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terça-feira, 6 de outubro de 2015

Mercedes Sosa, a cantora da integração completaria 80 anos

Mercedes Sosa, 80 anos da compositora que cantou a integração

Uma das mais importantes vozes da América Latina de todos os tempos, a cantora argentina Mercedes Sosa completaria 80 anos, em 2015, caso estivesse viva. Ela faleceu no dia 4 de outubro de 2009, depois de ter sido internada por problemas nos rins e uma complicação cardiorrespiratória. Ela padecia de mal de Chagas, uma doença ligada à pobreza rural dos primeiros anos de sua vida.

Por Fania Rodrigues, no Brasil de Fato


Divulgação
Este domingo (4) marcou seis anos da morte de Mercedes Sosa Este domingo (4) marcou seis anos da morte de Mercedes Sosa
Inspirada no folclore argentino, sua música foi além do estilo enquadrado pela indústria fonográfica. Mercedes Sosa fazia canções para todos os gostos e gêneros musicais. Inspirou várias gerações de músicos ao redor do mundo.

O cantor René Pérez, vocalista da banda Calle 13, de Porto Rico, afirma que a música Latinoamerica, um dos maiores sucessos da banda, foi inspirada em Mercedes Sosa. Calle 13, hoje, é o grupo mais exitoso da música latina, reconhecido mundialmente.

Brasil

No Brasil, a cantora argentina fez parceria com grandes nomes da MPB, como Milton Nascimento, Chico Buarque, Caetano Veloso e Gal Costa. Considerado um dos grandes momentos da música latina, o disco Corazón Americano (1985), de Mercedes Sosa, teve a participação de Milton Nascimento, que cantou Coração de Estudante, em português e em espanhol. Em 1976, em pleno regime militar, já havia gravado com Milton Nascimento uma versão de uma das músicas consagradas em sua voz: Voltar aos dezessete.

A parceria entre os dois deu início a uma grande amizade. Em recente entrevista à revista Caros Amigos, Milton Nascimento conta como recebeu a notícia da morte da cantora. “Essa foi uma coisa que muito me entristeceu. As coisas que a gente fez davam para escrever um livro. Conheci muita gente, muitos compositores através de Mercedes Sosa. Foi com ela que o Brasil, pela primeira vez, abriu as portas para a música da América Latina”, destaca Milton Nascimento. Entre seus maiores sucessos está a Canción con todos, praticamente um hino à integração cultural latino-americana.

Reconhecimento

Em 50 anos de carreira, Mercedes Sosa gravou mais de 100 discos, entre os trabalhos solos e coletivos. Das inúmeras honrarias que recebeu destacam-se quatro Prêmios Grammy Latino.


Fundadora do Movimento do Novo Cancioneiro, esse ícone da música argentina ajudou a popularizar um estilo que ficou conhecido como a “nova canção latino-americana”, que influenciou diferentes gêneros como o rock, o pop e o tango.

Militância

Mercedes Sosa sempre apoiou as causas da política de esquerda ao longo da sua vida. Foi militante do Partido Comunista, nos anos 70, e grande simpatizante do líder argentino Juan Domingo Perón. Depois do golpe militar, em 1976, seus discos foram proibidos e ela foi incluída na lista de pessoas marcadas para morrer. Apesar da perseguição, Mercedes Sosa permaneceu na Argentina o quanto pôde.

Foi para o exílio em 1979, primeiro em Paris e depois em Madri. Voltou a Buenos Aires três anos depois, em grande estilo. Realizou vários shows no Teatro Ópera de Buenos Aires, que se tornaram um verdadeiro ato cultural contra a ditadura, mas também mexeu com as estruturas da música popular argentina. Mercedes provocou a renovação dos estilos musicais da Argentina, principalmente no folclore, no tango e no rock nacional.

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