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terça-feira, 14 de março de 2017

Temer faz quase um milhão de famílias voltar ao Bolsa Família

Recessão faz quase um milhão de famílias voltar ao Bolsa Família



  
Há meses desempregada, Cristiane Silva, de 38 anos, se viu obrigada, no fim do ano passado, a pedir o reingresso no programa Bolsa Família. Após conseguir um emprego de operadora de telemarketing em 2015, ela parou de atualizar o seu cadastro no programa, mas menos de um ano depois foi demitida. 

Em seguida, o ex-marido que ajudava a pagar as despesas da filha Tainá, de 4 anos, também entrou na lista de cortes de uma empresa em que trabalhava como motorista. "Não dá para viver só com os cento e poucos reais que recebo do benefício, mas, pelo menos, o dinheiro ajuda a comprar um remédio ou um sapatinho para a Tainá", conta Cristiane.

As duas moram atualmente em um casa de dois cômodos emprestada pelo patrão do irmão de Cristiane, no bairro da Lapa, na região Oeste de São Paulo. Elas terão, no entanto, que deixar o imóvel em breve. Enquanto vai vivendo de favores e ajuda de amigos, Cristiane corre contra o tempo para achar um trabalho que lhe permita novamente ter uma independência financeira. "Todos dia saio a pé distribuindo currículos enquanto a Tainá está na escola. Mas parece que a crise no Brasil está cada dia pior, não tem oferta de emprego e tudo está caríssimo", diz Cristiane na sala de espera do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do bairro. Ela tenta no local averiguar a possibilidade de receber outro benefício: uma cesta básica.

Cristiane, que nasceu em Teresina, no Piauí, mas veio ainda pequena viver em São Paulo, foi a primeira da família a cursar uma universidade. Há sete anos, depois de conseguir uma bolsa parcial em uma faculdade privada, concluiu o curso de Ciência da Computação. "Na época não foi difícil conseguir um emprego na área. Pagavam bem, e o Brasil vivia um ótimo momento em 2010. Lá no Nordeste, vi muita gente melhorar de vida. Muitas pessoas começaram a ter acesso a eletrodoméstico, carros e mais estudo. Nunca pensei que pioraria tudo outra vez", desabafa preocupada com o alto desemprego no país, que já soma mais de 12 milhões de pessoas sem trabalho.

O retrocesso testemunhado por Cristiane é cada vez mais comum entre os brasileiros. Em meio à maior recessão econômica das últimas décadas, quase um milhão de famílias tiveram que recorrer novamente ao benefício do Bolsa Família nos últimos dois anos. 

Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, devido ao agravamento da crise, houve um salto de pedidos de reinclusão em 2015: 423.668 famílias que foram beneficiárias do Bolsa Família entre 2003 e 2011 retornaram ao programa. Em 2016, ano em que a economia brasileira encolheu 3,6%, o número foi ainda maior, 519.568 retornos. Somando os dois anos foram 943.236 famílias que voltaram a receber o benefício. Nos anos anteriores ao início da crise, os números de retornos eram bem menores. Em 2014, por exemplo, foram 186.761 reinclusões. Atualmente, 13,6 milhões de famílias são beneficiadas pelo programa e o valor médio do benefício no último mês de fevereiro foi de 179,62 reais

"Não há a menor dúvida que esse número reflete a crise econômica em geral e a dificuldade de achar emprego. A taxa de desemprego mais que dobrou entre 2013 e 2016, passou de 6% para 12%. Essa situação induz as pessoas a voltarem ao benefício", explica o economista João Saboia, professor da UFRJ.

Novos pobres podem chegar a 3,6 milhões

O Banco Mundial alerta, entretanto, que a crise econômica pode levar a um número ainda maior de brasileiros para abaixo da linha de pobreza até o fim do ano. Segundo um estudo da instituição publicado recentemente, o número de pessoas vivendo na pobreza no país aumentará entre 2,5 milhões e 3,6 milhões. Ainda conforme o Banco Mundial, a maior parte dos "novos pobres" virá de áreas urbanas. O estudo considerou abaixo da linha da pobreza as pessoas que vivem com menos de 140 reais ao mês. Nessa categoria, há ainda a extrema pobreza, que contempla os brasileiros que vivem com menos de 70 reais. Nesta última classificação, o Brasil passaria de 6,8 milhões em 2015 para 8,5 milhões em 2017. No leitura geral, a expectativa é que 11,8 milhões de pessoas desçam um ou mais degraus na escala da pobreza, fruto da atual recessão.

Para tentar frear o crescimento da pobreza, o Banco Mundial recomenda a expansão do Bolsa Família. Segundo a instituição, o orçamento do programa, que representa 2,3% da despesa geral da União, deveria crescer acima da inflação para ampliar a cobertura e atender ao número crescente de pobres. "[O Bolsa Família] passaria de um programa redistributivo eficaz para um verdadeiro programa de rede de proteção, flexível o suficiente para expandir a cobertura aos domicílios de 'novos pobres' surgidos da crise", destacou o Banco Mundial no estudo.

No cenário mais otimista, segundo os cálculo da instituição, o valor do programa deveria subir 4,73% acima da inflação acumulada entre 2015 e 2017. Na previsão mais pessimista, a alta deveria ser 6,9% superior à inflação. A estimativa do orçamento necessário em 2017, segundo o Banco Mundial, é de 30,41 bilhões de reais. Este ano, a previsão orçamentária do Bolsa Família, no entanto, é de 29,3 bilhões de reais. Em 2016, o programa teve orçamento de 28,8 bilhões.

O estudo foi criticado pelo ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Terra, que afirmou, nesta segunda-feira que a expansão do programa será determinada pela demanda. "Quem diz que alguém está precisando do Bolsa Família é o Cadastro Único do município. O Banco Mundial fez uma afirmação baseada em dados de 2015 e 2016. Não considerou o zeramento da fila. Não temos ninguém hoje que precisa fora do Bolsa Família", defendeu em coletiva de imprensa no Rio de Janeiro. O ministro explicou que no ano passado 1,5 milhão de famílias deixaram o programa após o Governo aprimorar os mecanismos de controle dos critérios para participar do Bolsa Família.

Terra informou ainda que o Governo deve lançar um pacote de medidas para incentivar os beneficiários do programa a ingressarem no mercado formal. Entre as novidades está a manutenção do benefício, por até dois anos, para quem conseguir um emprego com carteira assinada. "Se a pessoa consegue um trabalho remunerado e formal, ela tem que ser incentivada, não pode ser punida com a perda do Bolsa Família. Ela tem que ter mais um ou dois anos recebendo o Bolsa Família até ter uma estrutura mais estável de emprego", explicou. Ainda segundo o ministro, o programa é uma "causa importante, senão a maior", da informalidade do mercado de trabalho porque as pessoas "morrem de medo" de perderem o programa.

O economista João Saboia rebate o argumento do ministro e afirma que a informalidade do mercado brasileiro não está relacionada ao Bolsa Família. "O benefício, de menos de 200 reais, é incomparavelmente menor que um salário mínimo [937 reais]. Se uma pessoa tem a possibilidade de ter uma carteira assinada, ela vai optar por isso. Pode ter alguma exceção, mas obviamente essa não é a causa, o problema da informalidade no Brasil nasceu bem antes do programa", defende.

O benefício


O Bolsa Família é voltado para famílias extremamente pobres (renda per capita mensal de até 85 reais) e pobres (renda per capita mensal entre 85 e 170 reais). O programa tem hoje cerca de 13,6 milhões de famílias beneficiadas e o valor repassado a cada usuário varia de acordo o número de membros da família, idade e renda declarada no Cadastro Único. Ao entrarem no programa, os beneficiários recebem o dinheiro mensalmente e, como contrapartida, cumprem compromissos nas áreas de saúde e educação.


Fonte: El País
Leia também no Portal Vermelho: http://www.vermelho.org.br/noticia/294376-1

Greve Geral contra a reforma da Previdencia dia 15 de março

Sindicalistas convocam para protestos contra reforma da Previdência



Movimento de mulheres volta às ruas de São Luis (MA) nesta quarta contra a reforma da PrevidênciaMovimento de mulheres volta às ruas de São Luis (MA) nesta quarta contra a reforma da Previdência

“A mudança na Constituição proposta pelo governo golpista terá forte impacto sobre toda a população, especialmente os jovens trabalhadores (que deverão contribuir 49 anos para conseguir se aposentar com benefício integral), os idosos, os trabalhadores e trabalhadoras rurais e as mulheres”, explicou Joel Nascimento, presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-MA), o evento faz parte da ampla jornada de lutas organizada para combater os ataques do governo ilegítimo de Michel Temer.
 
Na opinião do presidente da Nova Central, José Calixto Ramos, o governo de Michel Temer promove um desmonte dos direitos dos trabalhadores e precariza e destrói a previdência social e a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). “O objetivo é beneficiar apenas o capital financeiro e os patrões. Para que isso não aconteça, faça sua parte e participe ativamente no dia 15 de março do Dia Nacional de Paralizações e Manifestações”, orientou Calixto.
 
Em Sergipe, a secretária da mulher trabalhadora da CTB nacional Ivânia Pereira afirmou que o governo tem que enxergar que existe desigualdade entre homens e mulheres na sociedade, nas relações de trabalho e na vida familiar, e, portanto, eles não podem ser tratados como iguais. “Por tudo isso, todos os desempregados e os jovens, que ainda vão entrar no mercado trabalho, devem se posicionar e ir à luta para derrotar esses projetos que são tão nefastos para toda a sociedade”, enfatizou
 
Odair Rogério da Silva, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil em Santa Catarina (CTB-SC) assegurou que “a mobilização está grande em nosso estado”. Ele assegurou que a unidade do movimento sindical com estudantes e a sociedade civil organizada promete uma paralisação “para mostrar que a classe trabalhadora não está para brincadeira”.
 
“Esse governo não tem legitimidade para fazer isso (as reformas). Esse projeto não foi eleito. Os financiadores do golpe queriam exatamente isso. As reformas da Previdência e trabalhista só melhoram as coisas para os lucros dos empresários. Vai ser a desgraça da classe trabalhadora”, afirmou o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) São Paulo, Douglas Izzo. Para ele não há nenhuma possibilidade de diálogo quanto à proposta. “Não há possibilidade de melhorar o projeto. Ele é péssimo para o povo brasileiro e precisa ser retirado”, completou.
 
“Estamos juntos com as centrais sindicais nesta luta de resistência contra as propostas do governo que tiram direitos e penalizam os trabalhadores. A trabalhista segue a pauta da CNI (Confederação Nacional da Indústria). A previdenciária vai inviabilizar a aposentadoria e reduzir o valor dos benefícios. Vamos denunciar os deputados federais que votarem contra os trabalhadores”, afirma *Miguel Torres*, presidente do Sindicato e da CNTM e vice-presidente da Força Sindical.
 



domingo, 12 de março de 2017

Wanderley Guilherme : Não basta prender Lula



Wanderley Guilherme dos Santos: Não basta prender Lula



Professor Wanderley Guilherme dos SantosProfessor Wanderley Guilherme dos Santos
Tremei, crédulos e incrédulos. Não se trata de pessimismo banal e nem da intervenção das Forças Armadas. Wanderley Guilherme sustenta a análise dele neste texto curto, mas substancioso, escrito para atender pedido deste colunista. Segue abaixo.

“A cláusula pétrea do acordo entre as instituições e pessoas, promotores da apropriação indébita do governo, é clara: nenhum grupo, ainda que só levemente comprometido com aspirações populares, pode retornar ao condomínio de poder. É a mais radical ruptura da história política brasileira, significando que nem mesmo branda participação, como a do PTB durante o período 1945-1964, será tolerada.

Castrar a potencial candidatura de Lula é café pequeno. A angústia reacionária decorre da impossibilidade ontológica de raptar seu gigantesco simbolismo de grande eleitor. Lula detém fabuloso e invulnerável estoque de votos plurais e o dedo que lhe falta é o da delação, não o da vitória.

Para onde apontar, lá terão milhões de votos. Por isso, a tarefa do conluio reacionário se afunila: as eleições de 2018 não se processarão com as regras previstas. A provisão legal vetando mudanças intempestivas será outro café pequeno para o consórcio que fez o que fez em 2016. A rima é de marcha fúnebre.

Não é menos fácil a situação dos grupos oposicionistas. Atropelados pela cavalgada reacionária no Congresso, não há como impedir, derrotar ou emendar a virulenta, até mesmo vingativa, legislação antissocial em trânsito. Depois do histórico espetáculo da Câmara dos Deputados, em 17 de abril de 2016, a população nem sequer vaia seja lá o que aconteça naquele recinto.

A esperança das ruas trará frustração: todas as manifestações aquém de um furacão ininterrupto terminarão em desânimo. O governo só tem ouvidos para trovões paranaenses. Mas há suspeitas de que, chegando a Brasília, os raios anunciem não mais do que reconfortantes chuviscos de verão sobre o Palácio da Alvorada. Assim, o pelotão oposicionista arrisca terminar em companhia dos ‘paneleiros’, exigindo mais sangue aos fascistoides curitibanos.

Insucessos como o impedimento ilegal de uma presidenta legítima, que não foram evitados pelas ruas, não são por elas revertidos antes que os invasores sejam abandonados por algum dos sócios da empreitada. Resta promover a sabotagem política, a intriga entre larápios, a turbulência localizada.”
 

Fonte:  CartaCapital
 
12 de março de 2017

Dilma Rousseff rebateu a declaração de Gilmar Mendes em Genebra.



"Não há como deixar de chegar no PSDB", adverte Dilma a Gilmar Mendes



Guilherme Santos Sul 21
  
"Por que será que ele fala sobre isso agora?", questiona Dilma. E completa: "Acho isso muito interessante. Passei toda uma campanha eleitoral e nunca ouvi isso. Acho que uma coisa está mudando. Não há como deixar de chegar no PSDB", afirmou Dilma com ironia aos jornalistas no evento.

Dilma enfatizou que foi vítima de uma conspiração política que não trouxe paz nem desenvolvimento ao Brasil. "Vivemos uma situação indefinida no Brasil e ninguém sabe como as coisas vão se desenrolar", afirmou.

Ela também defendeu o legado de seu governo e destacou os programas sociais, cintando ainda a transposição do Rio São Francisco como um legado deixado pelo ex-presidente Lula. Nesta sexta (10), a obra do trecho leste foi inaugurada por Michel Temer.

Se referindo a ele como "presidente ilegítimo", Dilma disse que Temer não pode buscar melhorar sua popularidade "em cima da obra alheia".

Sem citar o nome de seu sucessor, a quem chamou de "presidente ilegítimo", Dilma afirmou que Temer não pode tentar melhorar sua popularidade "em cima da obra alheia".

Ainda segundo a ex-presidente, o governo atual representa uma ameaça ao conjunto de políticas sociais implementadas durante o seu mandato. Ela também atribui a Temer a degradação do cenário econômico brasileiro. "Embora a imprensa diga que a situação econômica esteja melhorando, tanto a crise econômica quanto a crise política se aprofundaram", afirmou.

Perguntada sobre Lula, ela afirmou que o maior objetivo político no Brasil no momento é garantir que ele se candidate nas eleições de 2018. “Assegurar que Lula seja candidato é fundamental”, disse Dilma. Segundo ela, Lula atravessou um período no qual todos os meios de comunicação estavam contra ele, mas, apesar de tudo que fizeram contra o ex-presidente, “ele é o primeiro nas pesquisas”.

Dilma negou ter recebido propina da construtora ou de outras empresas em suas campanhas. “Nunca pedi propinas, nunca recebi propinas, e, de fato, nunca falei com todos aqueles que agora estão sendo investigados ou presos por terem pago propinas”, afirmou ela, que foi citada na delação premiada da Odebrecht.

Sobre a crise, Dilma também citou fatores externos como "a queda mundial do preço das commodities e o fim do 'quantitative easing' (afrouxamento monetário) nos EUA", como alguns dos responsáveis pela crise econômica no Brasil. Dilma também fez uma auto-crítica sobre suas políticas no governo.

"Achei que, diminuindo impostos do setor privado, teria um aumento dos investimentos. Me arrependo disso. Fragilizei o lado fiscal e, em vez de investirem, eles aumentaram a margem de lucros", refletiu a ex-presidente.

Após o festival, Dilma deve se encontrar com parlamentares suíços e relatores de direitos humanos, além de participar de um reunião na sede da Organização Internacional do Trabalho e de uma palestra no Graduate Institute of Geneva, um centro de estudos de Ralações Internacionais, para falar sobre o futuro da luta contra o neoliberalismo.
 

FONTE:  Portal Vermelho
12 de março de 2017 -

sexta-feira, 10 de março de 2017

Juiza aconselha Temer: isente todas as mulheres de qualquer contribuição.!

"Lugar de mulher é onde ela quiser", escreve juíza a Temer



  
Na cerimônia no Palácio do Planalto em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, o presidente Michel Temer apontou, nesta quarta-feira (8), a sua visão sobre a mulher na sociedade, destacando seu papel na vida doméstica.

Temer ressaltou saber “o quanto a mulher faz pela casa”. Falou da importância da figura feminina para a criação dos filhos que, segundo ele, é tarefa da mulher, e da capacidade que elas têm em “indicar os desajustes de preços em supermercados” e “identificar flutuações econômicas no orçamento doméstico”. As declarações geraram uma onda de críticas no país que foram destaque na imprensa internacional. 

Confira a íntegra da carta da juíza Vera Lúcia, publicada pelo jornal Zero Hora:

CARTA AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Senhor Presidente. No dia 8 de março, como fazem há muito tempo, as mulheres saíram de casa e foram às ruas. O senhor precisa saber que, em pleno século XXI, nossa força de trabalho representa 43,8% do total no país. Como era Dia Internacional da Mulher, o trânsito em Porto Alegre estava difícil. Muitas mulheres do interior do Estado, entre trabalhadoras, jovens e agricultoras de mãos calejadas faziam manifestações em prol da equidade de gênero.

Representando minha associação de classe, fui ao primeiro compromisso do dia: encontro com mulheres líderes em instituições, a convite da desembargadora Corregedora-Geral da Justiça do TJRS. Lá estavam a Presidente do TRE/RS, a 2ª vice-presidente do TJRS, deputadas estaduais, promotoras de justiça, advogadas, defensoras públicas, delegadas de polícia, policiais militares.Tratamos da defesa dos direitos das mulheres.

Depois, pelo mesmo motivo, participei de programa de rádio com três jornalistas mulheres. E no final da tarde, de evento cultural com várias mulheres artistas. Nada surpreendente, já que, em pleno século XXI, somos quase maioria no planeta, e na Magistratura do RS passamos de 50%, na qual, assim como em outras carreiras, a presença feminina é crescente.

A surpresa do dia ficou por sua conta. Em uma interpretação desconectada com o tempo em que vivemos, em rede nacional, alardeou uma avaliação de que a nossa contribuição para a economia do país se resume a verificação de preços no supermercado. Diante disso, peço que oriente a Receita Federal e os demais órgãos de arrecadação de impostos que isente todas as mulheres de qualquer contribuição. E, para não deixar de atender sua expectativa, depois de atendido meu pedido, assumo compromisso de ir ao supermercado todos os dias úteis da semana e olhar os preços. Só peço que informe a quem devo comunicar quando subirem.

Senhor Presidente, a mulher pode ser dona de casa, desde que isso não seja uma imposição. Pode, se quiser, controlar os preços no supermercado, desde que isso não seja uma política pública. Mas o senhor precisa saber: lugar de mulher é onde ela quiser!

Vera Lúcia Deboni
Vice-presidente Administrativa da Ajuris
veradeboni@ajuris.org.br

Herança Lula: Itália aprova criação de "Bolsa Família" de até 480 euros



Itália aprova criação de "Bolsa Família" de até 480 euros



"Bolsa Família" italiana pagará até 480 euros
"Bolsa Família" italiana pagará até 480 euros
Para receber o benefício, os italianos terão que cumprir uma série de requisitos, como comprovação de baixa renda e ser uma família com ao menos um filho menor de idade.

O texto foi aprovado com 138 votos a favor, 71 contrários e 21 abstenções e já tinha recebido o aval da Câmara dos Deputados em julho do ano passado.

"Foi aprovada a lei da #pobreza. É mais um passo para ajudar as famílias em dificuldades. O compromisso social é uma prioridade para o governo", disse, pelo Twitter, o primeiro-ministro da Itália, Paolo Gentilioni.

De acordo com o ministro do Trabalho da Itália, Giuliano Poletti, foram destinados 2 bilhões de euros (sendo 1,6 bilhão dos cofres italianos, e o restante de recursos europeus) para o projeto em 2017, e a mesma quantia para 2018.
10 de março de 2017

Fonte: Ansa

Mulheres cientistas: por que ainda somos consideradas minoria?



Mulheres cientistas: por que ainda somos consideradas minoria?

10 de março de 2017


Para Tamara Naiz, da ANPG, mulheres enfrentam entraves na carreira acadêmicaPara Tamara Naiz, da ANPG, mulheres enfrentam entraves na carreira acadêmica
Dentre 11 países, Brasil e Portugal são os países que mais contam com publicações científicas de mulheres cientistas, 49%. Enquanto que noutros países, como França, Austrália e Canadá, essa taxa varia em torno de 40%. É o que aponta o relatório do Gender in the Global Research Landscape com pesquisas feitas entre os anos de 1996 a 2000 e de 2011 a 2015.

Agora, quando vemos os dados por área de pesquisa aumentam as diferenças de gênero nas publicações. Na área de exatas as publicações científicas feitas por mulheres correspondem a apenas 25% do total no Brasil. Essa baixa representatividade das mulheres nas exatas é observada há anos sem que sejam necessárias pesquisas específicas. A Professora do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Dra Sônia Guimarães já ressaltou em entrevistas a discriminação notória às mulheres em sala de aula, de tal modo que a motiva dialogar e até ter que provar a capacidade de suas alunas aos duvidosos alunos do gênero masculino.

Noutras instâncias acadêmicas como reitorias e pró-reitorias a desigualdade é ainda maior. São raras as mulheres em cargo de liderança nas Universidades, tal qual no mercado de trabalho. Em entrevista à Folha de São Paulo na data de hoje, 8 de março, a presidenta da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Tamara Naiz destaca os entraves que as mulheres precisam superar para seguirem uma carreira acadêmica, como a questão da maternidade. Tamara tem como ponto importante de luta a defesa dos direitos das pesquisadoras que são mães ou tornam-se mães no meio de sua pós-graduação. Essas pesquisadoras em sua maioria sentem resistência por parte de seus orientadores e ainda têm de enfrentar os desafios da maternidade somatizado às suas pesquisas, sem ou quase sem nenhum amparo por parte das Universidades, entre outros.

Segundo matéria do jornal espanhol El País, a Nature, revista inglesa, apresentou novos estudos, em meados de janeiro/2017, sobre a questão de gênero com indicativos da baixa participação das mulheres na ciência. Exemplo disso é que mesmo com 28% de representatividade (baixo índice) na União Americana de Geofísica (AGU, sigla em inglês) apenas 20% dessas cientistas é revisora de trabalhos científicos (entre 2012 e 2015). Outro ponto interessante para análise é que ainda que as cientistas tenham mais de 60% de seus trabalhos científicos aprovados a percentagem de trabalhos apresentados por elas para publicação é de pouco mais de 27%.

Ainda na matéria do El País outra pesquisa, agora pela Science, pesquisadores identificaram preconceito de gênero em crianças desde os 6, 7 anos de idade. Na pesquisa as crianças acreditam que pessoas brilhantes são do sexo masculino, inclusive as meninas se consideram menos inteligentes que os meninos, mesmo que elas tirem melhores notas na escola. Já em crianças de até 5 anos as diferenças não foram identificadas. Agora os autores pesquisam as causas desta distinção, desse entendimento equivocado que levam menos meninas a seguirem nas áreas das engenharias, conforme estudo.

Em vários estudos observa-se uma complexidade e fartura de dados indicando a baixa representatividade das mulheres no mundo acadêmico. E apesar das hipóteses pontuais não apresentam pesquisas decisivas sobre a discriminação de gênero, pois parecem ser subliminares às ocorrências cotidianas de preconceito e subjugação da capacidade das mulheres cientistas. Isso fora as barreiras sociais e econômicas enfrentadas pelas mulheres no mundo moderno para superação de desafios diversos, como profissionais e pior ainda como cientistas. Notoriamente, de acordo com as pesquisas feitas, os preconceitos já vão se formando desde a primeira infância. No entanto, os pesquisadores não elencaram ainda a educação que vai passando de geração a geração, constituindo valores e preconceitos em crianças às discriminações de gênero na vida acadêmica, por exemplo – identificaram a discriminação, mas não a causa. Sabe-se o quão fundamental é a formação na primeira infância, podendo gerar inúmeros problemas psicológicos em adultos, do mesmo modo formam-se ainda adultos preconceituosos e futuros pesquisadores discriminatórios e futuras pesquisadoras inseguras de sua inteligência e capacidade intelectual. Bom, seria essa uma das causas de relações tão complexas e que ainda devem ser profundamente pesquisadas, afinal há também uma disputa de espaços de poder em jogo.



Leia também:

Ana Paula Bueno é jornalista e diretora da Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG)

Fonte: Portal Grabois

quinta-feira, 9 de março de 2017

Temer reforça em discurso papel da mulher subalterna

Feministas: Temer reforça em discurso papel da mulher subalterna



Sofia Morais/ Cuca da UNE
  

Temer ressaltou saber “o quanto a mulher faz pela casa”. Falou da importância da figura feminina para a criação dos filhos que, segundo ele, é tarefa da mulher e da capacidade que elas têm em “indicar os desajustes de preços em supermercados" e "identificar flutuações econômicas no orçamento doméstico". As declarações geraram uma onda de críticas no país que foram destaque na imprensa internacional.
 
“As declarações do presidente ilegítimo manifestam mais uma vez a concepção retrógrada e conservadora das relações sociais de gênero, do papel da mulher na sociedade”, declarou Lúcia. Para ela, esse ideário está marcando a política desse governo de ataque à toda a legislação e políticas progressistas.
 
“Essa visão autoritária, patriarcal das relações eles vêm manifestando em todo o processo político no Brasil. Um processo impregnado de falta de caráter, atitudes sorrateiras, traição. Tudo faz parte de uma forma de ver o mundo e que corremos o risco de ver crescer na nossa sociedade porque a legislação que esse governo tem estimulado e implantado intervém em toda a legislação progressista”, comparou Lúcia.
 
Na opinião de Liége Rocha, secretária nacional da Mulher do PCdoB, o destaque dado por Temer ao papel doméstico da mulher aposta no atraso e não reconhece o avanço da mulher no mercado de trabalho e na participação social. “Ele tenta relegar a mulher a um papel secundário, não quer reconhecer nossa atuação como construtoras desse grande país que é o Brasil”. 
 
Na primeira gestão da presidenta Dilma Rousseff, mais da metade dos empregos formais criados foram ocupados por mulheres. Um dos maiores programas de transferência de renda do país, o Bolsa Família, que atende 14 milhões de brasileiros, tem 93,2% de mulheres responsáveis pelo benefício.
 
Houve avanços, mas ainda tímidos. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) de 2016 mostra que o trabalho doméstico continua sendo um dos líderes entre os postos ocupados por mulheres. Em março do ano passado, o trabalho não remunerado feito em casa somava 5,9 milhões de mulheres, 14% da população feminina. 
 
De acordo com Ieda Castro, ex-secretária nacional de Assistência Social (SNAS) no governo da presidenta Dilma, o governo usa uma falsa tese de pente fino no Bolsa família para “impedir que as mulheres tenham uma transferência de renda e voltem à condição de subalternidade”.
 
Liége disse que Temer quer reforçar as estatísticas que jogam a mulher na invisibilidade. Segundo ela, nesse cenário, ganha força a ideia de 'nenhum direito a menos'. “Hoje há mulheres exercendo funções relevantes em diversos espaços e, ao contrário do que pretende o presidente golpista, nós queremos avançar ainda mais. Nossa luta é para superar a sub-representação feminina nos espaços de poder enquanto Temer quer jogar as mulheres na invisibilidade”, criticou. 
 
As manifestações do 8 de março unificaram os movimentos contra as reformas de Michel Temer, sobretudo a da Previdência Social. A denúncia da violência doméstica, a defesa do direito ao aborto se somaram às críticas ao projeto de Temer que ataca a proteção social prevista na Constituição brasileira de 1988.
 
“As estatísticas recentes têm mostrado a reprovação ao desempenho do ilegítimo presidente. Apontam que a maior parte da população vai se esclarecendo quanto ao caráter do golpe que sofremos no Brasil. O 8 de março mostrou a população indignada com o golpe que está sofrendo no mundo do trabalho e na sua história de vida e na sua perspectiva de velhice”, enfatizou Lúcia.

Lula sobre transposição do Rio São Francisco

9 de março de 2017 -

Lula sobre transposição: Quem estava no poder estudava, mas não fazia



  
"Muita gente disse que era impossível fazer a transposição do rio São Francisco. Quem estava no poder estudava, estudava, mas nada fazia. Até que Lula foi lá e fez. Em 2007 as obras começaram. A água começou a chegar a Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Serão 12 milhões de pessoas beneficiadas em 390 municípios", diz a publicação, com fotos de Lula e Dilma no local.

"São 470 km de canais, túneis, aquedutos e barragens. São ainda 38 ações socioambientais, como o resgate de bens arqueológicos e o monitoramento da fauna e flora. Conforme as imagens começam a chegar, mostrando a felicidade do povo sertanejo ao ver seu sonho se tornando realidade, chega também a certeza de que esse é um esforço que está mudando e ainda vai mudar muito o Brasil", diz ainda o texto.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso prometeu realizar a transposição durante suas duas campanhas presidenciais, mas engavetou a ideia em seu governo. Na campanha presidencial de 2014, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) criticou as obras, dizendo que elas estavam "abandonadas", fala que Dilma rebateu, dizendo ser mentira.

Agora os tucanos tentam puxar para si a paternidade da obra, como fez o governador Geraldo Alckmin, viajando até o local, e a bancada do PSDB na Câmara, afirmando que Lula e Dilma não entregaram a obra, que só foi concluída agora, sob a supervisão do deputado Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE), da comissão da Câmara que vem acompanhando o empreendimento. 

"São as águas de março do Velho Chico fechando o verão do semiárido nordestino", finaliza o post de Lula.


Fonte: Brasil 247