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terça-feira, 4 de setembro de 2012

A DILMA CHAMOU O FHC PRA DANÇAR


Publicado em 04/09/2012

A DILMA CHAMOU O FHC
PRA DANÇAR E ELE NÃO VIU

“Ah ! Entendi ! A Dilma queria dialogar com o Fernando Henrique, porque com o PiG (*) não tem conversa.”

Liga o Vasco, navegante de longo curso, a bordo de um veleiro e um gin tônica (ele ficou assim, depois que esteve na Inglaterra), no litoral sul da Bahia, em frente à Ilha do Urubu.

– O que você está fazendo aí, Vasco ?
– Vim ver se o Cerra já chegou …
– Perda de tempo, Vasco. Depois das derrotas, o Cerra vai para o Café Bouloud, em Nova York.
– Já sei: fica ali perto do Reservoir, no Central Park.
– Um pouco mais para o Sul. Mas, e daí, Vasco, o que é que você quer?
– Você sabe, ansioso blogueiro, que eu estou com pena do Fernando Henrique …
– Por que, Vasco ? Por que essa comiseração, assim, de uma hora para outra ?
– É que a Dilma depenou o pavão.
– Ele podia ter ficado de bico calado…
– Ele não aguenta. É mais forte do que ele. A inveja é maior que a inteligência.
– Vasco, esse gin tônica tá te fazendo mal …
– Não, é verdade. O Leandro Konder uma vez disse que a vaidade do Fernando Henrique era maior que a inteligência. Agora, com o sucesso do Lula, a inveja ficou maior que a vaidade – e a inteligência. Engoliu tudo.
– Vasco, com licença. Quem é Leandro Konder – http://pt.wikipedia.org/wiki/Leandro_Konder ?
– Desculpe, meu filho. Você não está à altura de dialogar comigo … 
– Tudo bem, Vasco. Continue com a sua dialética de beira do cais.
– Meu filho, a Dilma tirou o Fernando Henrique para dançar e ele não percebeu. 
– Como é que é ?
– Sim, meu filho. A Dilma fez uns acenos, umas gentilezas para o pavão.
– E ele não percebeu… É isso ?
– Exatamente. 
– Perdeu a chance de dançar com a moça de maior sucesso na roda.
– Ou ele não entendeu o aceno, ou a inveja o cegou.
– Nossa, Vasco, parece bolero.
– E por que a Dilma chamou ele pra dançar ?
– Sei lá, Vasco. Você pirou …
– A Dilma precisava de um interlocutor na Oposição. Um Governo precisa de alguém do outro lado para poder dialogar, negociar.
– Mas, tem o Sergio Guerra, o Padim Pade Cerra, o Marconi Perillo, o Aecinho …
– Meu filho, me poupe, me poupe.
– Mas, por que logo o FHC ela ia tirar pra dançar.
– Pra ter do outro lado um interlocutor politicamente confiável, responsável.
– Mas, Vasco, nele, a inveja é maior do que …
– Tá, eu sei. Mas, na teoria, um ex-presidente da República pode fazer uma Oposição mais responsável do que a do Sergio…
– Pera aí, Vasco, assim também não.
– Tá, então não é o Sergio Guerra. Mas, digamos que um ex-presidente da República pode fazer Oposição sem querer jogar o país no precipício.
– Ah ! Entendi ! A Dilma queria dialogar com o Fernando Henrique, porque com o PiG (*) não tem conversa.
– Isso. Com o PiG, a verdadeira oposição, com esse não tem papo.
– E o PiG quer que o Brasil se rache.
– Você, tá chegando lá, meu filho.
– Então, ela chamou ele pra dançar e ele não percebeu.
– A inveja cega.

Pano rápido.

Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Tucano travestido de fênix , esse é o Escorpião


Publicado em 04/09/2012

O ESTRANHO MUNDO DE FHC

Tucano travestido de fênix, FHC apoia-se nas cinzas de Serra para tentar renascer politicamente.
Conversa Afiada reproduz texto de Leandro Fortes, publicado na Carta Capital:

O ESTRANHO MUNDO DE FHC



Por Leandro Fortes, na Carta Capital

O artigo do ex-presidente  (de ilimitado tartufismo – PHA) Fernando Henrique Cardoso sobre a herança do governo Lula à presidenta Dilma Rousseff não é só uma pérola do ressentimento (clique aqui para ler o que disse a Dilma – PHA), embora seja possível reduzi-lo quase a isso. Na verdade, antes fosse somente isso. O texto, amargo e transbordado de inveja, revela no todo um traço comum à oposição no Brasil, desde a posse do ex-metalúrgico, em 2003, e a eleição de sua sucessora, em 2010: o absoluto descolamento da realidade.

Há muitas nuances nesse fenômeno, mas a causa central se encontra no círculo fechado no qual políticos e intelectuais oposicionistas, sobretudo do PSDB, buscam informações e trocam impressões sobre a política e a vida em geral. Esse círculo, formado pelos setores mais conservadores da mídia e seus batalhões de colunistas, há muito se mostrou incapaz de retratar a diversidade  social brasileira, por incapaz de enxergá-la, compreendê-la e, por isso mesmo,reproduzi-la.

FHC é um produto direto dessa relação. Desde sua primeira candidatura, em 1994, pongado no sucesso do Plano Real, acostumou-se ao palanque seguro montado pelo baronato da imprensa brasileira, que o apoiou como um bloco inexpugnável, num movimento mais fechado até do que o apoio dado, 30 anos antes, aos militares que desfecharam o golpe de Estado de 31 de marco de1964. Os donos da mídia, claro, não se perfilaram incondicionalmente. Assim o fizeram em troca de favores e negócios, em um alinhamento ideológico de defesa do grande capital e das diretrizes de então, pautadas pelo chamado Consenso de Washington, carro-chefe da locomotiva neoliberal que iria atropelar o Brasil e a América Latina, transformando essa parte do mundo em um laboratório de produção de miséria humana, corrupção e ataque ambiental predatório.

O ex-presidente aproveitou dois momentos de fragilidade política, um do PT, outro do PSDB, para exercer sua conhecida veia oportunista que tanto o levou à Presidência, em 1994, como quase transformou o barco tucano em Titanic, em 1992, quando se tornou comandante do grupo que pretendia se agregar ao governo Fernando Collor às vésperas do impeachment. Não fosse pela sabedoria e visão política de Mário Covas, FHC teria enfiado todos pelo cano.

A fragilidade do PT, obviamente, é o julgamento do mensalãoe sua escandalização diária pela mídia. Certo de que ainda conta com a blindagem do baronato que o ajudou a se eleger duas vezes, FHC é capaz de falar sobre o tema nesse tom de falso moralismo que também dá chancela aos discursos do senador Álvaro Dias, do PSDB, e permite a outro senador, Agripino Maia, do DEM, servir de fonte para jornalistas que fingem se indignar com esquemas de corrupção.

Fernando Henrique, como se sabe, foi reeleito, em 1998, graças a um esquema de compra de votos no Congresso Nacional. Esquema denunciado pela Folha de S.Paulo (mas para sempre esquecido por ela) que resultou na cassação de dois deputados, mas não trouxe consequência alguma. Na Procuradoria Geral da República estava Geraldo Brindeiro, o “engavetador-geral”, figura de proa do udenismo tucano ali mantido por oito anos, a fazer o serviço do entourage que lhe garantia o soldo.

A fragilidade do PSDB é o derretimento político-eleitoral de José Serra, a quem FHC nitidamente não suporta. Sentimento, aliás, que compartilha com o senador Aécio Neves, do PSDB de Minas Gerais. Transformado, desde as baixarias da campanha de 2010, em uma caricatura de si mesmo, Serra perdeu o resto de respeito e apoio que tinha dentro do partido, embora, curiosamente, continue encarado como tábua de salvação pela mídia nacional movida ora pela nostalgia dos tempos pré-internet, ora por um sentimento antipetista similar a uma catapora infantil. Assim, tucano travestido de fênix, FHC apoia-se nas cinzas de Serra para tentar renascer politicamente.

Faz enorme sucesso na Praça Vilaboim, em Higienópolis, e nos editoriais dos velhos jornalões de papel. 

No mundo real, soa como uma piada antiga, roteiro de uma chanchada ultrapassada.
Retratado bo blog de Paulo Henrique Amorim:

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Eu já sabia, mas a Folha fez...

SEGUNDA-FEIRA, 3 DE SETEMBRO DE 2012

Eu já sabia, mas a Folha fez... : Ranking tem 7 federais entre as 10 melhores


Eu já sabia, mas a Folha fez... : Ranking tem 7 federais entre as 10 melhores

Este caderno traz o primeiro ranking de universidades brasileiras, uma iniciativa de avaliação sistemática do ensino superior no país.

Ao longo de oito meses, a Folha levantou dados de publicações acadêmicas e, com o Datafolha, ouviu centenas de cientistas e profissionais de Recursos Humanos para compor o RUF (Ranking Universitário Folha).

Nele estão representadas 191 universidades -que operam com pesquisa, ensino e extensão- mais 41 centros universitários ou faculdades, dedicados sobretudo ao ensino e onde há pouca pesquisa.
Eduardo Knapp/Folhapress
Montagem com cadeiras feita no prédio da Faculdade de Economia e Administração da USP (Universidade de São Paulo)
Montagem com cadeiras feita no prédio da Faculdade de Economia e Administração da USP (Universidade de São Paulo)
A USP figura em primeiro lugar, seguida pelas federais de Minas (UFMG) e do Rio (UFRJ). Entre as instituições não universitárias destacou-se a ESPM, com a melhor formação em publicidade, único curso que a USP não lidera, considerando-se os 20 maiores do país.

Até então, o Brasil dependia de classificações globais ou, no máximo, continentais, que citam poucas instituições brasileiras e desconsideram características nacionais.

A metodologia geral do RUF foi criada pelo grupo liderado pelo cienciometrista (ciência que estuda a produção científica) da USP Rogério Meneghini, em conjunto com a Redação da Folha.

DESTAQUES

Dos quatro aspectos analisados na lista geral do RUF (pesquisa, ensino, reputação no mercado de trabalho e inovação), a USP apenas não é primeira colocada em termos de inovação, indicador que a Unicamp lidera.

Outro resultado que chama a atenção é a boa avaliação das escolas privadas pelas empresas. Entre as 15 instituições mais citadas como melhores por profissionais responsáveis por contratação, seis são pagas. Os cientistas têm visão diferente: só citaram uma particular, a PUC-Rio, entre as melhores.

Entre as dez primeiras universidades na lista geral, cinco estão no Sudeste; três no Sul, uma no Centro-Oeste e uma no Nordeste. A melhor universidade do Norte, a federal do Pará, aparece na 24ª colocação do ranking.

Informações como essas são importantes para orientar políticas públicas, alunos, professores e empregadores, pois mostram as instituições de destaque no país e as que estão com defasagem.
Países como EUA, China, Alemanha, Bulgária, Cazaquistão e Vietnã já fazem rankings nacionais.
O Ministério da Educação brasileiro faz uma avaliação de instituições, chamada de IGC (Índice Geral de Cursos).

A metodologia, porém, não prevê um ranking de instituições de ensino superior, apenas as classifica em grupos. O levantamento do governo considera a nota dos estudantes em uma prova (o Enade); a proporção de docentes com doutorado e as notas dos programas de pós-graduação.

Não havia, até agora, um indicador que abrangesse a visão do mercado de trabalho e a produção científica das instituições.
Visite o blog: Maria da Penha Neles de Rosângela Basso:


domingo, 2 de setembro de 2012

Brasil já é referência em políticas sociais


02/09/12 - 10h2
Brasil já é referência em políticas sociais para o desenvolvimento
Tereza Campello, ministra do Desenvolvimento Social (Foto: Agência Brasil)

Até julho deste ano, 65 delegações de 43 nações estiveram no País em busca de informações sobre programas sociais


Representantes de 11 países participaram de evento em Brasília para conhecer as políticas públicas que estão impulsionando a distribuição de renda e o desenvolvimento econômico do Brasil. O 4º Seminário Internacional: Políticas Sociais para o Desenvolvimento, realizado durante a semana passada, em Brasília. O evento acontece na Escola Nacional de Administração Pública (Enap).
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), apenas até julho deste ano, outras 65 delegações de 43 nações já estiveram no ministério, em busca de informações semelhantes.
“O Brasil é referência no combate à pobreza porque as ações sociais também têm reflexo no desenvolvimento e contribuem para aumentar a riqueza do País”, afirmou Tereza Campello, do MDS, ao abrir o evento. Para ela, seminários como esse são uma forma organizada e eficiente de apresentar, aos países interessados, ações sociais bem-sucedidas do governo brasileiro, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).
Durante o evento, os participantes vão conhecer o Pnae, desde a produção dos alimentos até o recebimento deles por entidades socioassistenciais. Visitarão também equipamentos públicos como o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do Riacho Fundo I – na região administrativa do Distrito Federal.
Com 1,3 bilhão de habitantes, a China é um dos países mais interessados nas soluções brasileiras de combate à extrema pobreza, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Bolsa Família e a construção de cisternas – ações que integram o Plano Brasil Sem Miséria.
Iniciativas mais procuradas
Dentre os programas que despertam maior interesse entre os visitantes estrangeiros estão o Bolsa Família, que beneficia 13,7 milhões de famílias, e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que deverá incluir 158 mil famílias extremamente pobres –, com renda per capita mensal de até R$ 70, de acordo com as metas fixadas pelo MDS.
O PAA é um dos programas mais eficazes para a ampliação de mercados para o agricultor familiar. O objetivo é garantir o acesso a alimentos em quantidade e regularidade necessárias às populações em situação de insegurança alimentar e nutricional. A iniciativa contribui também para a formação de estoques estratégicos, além de promover a inclusão social no campo.
http://www.pt.org.br/noticias/view/pais_ja_e_referencia_em_politicas_sociais_para_o_desenvolvimento

Gurgel é aquele que não viu nada demais ....


Gurgel é aquele que não viu nada demais entre Perillo e Cachoeira

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Que aproveitem bem a comemoração pelo êxito provisório desse esquema criminoso que uniu setores do Poder Judiciário, do Ministério Público, do Legislativo e da imprensa em um conluio para produzir a farsa estupradora de direitos civis em que se converteu o julgamento do mensalão, pois cedo ou tarde terão que responder por seus crimes.
Chega a ser piada: a autoridade que deu curso a esse processo na forma como está sendo conduzido se chama Roberto Gurgel. Ele condenou o deputado petista João Paulo Cunha por ter sacado (ou mandado sacar) 50 mil reais na boca do caixa, pagos por um esquema supostamente criminoso.
Gurgel é o mesmo que não viu nada demais quando lhe chegou às mãos a informação de que o governador de Goiás, Marconi Perillo, no exercício do cargo estava fazendo transações pessoais de milhões de reais com o bicheiro Carlos Cachoeira, indicando funcionários públicos em seu governo a mando do mesmo e até confraternizando com ele.
Detalhe: tanto é que Gurgel não viu nada demais nas relações entre Perillo e Cachoeira que só abriu inquérito contra o governador de Goiás anos depois de saber de suas relações e só porque o mesmo pediu
É uma piada esse julgamento do mensalão. A condenação de João Paulo Cunha fez dele o PRIMEIRO – isso mesmo, leitor, o primeiro – político condenado na história do STF. Ou seja: nunca antes na história deste país outro político mereceu ser condenado naquela Corte. Começou por um acusado de receber 50 mil…
O pior não é isso. Não há um vínculo direto entre quem é acusado de pagar João Paulo e ele. Ao menos um vínculo sequer parecido ao que há entre Perillo e Cachoeira.
Marcos Valério não vendeu casa a João Paulo, não conseguiu que indicasse funcionários para a Câmara dos Deputados, não recebeu do publicitário telefonema de felicitações pelo aniversário nem nada. Perillo se envolveu em tudo isso e Gurgel não viu nada demais (!). Onde é, diabos, que o Brasil melhorou com essa farsa?
Do blog do Eduardo Guimarães :

PT chegou ao governo, mas não ao poder


PT chegou ao governo, mas não ao poder

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Fico imaginando se o STF, hoje, estivesse julgando a compra de votos para a reeleição de Fernando Henrique Cardoso. À diferença do que ocorre com o processo do mensalão, quando aquele escândalo estourou havia uma quantidade enorme de provas do ilícito.
Era 1997 e o governo tucano, através do então ministro das Comunicações, Sergio Motta, fora acusado de ter subornado deputados daquele Estado para votar a favor da emenda constitucional que permitiu a FHC disputar a própria sucessão em 1998.
Gravações revelaram como o então deputado João Maia (PFL-AC) vendera seu voto. Flagraram aquele e outros deputados confessando que haviam recebido R$ 200 mil do governo federal e outros R$ 200 mil do governo do Acre. O dinheiro usado na operação, segundo as gravações, teria sido providenciado pelo então governador do Amazonas, Amazonino Mendes (PFL), e pelo então ministro das comunicações.
Naquele caso, como em outros vários escândalos de corrupção denunciados durante os dois governos de FHC, havia fartura de provas. Contudo, o poder que o governo federal tinha era imenso e nada foi sequer investigado.
No caso específico da compra de votos, nem uma mísera CPI foi instalada. Imaginem a situação, hoje, se o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, tivesse elementos como os que havia no caso da compra de votos para a reeleição de FHC.
Hoje, a Procuradoria e o STF “flexibilizam” direitos individuais para condenar, enquanto que, àquela época, o procurador-geral, Geraldo Brindeiro, nem sequer se deu ao trabalho de responder aos questionamentos sobre o que faria diante de uma denúncia daquele quilate.
O PSDB, quando governou o Brasil, tinha um poder imenso: no Congresso Nacional passava como um trator sobre a oposição petista, aprovando tudo o que queria, e impedia CPIs e até reportagens na imprensa. FHC chegou a ser flagrado dizendo, nos grampos do BNDES, que o apoio da imprensa a si era até exagerado.
Não se pode defender que qualquer governo tenha o poder que teve o do PSDB quando governou o Brasil – a maioria das desgraças que se abateram sobre o país entre 1995 e 2002 decorreu justamente da falta de contrapesos democráticos ao poder do Estado.
Todavia, a situação inversa, hoje, tampouco favorece a República. A base de apoio dos governos Lula e Dilma no Congresso foi e continua sendo instável e qualquer denúncia fraca gera CPIs, derruba ministros e, após ser alcançado o objetivo político, desaparece.
Ao contrário do que ocorria quando a direita governava o Brasil, os governos do PT atravessaram os últimos dez anos batendo recordes de popularidade, porém sendo fuzilados pelos outros três Poderes: Legislativo, Judiciário e Imprensa (o quarto Poder).
O resultado está aí: nunca antes na história deste país o Supremo Tribunal Federal condenou políticos tendo, para isso, que “flexibilizar” garantias individuais. A história dessa Corte é, justamente, a de ser a instância onde os processos contra políticos sempre davam em nada.
Alguns dirão que é bom o que está acontecendo porque as condenações no âmbito do processo do mensalão “do PT” intimidarão os políticos e lhes mostrarão que, ao se corromperem, se forem flagrados não haverá impunidade.
É uma balela justamente porque outros processos análogos ao do mensalão e que envolvem os adversários do PT estão recebendo, neste exato momento, tratamento inverso. O mensalão “do PSDB” foi desmembrado e engavetado. Muito anterior ao do PT, não há previsão de ser julgado. Além disso, foi miniaturizado pelo desmembramento.
O que cresce exponencialmente no âmbito do inquérito do mensalão, portanto, é o poder da mídia. A pressão que fez e faz sobre o STF enquadrou praticamente todos os ministros daquela Corte, que aceitaram julgar um caso eminentemente político em pleno processo eleitoral.
O que há hoje no Brasil, então, é o completo desvirtuamento da Justiça, de forma que julga políticos com rigor determinado pela filiação partidária, pela opção ideológica e de acordo com os ditames midiáticos.
Dois dos juízes do STF que resistem ao tribunal de exceção que está sendo erigido no mesmo STF são acusados de se corromperem a favor de um partido e de um governo e sequer têm força – ou coragem – para protestar contra o que estão padecendo em termos de detração pública.
Seria muito bom para o combate à corrupção se o tratamento dispensado ao mensalão do PT fosse generalizado independentemente de qual seja a legenda partidária, ainda que caiba discussão sobre garantias individuais que estão em xeque diante da tal “flexibilização” que estão sofrendo.
Contudo, o pior dos mundos vai se materializando. Tudo caminha para que o PT e o governo Lula se tornem exceção em uma história do STF de absolvições muitas vezes suspeitas.
Diante desse quadro, constata-se que o PT chegou ao governo, mas não chegou ao poder. Claro que não seria desejável que tivesse poder como o que teve o PSDB quando governou, pois era grande demais e sem contraponto. Mas o poder débil que tem também não é bom.
O governo Dilma, aliás, politicamente é ainda mais fraco do que o governo Lula, até porque a presidente foge de polêmicas e tenta coexistir pacificamente com o poder midiático cedendo às suas pressões mais decididas.
Muitos se revoltam com a postura pusilânime do governo federal diante dos conservadores e da mídia, mas o fato é que a presidente deve saber onde lhe aperta o sapato, ou seja, sabe que sua base de apoio político no Congresso não é confiável.
Eis que é no Legislativo e no Judiciário que este governo tem seus pontos vulneráveis, mas não por uma razão institucional que valesse para qualquer governo, mas porque a mídia se tornou a bússola desses poderes, que a ela se submetem com temor reverencial.
Se há um lado positivo em tudo que está acontecendo, portanto, é o de revelar a situação político-institucional do país. Haverá que lutar muito, na década que se inicia, para que surja um governo que não se submeta a setores diminutos, porém poderosos, como a mídia.
O Brasil precisa, assim, de um líder político carismático e corajoso que se disponha a enfrentar decididamente essas questões. Contudo, não se vislumbra algum político com capacidade de assumir tal posição.
Em alguma medida, é alentador que o objeto do desejo dos que manipulam o Executivo, o Legislativo e o Judiciário com o joystick midiático não seja alcançado. Até aqui, ao menos, a direita demo-tucana não lucrou eleitoralmente com o julgamento do mensalão.
De forma até surpreendente, a mais vistosa débâcle política está ocorrendo justamente no lado oposto àquele que está na berlinda suprema do STF, com o derretimento lento, gradual e constante da candidatura José Serra, político que se esperava que fosse o grande beneficiário do circo naquela Corte.
A mídia, porém, mantém enorme, imenso, incomensurável poder de manipular as instituições através da chantagem a homens públicos e agremiações políticas que a ela se oponham, chantagem que os ameaça de fazer consigo o que faz com o PT e juízes do STF que a desafiam.
Já o PT, vai ficando provado que conta com o apoio da sociedade, que está ignorando, pelo menos até aqui, a manipulação do julgamento do mensalão. Assim como em 2002, em 2006 e em 2010, os brasileiros seguem dando uma banana à mídia e votando no partido.
Uma vez no poder, governos do PT passam a sofrer o efeito do poder midiático de vetar políticas públicas e dificultar a governança valendo-se de escândalos reais e, sobretudo, forjados.
O drama que se impõe ao país, portanto, é que o STF, ao se converter em tribunal político sob ditames de empresários de comunicação chantagistas e ao tratar desigualmente o mensalão tucano e o petista, faz o país retroceder como nunca do ponto de vista institucional.
O processo civilizatório do Brasil ainda tem muito chão pela frente.

ASSAZ ATROZ -BIQUINHO FANCÊS


domingo, 2 de setembro de 2012

O BIQUINHO FRANCÊS: UM PATRIMÔNIO ESCONDIDO

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(Enviado de Paris) - De onde vem aquele biquinho que os franceses fazem quando pronunciam o som da letra "u"? Do latim não é, embora Cesar, ao conquistar o mundo, por estar em todas, se achasse o "u" do burugudu. Mas estava equivocado, pois os exércitos romanos jamais chegaram ao Amazonas, que se encontrava fortemente protegido pelas gloto-muralhas de Urucurituba. Não que fosse difícil conquistá-la militarmente. Não! Mas o general seria derrotado na hora em que, depois de escrever "De bello Urucuritubensis", fosse ler a palavraUrucurituba com o biquinho francês. Ele entortaria caras e bocas até o "u" fazer bico.
Isso se os romanos fizessem biquinho, mas o biquinho do "u", definitivamente, não pertence ao latim e, por isso, Cesar não precisava chamar urubu de meu louro. Talvez o biquinho seja herança do idioma gaulês, uma língua céltica já extinta, que deixou marcas presentes ainda hoje no francês moderno: nomes de plantas, toponímias, denominações de armas de guerra, como lança, e de alguns instrumentos agrícolas, além de traços fonéticos. O gaulês está para o francês assim como o tupi para o português. Ainda se sabe muito pouco sobre a história dessas línguas, cujas memórias foram, em grande parte, apagadas. Trata-se de um patrimônio invisível.
Por isso, achei que essa questão, tão intrigante, seria finalmente esclarecida, agora, nos dias 15 e 16 de setembro. É que o tema central da 29ª edição das Jornadas Europeias do Patrimônio, que se realizam nesta data, na França, será justamente o patrimônio escondido. No entanto, me enganei, ninguém vai discutir nem o biquinho do "u", nem qualquer substrato da língua francesa, mesmo considerando que não existe nada mais camuflado do que o patrimônio linguístico.
Acontece que a definição que os organizadores das Jornadas estão dando para patrimônio escondido encobre outras realidades, relacionadas aos tesouros patrimoniais ignorados detrás das portas, no fundo dos corredores, debaixo da terra ou até quando nossos olhos se voltam para o céu. Envolve o patrimônio arqueológico e pré-histórico de objetos enterrados, o patrimônio militar como as baionetas dos campos de batalha de Verdun ou as baterias da Normandia, as catacumbas, a rede de esgotos e o patrimônio astronômico.
Patrimônio escondido seria, então, tudo aquilo que fica longe dos olhos da nossa prática cotidiana. Além dos já citados, são mencionados os campanários das igrejas, os vitrais, os relógios, as galerias, inclusive as peças de museus que ficam guardadas nas reservas técnicas e nunca são mostradas, ou os livros antigos e as fotografias que normalmente ninguém vê. Agora, durante as Jornadas, os arquivos e bibliotecas da França abrem suas portas, para quem quiser ver o que não é exposto e nunca aparece.
A avaliação da ministra da Cultura e da Comunicação da França, Aurélie Filippetti, chama a atenção para o patrimônio no dia-a-dia, no feijão-com-arroz:
As Jornadas Europeias do Patrimônio dão continuidade a essa bela missão que, mais do que uma lição histórica, é uma lição de vida: aprender a olhar, de outra forma, apaixonadamente, inteligentemente, o quadro da nossa vida cotidiana.
As Jornadas, criadas em 1984 no governo Mitterrand, são realizadas sempre na terceira semana de setembro. Elas renovaram a vida cultural da França, permitindo que esse país discuta questões centrais relacionadas ao patrimônio. Na Jornada do ano passado, em apenas dois dias, 12 milhões de visitantes percorreram museus, bibliotecas, arquivos, centros culturais, exposições, auditórios, debates, quase tudo com entrada gratuita.
Na próxima semana, os franceses vão até mesmo discutir o patrimônio imaterial: as formas de fazer as coisas, as técnicas, as práticas, as experiências, as profissões. Mas lamentavelmente, a língua ficou de fora como objeto desse olhar. A língua é um patrimônio tão escondido, mas tão escondido, que não foi focada nem pelo próprio patrimônio escondido. Não será ainda desta vez que o biquinho do "u" merecerá uma explicação.
Mas em outro evento na França, a língua será, pelo menos, lembrada. Logo após as Jornadasvai se realizar um seminário internacional, em Avignon, no sul da França, com pesquisadores franceses e brasileiros da Université d'Avignon e do Programa de Pós-Graduação em Memória Social da UNIRIO - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, que estão vinculados ao Projeto Saint Hilaire.
Desse evento, sairá um livro bilíngue "Memória e Novos Patrimônios", coordenado por Cécile Tardy (França) e Vera Dodebei (Brasil) que contará, entre outros, com artigo sobre o uso da internet pelos índios no Brasil. E aí sim, haverá um pequeno espaço para as línguas indígenas e sua influência sobre o português.
O interesse dos franceses pelas línguas indígenas, especialmente por aquelas do tronco tupi, pode ser medido também através da documentação de Jean Ferdinand Denis, que viveu quinze anos no Brasil, de 1816 a 1831 e deixou muitos registros escritos que se encontram na Biblioteca Saint-Geneviève, em Paris. É essa papelada que agora estamos buscando. Quem sabe, ela poderá nos ajudar a entender um outro "u", amazônico, presente na expressão "cabuco da pupa da canua"? 
 ___________________________________________________________
José Ribamar Bessa FreireDoutor em Letras pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2003). É professor da Pós-Graduação em Memória Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNI-Rio), onde orienta pesquisas de mestrado e doutorado, e professor da UERJ, onde coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas da Faculdade de Educação. Ministra cursos de formação de professores indígenas em diferentes regiões do Brasil, assessorando a produção de material didático. Assina coluna no Diário do Amazonas e mantém o blog Taqui Pra TiColabora com esta nosssa Agência Assaz Atroz.
NO BLOG DE FERNANDO SOARES CAMPO

sábado, 1 de setembro de 2012

João Paulo nao maculou todo o PT


Pimenta Neves não maculou toda mídia nem João Paulo todo PT

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Os jornais O Globo e Folha de São Paulo e uma horda de extremistas de direita na internet vibram com os anátemas despudorados, cínicos e farsescos dessas agências de propaganda política disfarçadas de “imprensa”. Estão tendo orgasmos com a conduta vergonhosa do Supremo Tribunal Federal de se agachar diante de uma mídia que quer mandar no Brasil.
Tanto os jornais quanto os fanáticos, que não representam mais do que uma diminuta fração do povo brasileiro, também tentam vender à sociedade uma teoria delirante, acima de tudo: o Partido dos Trabalhadores, com seu 1,5 milhão de filiados, é que estaria sendo julgado na principal Corte de Justiça do país.
A teoria dessa escória é a de que a condenação de um político do PT – que nada tem de diferente das condenações de políticos de outras legendas – conspurcaria a imagem do partido inteiro e, acima de tudo, do governo Lula.
Entendem-se os desejos desses aspirantes a déspota: como não têm votos, como o povo diz não às suas teses eleição após eleição, o único caminho para voltarem a maltratar o brasileiro humilde em governos alienados dos dramas sociais que afligem o país é o tapetão, seja da mídia ou do Judiciário, pois há muito que deixaram de ser levados a sério.
A prova de que a sociedade brasileira enxerga que o julgamento do mensalão, como está ocorrendo, é uma farsa urdida por empresários de mídia, partidos de direita e considerável parcela de juízes do STF sequiosos por holofotes e covardes demais para exercer o Direito fica visível no processo eleitoral deste ano assim como nas eleições de anos anteriores.
Escrevo logo após a leitura da matéria do jornal O Estado de São Paulo sobre a última pesquisa da corrida eleitoral em São Paulo. Essa pesquisa, segundo informações que obtive, caiu como uma bomba nas redações da imprensa tucana, que estão perplexas.
O candidato do Partido dos Trabalhadores – partido que a mídia e seus bate-paus na internet querem colocar na ilegalidade – a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, acaba de empatar tecnicamente com José Serra, que a direita esperava que fosse o grande beneficiado pelo julgamento do mensalão.
O excesso midiático sobre esse julgamento, porém, finalmente foi longe demais. Ouso dizer que a maioria dos brasileiros está enojada com a diferença de tratamento que esses veículos dão a escândalos dos políticos seus aliados (como Serra) e aos escândalos envolvendo políticos inimigos (Lula, Dilma e o PT).
A desmoralização de Serra é composta por uma miríade de fatores, sendo a queda livre da qualidade de vida em São Paulo a mais decisiva. E olhem que a maioria dos paulistanos sequer sabe da Privataria Tucana, dos milhões de dólares que a filha do tucano e outros parentes dele receberam do exterior durante a venda do patrimônio público pelo governo FHC…
A blindagem de Serra pela mídia, assim, chega ao inimaginável. O eleitorado paulistano o rejeita sem saber que seu governo e o de seu afilhado, Gilberto Kassab, está sendo investigado pelo Ministério Público paulista por fraude em contrato de coleta de lixo celebrado entre a prefeitura e a construtora Delta, contrato que pulou de R$ 300 milhões para R$ 700.
Ainda assim, esses facínoras que se auto-intitulam “jornalistas” e “publishers” pregam, literalmente, que “o PT” inteiro seja criminalizado e até preso, o que é, também, um delírio autoritário forjado na ideologia de uma “imprensa” que já colocou partidos na clandestinidade e o Brasil em uma ditadura de vinte anos.
O povo brasileiro deixou de acreditar nessa gente há quase uma década. De lá para cá, foram inúmeras as tentativas de destruir o Partido dos Trabalhadores e a honra de Lula. Mas a teoria de que todo o partido está sendo julgado no STF, acho que foi a gota d’água.
Neste momento, por conta da tentativa da mídia de criminalizar todo o PT pelo suposto ato de um petista, muita gente está se lembrando do ex-diretor do jornal O Estado de São Paulo Antonio Marcos Pimenta Neves, assassino confesso de uma colega de trabalho com quem mantinha um relacionamento amoroso.
Em 2000, esse jornalista apareceu na chácara da família da vítima, a também jornalista Sandra Gomide, dizendo que viera almoçar, apesar de ela ter rompido o relacionamento com ele. Tinha vindo, na verdade, tentar reconciliação, mas ela recusou. Pimenta Neves, então, sacou uma arma e atingiu Sandra com dois tiros, sendo um pelas costas e outro no ouvido.
Entre 1999 e 2000, por então ser colaborador freqüente da sessão de cartas de leitores do Estadão, recebi algumas chamadas telefônicas de Pimenta Neves em minha residência, pois toda carta que enviava ao jornal tinha que ter nome, endereço, RG e telefone. Ele me ligava para debater minhas posições políticas antagônicas às do jornal.
Pimenta Neves era (?) o reacionário clássico. Chamava a resistência à ditadura de “terrorismo”, demonstrava desprezo pela simples idéia de políticas sociais e, como todo entusiasta daquela ditadura e do ultraconservadorismo que hoje permeia a mídia, julgava-se todo-poderoso.
Quando leio esses colunistas da Folha, do Estadão, da Veja etc., lembro muito do que ouvia de Pimenta Neves ao telefone, inclusive poucas semanas antes de ele matar aquela garota pelas costas. Todavia, nunca propaguei a tese de que seu crime conspurcava toda uma grande imprensa repleta de pessoas com ideologias análogas à sua.
Pimenta Neves, criminoso confesso contra o qual nunca houve dúvida da autoria do crime, não conspurca a imprensa assim como o deputado João Paulo Cunha, cuja culpa decretada pelo STF ficou longe de ter sido provada – decorrendo, apenas, de subjetividade e de interesses outros dos magistrados –, não enlameia o PT.
A tese que tenta macular uma era de ouro que o Brasil viveu ao longo da primeira década do século XXI, portanto, é repudiada pela maioria absoluta dos brasileiros, que as pesquisas mostram que continua apoiando o Partido dos Trabalhadores. E as urnas, neste ano e nos próximos, mostrarão isso a esses aspirantes a ditador da mídia golpista.
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