Tratar mulheres como na época sombria do nazismo???
Infelizmente como cidadão belga, sei que na Segunda guerra, Tudo isso aconteceu
E não quero que aconteça com mulheres de ideologia diferente, como deseja Bolsonaro
"O deputado Jair Bolsonaro recentemente declarou em uma entrevista que as mulheres que se consideram feministas mereciam O Calvário das Viúvas. !!!!!!
Como pouco se sabe sobre a Épuration Légale, a afirmação dele foi esquecida.
O Calvário das Viúvas foi "a limpeza" das mulheres do território pós guerra.
Quando os soldados nazistas invadiam as cidades europeias, estupravam mulheres e as mantinham sob ameaças. Mulheres viúvas ou que os maridos tinham partido para a guerra, eram submetidas a todo o tipo de "trabalho" e abusos para os soldados alemães. Após a liberação dos territórios ocupados pelos alemães dos países europeus, milhares de mulheres que tinham esse tipo de relacionamento (trabalho e abusos sexuais) com os soldados alemães eram retiradas de suas casas para serem expostas em praças públicas pelas mãos dos homens da família tradicional da cidade.
Era como a caça bruxa das impuras, se houvesse um indício qualquer, a mulher tinha sua cabeça raspada e era exposta em público como desgraça da nação. Muitas vezes só raspar a cabeça não bastava, eram despidas, abusadas, desenhavam a suástica nos seus rostos, ou queimavam a marca com ferro em brasa na testa.
Elas ficavam conhecidas como "nacionalmente indignas" e além da humilhação pública, sofriam penas de seis meses a um ano de prisão, seguida da perda total de direitos civis por mais um ano, quando ainda eram violentadas e insultadas nas ruas. Muitas não suportaram a vergonha daquela situação e sucumbiram cometendo suicídio. Há um registro não oficial na França de que mais de 300.000 suicidaram na época.
Seus filhos foram usados indiscriminadamente para testar medicamentos não aprovados. Somente em 2005, o parlamento norueguês publicou um pedido formal de desculpas a essas vítimas inocentes e aprovou a compensação para as experiências no valor de 3 milhões de euros.
É isso que um homem que defende a moral e os bons costumes da família tradicional brasileira quer que aconteça com mulheres que decidem ter uma ideologia. É isso que defende um homem que prega a justiça com as próprias mãos, como faziam com o Calvário das Viúvas - uma população despejando ódio nos seres humanos, como sempre, mais vulneráveis: As mulheres. Jair Bolsonaro não é novo, ele é só uma reprodução dos mesmos homens de antes, do que sempre aconteceu. Uma repetição de um passado que lutamos tanto progredir, que nos indignamos quando abrimos um livro de história.
Será que ainda somos os mesmos inquisidores do Calvário das Viúvas? Será que ainda não evoluímos ao ponto de proporcionar direitos humanos outros? Ao ver que ele é eleito deputado com o maior número de votos do estado do Rio de Janeiro, acredito que não mudamos, só disfarçamos nossa inquisição interna com a hipocrisia de "cidadãos que querem a democracia"
Autor Anônimo do texto acima
PS_ Há controvérsias sobre a citação do Deputado no site do E-Farsas.
Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como
Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de
treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do
Adhemar", "A guerra do apagão", "O domador de sonhos" e "Dragonfly"
(lançamento setembro 2016).
Entre o golpe de 1930 – que os historiadores houveram por bem chamar
de "revolução" – e o de 1937, o Brasil viveu um breve, porém agitado,
período democrático, mesmo com Getúlio Vargas no poder.
Em 1934 entrou em vigor uma nova constituição, formulada por uma
Assembleia Constituinte, que legalizou a situação de Vargas,
transfomando-o em presidente da República, por eleição indireta dos
constituintes, com mandato de quatro anos, improrrogáveis e marcou
eleições presidenciais para janeiro de 1938.
Em mais um gesto voltado, na aparência, para agradar aos paulistas,
que ele tinha esmagado em 1930 e em 1932, Getúlio colocou no governo
dois ministros de São Paulo: Macedo Soares e Vicente Rao.
A Assembleia Constituinte também elegeu o novo governador de São
Paulo, Armando de Salles Oliveira, engenheiro formado pela Escola
Politécnica, que tinha sido interventor de Getúlio a partir de 1933.
Salles assumiu o cargo de governador, agora também legalizado, a 11 de
abril de 1935 e o deixou a 29 de dezembro de 1936 para se lançar
candidato a presidente da República.
Desde o início ficou claro que ele entrara para ganhar. Apoiado pelas
forças econômicas paulistas, naturalmene conservadoras, que tinham sido
fustigadas por Vargas em 1930, sua campanha, lançada em janeiro de 1937
num banquete-monstro, como era comum na época, tendo por convidados de
honra os ministros Macedo Soares e Vicente Rao tinha por objetivo
recolocar São Paulo na liderança política do país.
Alto e magro, cabelos penteados para trás, ele discursava de forma
empolada, como se cantasse, e seus gestos que lembravam os de um maestro
regendo a orquestra, mas seus pronunciamentos empolgavam pelo conteúdo,
sempre polêmico e pela forma grandiloquente.
"A nossa campanha está aberta" proclamou Salles no banquete
inaugural, realizado no Theatro Municipal. "E as suas perspectivas são
tais que os próprios cegos as veem. A bandeira que erguemos não é
pequena. É uma só e está sustentada por brasileiros de todos os pontos
do país. O seu tamanho é, por conseguinte, o tamanho do próprio país".
Além dos empresários paulistas, Salles tinha apoio de governadores do
Nordeste e – mais importante que tudo – do poderoso governador do Rio
Grande do Sul, general Flores da Cunha. Ex-aliado de Getúlio em 1930,
além de ser o governador ele comandava uma tropa estadual portentosa.
Um dos pontos altos da campanha foi a visita de Salles a Porto
Alegre. Desembarcando no porto do rio Guaíba, ele foi recebido por uma
multidão entusiasmada que lotou completamente o cais. O automóvel em que
se deslocava mal conseguia avançar, tal era a aglomeração à sua volta.
Faixas com dizeres otimistas tais como "certos da vitória" foram
penduradas em todo o percurso.
Dois outros políticos estavam na disputa. O ex-ministro da Viação
Civil de Getúlio, o escritor José Américo de Almeida era o candidato
oficial do governo, mas sua campanha não tinha nem o mesmo vigor nem os
mesmos investimentos da de Salles e nenhum entusiasmo de Vargas. O
máximo que disse a respeito foi: "José Américo é um bom candidato porque
divide".
O terceiro postulante era o chefe da Ação Integralista, Plinio
Salgado. Seu movimento, de inspiração nazi-fascista tinha representantes
no governo Vargas, o que leva a crer que, embora não fosse candidato
oficial, contava com certo apoio governamental.
Fazia sua campanha nas principais avenidas do Rio de Janeiro, onde
marchavam homens vestidos de preto, com bandeiras nazistas e saudações à
la "heil Hitler", como também grupos de mulheres e de estudantes de
todas as idades, inclusive crianças.
Estava claro que o candidato a combater era Salles. O lance mais
ousado – e no qual Vargas vislumbrou o grande perigo que ele
representava – deu-se em meados de 1937. No dia em que a constituição
completou três anos, Salles promoveu, na capital federal, um imenso
comício noturno, no estádio do América F.C., ao qual compareceram 50 mil
cariocas.
Sob o manto da U.D.B. (União Democrática Brasileira), uma congregação
de partidos estaduais que pretendia se tornar nacional, ele expôs,
nessa noite os cinco pontos defendidos por sua candidatura: 1) luta pela
democracia; 2) voto secreto; 3) pluralidade partidária; 4) defesa das
liberdades políticas e 5) eleições em janeiro de 1938.
Vargas, como de hábito, ficou na moita durante toda a campanha, dando
a impressão de que deixava a coisa rolar, sem interferir no andamento,
sem declarações, passando à opinião pública a impressão de que
abandonara o autoritarismo e aceitaria de bom grado a decisão que os
brasileiros tomassem pelo voto direto e secreto, em janeiro de 1938,
mesmo se perdesse, o que parecia inevitável
Tudo indicava que Armando Salles de Oliveira seria o próximo
presidente eleito do Brasil quando, no dia 1º. de outubro de 1937, os
jornais assustaram os cariocas com manchetes retumbantes.
O Estado Maior do Exército, chefiado pelo germanófilo Goes Monteiro
havia descoberto um documento sigiloso com as digitais do Komintern logo
chamado pela imprensa de "tenebroso".
Mesmo sem questionar como foi descoberto, onde, como, quando e porque
os jornais o consideraram verdadeiro, pois a fonte, segundo os
editores, era quentíssima. Tratava-se de um plano em que Moscou
orientava os comunistas brasileiros a derrubarem o governo Vargas,
insuflando a classe operária a promover saques e depredações na capital
federal.
Nos dias seguintes, as manchetes, sempre ameaçadoras, informavam que
os ministros militares, em nome da "salvação da Pátria" solicitavam que o
presidente da República clamasse ao Congresso para ser decretado, de
forma urgente, mas legal, o "estado de guerra", a fim de evitar que a
tragédia se abatesse sobre o Brasil.
Não se falava de outra coisa nas ruas do Rio. Na Confeitaria Colombo,
nos botecos populares e nas praças públicas os cariocas, assustados com
a promessa comunista de saques e depredações já não viam a hora de o
"estado de guerra" ser oficializado, mesmo sem saber direito do que se
tratava, para salvá-los dos "comedores de criancinhas" e agora
candidatos a vândalos que poderiam, inclusive, depredar suas casas.
O clamor "das ruas" ecoava no Congresso. Não havia tempo a perder.
"Estado de guerra"! era a palavra de ordem na boca dos parlamentares,
que não podiam decepcionar seus eleitores, expostos a um perigo
iminente.
Somente um deputado teve a ousadia de contestar a onda avassaladora.
"A Câmara sabe o que esta medida significa"? perguntou Octavio
Mangabeira, num discurso que ninguém quis ouvir. "O que esta medida
representa? Está a Câmara devidamente informada dos fatos que a
justificam? Que satisfação dará ao país votando imediatamente como se
pretende medida de tal gravidade sem ao menos ter salvo as aparências
nem ao menos ter dado a impressão de que examinou devidamente as peças
ou os documentos que lhe foram apresentados, sem mesmo sequer os ter
lido"?
Seu discurso não foi suficiente, é claro, para conter a avalanche. O
estado de guerra foi aprovado a toque de caixa – sem resistência. Não se
tem notícia de comemorações efusivas, provavelmente não, porque a TV
Globo não existia.
Decretado o "estado de guerra"", o passo seguinte foi o ministro, da
Guerra, é claro, Eurico Gaspar Dutra determinar o imediato envio de
tropas ao Rio Grande do Sul. Para proteger nossas fronteiras,
suspeitando que Moscou invadisse o Brasil a partir do Uruguai? Não, para
dar um xeque-mate no general Flores da Cunha, "federalizando" suas
poderosas tropas estaduais, que passaram a obedecer ao comando do
Ministro da Guerra.
Flores da Cunha não teve outra coisa a fazer senão renunciar ao cargo
de governador e partir para o exílio, abandonando o país e a campanha
de Armando de Salles de Oliveira de quem era o mais poderoso aliado (o
único que dispunha de tropas).
O valente paulista não deu o braço a torcer, avaliou que ainda
haveria eleições, mesmo com "estado de guerra" e seria consagrado nas
urnas.
Mal sabia ele que um golpe maior do que aquele, contra a sua
candidatura, estava em marcha e seria consumado a 10 de novembro de
1937, quando Vargas, apoiado no "estado de guerra" decretado legalmente e
que se fundamentava, por sua vez, no "plano tenebroso" que ficou
conhecido com o "Plano Cohen" fechou o Congresso, extinguiu os partidos,
cancelou as eleições e rasgou a constituição de 1934, substituindo-a
por outra, redigida por um obscuro advogado que, de secretário da
Educação do Distrito Federal foi promovido a Ministro da Justiça do novo
governo, agora denominado "Estado Novo". E que não foi submetida aos
deputados e senadores, pois não havia mais nem Senado, nem Câmara dos
Deputados.
Somente o ministro da Agricultura, Odilon Braga, não assinou a infame
e autoritária constituição de Francisco Campos e somente o embaixador
nos Estados Unidos, Oswaldo Aranha a criticou, ainda assim não
publicamente, mas em carta ao seu irmão:
"Essa constituição foi concebida por um anormal".
No dia seguinte, o ministro da Guerra, naturalmente por ordem de
Vargas expediu um comunicado aos militares, reproduzido em manchete por
"O Globo":
"Qualquer perturbação da ordem será uma brecha para os inimigos da
Pátria, para os adversários do regimen democratico que nos consagra".
Num toque de mágica, um golpe autoritário foi classificado de evento
de um "regimen democratico", por decisão de Vargas, do ministro da
Guerra e da imprensa.
Mas não acaba aí essa história que teve consequências funestas para
os brasileiros, com centenas de prisões, torturas, queima de livros e de
bandeiras, proibição de obras primas como "O grande ditador", de
Charles Chaplin, dentre outros crimes.
Em 1945, quando o "regimen democratico" de Vargas agonizava,
pressionado externa e internamente depois de o Brasil ter participado,
ao lado de outros países democráticos da campanha vitoriosa da Segunda
Guerra Mundial, que derrotou os regimes autoritários da Alemanha e da
Itália, o general Goes Monteiro revelou, espontaneamente. que o "Plano
Cohen" não fora escrito pelo Komintern, nem representou qualquer ameaça
dos comunistas aos cariocas, nem ao Brasil.
Não passou de um papelucho redigido por um agente secreto dos quadros
da Ação Integralista – o capitão Olympio Mourão Filho, que, em 1964,
detonaria o golpe militar – sob encomenda de Plinio Salgado, que o
ofereceu de bandeja a Getúlio Vargas, que prometera transformá-lo em
Ministro da Educação do Estado Novo.
Recomendo aos homens e mulheres de bem do Senado, onde hoje começa a
discussão da versão 2016 do Plano Cohen, desta vez batizado de
"impeachment", que leiam essa história para, inspirados nela, não
permitirem que mais uma fraude, de consequências imprevisíveis, mas
sempre dolorosas, seja usada com o objetivo de derrubar um presidente da
República e macular, de novo, a democracia brasileira.
LEIA AQUI:
Organização das Nações Unidas (ONU) para a América Latina, condenou a tentativa de golpe no Brasil
ONU: golpe coloca em risco a democracia na AL
Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal),
braço da Organização das Nações Unidas (ONU) para a América Latina,
condenou a tentativa de golpe no Brasil; em um comunicado, a Cepal diz
que o Brasil precisa respeitar o resultado das urnas, sob o risco de
desestabilizar a democracia em todo o continente; "A soberania popular,
fonte única da legitimidade numa democracia, foi entregue a Lula e em
seguida à senhora presidente Rousseff, através de um mandato
constitucional", disse; "Os eventos pelos quais passa o Brasil nos dias
de hoje ressoam com força além de suas fronteiras e ilustram para o
conjunto da América Latina os riscos e as dificuldades que a nossa
democracia ainda está exposta", ressalta o texto
247 - A Comissão Econômica para a América Latina e o
Caribe (Cepal), braço da Organização das Nações Unidas (ONU) para o
continente latino-americano, condenou duramente a tentativa de golpe em
curso no Brasil. Por meio de nota, a Cepal diz prestar total apoio a
presidente Dilma Rousseff e conclama a sociedade brasileira a respeitar o
resultado das urnas, sob o risco de desestabilizar a democracia em todo
o continente. "A soberania popular, fonte única da legitimidade numa
democracia, foi entregue a Lula e em seguida à senhora, presidente
Rousseff, através de um mandato constitucional, que se traduziu em
governos comprometidos com a justiça e a igualdade", diz um trecho da
nota. "Os eventos pelos quais passam o Brasil nos dias de hoje ressoam
com força além de suas fronteiras e ilustram para o conjunto da América
Latina, os riscos e as dificuldades que a nossa democracia ainda está
exposta ", finaliza o texto.
"Conhecemos o esforço dos tribunais em perseguir e castigar a cultura
de corrupção, que tem sido historicamente a parte mais opaca do vínculo
entre interesses privados e as instituições do Estado. E a temos
[Dilma] visto apoiando permanentemente essa missão, com a valentia e a
honradez que é a marca de sua biografia, apoiando a criação de nova
legislação mais severa e instituições repressivas mais fortes. É por
isso que nos choca ver, hoje, antes de sentenças ou provas, servindo-se
de vazamentos e de uma ofensiva midiática linchatória, que se tente
demolir a sua imagem e o seu legado, ao mesmo tempo em que se
multiplicam os esforços para reduzir a autoridade presidencial e
interromper o mandato que os cidadãos lhes deram nas urnas", diz o
texto.
A presidente Dilma Rousseff, que discursou nesta sexta-feira (22) na
sede da ONU durante evento sobre o clima fez uma ligeira referência ao
processo de impeachment durante sua fala. mais tarde, em entrevista a
jornalistas internacionais, ela disse estar sendo vítima de um golpe.
Veja aqui ou abaixo a íntegra da nota da Cepal/ONU
CEPAL manifiesta su preocupación ante amenazas a la democracia brasileña
La Secretaria Ejecutiva del organismo envió un mensaje público a la Presidenta Dilma Rousseff.
22 March 2016
CEPAL - BRASILIA
La Comisión Económica para América Latina y el Caribe (CEPAL) emitió
un mensaje dirigido a la Presidenta Dilma Rousseff, respaldando la plena
vigencia del Estado Democrático de Derecho y el ejercicio de las
potestades del Poder Ejecutivo brasileño.
En una declaración pública, la Secretaria Ejecutiva del organismo de
las Naciones Unidas, Alicia Bárcena, manifestó su preocupación por las
amenazas a la estabilidad democrática y reconoció los avances sociales y
políticos que ha experimentado Brasil en la última década.
A continuación el texto íntegro de la declaración de la alta funcionaria internacional:
Mensaje de Alicia Bárcena, Secretaria Ejecutiva de la CEPAL, a la presidenta Dilma Rousseff:
"Con honda preocupación hemos asistido al desarrollo de los
acontecimientos políticos y judiciales que han convulsionado a Brasil en
el curso de las últimas semanas. Nos alarma ver la estabilidad
democrática de su patria amenazada.
La soberanía popular, fuente única de legitimidad en democracia, le
entregó antes a Lula y luego a usted, Presidenta Rousseff, un mandato
constitucional que se tradujo en gobiernos comprometidos con la justicia
y la igualdad. Nunca, en la historia de Brasil, tantas y tantos de sus
compatriotas habían logrado sortear el hambre, la pobreza y la
desigualdad. Significativa es también para nosotros la huella
determinante con la que sus gestiones reforzaron la nueva arquitectura
de la integración de nuestra región, de la UNASUR a la CELAC.
Conocemos del esfuerzo de los tribunales por perseguir y castigar la
cultura de prácticas corruptas que han sido históricamente la parte más
opaca del vínculo entre los intereses privados y las instituciones del
Estado. La hemos visto apoyando permanentemente esa tarea, con la
valentía y honradez que es el sello de su biografía, apoyando la
creación de nueva legislación más exigente y de instituciones
persecutoras más fuertes.
Es por ello que nos violenta que hoy, sin mediar juicio ni pruebas,
sirviéndose de filtraciones y una ofensiva mediática que ya ha dictado
condena, se intente demoler su imagen y su legado, al tiempo que se
multiplican los empeños por menoscabar la autoridad presidencial e
interrumpir el mandato que entregaron en las urnas los ciudadanos.
Los acontecimientos por los que atraviesa Brasil en estas jornadas
resuenan con fuerza más allá de sus fronteras e ilustran para el
conjunto de América Latina los riesgos y dificultades a los que aún está
expuesta nuestra democracia."
22 de Abril de 2016
Corrupção é só um pretesto para os ricos e poderosos que falharam em derrotá-la nas eleições • Para ler este artigo em Inglês, clique aqui
Ahistória da crise política no Brasil, e a mudança rápida da perspectiva global em torno dela, começa pela sua mídia nacional. A imprensa e as emissoras de TV dominantes no país estão nas mãos de um pequeno grupo de famílias, entre as mais ricas do Brasil, e são claramente conservadoras. Por décadas, esses meios de comunicação têm sido usados em favor dos ricos brasileiros, assegurando que a grande desigualdade social (e a irregularidade política que a causa) permanecesse a mesma.
Aliás, a maioria dos grandes grupos de mídia atuais – que aparentam ser respeitáveis para quem é de fora – apoiaram o golpe militar de 1964 que trouxe duas décadas de uma ditadura de direita e enriqueceu ainda mais as oligarquias do país. Esse evento histórico chave ainda joga uma sombra sobre a identidade e política do país. Essas corporações – lideradas pelos múltiplos braços midiáticos das Organizações Globo – anunciaram o golpe como um ataque nobre à corrupção de um governo progressista democraticamente eleito. Soa familiar?
Por um ano, esses mesmos grupos midiáticos têm vendido uma narrativa atraente: uma população insatisfeita, impulsionada pela fúria contra um governo corrupto, se organiza e demanda a derrubada da primeira presidente mulher do Brasil, Dilma Rousseff, e do Partido dos Trabalhadores (PT). O mundo viu inúmeras imagens de grandes multidões protestando nas ruas, uma visão sempre inspiradora.
Mas o que muitos fora do Brasil não viram foi que a mídia plutocrática do país gastou meses incitando esses protestos (enquanto pretendia apenas “cobri-los”). Os manifestantes não representavam nem de longe a população do Brasil. Ao contrário, eles eram desproporcionalmente brancos e ricos: as mesmas pessoas que se opuseram ao PT e seus programas de combate à pobreza por duas décadas.
Aos poucos, o resto do mundo começou a ver além da caricatura simples e bidimensional criada pela imprensa local, e a reconhecer quem obterá o poder uma vez que Rousseff seja derrubada. Agora tornou-se claro que a corrupção não é a razão de todo o esforço para retirar do cargo a presidente reeleita do Brasil; na verdade, a corrupção é apenas o pretexto.
O partido de Dilma, de centro-esquerda, conseguiu a presidência pela primeira vez em 2002, quando seu antecessor, Lula da Silva, obteve uma vitória espetacular. Graças a sua popularidade e carisma, e reforçada pela grande expansão econômica do Brasil durante seu mandato na presidência, o PT ganhou quatro eleições presidenciais seguidas – incluindo a vitória de Dilma em 2010 e, apenas 18 meses atrás, sua reeleição com 54 milhões de votos.
A elite do país e seus grupos midiáticos fracassaram, várias vezes, em seus esforços para derrotar o partido nas urnas. Mas plutocratas não são conhecidos por aceitarem a derrota de forma gentil, ou por jogarem de acordo com as regras. O que foram incapazes de conseguir democraticamente, eles agora estão tentando alcançar de maneira antidemocrática: agrupando uma mistura bizarra de políticos – evangélicos extremistas, apoiadores da extrema direita que defendem a volta do regime militar, figuras dos bastidores sem ideologia alguma – para simplesmente derrubarem ela do cargo.
Inclusive, aqueles liderando a campanha pelo impeachment dela e os que estão na linha sucessória do poder – principalmente o inelegível Presidente da Câmara Eduardo Cunha – estão bem mais envolvidos em escândalos de corrupção do que ela. Cunha foi pego ano passado com milhões de dólares de subornos em contas secretas na Suíça, logo depois de ter mentido ao negar no Congresso que tivesse contas no exterior. Cunha também aparece no Panamá Papers, com provas de que agiu para esconder seus milhões ilícitos em paraísos fiscais para não ser detectado e evitar responsabilidades fiscais.
É impossível marchar de forma convincente atrás de um banner de “contra a corrupção” e “democracia” quando simultaneamente se trabalha para instalar no poder algumas das figuras políticas mais corruptas e antipáticas do país. Palavras não podem descrever o surrealismo de assistir a votação no Congresso do pedido de impeachment para o senado, enquanto um membro evidentemente corrupto após o outro se endereçava a Cunha, proclamando com uma expressão séria que votavam pela remoção de Dilma por causa da raiva que sentiam da corrupção.
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Como o The Guardian reportou: “Sim, votou Paulo Maluf, que está na lista vermelha da Interpol por conspiração. Sim, votou Nilton Capixaba, que é acusado de lavagem de dinheiro. ‘Pelo amor de Deus, sim!’ declarou Silas Câmara, que está sob investigação por forjar documentos e por desvio de dinheiro público.”
Mas esses políticos abusaram da situação. Nem os mais poderosos do Brasil podem convencer o mundo de que o impeachment de Dilma é sobre combater a corrupção – seu esquema iria dar mais poder a políticos cujos escândalos próprios destruiriam qualquer carreira em uma democracia saudável.
Um artigo do New York Times da semana passada reportou que “60% dos 594 membros do Congresso brasileiro” – aqueles votando para a cassação de Dilma- “enfrentam sérias acusações como suborno, fraude eleitoral, desmatamento ilegal, sequestro e homicídio”. Por contraste, disse o artigo, Rousseff “é uma espécie rara entre as principais figuras políticas do Brasil: Ela não foi acusada de roubar para si mesma”.
O chocante espetáculo da Câmara dos Deputados televisionado domingo passado recebeu atenção mundial devido a algumas repulsivas (e reveladoras) afirmações dos defensores do impeachment. Um deles, o proeminente congressista de direita Jair Bolsonaro – que muitos esperam que concorra à presidência e em pesquisas recentes é o candidato líder entre os brasileiros mais ricos – disse que estava votando em homenagem a um coronel que violou os direitos humanos durante a ditadura militar e que foi um dos torturadores responsáveis por Dilma. Seu filho, Eduardo, orgulhosamente dedicou o voto aos “militares de 64” – aqueles que lideraram o golpe.
Até agora, os brasileiros têm direcionando sua atenção exclusivamente para Rousseff, que está profundamente impopular devido a grave recessão atual do país. Ninguém sabe como os brasileiros, especialmente as classes mais pobres e trabalhadoras, irão reagir quando verem seu novo chefe de estado recém-instalado: um vice-presidente pró-negócios, sem identidade e manchado de corrupção que, segundo as pesquisas mostram, a maioria dos brasileiros também querem que seja cassado.
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O mais instável de tudo, é que muitos – incluindo os promotores e investigadores que tem promovido a varredura da corrupção – temem que o real plano por trás do impeachment de Rousseff é botar um fim nas investigações em andamento, assim protegendo a corrupção, invés de puni-la. Há um risco real de que uma vez que ela seja cassada, a mídia brasileira não irá mais se focar na corrupção, o interesse público irá se desmanchar, e as novas facções de Brasília no poder estarão hábeis para explorar o apoio da maioria do Congresso para paralisar as investigações e se protegerem.
Por fim, as elites políticas e a mídia do Brasil têm brincado com os mecanismos da democracia. Isso é um jogo imprevisível e perigoso para se jogar em qualquer lugar, porém mais ainda em uma democracia tão jovem com uma história recente de instabilidade política e tirania, e onde milhões estão furiosos com a crise econômica que enfrentam.