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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Reflexões sobre a legislação de educação durante a ditadura militar

Artigo publicado na edição nº 36 de junho de 2009.

Reflexões sobre a legislação de educação durante a ditadura militar (1964-1985)
 
Alexandre Tavares do Nascimento Lira
O longo debate sobre democratização do ensino que precedeu a Lei nº 4.024/1961, mobilizou amplos setores da sociedade em defesa da escola pública. Entretanto, o texto final consagrou o predomínio da educação privada, materializado no financiamento público à educação particular, fruto de um considerável esforço das classes dominantes em reproduzir seus intelectuais a partir de uma escola duplamente financiada, numa situação de restrição das possibilidades de desenvolvimento de uma educação pública e democrática.
Os acordos MEC-USAID, que embalaram as reformas educacionais da ditadura, foram assinados e executados entre 1964 e 1968, alguns com vigência até 1971. No período que antecedeu o fechamento desses acordos, assistimos a intensificação do debate técnico em torno das limitações e possibilidades do tipo de desenvolvimento industrial veiculado nos anos anteriores.
É fundamental compreender os fundamentos jurídicos das transformações educacionais empreendidas pelos ideólogos do regime militar. Nos anos de vigência do “milagre econômico” brasileiro, entre 1968 e 1974, assistimos o quanto a legitimidade do governo estava condicionada ao seu grau de “eficiência” na esfera econômica, quando a “própria forma com que eram produzidas as comunicações oficiais denota essa estratégia – enfatizando dados essencialmente técnicos – que buscava a criação de uma nova linguagem despolitizadora das informações governamentais”[*1].
A edificação do Estado de Segurança Nacional se caracterizou por um processo contínuo de reformulação de planos e de expansão da abrangência do poder repressivo. Em abril de 1964 instalaram-se, sob o comando do Ministro da Educação Flávio Suplicy de Lacerda, as comissões especiais de inquérito que poderiam dirigir os IPMs (Inquéritos Policial-Militares) às universidades brasileiras, com o Ministério da Educação comandando contratações e demissões de pessoal universitário. Os IPMs eram recomendados para minar uma suposta atuação subversiva na universidade, agindo juntamente às manobras de busca e detenção.
A Lei n° 4.464, de 9 de novembro de 1964, conhecida como Lei Suplicy de Lacerda, colocou as entidades estudantis, como União Nacional dos Estudantes (UNE), na ilegalidade e instituiu como forma legal o funcionamento do Diretório Acadêmico (DA), restrito a cada curso, e o Diretório Central dos Estudantes (DCE), no âmbito da universidade, procurando eliminar a representação estudantil em nível nacional na sociedade, bem como qualquer tentativa de ação política independente por parte dos estudantes. A escola foi silenciada pelo medo e pela insegurança. As decisões passaram a ser tomadas exclusivamente pelos órgãos executivos, federais e estaduais, ampliando-se o papel das Secretarias de Educação e a criação das Divisões Regionais de Ensino, que eram dotadas de “funções técnicas” com o objetivo de implantar as decisões contando com o mínimo de resistência.
Em outubro de 1964, a Lei nº 4.440 instituiu o salário-educação, proveniente de recursos das empresas. O salário-educação foi a forma de contribuição das empresas para a escolarização de seus empregados. Assim, estaria de acordo com a Lei a empresa que oferecesse ensino primário gratuito ou transferisse os recursos para o Estado através de 2,5%, fundindo-se as alíquotas estaduais e federais. A lei que institucionalizou o salário-educação fixava
[...] a arrecadação de dois por cento do salário mínimo da região, a ser pago pelas empresas à Previdência Social em relação a todos os empregados. A distribuição das importâncias arrecadadas se dá pelo seguinte esquema: 50% ficam a disposição dos governos das unidades da Federação para desenvolver o ensino fundamental e os outros 50% são controlados pela União que, através do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, os aplica em medidas de fomento do ensino fundamental nas unidades da Federação menos privilegiadas.[*2]
Contudo, a Lei também previa que as empresas ficariam isentas do salário-educação se instituíssem convênio com as escolas particulares por meio do sistema de bolsas de estudo. Portanto, foi justamente nessa época que as Secretarias e os Conselhos Estaduais de Educação “passaram a ser ostensivamente ocupados pelos donos de colégios particulares e seus prepostos, que tinham todo o interesse em aprovar convênios que beneficiavam, antes de tudo, as empresas de ensino de sua propriedade ou as quais prestavam seus ‘serviços’”[*3].
Os donos de estabelecimentos particulares de ensino encontravam-se satisfeitos com as relações com o regime e o silêncio imposto aos movimentos sociais, pois segundo os debates registrados nos anais das reuniões sindicais
[...] nesse período o SINEPE (Sindicato de Estabelecimentos Particulares de Ensino do Rio de Janeiro) vai-se adaptando aos novos rumos do país. A polarização tinha sido suprimida e a palavra de ordem era a retomada das atividades das escolas de livre iniciativa em ritmo de normalidade. No ano de 1965, temos como registro significativo a congratulação que o sindicato faz ao Secretário Estadual de Educação e Cultura pela concessão de verbas na ordem de U$7,5 bilhões para bolsas de estudos, cifra mais que expressiva.[*4]
Sob essa tendência, no final do ano de 1967, sob os auspícios da crise e a pressão da contestação geral, com destaque a estudantil, o governo criou uma comissão técnica especial com o objetivo de
[...] emitir parecer conclusivo sobre as reivindicações, teses e sugestões referentes às atividades estudantis; planejar e propor medidas para melhor aplicação das diretrizes governamentais no setor estudantil; supervisionar e coordenar a sua execução pela delegação do Ministro de Estado, Coronel Meira Matos (Escola Superior de Guerra), professores Hélio de Souza Gomes e Jorge Boaventura e Waldir Vasconcellos do Conselho de Segurança Nacional entre outros.[*5]
Essa comissão levantou dados junto a inquéritos nas universidades, autoridades do magistério e representantes estudantis sobre a situação do ensino e as causas da crise, o que resultou no denominado “Relatório Meira Matos”, que apresentava itens acerca da eliminação de certos obstáculos à maior produtividade e eficiência do sistema escolar, assim como a ampliação da capacidade de vagas.
O relatório propunha adoção de critérios uniformes para a cobrança de anuidades escolares por parte do ensino privado. Para contornar o problema de falta de vagas, propôs um plano decenal de ampliação de vagas nas escolas mediante a multiplicação de turnos, adoção da duração de cursos com bases em horas-aula, períodos de férias reduzidas, a aplicação mais rigorosa dos dispositivos da LDB (Lei de Diretrizes e Bases) que determina a recusa de matrícula em escolas oficiais de aluno reprovado mais de uma vez, duração do ano letivo em 180 dias, no mínimo, e a obrigatoriedade de frequência às aulas de alunos e professores. O relatório indicava a necessidade de adoção de critérios mais rigorosos para o reconhecimento de escolas de nível superior da rede privada e a instituição de anuidades escolares para o ensino superior oficial.
O relatório apontava a remuneração dos professores como causa do impedimento à dedicação adequada ao trabalho escolar “eficiente”, e propunha revisão do esquema de remuneração do magistério, criando gradativamente a possibilidade do “tempo integral” e da “dedicação exclusiva”. Entre os pontos críticos estavam ainda a inadequabilidade estrutural do Ministério da Educação e Cultura; o relatório estabelecia que para a sua melhoria a organização de escalões de direção técnica e de administração basearia-se em teorias norte-americanas. Para solucionar o problema da crise de autoridade do sistema educacional, propunha a revisão das diretrizes educacionais, autonomia administrativa e disciplinar nas universidades, aliada ao controle total do governo sobre a vida universitária, atribuindo ao Presidente da República a nomeação de reitores e diretores.
Somou-se ao Relatório Meira Matos o relatório elaborado por comissão composta por quatro “especialistas” americanos e dois brasileiros. Seguindo o acordo MEC-USAID de 1966 para a reforma universitária, esse relatório teve teor de aprofundamento das discussões sobre a política educacional e, sobretudo, sobre a tecnocratização da educação superior, influenciando em grande parte a reforma educacional de 68. Focalizava sua atenção à educação superior em detrimento da educação popular, revelando a preocupação com a formação de força de trabalho qualificada para os escalões mais altos da administração e da indústria. O planejamento educacional tornava-se mais intensamente parte do PAEG (Planejamento Econômico Global) para ajustar o sistema educacional às necessidades do mercado de trabalho regulado, utilizando-se dos diagnósticos preliminares do Plano Decenal de Educação da Aliança para o Progresso.
Os programas incluíam “assistência” financeira e assessoria técnica junto a órgãos, autoridades e instituições educacionais, além da doutrinação e treinamento de um contingente de intermediários brasileiros, a serem capacitados para intervir na formulação das “estratégias educacionais”.
O modelo deveria atingir todos os níveis de ensino. A política educacional brasileira articulada na primeira metade da década de 60, esboçada a partir de 1964, tinha como suporte básico a “teoria do capital humano”. Esta teoria estaria ligada a uma pedagogia tecnicista baseada no pressuposto da eficiência e da produtividade, obtida a partir da neutralidade científica inspirada nos princípios da racionalidade. Esta pedagogia defendia a reordenação do processo educativo de modo a torná-lo objetivo e operacional, minimizando as interferências subjetivas. Semelhante ao ocorrido no trabalho fabril, pretendia-se a objetivação no trabalho pedagógico.
Procurou-se personificar a racionalidade técnica no aparato produtivo. Isso não se aplica apenas às fábricas mecanizadas, ferramentas e à exploração de recursos, mas também à maneira de trabalhar como adaptação ao processo mecânico e manuseio do mesmo, conforme programado pela “gerência científica” do sistema. A dominação se transfigurou em administração, dentro da enorme hierarquia das juntas executivas e de gerência que se estendeu muito além de cada estabelecimento até o laboratório científico e o instituto de pesquisas. Proliferaram propostas pedagógicas, entre elas o enfoque sistêmico, micro-ensino, tele-ensino, a instrução programada e o ensino à distância.
Notadamente o governo viria a adotar a maior parte da estratégia desejada pela USAID e assumiria a responsabilidade pelas inovações propostas. A Confederação Nacional de Educação (CNE), organizada em 1966, teve por objetivo apontar sugestões para a reformulação do Plano Nacional de Educação em vigor, afirmando a relação entre educação e desenvolvimento econômico. Esta orientação foi elaborada a partir das determinações do “Plano Decenal de Educação da Aliança para o Progresso”. Tinha-se em vista a elaboração periódica de “prestação de contas” sobre os avanços educacionais alcançados no país exigido pelo CIES (Conselho Interamericano Econômico e Social), liderado pelos EUA. A CNE indicou como prioridade um estudo da situação do ensino primário por meio do detalhamento dos índices de evasão, reprovação e atraso no ingresso escolar, que assolavam este nível de ensino. Considerava-se necessária a ampliação da capacidade de vagas para a formação da força de trabalho nacional, para superar o problema da falta de vagas nas escolas e do difícil acesso às universidades.
O modelo de desenvolvimento associado ao capital estrangeiro foi implementado por meio de uma estrutura repressiva singular, buscando garantir a execução da Lei nº 5.540/1968, que fixou normas de organização e funcionamento do ensino superior, reformulando o acordo MEC-USAID de assessoria para a administração universitária de 30 de julho de 1966. A Lei 5.540, de 28 de novembro de 1968, determinou normas de organização e funcionamento do ensino superior e sua articulação com a escola média. A Reforma Universitária foi marcada pela intenção de aumentar a produtividade dos recursos materiais e humanos existentes, valendo-se da instituição de medidas como a organização por departamentos, com o objetivo de eliminar a duplicidade de trabalho, aumentando a taxa de utilização dos recursos humanos e materiais por meio da matrícula por disciplina e o regime de créditos, onde os alunos se matriculavam em cada disciplina, compondo o currículo conforme pré-requisitos estabelecidos.
Um dos mais importantes instrumentos legislativos da repressão foi o Decreto nº 477, de 26 de fevereiro de 1969, que atribuiu às autoridades universitárias e educacionais do MEC o poder de desligar e suspender estudantes envolvidos há até três anos em atividades consideradas subversivas pela ditadura, de expulsá-los e impedir de se matricularem em qualquer escola de nível superior no país durante cinco anos. O decreto também previu a demissão de funcionários e professores, impedindo-os de trabalhar em ensino superior durante cinco anos (Art.1º).
No campo mais amplo de articulação empresarial a atuação do IPES (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais) foi decisiva para a elaboração da política econômica e educacional do regime. A reflexão dos intelectuais representantes dos setores empresariais estratégicos envolvidos nas formulações sobre as diretrizes políticas sobre a educação, inclusive as ideias que nortearam a Lei nº 5.692/1971, pode ser observada na publicação “A Educação que nos convém”, resultado do fórum de debates organizado em conjunto pela PUC/RJ e o IPES em outubro e novembro de 1968.
No dia 11 de agosto de 1971 foi promulgada a Lei nº 5.692, que regulamentava o ensino de primeiro e segundo graus. Entre outras determinações, ampliou a obrigatoriedade escolar de quatro para oito anos, aglutinando o antigo primário com o ginasial, suprimindo o exame de admissão e criando a escola única profissionalizante. A legislação complementar que acompanhou a Lei de Diretrizes e Bases foi imediatamente organizada pelo Conselho Federal de Educação (CFE), por meio da Resolução nº 8, e fixava o núcleo comum para os currículos do ensino de 1º e 2º graus, definindo seus objetivos e amplitude, e o parecer 853 do CFE, que definiu a doutrina de currículo, indicando os conteúdos de núcleo comum, apresentando o conceito de matéria, orientando suas formas de tratamento e integração, indicando os objetivos das áreas de estudo e os do processo educativo e remetendo-os ao objetivo geral do ensino de 1o e 2o graus e aos fins da educação.
O Parecer 45/72 do Conselho Federal de Educação teve como relator o padre José de Vasconcellos, também participaram Esther Figueiredo Ferraz, Paulo Nathanael e Maria Terezinha Tourinho Saraiva. O documento criticou a omissão da Lei de Diretrizes e Bases, de 20 de dezembro de 1961, acerca da habilitação profissional, avaliando que nova Lei representou uma mudança de mentalidade em relação ao ensino do 1º e 2º graus.
O parecer definiu que a qualificação para o trabalho era um componente básico do processo de formação integral do adolescente, objetivo específico do 2º grau. Assim, a qualificação tomou forma de sondagem de aptidões e iniciação para o trabalho no ensino de 1º grau, e no 2º grau teve papel predominante. A diretriz que orientava o objetivo da qualificação para o trabalho era a necessidade do mercado. Assim, o parecer partiu das recomendações da Lei nº 5.692/1971, art. 5º, inciso 2, alínea b, de que “[...] a iniciação ao trabalho e a habilitação profissional, sem menosprezar as aptidões do educando [...] deve levar em conta as necessidades do mercado de trabalho local ou regional, a vista de levantamentos periodicamente renovados”.
O objetivo do parecer era reafirmar a profissionalização compulsória no 2º grau. A habilitação profissional foi entendida como uma condição resultante do processo de capacitação para uma ocupação técnica de formação em nível médio. O parecer definiu a duração dos estudos gerais e técnicos, assegurando a predominância da tendência tecnicista, tendo em vista a predominância, prescrita na LDB, da parte de formação especial sobre a de educação geral.
O Parecer 76/75, do Conselho Federal de Educação, flexibilizou a tonalidade profissionalizante da Lei nº 5.692/1971. O Parecer definiu habilitações básicas referentes a determinadas áreas profissionais e trouxe mudanças na divisão entre a educação geral e a formação especial. O Parecer redefiniu o conteúdo da Lei nº 5.692/1971, permitindo aumentar a carga horária acerca de disciplinas de caráter geral. Neste sentido, o Parecer acabava por desestruturar o postulado da profissionalização compulsória no 2º grau, preparando mudanças legislativas mais profundas.
No ano de 1982, a ditadura alterou os dispositivos da Lei 5.692/71 referentes à profissionalização do ensino de 2º grau, implicando em algumas mudanças na proposta curricular, dispensando as escolas da obrigatoriedade da profissionalização, voltando a ênfase à formação geral. Pela Lei 7.044/82, a qualificação para o trabalho, antes visada pela Lei 5.692/71, foi substituída pela preparação para o trabalho, um termo impreciso que mantém, na letra, a imagem do ensino profissionalizante, mas retirou, de uma vez por todas, a obrigatoriedade da habilitação profissional no 2º grau, mesmo a tal habilitação básica. Agora, o ensino de 2º grau poderá ensejar habilitação profissional.
A legislação complementar à Lei 7.044 foi formada pelo Parecer nº 618/82 do Conselho Federal de Educação, que explicava as alterações introduzidas pela nova Lei e o Parecer nº 108/83 do Conselho Federal de Educação, que esclarecia a questão da habilitação profissional após a Lei 7.044/82.
As mudanças das condições de trabalho docente, a partir dos 70, foram consideráveis, pois “[...] a degradação física das instalações escolares, fruto das contenções no investimento público em educação, bem como a queda do salário, geraram uma nítida sensação de decréscimo no padrão de qualidade do ensino”[*6].
O Decreto-lei nº 399, de 30 de abril de 1938, definiu em termos físicos a quantidade mínima de alimentos que um trabalhador deve ingerir para repor suas energias. Pesquisa realizada em São Paulo mostra que uma cesta básica para uma família com dois filhos custava cerca de Cr$ 320,37, diante de um salário mínimo de Cr$225,60, “[...] pesquisa do mesmo tipo realizada no Estado da Guanabara pelo Jornal do Brasil, em 1974, estimou em Cr$228,72 o custo alimentar previsto pelo Decreto-lei nº 399/38. Multiplicando este valor por 3, de modo a calcular uma família virtual, obtém-se o custo mensal da alimentação; Cr$686,16. Como o salário mínimo vigente no Estado [...] era de Cr$ 414,40, o trabalhador deveria receber um salário 65% mais elevado do que o mínimo para custear a alimentação ou, então subalimentar a si próprio e à sua família”[*7].
Os professores, privados do direito de escolher os dirigentes de escola, passaram a conviver com a imposição dos calendários cívicos, do patriotismo formal e com a revolta dos alunos, que contribuíram para a conformação de uma situação delicada para os profissionais da educação. O ensino sentiu o golpe, e os professores, tomados pelo medo, pela desconfiança e pela sobrecarga de trabalho, eram afetados particularmente em um contexto geral da sociedade, no qual aderir ou calar-se são as únicas modalidades de servir aos alvos postos pelas exigências econômicas e políticas da doutrina oficial.
As décadas de 60 e 70 foram caracterizadas por um incremento da produtividade do trabalho, que era acompanhada por queda no padrão de vida e das condições de trabalho ou insegurança ante a ameaça de desemprego. A demanda por novos docentes serviu de justificativa para a precarização de sua formação com a proliferação dos cursos de formação de professores no segundo grau, tornado obrigatoriamente “profissionalizante” mediante a instauração da lei nº 5.692/71, e as licenciaturas curtas incentivadas na Reforma Universitária. A tradição do ensino fundamental, como repassador de conteúdos estabelecidos nas distantes instâncias produtoras do saber oficial, foi reforçada.
Os professores tiveram dificuldades em relacionar-se com os códigos dos estudantes no contexto de cultura repressiva ditatorial; diante da resistência dos alunos ao sistema, houve o problema do fracasso escolar e da reprovação em massa. Esta realidade derivou, justamente, da condução da política promovida pelo Estado:
[...] a condução das políticas educacionais pelos órgãos burocráticos das Secretarias de Educação e do MEC ampliava entre os professores a sensação de desqualificação. Ainda mais porque ganhavam cada vez menos. Com uma remuneração que ao longo dos anos 80 oscilou entre 1,5 e 3 salários mínimos (em alguns momentos os pisos só não ficaram abaixo do salário mínimo pela inclusão de abonos), os professores passaram a viver a estranha realidade de ter na rede pública – antes um emprego bem remunerado – um “bico”. A garantia da sobrevivência demandaria o aumento da carga horária de trabalho, [...] ou com outras atividades profissionais.[*8]
Referências bibliográficas
CUNHA, Luís Antonio. Educação e desenvolvimento social no Brasil. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1978.
CUNHA, Luís Antonio. O Golpe na Educação. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.
FERREIRA, Marco Antônio Costa; OLIVEIRA, Newton. Os Guardiões de Minerva. Rio de Janeiro: SINEPE/MRJ, 1999.
FREITAG, Bárbara. Escola, Estado e sociedade. São Paulo: Moraes, 1986.
MATTOS, Marcelo Badaró de. Novos e velhos sindicalismos no Rio de Janeiro (1955-1988). Rio de Janeiro: Vício de Leitura, 1988.
MENDONÇA, Sônia Regina de; FONTES, Virgínia Maria. História do Brasil Recente. São Paulo: Ática, 1994.
ROMANELLI, Otaíza. História da educação do Brasil. Petrópolis: Vozes, 1978.
 
http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/anteriores/edicao36/materia01/

Une governista, inimiga dos estudantes - Uma leitura nova

Une governista, inimiga dos estudantes

mecusaid1Pela primeira vez, aqueles que há mais de 20 anos atuavam dentro do movimento popular propondo o caminho eleitoral para a transformação da sociedade concretizaram seus planos. Agora, com Luis Inácio no governo, PT, PCdoB que controlam a tanto tempo o movimento popular, vão além dos pedidos de calma e paciência para o povo. Defendem descaradamente a repressão e o ataque aos direitos do povo, como o fazem com a contra-reforma na universidade. Nunca ficou tão escancarada a posição do movimento estudantil burguês, a Une. Um ano e meio em que o oportunismo assume o poder, Une e Ubes mostram como são agentes do ministério da educação nas escolas e universidades. Encabeçaram desde o início, a campanha do governo "pela reforma universitária já!", através da chamada "Caravana Une pelo Brasil". Durante meses a Une levou o MEC para as universidades para defender a contra-reforma do Banco Mundial. Na maioria das universidades, a Une foi expulsa e não conseguiu falar, tamanha a repulsa dos estudantes. Na UFMG por exemplo, chegaram a sair fugidos, correndo (literalmente), expulsos pelos mais de 200 estudantes que em manifestação no dia da chamada caravana, gritavam em alto e bom som: Fora PCdoB da UFMG!
Os oportunistas vão se desmascarando, todas as lutas estudantis que se desenvolvem se dão por fora e contra a Une/Ubes. Estudantes universitários boicotam taxas nas universidades, fazem manifestações e resistem a contra-reforma universitária. Estudantes secundaristas tomam as ruas e radicalizam a luta pelo passe livre como em Fortaleza, Florianópolis, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Une, Ubes são cada vez mais identificadas como inimigas dos estudantes. PT e PCdoB começam a ser expulsos das escolas e universidades com a perda de vários grêmios, DCEs e DAs. O rompimento com Une/Ubes se coloca ainda mais na ordem do dia para todos estudantes e organizações que pretendem desenvolver a verdadeira luta dentro das escolas e universidades, luta independente e combativa.
Logo quando da vitória da eleição de Lula, o presidente da Une declarou que o movimento estudantil deixaria de ser de resistência para ser de "proposição" ao governo "popular e democrático". Para tentar convencer os estudantes, repetem mil vezes que são os continuadores do movimento estudantil de 1968, de Honestino Guimarães, Helenira Rezende e tantos outros revolucionários que dentro do movimento estudantil deram exemplo de rebeldia e espírito revolucionário. Com este discurso querem fazer todos acreditarem que os jovens revolucionários da década de 60 e 70 lutaram e morreram para que hoje o povo brasileiro pudesse votar e eleger Luis Inácio, e que a Une é a representação máxima dos estudantes.
No entanto ficar afirmando que a Une lutou no passado e que por isto hoje é legítima representante dos estudantes, não esconde que na prática é uma entidade governamental. É necessário que observemos a história para enxergarmos como se deu o desenvolvimento do movimento estudantil brasileiro e como a Une se transformou nesta entidade oficial e governista.

Histórico do Movimento Estudantil

68Assim como no movimento operário e popular temos no movimento estudantil dois caminhos de desenvolvimento: o revolucionário e o reformista. Produto das direções oportunistas e eleitoreiras o caminho reformista predominou também no movimento estudantil. O auge do caminho revolucionário no m.e. se deu no final dos anos 60 e início dos anos 70, quando toda uma geração de jovens se levantou no audacioso combate ao regime militar. Em que pese os erros e insuficiências, este foi o período de maior combatividade e de maior massividade do m.e. brasileiro. Isto se deu exatamente porque foi neste momento que o movimento estudantil rompeu com as ilusões eleitorais e se dispôs a fundir-se com o povo na luta pela tomada do poder. O auge do caminho reformista se dá agora com a chegada do oportunismo ao controle do aparato central do Estado reacionário, concretizaram um projeto que se acumuluva há anos com traições, enganação e semeando muita ilusão eleitoral entre as massas. Estes caminhos sempre se enfrentaram e durante curtos momentos o revolucionário predominou, desde o início dos anos 80 tem predominado o caminho reformista sob a hegemonia do PCdoB. Mas como diria o camarada Lenin, a vitória do oportunismo é sempre temporária, cedo ou tarde com as crises inevitáveis do sistema capitalista as massas se levantam contra suas velhas direções e retomam o caminho da luta combativa, é este momento que agora se abre!
Desde o período colonial, na luta pela independência do jugo português, os estudantes brasileiros participam ativamente da luta de classes de nosso país. Os jovens que estudavam na Europa foram fundamentais para dar o suporte teórico das Conjurações Mineira (1789) e Baiana (1796), trazendo para o Brasil a revolucionária influência do iluminismo e do racionalismo, das revoluções burguesas norte-americana e francesa. Durante o império os estudantes se destacaram pela participação na luta contra a escravidão, expressão desta atuação foi o jovem poeta baiano Castro Alves, que fez o curso de Direito em Pernambuco e na USP, que fez de seus versos os mais belos manifestos pela libertação dos escravos. A simpatia das massas estudantis com as lutas do povo pobre se evidencia com as manifestações de apoio a Canudos (1897), particularmente no manifesto dos universitários baianos denunciando a bárbarie e o genocídio perpetrado pelo Estado reacionário.
No entanto, uma maior politização e organização do movimento estudantil ocorrerá a partir da intervenção do Partido Comunista do Brasil (fundado em 1922) entre os jovens intelectuais. Em 1936 é fundada a União da Juventude Comunista, organização que será decisiva para diversas mobilizações estudantis como as manifestações anti-fascistas, exigindo que o Brasil participasse na II Guerra contra o nazi-fascismo; os protestos contro envio de tropas para a invasão ianque na Coréia; e a campanha antiimperialista pela nacionalização do petróleo, "O petróleo é nosso". A UJC também foi decisiva para desatrelar a Une do Estado Novo, dando a ela um caráter mais combativo e uma direção proletária. Porém o reformismo que se instala na direção do PCB, principalmente nos anos 50 e 60, irá desviar o movimento estudantil para o caminho eleitoreiro e da conciliação de classes. O reformismo do PCB irá se expressar nos apoios aos chamados "governos do povo" de Getúlio e JK e a participação ativa na gestão de João Goulart. Esta postura governista e conciliadora desarmou o movimento estudantil levando-o à paralisia e ao distanciamento da massa.
A primeira contraposição a esquerda da direção reformista será a da Ação Popular, grupo oriundo da juventude católica que adere ao marxismo e propugna um projeto revolucionário de tomada do poder. A AP hegemonizará a direção da Une de 62 até 68, oscilará entre a posição revolucionária das manifestações contra a invasão ianque ao Vietnã e as posições governistas de conciliação com o presidente João Goulart. Apesar da posição combativa da AP, esta não terá fibra ideológica suficiente para contrapor mais profundamente o caminho reformista no movimento estudantil, pesava muito a herança do cristianismo. A ligação da Une com o governo Jango era intensa, a entidade chegava a participar da escolha do ministro da educação. Esta relação próxima longe de tornar o governo mais democrático tornou a Une ainda mais governista. O governismo da Une ficou patente na histórica "Greve do 1/3", este foi uma das maiores e mais importantes mobilizações dos estudantes pela democratização das universidades, sua principal reivindicação era de que 1/3 dos conselhos universitários fossem compostos por estudantes (hoje, os estudantes representam cerca de 1/10 dos conselhos). O movimento se alastrou por todo o país e a greve paralizou praticamente todas as universidades federais. Esta reivindicação batia de frente com as orientações do imperialismo norte-americano para a educação brasileira, que mais tarde deveneria nos acordos MEC/USAID, que dentre outras coisas visava restringir a autonomia das universidades. O governo Jango estava irredutível nas negociações da greve, foi então que a direção da Une capitulou, sob a argumentação de que o movimento estava atiçando as "forças golpistas de direita", então a Une encerrou a maior greve estudantil da história de nosso país. Este episódio comprova a existência de ilusões com o governo demagógico/populsista de João Goulart e com o Estado burguês/latifundiário. Tanto que no dia do golpe, 1o de abril de 64, a Une lança um manifesto conclamando os militares a defenderem o governo ‘legítimo’ de João Goulart.
O golpe militar produzirá uma mudança significativa na direção do movimento estudantil. Jango não resistiu ao golpe e fugiu para o Uruguai, a constituição e o congresso "soberanos" foram ignorados, enfim mais uma vez a história comprovou que as instituições "democráticas" no capitalismo existem até quando lhe são úteis. As ilusões de mudar o país pela via eleitoral, os devaneios de que Jango era um governante popular, isto é, toda a justificativa política das posições reformistas ruíram em apenas um dia. É o início da ascensão de uma nova e revolucionária direção dentro do movimento estudantil. A posição dos estudantes se desenvolve rapidamente: primeiro lutas econômicas combativas, depois luta contra o regime militar, para então luta pelo o poder.
A primeira luta importante se dará no ano de 66 contra os acordos MEC/USAID e posteriormente contra a lei Suplicy de Lacerda. Os acordos MEC/USAID foram firmados entre os militares e o governo ianque em 1965, o tratado radicalizava a intervenção do EUA na elaboração das políticas educacionais brasileiras. No segundo semestre de 66 a Une, mesmo na ilegalidade, dirige uma grande jornada de lutas contra os acordos, denunciando seu caráter vil e vende-pátria. Os militares, que sempre se apresentavam como nacionalistas, foram denunciados por crimes de subserviência colonial. O movimento foi tão intenso que obrigou o regime a recuar e a rever alguns pontos do acordo. Com esta derrota a ditadura aprendeu que não poderia implementar seus planos para a educação sem antes dar golpes mais duros na organização independente dos estudantes. Em 67 radicaliza-se a aplicação da lei Suplicy de Lacerda (nome do ministro da educação), que em 64 colocara a Une na ilegalidade, são destituídas as direções dos principais centros acadêmicos e são convocadas eleições antecipadas. Os revolucionários boicotaram este engendro dos milicos e posteriormente organizaram eleições paralelas. Em contraposição aos diretórios da ditadura foram criados os chamados CA’s livres, que não eram reconhecidos oficialmente, tinham suas sedes fora da universidade, mas representavam seguramente a liderança da massa estudantil. Mesmo sob estas difíceis condições os revolucionários souberam se organizar, a repressão e a violência do regime aumentava, porém já começava a gestar a rebelião do povo, eram os preparativos para os grandes embates de 68.
No ano de 1968 ocorreu a maior rebelião estudantil da história do Brasil. É o ano em que os secundaristas se engajam com mais vigor, trazendo para os protestos sua ousadia e audácia. No dia 28 de março, estudantes que almoçavam no refeitório estudantil Calabouço, que funcionava no centro do Rio, iniciam um protesto contra o aumento da refeição. A polícia intervêm e invade o refeitório, os estudantes reagem com paus, pedras, pratos e talheres, a tropa começa a atirar contra os estudantes e o secundarista Edson Luís, paraense, de 18 anos, é ferido fatalmente. Dá-se então uma dura batalha pelo corpo do estudante assassinado, a massa consegue resgatá-lo e levam-no para a Assembléia Legislativa. Acompanharam o enterro no dia seguinte mais de 50 mil pessoas. Por todo o país estouram mobilizações em repúdio ao assassinato. Em Goiânia outro estudante é morto pela polícia. Daí por diante estudantes e regime se baterão abertamente nas passeatas. A massa organiza barricadas e uma grande artilharia composta de pedras, vasos e paus surge do alto dos prédios. Em junho ocorre a histórica manifestação dos cem mil, cuja principal consigna era "Abaixo a ditadura!". O general Costa e Silva recebe uma comissão de estudantes, mas encerra a reunião se considerando desacatado. Em outubro é realizado clandestinamente o Congresso da Une em Ibiúna-SP, o regime descobre o encontro e prende mais de 1000 estudantes. Estavam nas mãos do Exército as principais lideranças do movimento estudantil brasileiro. Foi um grande golpe. Em dezembro é editado o Ato Institucional número 5 que legaliza as arbitrariedades e a tortura. Junto dele veio o famigerado Decreto-lei 477 que permitia a expulsão de militantes do movimento estudantil das universidades. A maioria dos dirigentes presos em Ibiúna foi expulsa de suas faculdades. O regime militar tentava pôr fim ao movimento que não conseguira deter em 64 e 67 com a lei Suplicy de Lacerda.
682As manifestações de 68 representaram um grande desenvolvimento das lutas de 66 contra o acordo MEC/USAID. O que se planteava agora era "Abaixo a ditadura, povo no poder!". Os estudantes foram para as ruas com este propósito e fizeram estremecer o regime. Ao longo das lutas as massas ganharam grande experiência nos enfrentamentos com a polícia e claramente os estudantes levavam a vantagem. Mas era ilusão querer derrubar a ditadura com manifestações de rua, esta expectativa conduziu o movimento a erros importantes: desligamento dos estudantes com as massas camponesas e operárias (que apoiavam a luta mas ainda não participavam) e a crença na vitória rápida e de um só golpe. A concepção de achar que estava-se perto da tomada do poder descolou o movimento da massa de estudantes. Outro erro desta concepção foi o descuido com as questões de autodefesa do movimento, subestimou-se a facistização do regime. O movimento estudantil havia "desafiado o imperador" e era preciso estar preparado para a rebordosa. A queda do congresso de Ibiúna mostra que o movimento não havia se preparado o suficiente para os momentos mais duros da luta.
Não há dúvida que o aspecto principal das lutas de 68 é o positivo. A politização e a combatividade dos estudantes atingiram o patamar mais elevado, isto produziu uma riquíssima geração de revolucionários, de valorosos e destemidos jovens que se dispuseram a pegar em armas para fazer a revolução em nosso país. Milhares de estudantes foram para a luta armada e impuseram uma resistência heróica aos facínoras. Mas aqui também encontraremos as ilusões da possibilidade de derrubar a ditadura rapidamente. Esta concepção dizia que bastava um pequeno grupo iniciar a revolução que a massa os seguiria. Isto descolou os revolucionários do povo e consistiu no principal erro da luta armada neste período. A experiência mais avançada foi a da guerrilha do Araguaia, da qual participaram dezenas de militantes oriundos do movimento estudantil. Esta foi a primeira tentativa de iniciar a guerra popular no Brasil. A estratégia do PCdoB previa que seria um combate prolongado e que para ser vitorioso era fundamental a ligação com as massas. No entanto, esta experiência não escapou das influências das idéias e concepções em voga, se concentrou em uma região aonde não existia nenhuma experiência política das massas, houve pouco trabalho político entre o povo da região e acreditou-se que poderia se vencer os sucessivos cercos do inimigo.
A partir de 76, praticamente todas as organizações que dirigiram a luta armada estavam desmanteladas. O regime militar conseguira aniquilar a direção do processo, foram assasinados Pedro Pomar e Maurício Grabois do PCdoB, Manoel Lisboa e Emmanoel Bezerra do PCR, Carlos Marighela e Joaquimm Câmara da ALN, Carlos Lamarca do MR 8 e Mário Alves do PCBR e muitos outros dirigentes. Esta derrota temporária do caminho revolucionário em nosso país irá repercutir diretamente no movimento estudantil. Com o extermínio dos principais líderes revolucionários o que sobrou de suas organizações abandona o caminho da revolução. Ao invés de se realizar um balanço para se descobrir os erros e prosseguir na senda revolucionária, as principais organizações optaram por depor as armas. A lei de anistia representou o acordo de capitulação dos guerrilheiros arrependidos, que aceitavam ser colocados na mesma condição dos torturadores e gendarmes do Estado e se preparavam para integrar-se ao sistema, reingressar na chamada "vida política nacional", leia-se voltar a participar de eleições. O abandono do caminho revolucionário culminará na campanha pelas "Diretas já" em 1984. Era o retorno às ilusões reformistas de mudanças na vida do povo através das eleições.
No final dos anos 70 as massas oprimidas davam mostras de sua disposição de luta. Estouram greves operárias em São Bernardo e em Belo Horizonte, barricadas são levantadas, inúmeras fábricas ficam paradas. Na greve da Mannesman em BH os operários além da reivindicação salarial exigiam a libertação dos presos políticos. Vivia-se um auge do movimento de massas, porém faltou uma direção a altura que desse a estas enormes mobilizações uma perspectiva revolucionária. No movimento estudantil também vivemos este auge, inicia-se um massivo movimento de reconstrução das entidades de base e nacionais. Em 79 realiza-se em Salvador o congresso de reconstrução da Une, este congresso foi fruto de intenso trabalho de base e de derrubada das velhas direções dos centros e diretórios acadêmicos ligados ao regime. Em Juiz de Fora, Minas Gerais, uma manifestação de 5000 estudantes derruba a antiga diretoria do DCE da UFJF e assim foi por todo o país. Este importante processo estava marcado pelo ódio à ditadura que emanava dos estudantes. O centro das reivindicações era a exigência de liberdades democráticas, o que estava correto porque expressava o sentimento de toda a massa. No entanto, a luta por liberdades democráticas não consiste em um objetivo final e sim um meio para que se possa desenvolver melhor a luta popular pela a tomada do poder. Já nas eleições de 80 praticamente todas as correntes do movimento estudantil estavam envolvidas no processo eleitoral. Um grande retrocesso, pois desde 67 as organizações estudantis vinham organizando as campanhas pelo "Voto nulo!".

A Une se transformou em um símbolo de paralisia, burocratismo e peleguismo.

O engajamento no processo eleitoral, ainda sob o regime militar, expressa o abandono completo do caminho revolucionário no movimento estudantil. Todas as lutas neste período estarão dentro da estratégia oportunista de acumular eleitoralmente. Nos anos 80 as principais forças no movimento estudantil serão MR 8, PCdoB e PT. Desde 1984 o Pecedobê consegue garantir a hegemonia na diretoria da Une, o que levará a um crescente aparelhismo e burocratismo da entidade. Os congressos foram piorando ano a ano, deixando de ser um espaço sério para discussão política para ser uma grande festa alienada; a disputa das correntes deixaram de ser por posições políticas para ser cada vez mais por cargos na entidade. O Congresso da Une de 1986 marca a radicalização do aparelhismo desta entidade, que entra num caminho sem volta de oportunismo e peleguismo. Neste Congresso o Pecedobê é derrotado na questão da eleição para a nova diretoria, que deixa de ser congressual para ser direta. As eleições ocorrem e o Pecedobê frauda descaradamente, o roubo é descoberto e denunciado. O MR 8 propõem a construção de uma nova Une, mas o PT fecha um acordo com o Pecedobê e valida, em troco de cargos, as eleições fraudadas. É o início da aliança (PT e PCdoB) no movimento estudantil, que vigora até hoje no controle de Une e Ubes.
foracollorO chamado "Fora Collor" marcou o estilo oportunista de fazer movimento estudantil e foi a base de toda a atuação de Une e Ubes durante os anos 90. Este foi um movimento gestado pela mídia e que interessava a vários setores das classes dominantes e do imperialismo. A roubalheira perpetrada por Fernando Collor colocava em risco a aplicação das políticas imperialistas de privatização das empresas estatais e de reestruturação do Estado reacionário. Tirá-lo passou a ser um problema chave para a grande burguesia. Não é a toa que a Rede Globo, que tanto investiu na eleição de Collor para presidente, mudou de posição e se solidarizou com o movimento dos "caras pintadas". Além disto o "Fora Collor" foi utilizado para "demonstrar" que realmente vivemos em uma democracia, pois "quem elege pode destituir". Esta ilusão difundida pelo oportunismo busca reforçar no povo a consciência atrasada de acreditar nas eleições como forma de mudança.
O "Fora Collor" moldou o velho movimento estudantil tanto em seu conteúdo como em sua forma. Durante os oito anos de gerência FHC os oportunistas tentaram reeditar este movimento. Em conseqüência disto a década de 90 foi uma década de enormes derrotas para os estudantes. As lutas concretas contra a privatização das universidades e contra o fim do ensino técnico foram substituídas pelo esquálido e pacífico "Fora FHC". Em nenhum país da América Latina a reforma Educacional do Banco Mundial foi levada tão a fundo como no Brasil. Em nenhum país da América Latina houve tão pouca resistência contra estas reformas. Enquanto na Venezuela, Uruguai, Chile e Equador os estudantes ocupavam escolas e universidades, faziam greves, entravam em confronto com a polícia contra a reforma do ensino técnico e universitária, aqui no Brasil a Une acumulava para a estratégia de eleger Lula presidente. Apostaram tudo na saída eleitoral, na mudança de gestor para solucionar os problemas da educação e do povo.
Com a vitória de Luis Inácio nas eleições de 2002, Une e Ubes deixam de ser apenas estruturas burocráticas, pelegas e reformistas para serem também órgãos oficiais e institucionais do novo governo, numa política de traição aberta aos estudantes. Para os oportunistas esta é uma grande conquista, a todo instante se gabam de reunirem periodicamente com o Ministro da Educação, se transformaram em orgulhosos representantes do MEC e do Estado reacionário. Hoje a pauta da Une é ditada pelo governo, centram suas forças na concretização da "reforma universitária", que não passa de mais uma contra-reforma do governo Lula definida pelo FMI. Exatamente como na reforma da previdência o governo e os oportunistas dizem que as mudanças serão boas, acenam com propostas progressistas mas na prática aplicam os planos de privatizar a universidade. E Une e Ubes cumprem o vil papel de justificar todas as ações do governo. É claro que farão críticas pontuais como demagogia para na essência apoiar todas as medidas do governo. Esta decadente tarefa revela para as amplas massas estudantis de que material são feitos estes oportunistas, não resta mais dúvidas da ideologia traidora destes pelegos. O que aparenta ser uma grande vitória para PT e Pecedobê é na verdade uma grande derrota, estamos assistindo a falência do oportunismo no movimento estudantil, estas velhas direções não são referência de luta para mais nenhum estudante. Este é o momento mais propício para o combate e denúncia da traição dos pelegos. Há anos afirmamos que os oportunistas são inimigos do povo, há anos anunciávamos que as eleições nada mudaria na vida de miséria de nosso povo, agora vemos a confirmação cabal de nossas teses.

Romper com a Une: condição primeira para o desenvolvimento da luta e do movimento estudantil.

pixacao Para aqueles que querem construir um movimento estudantil combativo e independente, a questão que se coloca hoje é mais do que nunca a de participar ou não das organizações estatais, Une/Ubes. Por mais que mantenham na aparência alguma massividade estas entidades não representam nenhum interesse do povo. É com a referência no histórico que descrevemos e na falência destas entidades, que vemos a necessidade peremptória da ruptura com o oportunismo no movimento estudantil. Une e Ubes são governo, são abertamente inimigas dos estudantes não podem andar ao lado ou em conjunto dos que querem desenvolver um verdadeiro movimento estudantil de luta.

É fácil enxergar esta necessidade, por exemplo, na luta contra a "reforma" universitária. Se a Une está numa assembléia sobre a "reforma" universitária, temos que ficar discutindo se é justo ou não lutar contra a privatização da universidade. Isto é perda do tempo que poderíamos utilizar para discutir as estratégias da nossa luta. Devemos garantir a independência do movimento estudantil. Os estudantes comprometidos com a luta não podem cair na choramingação do PCdoB que pede unidade do movimento. O que querem no fundo é a unidade dos estudantes com seus algozes, os que pisam sobre os direitos do povo, os que privatizam a universidade, os que vendem a alma para garantir cargos e o poder das classes dominantes em nosso país. Não pode existir unidade com a Une, com governo algum deste Estado de grandes burgueses e latifundiários serviçais do imperialismo.
Ninguém mais pode ter a ilusão de que existe disputa dentro de Une/Ubes. O problema destas entidades não está simplesmente nas suas direções, mas em toda estrutura burocratizada em que se transformaram nos últimos anos. Existem para tentar conter e controlar o movimento estudantil, manter os estudantes dóceis e alienados. Não existe debate político dentro destas entidades. Seus congressos são um jogo de cartas marcadas onde as decisões já estão previamente decididas por estes partidos governistas. Enquanto a cúpula de governistas garante toda as diretivas e cargos da entidade dentro da linha do governo, colocam os estudantes para participarem de algo parecido com mega-shows ou grandes feirinhas. Vale tudo para garantir o controle destas entidades: burlar, falsificar, fraudar. Participar destas estruturas significa legitimar a ação governamental no movimento estudantil e um verdadeiro atraso na luta dos estudantes. Se aliar com estas entidades significa aliar com o governo e isto levaria necessariamente à derrota o movimento estudantil brasileiro.
"A unidade com os oportunistas significa presentemente de fato a subordinação da classe operária à ‘sua’ burguesia nacional" (O socialismo e a guerra, Lênin)
Estar dentro da Une, mesmo na condição de "oposição", é fazer unidade com o oportunismo, pois esta "oposição política" nada mais é que a legitimação do oportunismo. Por mais que falemos que não concordamos com a "maioria" da diretoria, isto é, o Pecedobê, apontamos aos estudantes a referência da luta estudantil sendo um organismo dirigido por traidores. Pecedobê e PT se aliaram para sempre com as classes dominantes e com o imperialismo, unir-se com eles na Une é estar unido com a burguesia. Seu antiimperialismo é ser contra o Estados Unidos e a favor da União Européia, da Rússia e da China. As forças que apregoam a unidade com o oportunismo e são contra a ruptura com a Une, ainda alimentam ilusões com setores do PT e do Pecedobê e mesmo de que o governo Lula fará algumas mudanças democráticas. É preciso combater estas ilusões.
Existem aqueles que dizem que é incorreto sair da Une porque é sob a direção da Une que estão as amplas massas estudantis. No texto O imperialismo e a cisão do socialismo, Lênin faz uma profunda análise sobre a relação da ruptura com o oportunismo e o distanciamento das massas: "Um dos sofismas mais difundidos pelo kautitskismo é a referência às massas. Nós, dizem eles, não queremos cortar-nos das massas e das organizações de massas!". Realizar congressos e passeatas com milhares de estudantes não representa necessariamente massividade, massas e multidão são duas coisas distintas. A Une representa somente uma aparência de movimento, o que está na superfície. "Engels distingue do partido operário burguês as velhas trade unions, da minoria privilegiada, a ‘massa inferior’ , a maioria real, apela para ela, não contaminada pela ‘respeitabilidade burguesa". É isto que devemos distinguir, as velhas entidades das amplas massas estudantis, que não estão dirigidas pelo oportunismo, estas são a maioria e é para estas que os revolucionários devem apelar.
Não pode ser um impeditivo da ruptura com a Une o cálculo se a posição combativa ficará com a maioria: "Não podemos e ninguém pode calcular qual é precisamente a parte do proletariado que segue e seguirá os sociais chauvinistas e oportunistas. Isto só a luta o mostrará, só a revolução socialista o resolverá definitivamente." Os bolcheviques durante quase todo o processo revolucionário foram minoria nas organizações de massa e isto não impediu que fizessem a revolução. Justamente porque eles aplicam a "única tática marxista" romperam com o oportunismo, pois tinham a certeza que eles: "representam apenas uma minoria" e que: "o nosso dever, se queremos permanecer socialistas é ir mais baixo e mais fundo, para as verdadeiras massas: nisto consiste toda a importância na luta contra o oportunismo e todo o conteúdo desta luta. Desmascarando que os oportunistas e sociais-chauvinistas traem e vendem de fato os interesses das massas, que eles defendem os privilégios temporários de uma minoria privilegiada de operários, que eles propagam as idéias e influência Burguesa, que de fato eles são de fato aliados e gentes da burguesia – ensinamos deste modo as massas a identificar os seus reais interesses políticos, a lutar pelo socialismo e pela revolução através de todas as peripécias, longas e dolorosas, das guerras imperialistas e dos armistícios".
"Explicar às massas a inevitabilidade e a necessidade da cisão com o oportunismo, educá-las para uma luta revolucionária implacável contra ele, ter em conta a experiência da guerra para revelar todas as infâmias da política operária nacional-liberal. E não para as ocultar, tal é a única tática marxista para o movimento operário no mundo." Devemos levar bastante a sério estes ensinamentos. Nem ilusão nem aliança com o oportunismo. Ao contrário combatê-los de forma inseparável do combate ao imperialismo e a toda a reação.
Romper com a Une é o primeiro passo para garantirmos a unidade revolucionária dos estudantes, pois só é possível a unidade com a luta e a Une é mais do que nunca uma entidade governista. É ilusão achar que poderemos derrubar as direções de PT/Pecedobê no movimento estudantil por dentro da Une sem se contaminar pela mesma moléstia. Se antes de serem governo o seu aparelhismo já era enorme, agora com a máquina estatal nas mãos é que não sairão mesmo de seus "lugarzinhos rendosos". Romper com a Une representará o isolamento para as forças governistas. Estarão sós e não poderão mais falar por todos os estudantes. A ruptura coma Une representará um impulsionamento das lutas estudantis.
Alguns companheiros ainda pensam que romper com a Une representaria deixar para o Pecedobê e o PT uma entidade com um passado de grandes lutas. Romper com a Une não significa negar este passado mas sim resgatá-lo. Um passado de luta e heroísmo não pode se restringir a uma sigla; da mesma forma que o Pecedobê de hoje não tem sequer nenhum vestígio do PCdoB do Araguaia, a Une de hoje não é mais uma entidade combativa e massiva que foi nos anos 60 e 70. Se queremos herdar o passado das lutas dos combativos estudantes brasileiros devemos é mirar em seus exemplos. Representam os jovens da década de 60 aqueles que mantêm seus ideais, ou seja, a revolução brasileira. A Une de hoje é a negação deste passado.Para os estudantes a Une longe de significar um passado de luta representa uma máquina burocrática falida, que agora foi reduzida a uma mera delegacia do Ministério da Educação.
É por toda esta situação que convocamos todos os estudantes a não só romper como também expulsar das escolas e universidades brasileiras esta entidade burguesa e governamental. Não aceitamos a interferência do governo e do Estado dentro do movimento estudantil. Sua bancarrota começa, mas é necessário que atuemos ativamente na sua derrubada, ela não cairá sozinha.
A derrota do Pecedobê e do PT em várias eleições de grêmios, DAs e DCEs nos apontam que são grandes as perspectivas. A Une e seus mantenedores são conhecidos cada vez mais como inimigos dos estudantes. Esta é a condição primeira para conduzirmos novamente o movimento estudantil brasileiro para o caminho da luta do povo e transformação revolucionária do nosso país.
 

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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Brasil é o país dos 30 Berlusconis, diz ONG Repórteres Sem Fronteiras

Brasil é o país dos 30 Berlusconis, diz ONG Repórteres Sem Fronteiras

24 jan
Publicado às 9h29
 

 
A ONG Repórteres Sem Fronteiras publicou nesta quinta-feira (24) um relatório sobre o cenário da imprensa brasileira, em que diz que o país é a terra dos “30 Berlusconis”, em referência ao magnata italiano que domina a mídia e boa parte da política no seu país.
“A topografia da mídia do país que vai hospedar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 quase não mudou nas três décadas desde o fim da ditadura militar de 1964-85″, diz o texto.
Segundo a ONG, cerca de dez companhias dominam a mídia nacional, quase todas com base em São Paulo e no Rio de Janeiro.
O relatório denuncia ainda a violência contra jornalistas no Brasil, mencionando que dois repórteres especializados em notícias de polícia tiveram que deixar o país no ano passado por conta de ameaças.
A agência de notícias France Presse distribuiu em todo o Brasil um pequeno resumo do relatório. ”O Brasil apresenta um nível de concentração de mídia que contrasta totalmente com o potencial de seu território e a extrema diversidade de sua sociedade civil”, explica a ONG de defesa da liberdade de imprensa. “O colosso parece ter permanecido impávido no que diz respeito ao pluralismo, um quarto de século depois da volta da democracia”, assinala a RSF, recordando que em 2012 houve 11 jornalistas assassinados no país.
Segundo a ONG, um dos problemas endêmicos do setor da informação no Brasil é a figura do magnata da imprensa, que “está na origem da grande dependência da mídia em relação aos centros de poder”. “Dez principais grupos econômicos, de origem familiar, continuam repartindo o mercado da comunicação de massas”, lamenta a RSF.

http://noticias.terra.com.br/mundo/brazil-no-radar/blog/2013/01/24/brasil-e-o-pais-dos-30-berlusconis-diz-ong-reporteres-sem-fronteiras/?fb_ref=FBRecommPluginTerra

DIABETES TIPO 2: NOVOS PRODUTOS

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

DIABETES TIPO 2: NOVOS PRODUTOS

Nesina Alogliptin>


O Food and Drug Administration (FDA) dos EUA aprovou três novos produtos para serem usados, juntamente com dieta e exercícios, para melhorar o controle de açúcar no sangue em adultos com diabetes tipo 2: Nesina (alogliptina) comprimidos, Kazano (alogliptina e cloridrato de metformina) comprimidos e Oseni (alogliptina e pioglitazona) comprimidos.
A alogliptina é um novo ingrediente ativo, inibidor da DPP4, enquanto o cloridrato de metformina e a pioglitazona já estão aprovados pelo FDA para o tratamento do diabetes tipo 2. Forma mais comum da doença, o diabetes tipo 2 afeta cerca de 24 milhões de pessoas e é responsável por mais de 90% dos casos de diabetes diagnosticados nos Estados Unidos.
Pessoas com diabetes tipo 2 são resistentes à insulina ou não produzem insulina suficiente, resultando em níveis elevados de açúcar no sangue. Com o tempo, isto pode aumentar o risco de complicações graves, incluindo doenças cardíacas, cegueira e danos aos rins e nervos.
A alogliptina ajuda a estimular a liberação de insulina depois de uma refeição, o que leva a um melhor controle da glicemia
Nesina, Kazano e Oseni foram estudados como monoterapias e em combinação com outras terapias contra o diabetes do tipo 2, incluindo sulfonilureias e insulina. Eles não devem ser usados para tratar pessoas com diabetes do tipo 1 ou aqueles que têm cetonas aumentadas no sangue ou na urina (cetoacidose diabética).
Nesina demonstrou ser segura e eficaz em 14 ensaios clínicos envolvendo cerca de 8.500 pacientes com diabetes tipo 2. O tratamento com este novo medicamento resultou em reduções nos níveis de hemoglobina glicosilada (HbA1c), uma medida de controle de açúcar no sangue, de 0,4 por cento para 0,6 por cento em comparação com o placebo, após 26 semanas de uso.
O FDA está exigindo cinco estudos pós-comercialização do Nesina para avaliar desfechos cardiovasculares, alterações hepáticas, casos graves de pancreatite e reações graves de hipersensibilidade. Além de três estudos pediátricos, incluindo um estudo de determinação de dose e dois estudos de segurança e eficácia, um com Nesina como monoterapia e um com Nesina e metformina.
Os efeitos colaterais mais comuns do Nesina são obstrução nasal, coriza, dor de cabeça, infecção do trato respiratório superior.
A segurança e a eficácia de Kazano foram demonstradas em quatro estudos clínicos envolvendo mais de 2.500 pacientes com diabetes tipo 2. Kazano resultou em reduções adicionais na HbA1c de 1,1 por cento sobre Nesina e 0,5 por cento em relação a metformina, após 26 semanas de uso.
O FDA está exigindo dois estudos pós-comercialização para o Kazano: um programa de farmacovigilância melhorada para monitorar alterações hepáticas, casos graves de pancreatite e reações graves de hipersensibilidade, e um para avaliar a segurança e eficácia em pacientes pediátricos.
O Kazano tem em sua bula uma advertência sobre acidose láctica, um acúmulo de ácido láctico no sangue, associado ao uso de metformina. Os efeitos colaterais mais comuns do Kazano são infecção do trato respiratório superior, obstrução nasal, coriza, dor de garganta, diarreia, dor de cabeça, pressão alta, dor nas costas e infecção do trato urinário.
Oseni demonstrou ser seguro e eficaz em quatro ensaios clínicos envolvendo mais de 1.500 pacientes comdiabetes tipo 2 e resultou em reduções adicionais na HbA1c de 0,4 por cento para 0,6 por cento em relação à monoterapia com pioglitazona e 0,4 por cento para 0,9 por cento em relação à monoterapia com alogliptina.
O FDA está exigindo um programa de farmacovigilância avançado para o Oseni para monitorar alteraçõeshepáticas, casos graves de pancreatite e reações de hipersensibilidade graves. Na sua bula está uma advertência para a insuficiência cardíaca associada ao uso de pioglitazona. Os efeitos colaterais mais comuns de Oseni são obstrução nasal, coriza, dor de garganta, dor nas costas e infecção do trato respiratório superior.
Nesina, Kazano e Oseni são distribuídos pela Takeda Pharmaceuticals America.
NEWS.MED.BR, 2013. FDA aprova três novos tratamentos para o diabetes tipo 2. Disponível em: . Acesso em: 28 jan. 2013.


sábado, 26 de janeiro de 2013

Exigência de visto para EUA acabará 'em pouco tempo', diz embaixador

Os "colonistas" vão se suicidar! Acabou os vira-latas! Exigência de visto para EUA acabará 'em pouco tempo', diz embaixador


Exigência de visto para EUA acabará 

'em pouco tempo', diz embaixador

Thomas Shannon disse que extinção do visto é 'objetivo dos dois governos'.
Ele falou ao G1 sobre relação com o Brasil no segundo mandato de Obama.

O embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon (Foto: Wilson Dias / Agência Brasil)
O embaixador dos EUA  no Brasil, Thomas Shannon
(Foto: Wilson Dias / Agência Brasil)
O embaixador norte-americano no Brasil, Thomas Shannon, afirmou em entrevista ao G1 que "em pouco tempo" os brasileiros não necessitarão mais de visto para ingressar nos Estados Unidos. Segundo ele, a extinção da exigência do visto é "um objetivo dos dois governos".

Shannon concedeu a entrevista por telefone na quinta (24) para falar sobre as relações entre Brasil e Estados Unidos no segundo mandato do presidente Barack Obama, que começou na última segunda (21).

"Estamos trabalhando nisso [a extinção de vistos para brasileiros]. Isso é obviamente um objetivo dos dois governos, do Brasil e dos Estados Unidos. Mas é um processo, uma série de acordos que temos que negociar para chegar a esse ponto", disse.

Nesta quinta, chegou de volta ao Brasil uma estudante de 16 anos que ficou quase dois meses retida em um abrigo para adolescentes em Miami depois de ter o ingresso no país negado devido à suspeita de que tinha viajado com o objetivo de obter trabalho.

De acordo com regulamentação do Congresso norte-americano, para que se anule a necessidade de visto a cidadão de um país é necessário que ao menos 97% dos pedidos sejam aprovados. No ano passado, a taxa brasileira estava em 96%.

“Neste momento, o Brasil está com algo como 95%, ou seja, quase está chegando a esse ponto. Em pouco tempo, vai chegar lá", disse Thomas Shannon.

Mas, de acordo com o embaixador, os dois governos têm que negociar uma série de acordos que tem a ver com os documentos de identidade, a integridade desses documentos e a habilidade de trocar informações sobre as pessoas que estão viajando entre os dois países".

Segundo ele, "essas negociações são sempre complicadas porque envolvem informação que geralmente está protegida por lei de privacidade dos dois países".



Em 2012, foi instalado em Belo Horizonte, mais um consulado dos Estados Unidos para a emissão de vistos e outros serviços diplomáticos. Um novo consulado deve ser aberto em Porto Alegre e, com isso, o país passará a ter seis consulados.

No anúncio das duas novas sedes, a secretária de estado americana, Hillary Clinton, disse que o objetivo era “facilitar a retirada de vistos e as viagens, derrubar algumas barreiras que foram criadas e continuar a promover o contato interpessoal".

Shannon considera que as relações entre Brasil e Estados Unidos estão consolidadas, mas disse que, em um “mundo dinâmico", é necessário reforçá-las.

"As relações entre o Brasil e os Estados Unidos são excelentes, mas no mundo dinâmico temos que trabalhar todos os dias para reforçar as relações e procurar novas áreas de cooperação e colaboração. Eu acho que o grande trabalho da presidente Dilma Rousseff e do presidente Obama é procurar essas novas áreas de cooperação e colaboração", disse.

Universidades

Entre as “novas áreas”,ele citou, primeiramente, a educação. "Precisamos construir os laços e vínculos entre as universidades brasileiras e americanas para facilitar o intercâmbio de estudantes e professores. Para realmente construir uma nova parceria na área educacional para o bem estar dos Estados Unidos e do Brasil", disse.

O embaixador vê o programa do governo brasileiro Ciência sem Fronteiras como um “excelente começo” para melhorar o intercâmbio entre as universidades.  O programa dá bolsas para jovens brasileiros estudarem fora do Brasil.

Para Shannon, também é preciso que mais norte-americanos estudem e falem português e mais brasileiros estudem inglês.

"Temos que aumentar a quantidade de americanos estudando no Brasil e por isso precisamos melhorar o ensino de português nos Estados Unidos. Acho que é nesse sentido, melhorar o ensino de inglês no Brasil e o ensino de português nos Estados Unidos que vai ser essencial nessa relação educativa", afirmou.

As relações entre o Brasil e os Estados Unidos são excelentes, mas no mundo dinâmico temos que trabalhar todos os dias para reforçar."
Thomas Shannon, embaixador dos Estados Unidos no Brasil

O embaixador também disse que é preciso investir mais no comércio e no investimento com o Brasil. “Cada dia há mais interesse na economia [brasileira]”.

Como os Estados Unidos enfrentam a pior seca desde 1956, e a safra de grãos, a maior do mundo, foi prejudicada, Shannon disse que o Brasil deve passar a exportar mais soja ao país. 

“O Brasil passou os Estados Unidos em produção de soja e deve exportar mais”, afirmou.

 Política externa e doméstica

Sobre a política externa norte-americana, principalmente no Oriente Médio e no norte da África, Shannon afirmou que os Estados Unidos, neste segundo mandato de Obama, vão seguir “oferecendo suporte e apoio à democracia na área”.

“Essa região está mudando, estão em processo de evolução. Vamos seguir com o apoio à democracia. É preciso ver que a Al Qaeda está procurando novos locais para suas operações. Também vamos seguir com o combate ao terrorismo”, disse.

Para Shannon, mesmo com um mundo em transformação, as empresas norte-americanas ainda são líderes, e "o papel dos  Estados Unidos vai ser ainda mais importante no mundo para reforçar os processos de paz e de diálogo", disse.

“Os Estados Unidos ficam, os outros [como China e Índia], chegam”, disse Shannon.

O embaixador afirmou que Obama implementou uma “reforma histórica na saúde pública” e vai manter essa proposta no segundo mandato.

"[A posse foi] primeiro uma celebração da nossa democracia e também uma celebração da continuidade. Os segundos mandatos sempre são diferentes dos primeiros mandatos, mas acho que o presidente Obama em quatro anos fez muita coisa. Salvou a economia dos Estados Unidos, implementou uma reforma histórica na saúde pública e também começou uma transformação e uma mudança nas nossas relações com o mundo e ele vai continuar isso com mais profundidade", afirmou.

Shannon disse que gostou do discurso de posse de Obama, na última segunda-feira (21), porque, segundo ele, mostrou os desafios nacionais e internacionais do país.

"Eu gostei muito do discurso. Ele ligou os desafios que temos na área doméstica e internacional e mostrou claramente que os Estados Unidos têm que procurar maneira de expressar os valores democráticos que são base de nossa cultura política", disse.