Partido promete um contra-ataque, na ocasião das
comemorações do aniversário da sigla, marcadas para os dias 26 e 27 de
fevereiro, no Rio de Janeiro, à ofensiva da mídia e à pressão de
operações em curso contra o ex-presidente Lula e sua família; polêmica
mais recente ocorreu em nova fase da Lava Jato, batizada de Triplo X,
que teve como foco o condomínio Solaris, no Guarujá, no litoral
paulista, em que a família de Lula já teve uma cota; movimentos sociais
que compõem a Frente Brasil Popular também pretendem incluir a defesa de
Lula nas manifestações contra o impeachment da presidente Dilma
Rousseff previstas para ocorrer na segunda quinzena de março; atos se
unem à reação de advogados de Lula que multiplicaram declarações para
desmentir acusações e abriram processos judiciais contra difamações na
imprensa e nas redes sociais
29 de Janeiro de 2016 às 07:13
247 - O PT
planeja uma defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na ocasião
das comemorações do aniversário da sigla, marcadas para os dias 26 e 27
de fevereiro, no Rio de Janeiro.
Lula e sua família têm sido alvo de uma ofensiva da mídia e de
procuradores em operações em curso. A polêmica mais recente ocorreu na
Lava Jato, em que uma ação batizada de Triplo X teve como foco o
condomínio Solaris, no Guarujá, no litoral paulista, onde a família de
Lula já teve uma cota.
Movimentos sociais que compõem a Frente Brasil Popular também
pretendem incluir a defesa de Lula nas manifestações contra o
impeachment da presidente Dilma Rousseff previstas para ocorrer na
segunda quinzena de março.
A defesa do ex-presidente tem multiplicado notas e declarações para
rebatar as acusações em curso. Lula também anunciou medidas judiciais
contra o promotor Cassio Conserino, contra difamações na imprensa e nas
redes sociais.
É o caso do empresário João Doria Jr, pré-candidato tucano a prefeito
de São Paulo, que disse que o ex-presidente é "um sem-vergonha, um cara
de pau" e que pediria ao juiz Sergio Moro para "adiar" eventual prisão
do petista.
Leia aqui reportagem de Ricardo Galhardo e Tonia Machado sobre o assunto.
Sobre o episódio da ofensa e patrulha ideológica perpetradas por
playboys herdeiros das capitanias hereditárias e antipetistas contra Chico Buarque no Leblon, ainda duas considerações:
1. A primeira é que, como sugerido, fui ao Google procurar saber quem é o
tal "rapper" Túlio Dek (um dos ofensores de Chico Buarque) e o que
encontrei, entre platitudes sobre sua vida amorosa passada em sites que
se ocupam de subcelebridades, foi a informação de que ele é neto de
Jairo Andrade. E, de acordo com esta matéria de 2007 do site A Nova
democracia (http://www.anovademocracia.com.br/…/79-a-luta-camponesa-faz… ), o avô de Túlio Dek não era flor que se cheirasse!
"Jairo Andrade Bezerra, falecido há 4 anos, nasceu
em Passos (MG) e foi extrema-direita de carteirinha. Entusiasta
organizador da 'Marcha com Deus, pela Família, pela Liberdade' em 1964,
atividade patrocinada pela CIA, que antecedeu ao golpe militar que
derrubou o governo constitucional de João Goulart.
Foi para o sul
do Pará no final dos anos 1960 e sempre teve apoio da ditadura militar
para cometer todo tipo de desmandos na região. Roubou terras dos
indígenas, posseiros e dos colonos assentados pelo Incra no assentamento
Agropecus.
Jairo recebeu nove autuações por trabalho escravo.
Teve seu nome incluído na Lista Suja do Trabalho Escravo, condenado por
manter 97 trabalhadores escravizados na Fazenda Forkilha. Seu irmão,
Gilberto Andrade recebeu igual condenação por trabalho escravo na
fazenda Boa Fé, em Centro Novo (Maranhão). Apesar de denunciado por
trabalho escravo (desde final dos anos 60), Jairo Andrade nunca deixou
de receber recursos públicos da SUDAM para investir em sua propriedade.
Foi
fundador da criminosa e arqui-reacionária UDR — União Democrática
Ruralista, em 1985, sendo seu primeiro tesoureiro nacional. Subiu no
palanque com Fernando Collor em Redenção nas eleições presidenciais de
1989. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, em 5/11/1994, Jairo
Andrade — acusado de contratar pistoleiros para assassinar o ex-deputado
e advogado de posseiros Paulo Fonteles e inúmeros trabalhadores rurais —
não desconversou: descreveu mortes das quais participou, informou onde
enterrou as vítimas e fez ameaças. Como sempre acontece com os crimes do
latifúndio em nosso País, nada aconteceu a este bandido, réu confesso".
Bom, o tal Túlio Dek teve todas as oportunidades de ser alguém melhor
que seu avô. Mas, a julgar pelo que fez a Chico Buarque; a julgar pelo
tipo de valores que subjaz a seu discurso de analfabeto político e
alienado (discurso que é também o dos outros playboys companheiros
seus), Túlio Dek decidiu dar continuidade à capitania herdada.
E assim podemos traçar a genealogia dos canalhas que hoje aplaudem a
tentativa de um novo golpe na democracia e de desmonte da Constituição
Cidadã de 1988!
2. A segunda coisa é que quando comentei que publicaria esse texto, um
amigo meu me disse que não o fizesse porque as pessoas de direita
fascistas me atacariam na internet com insultos e calúnias; ao que eu
lhe respondi:
"Meu caro, os fascistas, velhos e novos, já me insultam, caluniam e
difamam na internet . Não só a mim, mas a todas as pessoas que se
coloquem a favor da justiça social, das liberdades individuais, das
minorias sexuais, étnicas e religiosas, da democracia, da honestidade
intelectual e da vida com pensamento. Atacar essas pessoas com insultos
impublicáveis e calúnias; deturpar suas falas; criar perfis falsos e
robôs para encher caixas de comentários com discursos de ódio, enfim,
destruir a civilidade e o respeito nas redes sociais é a nova forma de
censura desses fascistas, sejam os novos, sejam os antigos. Muita gente,
temendo essa violência simbólica (que ameaça ser física o tempo todo),
cala-se ou se dedica a publicar platitudes para receber likes. Eu não!
Jamais vou me acovardar diante de fascistas, pois corro o risco de ser
cúmplice deles nessa covardia. Com Chico Buarque, aprendi a me
perguntar: 'Como beber dessa bebida amarga; tragar a dor; engolir a
labuta? Mesmo calada a boca, resta o peito. Silêncio na cidade não se
escuta!'. Ninguém vai aproximar de mim novamente o cálice (o 'cale-se!')
de vinho tinto de sangue, pois não vou deixar! Vou escrever, sim, esse
texto e defender, sim, Chico Buarque"
Os
movimentos sociais querem “a Dilma que elegeram”, cobrando que a
presidenta assuma compromissos de campanha com os trabalhadores e a
manutenção de conquistas sociais
Por Redação, com ABr – de Brasília
Os movimentos sociais que foram às ruas esta semana contra o
impeachment defendem a continuidade do mandato da presidenta Dilma
Rousseff, mas cobram uma mudança no rumo da política econômica, com
duras críticas ao ajuste fiscal. Entidades como o Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Central Única dos Trabalhadores
(CUT) defendem a redução da taxa de juros e a retomada de investimentos
públicos para estimular a economia. Movimentos e entidades convocaram a população para manifestação por saídas populares à crise política e econômica
Em reunião com Dilma um dia depois das manifestações, representantes
da Frente Brasil Popular fizeram questão de mostrar à presidenta a
insatisfação dos movimentos com as medidas econômicas que vem sendo
tomadas pelo Palácio do Planalto. A presidenta da União Nacional dos
Estudantes (UNE) – umas das organizações que articularam as
manifestações – Carina Vitral, disse que as entidades esperam uma
“guinada à esquerda” do governo Dilma.
— Fizemos uma declaração contrária ao impeachment golpista, mas
também uma cobrança forte para que mudanças continuem sendo
aprofundadas. Demonstramos uma contrariedade grande ao ajuste fiscal,
que penaliza e aprofunda a crise econômica. A gente quer uma guinada do
governo à esquerda, aprofundando direitos da classe trabalhadora, da
juventude e dos movimentos sociais — disse, após reunião da Frente
Brasil Popular com Dilma no Palácio do Planalto.
Nas manifestações, os movimentos sociais disseram querer “a Dilma que
elegeram”, cobrando que a presidenta assuma compromissos de campanha
com os trabalhadores e a manutenção de conquistas sociais.
O líder do MST, João Pedro Stedile, disse que os movimentos sociais estarão ao lado do governo na defesa do mandato de Dilma
se o processo de impeachment for levado adiante, mas também criticou a
demora do Palácio do Planalto em reagir a problemas da economia que
afetam diretamente os trabalhadores, como o aumento do desemprego e da
inflação.
— O governo tem que agir rápido diante da gravidade da crise
econômica, tem que dar sinais para a população. Nossa sugestão é que o
governo anuncie urgentemente medidas concretas que possam retomar o
crescimento da economia para garantir o emprego e a renda dos
trabalhadores. Para isso, o governo tem que reduzir a taxa de juros e
precisa utilizar esses recursos públicos, que são nossos, para a volta
do crescimento baseado nos investimentos na indústria, na construção de
moradia popular, na infraestrutura, no transporte público e na
agricultura familiar — sugeriu.
Na véspera, a presidenta Dilma Rousseff decidiu tirar Joaquim Levy do
Ministério da Fazenda e substitui-lo por Nelson Barbosa, que ocupava o
Ministério do Planejamento. Responsável por medidas como a mudança nas
regras de acesso ao seguro-desemprego e a limitação do seguro defeso
para pescadores, Levy era o principal alvo das críticas das entidades de
trabalhadores.
— A CUT, que representa milhões de trabalhadores desse país, tem
muito firmes suas posições contra essa política econômica, Levy não nos
representa, trouxemos essa demanda para a presidenta — disse a
secretária de Relação com os Movimentos Sociais da Central Única dos
Trabalhadores (CUT), Janeslei Albuquerque, no início da semana.
Em entrevista no fim da noite de ontem, o novo ministro da Fazenda,
Nelson Barbosa, disse que, para estabilizar a economia e promover sua
recuperação, os esforços para o ajuste fiscal devem continuar.
À exceção de um voto, os demais
ministros também entenderam que o Senado poderá arquivar o processo de
impedimento e barrar o golpe contra Dilma
Por Redação – de Brasília
A tentativa de golpe contra o governo constitucionalmente eleito da
presidenta Dilma Rousseff saiu enfraquecida após o julgamento do Supremo
Tribunal Federal (STF), na tarde desta quinta-feira. Ao invés dos votos
dos ministros mais notadamente progressistas, o STF surpreendeu ao
derrubar a eleição promovida pela Câmara dos Deputados, que elegeu a
comissão para análise do pedido de impedimento contra a presidenta Dilma
Rousseff. Os ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes e o relator da
matéria, ministro Edson Fachin, foram vencidos pela maioria.
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, na tarde desta
quinta-feira, a eleição da chapa avulsa, ocorrida no dia 8 de dezembro,
para formação da comissão especial que conduzirá o processo. O decisivo
voto do ministro Marco Aurelio Mello foi seguido pela posição do
ministro Celso de Mello. A Corte decidiu, ainda, por maioria absoluta,
que a eleição sob a liderança do presidente da Câmara, deputado Eduardo
Cunha (PMDB-RJ) será anulada. Lewandowski encerrou o processo em que foi afastada a tentativa de golpe contra o governo da presidenta Dilma
À exceção de um voto, os demais ministros também entenderam que o
Senado poderá arquivar o processo de impedimento da presidenta e, assim,
enterrar a tentativa de golpe de Estado, mesmo se o plenário da Câmara
dos Deputados admitir a denúncia por crime de responsabilidade. Dessa
forma, Dilma somente poderia ser afastada do cargo, por 180 dias, como
prevê a lei, após a decisão dos senadores.
A maioria dos ministros seguiu o voto divergente do ministro Luis
Roberto Barroso. O ministro divergiu do relator, ministro Edson Fachin, e
considerou inaceitável a eleição de chapa avulsa, formada por deputados
oposicionistas. Para Barroso, a candidatura não é constitucionalmente..
A Corte foi unanimidade em entender que não cabe defesa prévia de
Dilma antes da decisão individual do presidente da Câmara dos Deputados
No dia 8 de dezembro, a chapa 2 – que apóia o golpe – intitulada Unindo o Brasil,
foi eleita por 272 votos contra 199 da chapa oficial. A sessão foi
marcada por um tumulto, uma vez que deputados contrários ao processo
secreto de votação e ao lançamento de uma chapa alternativa para concorrer à comissão se desentenderam com os defensores do voto secreto e da chapa alternativa.
Autoridades e
políticos dos partidos PDT, PCdoB, PT, PSOL e Rede participaram nesta
sexta (11) do lançamento de uma nova campanha da legalidade contra o
impeachment da presidenta Dilma Rousseff, junto ao busto do
ex-governador Leonel Brizola, ao lado do Palácio Piratini, em Porto
Alegre. Em 1961, Brizola liderou, a partir do Rio Grande Sul, a Campanha
da Legalidade para lutar pela defesa da posse de João Goulart após a
renúncia de Jânio Quadros.
O ato teve início com o pedetista e prefeito de Porto Alegre, José
Fortunati, lendo um documento de adesão ao Movimento Rede da
Legalidade, capitaneado pelo governador do Maranhão, Flávio Dino.
“A democracia é maior que tudo e este pensamento nos permite separar,
nesse momento, divergências ideológicas, programáticas, visões sobre a
economia e projetos políticos para o País. É com esse discernimento que
afirmamos que não há embasamento legal para o pedido de impeachment da
presidente Dilma”, diz o documento, que também traz palavras de Brizola
proferidas durante a Campanha da Legalidade.
Após esta leitura, Carlos Lupi, presidente nacional do PDT e ex-ministro
do Trabalho dos governos Lula e Dilma, fez uma defesa veemente da
legalidade e da necessidade de se defender o mandato da presidenta. “O
momento que vive o país é muito grave, de ameaça à soberania
constitucional”, disse.
Citando Brizola, Lupi afirmou que o processo de impeachment é um golpe
de direita movido por “interesses impublicáveis” e disse que não era
nenhum exagero compará-lo ao golpe militar de 1964. “Em 1964, começou
com alguns civis apoiando o golpe. O governador da Guanabara, Carlos
Lacerda, e o governador de Minas Gerais, José de Magalhães Pinto,
defenderam porque achavam que iam ser presidentes em seis meses. O que
era para durar seis meses durou 21 anos”, disse.
O ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (RS), salientou que,
por trás do processo de impeachment da presidente Dilma, estão as mesmas
forças conservadoras que tentaram interromper a ordem democrática nos
anos 1950 e 1960.
“(O impeachment) É um instrumento de uma luta antirepublicana que sempre
existiu no Brasil. Fizeram isso contra o Juscelino, fizeram isso contra
o Jango, contra o Getúlio, contra o Brizola”, disse Tarso. “Não precisa
mais de golpe militar, inclusive não há disponibilidade hoje das Forças
Armadas para golpe militar, então eles utilizam essa força do capital
financeiro, que submete a Constituição, que constrange a sociedade, que
chantageia com equilíbrio macroeconômico, criando distorções na ordem
republicana para se apropriar do Estado novamente. Então, é uma
diferença qualitativa. Agora, o sentido estratégico é o mesmo, perverter
o processo democrático, reduzir a influência dos movimentos sociais na
definição de políticas públicas, manter as desigualdades sociais que nós
vivemos”, complementou.
Defesa da legalidade
No ato, Carlos Lupi afirmou ainda que é preciso travar uma disputa de comunicação para esclarecer a população sobre as
consequências de um possível impeachment. “Eu acho que a gente tem que
fazer um contraponto de informação. A gente tem que esclarecer a
população que, se tiver impeachment, não tem eleição direta, não. Muita
gente do povo acha: ‘ah, vamos impedir a presidenta para fazer eleição’.
Não tem. Segundo, na linha de sucessão da presidenta, depois de ela ser
impedida, vem o Michel Temer, que é do PMDB. O mesmo PMDB do Eduardo
Cunha, que tá indiciado pelo Ministério Público suíço, indiciado pelo
Ministério Público brasileiro, pela Procuradoria Geral da República,
suspeito de várias ações criminosas. (...) Que legitimidade tem essa
gente de pedir o impedimento da presidente Dilma, que não paira sobre
ela um único indício de qualquer responsabilidade. É um jogo pesado da
política para apeá-la do poder e ficar no lugar dela”, afirmou.
Ele reiterou que, nesta nova campanha da legalidade, não se trata de
defender o governo Dilma, mas a própria democracia. “O impeachment é
algo muito sério. Ninguém pode começar a travar o impeachment porque não
simpatiza, porque o Ibope está baixo, porque não gosta de um
presidente, de um governador ou de um prefeito. Se isso virar moda,
porque a população vai votar? Pode mudar daqui a seis meses, daqui a um
ano, dependendo da vontade da oposição”, disse Lupi.
O deputado federal Henrique Fontana (PT) foi na mesma linha: "Acima de
tudo, nós estamos defendendo um mandato legítimo, de uma mulher que
jamais roubou um centavo do dinheiro público. Não cometeu um único crime
e querem cassar o mandato dela com a assinatura e a liderança de um dos
políticos mais corruptos do Brasil (Eduardo Cunha). Nós não podemos
aceitar isso”, disse o deputado. “A única maneira que a democracia
aceita colocar alguém no poder é através do voto da maioria da
população. O que eles estão tentando fazer é pegar um atalho”.
Também participaram do ato o ex-governador Olívio Dutra, os deputados
federais Maria do Rosário (PT), Deonilso Marcon (PT), os deputados
estaduais Luiz Fernando Mainardi (PT), Stela Farias (PT), Edegar Pretto
(PT), Tarcisio Zimmermann (PT), Manuela D’Ávila (PCdoB), Junior Piaia
(PCdoB), o ex-prefeito de Porto Alegre Raul Pont, a ex-candidata à
presidente Luciana Genro (Psol), o trabalhista histórico e ex-líder do
governo Brizola na Assembleia Legislativa do Estado Sereno Chaise, entre
outros.
O ministro da
Justiça, José Eduardo Cardozo, disse nesta sexta-feira (11) que a
decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tramitação do pedido
de impeachment no Congresso Nacional vai evitar que o instrumento seja
usado como “retaliação ou vingança” pela oposição.
Agência Brasil
Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo
Na próxima semana, o STF vai analisar a validade da Lei 1.079/50,
que regulamenta as normas de processo e julgamento do impeachment. A
legalidade da norma foi questionada pelo PCdoB, que conseguiu na Corte
uma liminar do ministro Edson Fachin para suspender a tramitação do
processo contra a presidenta Dilma Rousseff, iniciada na Câmara dos
Deputados, até decisão do tribunal.
“Algumas questões são muito importantes que fiquem acertadas pela Corte
para que não ficarem sujeitas ao arbítrio do presidente da Câmara
[Eduardo Cunha]. O que vimos, em algumas situações, é que realmente a
lei precisa ser bem interpretada e definida de forma sóbria. Acho que a
decisão do Supremo será muito bem-vinda para que o processo de
impeachment não seja usado como retaliação, como forma de vingança, o
que contraria a Constituição Federal, a ordem jurídica nacional”, disse
Cardozo em entrevista no Palácio do Planalto após a entrega do 21º
Prêmio Direitos Humanos.
Ao comentar a decisão do PSDB de unificar o partido em torno da defesa
do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o ministro disse que não se
surpreendeu com a atitude do principal partido de oposição, mas que
lamenta a adesão de pessoas que, segundo ele, sempre estiveram ligadas à
defesa da democracia.
“O que eu lamento é que algumas pessoas que historicamente ajudaram a
construir a democracia no Brasil e que têm uma biografia na defesa do
Estado de Direito parecem ter esquecido do que defenderam no passado e
agora, por questões momentâneas, abrem mão de princípios”, afirmou
Cardozo, sem citar nomes.
A presidenta
Dilma Rousseff pediu, nesta sexta (11) que Supremo Tribunal Federal
(STF) anule a todos os atos praticados até agora pelo presidente da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em relação ao impeachment – tanto o
acolhimento do pedido quanto a formação da comissão especial que
analisará o tema. Ao prestar informações para o julgamento da ação do
PCdoB que questiona o rito do processo, a presidente argumentou que
Cunha não ouviu sua defesa antes de tomar a decisão.
"É de inegável prejuízo a autorização para prosseguimento do
processo pelo Presidente da Câmara dos Deputados sem a indispensável
oitiva prévia do denunciado, pois é neste momento que ele poderá
influenciar o juízo sobre a existência ou não de justa causa ou de
outras condições de procedibilidade", diz um dos trechos do documento,
encaminhado por Dilma e redigido pelo consultor-geral da União
substituto, Fabrício da Soller.
Ela justifica, no documento, que o acolhimento de um processo de
imepachment é "ato tão grave e de consequências tão significativas, que o
princípio da ampla defesa e do contraditório não se coaduna com a
impossibilidade do presidente da República se contrapor à denúncia antes
da decisão do presidente da Câmara".
"Somente uma pessoa que vivesse em estado de alienação acerca do que o
país está a testemunhar nos últimos dias poderia dizer que não traz
nenhum prejuízo para o denunciado e para o próprio País a decisão de
recebimento da denúncia e a sua consequente leitura no plenário da
Câmara", diz outro trecho do texto, que possui 23 páginas.
As informações prestadas por Dilma foram pedidas pelo ministro Edson
Fachin para embasar o julgamento pelo STF de ação do PCdoB que questiona
o rito do processo definido por uma lei de 1950, bem como os atos
praticados até então pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, sobre o
tema. O partido argumenta que os procedimentos para um afastamento de
presidente devem se adequar à Constituição de 1988.
No documento enviado ao STF, a Presidência concorda com todos os pedidos
do partido. Além de anular o ato de Cunha, Dilma defende as votações
relativas ao impeachment sejam abertas, ao contrário do que ocorreu na
eleição da comissão especial da Câmara que analisará as acusações,
contestada pelo PCdoB na ação
Em outro trecho, a Presidência avalia que somente o Senado pode
autorizar o afastamento, porque cabe a ele "instaurar o processo". "É
natural que esse juízo acerca da instauração ou não do processo seja de
fato objeto de deliberação pelos senadores da República, já que dessa
instauração é que decorrerá a gravíssima consequência da suspensão do
Presidente da República de suas funções", diz o texto.
O documento afirma ainda que, mesmo que a Câmara conclua por autorizar o
processo de impeachment, o Senado pode recusar a instauração do
processo. "Caberá ao Senado Federal fazer um juízo de valor sobre a
instauração ou não do processo, no caso dos crimes de responsabilidade,
assim como o STF o faz no caso dos crimes comuns. Quer-se dizer com isso
que o Senado Federal não está obrigado a instaurar o processo, uma vez
concedida a autorização".
A ação do PCdoB será analisada na próxima quarta-feira 16, pelos
ministros do Supremo, ocasião em que também deverão avaliar os parecer.
Mais cedo, o Senado também havia se manifestado, defendendo que a Casa não é obrigada a seguir uma decisão da Câmara sobre o impeachment.
Polícia invade teatro em São Paulo para agredir estudantes
Quatro
soldados da Polícia Militar de São Paulo, montados em motocicletas
invadiram o Teatro de Arena Eugênio Kusnet, localizado na região central
de São Paulo, e espancaram três adolescentes que se escondiam da
repressão contra os participantes de um ato de protesto pela
reorganização do ensino público proposta pelo governado Geraldo Alckmin
(PSDB).
Paulo Goya/Facebook
A Polícia Militar invadiu, de moto, o hall do teatro, foi até a bilheteria e espancou os meninos
A Polícia Militar invadiu, de moto, o hall do teatro, foi até a bilheteria e espancou os meninos
São Paulo – Quatro soldados da Polícia Militar de São Paulo, montados em
motocicletas invadiram o Teatro de Arena Eugênio Kusnet, localizado na
região central de São Paulo, e espancaram três adolescentes que se
escondiam da repressão contra os participantes de um ato de protesto
pela reorganização do ensino público proposta pelo governado Geraldo
Alckmin (PSDB).
"A gente estava aqui quando a PM veio perseguindo três jovens, entrou
com motocicleta dentro do teatro, que é uma instituição federal, foi até
a bilheteria e espancou os meninos", relatou o diretor musical do
Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, Eugênio Lima, que dava aula no local
quando ocorreu a invasão.
Em nota, a Fundação Nacional de Artes (Funarte) reiterou o relator de
Eugênio e afirmou que "os policiais retiraram à força os jovens de
dentro da bilheteria do teatro, sem ordem de prisão, nem qualquer
tentativa de manutenção da ordem – apenas com agressões aos
adolescentes."
"A Funarte repudia essa ação arbitrária e violenta, que fere os direitos
previstos na Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do
Adolescente e, principalmente, o Estado Democrático de Direito. Em
defesa da memória do Teatro de Arena e de todos os artistas que fizeram
desse espaço palco da luta insubmissa e revolucionária contra a ditadura
militar, a Funarte e o Ministério da Cultura, gestores do teatro,
exigem esclarecimentos do Governo do Estado de São Paulo sobre o
episódio", diz em nota.
O ministro de Cultura, Juca Ferreira, afirmou ontem (10) que está
"chocado com a atuação da polícia", e solicitou esclarecimentos ao
governo Alckmin sobre o caso.
Banditismo.
Essa é a palavra que sintetiza a conduta da grande imprensa para
criminalizar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta
quinta-feira (10), o Instituto Lula divulgou nota denunciando que o
jornal Folha de S. Paulo, descaradamente, atribui a Lula fala que não existiu em uma entrevista ao jornal espanhol El País.
“Agindo de má-fé, atribuiu ao ex-presidente uma fala que não
existiu. Em nenhum momento, Lula afirmou que os pobres terão de deixar
de comer carne para comer somente arroz durante a crise. A Folha distorceu
um trecho da versão que leu (mal) em espanhol. Para deixar mais clara
sua má-fé, o jornal escolheu a distorção como manchete de uma matéria
que apenas toca superficialmente nos temas discutidos durante a conversa
e deu a ela destaque na home do UOL”, diz a nota.
A ação criminosa foi classificada como uma atitude “irresponsável” e “lamentável”. “No site em português do El País, a Folha poderia ter encontrado a transcrição do que foi dito, sem precisar recorrer à tradução criativa”, continua o Instituto.
“São 12 anos em que houve o maior processo de mobilidade social da
história de 500 anos desse país, em que nós dobramos o número de jovens
nas universidades, e que o salário aumentou quase 74% em termos reais e
foram 12 anos em que, foi um momento mais extraordinário de participação
da sociedade na discussão das políticas públicas do governo. Você
poderia perguntar para mim eles vão perder? Eu acho que não. Estamos
passando por uma certa dificuldade, ou seja, nós passamos a comer carne
quase todo dia, agora eu vou ficar um dia sem comer carne”, finaliza a
nota.
Como é de praxe, o jornal publicou nota após às 16 horas tratando a
manipulação dos fatos como “erro”, e informou que corrigiu a distorção
no site, numa clara tentativa de fugir da Lei do Direito de Resposta.
Do Portal Vermelho, com informações do Instituto Lula
O filme
"Osvaldão", realizado por Fundação Mauricio Grabois, Clementina Filmes e
Estrangeira Filmes, está sendo exibido em várias regiões do pais.
Dirigido por Ana Petta, Vandré Fernandes, Fábio Bardella e André
Michiles, a obra ganha cada vez mais espaço na mídia. Abaixo,
reproduzimos comentário do crítico de cinema do jornal "O Estado de S.
Paulo", Luiz Carlos Marten.
Divulgação
'Osvaldão' resgata comandante negro do Araguaia
Por Luiz Carlos Marten
Teria sido um ganho simbólico se o documentário Osvaldão houvesse
estreado apenas duas semanas atrás, no feriadão do Dia da Consciência
Negra. Pois o que o filme resgata é justamente um personagem pouco
conhecido e até desconhecido da história recente do Brasil. Ou você vai
jurar que já ouviu falar do comandante negro da Guerrilha do Araguaia? A
ditadura militar fez o que pôde para apagar seus vestígios, mas ele
ressurge com força no documentário de Ana Petta, André Michiles e Fábio
Bardella.
Vamos logo esclarecendo que a forma não é a mais brilhante nesse
trabalho coletivo. Osvaldão não busca novas formas narrativas, como faz
Lúcia Murat em seu ensaio poético Em Três Atos, que mistura mídias -
dança, teatro, cinema e literatura. Osvaldão até que não deixa de ser
aristotélico, armando sua tragédia em três atos, mas o relato não foge
muito do de outros documentários - entrevistas, material de época etc. E
é justamente uma raridade de arquivo que faz a diferença. A produção
descobriu um filme feito na antiga Checoslováquia, em 1961.
Encontro na Antibabilônia é sobre jovens de todo o mundo no país
comunista. O personagem principal é justamente Osvaldo Orlando da Costa,
o mineiro que se tornaria o mítico comandante do Destacamento B da
Guerrilha do Araguaia, no Pará, onde se travou um dos capítulos mais
sangrentos da resistência armada à ditadura militar. Foram três
ofensivas do Exército e, somente na terceira, a mais brutal de todas, os
militares lograram derrotar a guerrilha. Não lograram, contudo, apagar a
figura de Osvaldão no inconsciente coletivo. Negro, atlético, campeão
de boxe, guerrilheiro. Osvaldão foi da estirpe de Zumbi dos Palmares e
Antônio Cândido, celebrado como o Almirante Negro na voz de Elis Regina
por sua luta no episódio que ficou conhecido como 'Revolta da Chibata'.
Mineiro de Passa Quatro, foi o primeiro combatente a chegar ao sul do
Pará, em 1967, com a missão de implantar uma frente da guerrilha.
Tornou-se mítico por sua identificação com a floresta - mateiros contam
como virava árvore, pedra. Morreu em 1974, aos 35 anos. Seu corpo foi
pendurado num helicóptero que sobrevoou a área para mostrar a todos que
estava morto. Depois, o cadáver sumiu.
No Araguaia, entre 1972 e 75, houve a maior ação do Exército desde a
Guerra de Canudos. O filme não é um registro jornalístico. Impossível
cobrar 'objetividade' ou 'isenção'. O conceito é 'fordiano',
estabelecido pelo mestre John Ford em seu western crepuscular O Homem
Que Matou o Facínora. Quando a lenda supera a realidade, o que faz o
jornalista? No filme, Edmund O'Brien publica a lenda. A grandeza dos
derrotados. Osvaldão permanece vivo na lembrança. Os povos da mata
contam sobre ele histórias que perpetuam o mito. São elas - e o
documentário checo - que estruturam o relato. O texto é dito por Criolo,
Leci Brandão e Antônio Pitanga, três militantes da consciência negra.
Osvaldão recoloca seu personagem na história. Não é pouca coisa