em homenagem a um coronel que violou os direitos humanos durante a ditadura militar e que foi um dos torturadores responsáveis por Dilma. Seu filho, Eduardo, orgulhosamente dedicou o voto aos “militares de 64” – aqueles que lideraram o golpe.
Women carrying flowers take part in a demonstration against the impeachment process of Dilma Rousseff
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 Women carrying flowers take part in a demonstration against the impeachment process of Dilma Rousseff Photograph: Eraldo Peres/AP
Até agora, os brasileiros têm direcionando sua atenção exclusivamente para Rousseff, que está profundamente impopular devido a grave recessão atual do país. Ninguém sabe como os brasileiros, especialmente as classes mais pobres e trabalhadoras, irão reagir quando verem seu novo chefe de estado recém-instalado: um vice-presidente pró-negócios, sem identidade e manchado de corrupção que, segundo as pesquisas mostram, a maioria dos brasileiros também querem que seja cassado.
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O mais instável de tudo, é que muitos – incluindo os promotores e investigadores que tem promovido a varredura da corrupção – temem que o real plano por trás do impeachment de Rousseff é botar um fim nas investigações em andamento, assim protegendo a corrupção, invés de puni-la. Há um risco real de que uma vez que ela seja cassada, a mídia brasileira não irá mais se focar na corrupção, o interesse público irá se desmanchar, e as novas facções de Brasília no poder estarão hábeis para explorar o apoio da maioria do Congresso para paralisar as investigações e se protegerem.
Por fim, as elites políticas e a mídia do Brasil têm brincado com os mecanismos da democracia. Isso é um jogo imprevisível e perigoso para se jogar em qualquer lugar, porém mais ainda em uma democracia tão jovem com uma história recente de instabilidade política e tirania, e onde milhões estão furiosos com a crise econômica que enfrentam.
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