Páginas

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Operação Banqueiro - Um livro que é a vergonha do Brasil !

Um livro que é a vergonha do Brasil

10 de janeiro de 2014 |  Autor: Fernando Brito
livro
O livro Operação Banqueiro, de Rubens Valente, é um deprimente retrato do Brasil das elites.
Um mundo de investidores, governantes, operadores de dinheiro, polícia, juízes – de todos os níveis – e dinheiro, muito dinheiro público.
Algo que, em qualquer país do mundo onde houvesse um Judiciário brioso, abalaria a República e aposentaria, de vez, muitos de seus pró-homens.
É a história de como Daniel Dantas, aquele a quem um dia Fernando Henrique Cardoso chamou de “brilhante” construiu seu império.
E como esta construção esteve intrinsecamente ligada ao processo de privatização do patrimônio público.
Curiosamente, este personagem esteve na periferia do momento inaugural do mando neoliberal sobre o mundo: o Consenso de Washington.
Fazia parte de um formigueiro de economistas que se dispunha a traçar novos túneis – mais amplos e mais diretos – para a acumulação de capitais.
Daniel Dantas, a rigor, jamais foi um empresário, mas um financista. Seu mundo não era o da produção, das fábricas, dos empregados, dos produtos e matérias primas reais.
O de fazer dinheiro do dinheiro alheio: tanto dos que a ele entregavam seus capitais – adquiridos à luz e à sombra – pelo favoritismo, pelas pressões, pelos desvãos obscuros do poder e da grana.
E se Daniel Dantas não foi (e não é) um empresário, mais custa a dizer que seja brasileiro.
Seu negócio nunca foi o Brasil ou seu desenvolvimento.
O Brasil sempre foi, ao contrário, o corpo inerte do qual se devia sugar e levar.
E é assim, ainda.
Neste sentido, Daniel Dantas certamente é brilhante.
Sua luminosidade revela um submundo que quase, quase foi iluminado para que a Nação o visse.
Uma possibilidade que acabou pelas mãos de Gilmar Mendes e o nosso inquestionável STF, que mergulhou nas sombras a Operação Satiagraha.
Assassinada a golpes de habeas-corpus, seus herói viram-se convertidos em bandidos levados às barras do tribunal.
Escaparam, é certo, mas a condenação foi a todos os que se atreverem – no jornalismo ou nos cargos públicos – a penetrar nesse serpentário financeiro: “não façam mais isso, ouviram?”
O livro é imperdível e me consome há dias.
Dele, trago a sinopse do editor, aqui. Mais tarde, alguns trechos, para que todos entendam o quão grave é o que se descreve.
E a entrevista de Sérgio Lírio, de CartaCapital, com o autor:

“Sem Gilmar Mendes, Daniel Dantas não conseguiria reverter o jogo”

Com 24 anos de carreira, Rubens Valente é um dos repórteres mais premiados do Brasil. Rigoroso na apuração dos fatos, fiel na interpretação dos acontecimentos, construiu uma carreira respeitada no jornalismo. Durante mais de dois anos, Valente se dedicou à investigação que resultou no livro “Operação Banqueiro” (462 páginas, R$ 44,90, Geração Editorial), um mergulho nos documentos e bastidores da Satiagraha. O subtítulo da obra resume o conteúdo escrito com habilidade e independência: “Uma trama brasileira sobre poder, chantagem, crime e corrupção. A incrível história de como o banqueiro Daniel Dantas escapou da prisão com apoio do Supremo Tribunal Federal e virou o jogo, passando de acusado a acusador”. A análise do livro pode ser lida na edição impressa de CartaCapital que chega às bancas nesta sexta-feira 10. Na entrevista a seguir, Valente fala do papel do então presidente do STF, Gilmar Mendes, na campanha contra a operação policial e a favor de Dantas e desmonta algumas versões mentirosas alimentadas com o único intuito de anular a condenação do banqueiro a 10 anos de prisão por suborno.“Operação Banqueiro” é uma ode à verdade factual e presta um grande serviço à democracia e ao jornalismo.
CartaCapital: Na sua longa carreira de repórter, você se lembra de uma operação tão peculiar quanto a Satiagraha?
Rubens Valente: O aspecto mais grave foi a interdição da investigação, a impossibilidade de as autoridades levarem a apuração inteira até o final. Em termos gerais, a regra do jogo do processo penal no Brasil é simples: o delegado aponta evidências, o procurador acusa ou não, o juiz julga. Ao longo do processo, o réu se defende. Em caso de inocência, após o processo o réu pode buscar a punição dos responsáveis por um eventual erro judicial. Mas no caso  da Satiagraha, o delegado foi proibido de investigar e o juiz foi impedido de julgar. O sistema foi brutalmente bloqueado, de modo a não funcionar, a não concluir sequer a apuração inicial. Ao longo de 24 anos como repórter, li e acompanhei algumas dezenas de inquéritos policiais. Mas nunca vi uma inversão de fatores tão dramática e na dimensão deste caso. Eu só posso qualificar o rumo dos acontecimentos como espantoso. Que dizer de um cidadão que não chega a ser julgado, mas em poucos meses passa a acusador em um processo contra o próprio delegado e o próprio juiz que o prenderam? É o sonho de todo investigado. As instituições estão em risco quando um acusado consegue impedir que a atribuição de um fato criminoso seja devidamente apurada até o fim pelos órgãos públicos. O bloqueio da Satiagraha foi um dos principais motivos do meu empenho neste livro, inclusive financeiro, pois todos os gastos, incluindo as viagens a três capitais e cópias de documentos, foram bancados com as minhas próprias economias.
CC: Daniel Dantas não só conseguiu anular na Justiça a operaçao como leis e regras judiciais foram mudadas depois da ação policial, entre elas o uso de algema (a Lei Dantas), que passou a ser disciplinado. De onde provém tanto poder?
RV: Até 2010, o Opportunity sequer constava nas listas de doadores das principais campanhas eleitorais registradas na Justiça eleitoral. Estranho que uma empresa com tantas relações no meio político não tenha colaborado para eleições até aquele ano. Mas certa vez um advogado de Dantas o descreveu como um indivíduo com boas relações com o Congresso, com os poderosos, uma pessoa “que se vira”.  De fato, as relações de Dantas com políticos parece ser um traço fundamental na sua trajetória. Mas isso não explica tudo. No livro procurei descrever as relações de amizade e acadêmicas de advogados de Dantas e do banco Opportunity com o ministro do Supremo Gilmar Mendes. Que durante a presidência do STF disse abertamente se opor ao que chamava de abusos do Ministério Público e da Polícia Federal. As coisas se juntaram. Sem Mendes na presidência do Supremo, nem todo o prestígio de Dantas teria sido capaz de reverter o jogo de forma tão espetacular. A alteração de regramentos se deveu ao empenho pessoal de Mendes, que chegou a convocar um “pacto social” e chamar o presidente da República “às falas”. Ele se tornou um ator fundamental no processo de desqualificação da Satiagraha. Partiu do Supremo o vazamento de um relatório, depois desmontado pelos fatos, que sugeria a existência de grampo sobre autoridades do tribunal. E partiu de Mendes a decisão de acolher a tese de que o juiz Fausto De Sanctis havia se “insurgido” contra o Supremo pelo simples fato de ter ordenado uma segunda ordem de prisão contra Dantas. Como se um juiz não pudesse julgar de acordo com sua consciência. A ideia de uma suposta “rebeldia” comoveu outros ministros do STF, que chegaram a falar em “união” em defesa do tribunal. Como se o Supremo fosse um clube no qual os filiados devem “defender” uns aos outros, e não meramente analisar fatos e provas.
CC: A introdução de “Operação Banqueiro” cita excessos e equívocos do delegado Protógenes Queiroz. Essas falhas eram suficientes para anular o processo?
RV: A defesa do banqueiro se aproveitou dessas falhas. Mas o delegado muito mais acertou do que errou. Ele acertou ao elaborar e colocar em prática um plano que levou à documentação da oferta de suborno e à apreensão do dinheiro que seria usado como propina para ele e outro delegado do caso. Foi uma situação arriscada, que ele soube concluir com sucesso. Acertou ao conseguir uma ampla interceptação de telefones e de comunicações por internet com ordem judicial que trouxe evidências importantes para a investigação. Acertou ao não se dobrar às dificuldades do inquérito, que tratava de temas variados e de certa complexidade técnica. Esses méritos, porém, foram ofuscados pela intensa campanha de desmoralização que ele e a Satiagraha sofreram em diversos níveis e por diferentes meios. Seus erros, por mais banais, acabaram amplificados à exaustão. Por quê? Porque ele era a peça mais fraca do inquérito, havia sido abandonado à própria sorte pela sua instituição, a Polícia Federal. Qualquer jornalista com alguma experiência em processos judiciais sabe que todo e qualquer inquérito policial, todo e qualquer, repito, contém certa dose de erros, imprecisões ou conclusões sem rigorosa base nos fatos. Mas o trabalho de um delegado é apenas uma parte do processo. O sistema judicial possui freios e contrapesos que permitem que as opiniões do delegado sejam verificadas por outras instâncias, a saber: o Ministério Público, o juiz e os advogados dos réus. O beabá de um advogado criminalista é descobrir esses erros e, por meio deles, tentar obter alguma vitória judicial, na estratégia de convencer o Judiciário sobre as “ilegalidades” da polícia. O jornalista isento que ler com paciência o inquérito da Satiagraha vai concluir que os erros cometidos pelo delegado ao longo da operação, talvez o principal deles tenha sido pedir a colaboração de agentes da Abin sem um respaldo superior da direção da Polícia Federal, jamais teriam a capacidade de levar à anulação da operação. Em situações normais de temperatura e pressão, seus erros poderiam ser censurados e corrigidos, mas não teriam qualquer repercussão em termos de legalidade.
CC: Ao longo da apuração, você encontrou alguma prova ou indício de que o então presidente do STF, Gilmar Mendes, ou algum integrante do tribunal foi grampeado pela Policia Federal ou pela Abin?
RV: Sob vários pontos de vista (jornalístico, técnico, jurídico e mesmo ético), não é mais possível aceitar que essa suspeita continue a ser veiculada como fato, pois todas as imensas e complicadas investigações desencadeadas por diferentes órgãos públicos jamais localizaram qualquer prova material de grampo telefônico ou ambiental sobre qualquer ministro do STF. Eu cuidei de verificar esse ponto quase à exaustão. Ouvi com atenção e a necessária dose de desconfiança integrantes da Operação Satiagraha, li as conclusões das investigações policiais, vi os laudos do material apreendido. Não há uma linha sequer sobre constatação de grampo contra autoridades do Supremo. Esses são os elementos concretos que integram o processo. Fora disso, só mesmo a paranóia, alimentada por um estranho silêncio das autoridades encarregadas de verificar a existências desses supostos grampos. A Polícia Federal e a Procuradoria Geral da República sabem muito bem que não existe prova alguma dos grampos, mas até hoje, mais de cinco anos depois, jamais vieram a público fazer o desmentido cabal. Nunca prestaram contas das investigações. Esse ato de transparência deveria ter ocorrido há muito tempo, pois instituições e figuras públicas foram colocadas em xeque.
CC: E quanto as supostas ilegalidades cometidas pela Abin?
RV: Li e reli várias vezes os diversos depoimentos e documentos que integram a Satiagraha e o inquérito aberto para apurar a participação da Abin. A única conclusão possível é que a Abin não usurpou o papel de investigação consagrado pela Constituição às polícias. A Abin não interceptou nenhum telefonema, não tomou nenhum depoimento e não requisitou ao juiz do caso nenhuma medida de qualquer natureza. Em suma, os agentes da Abin em momento algum conduziram o inquérito. Por todo o tempo a investigação continuou presidida pela autoridade policial, com a devida fiscalização do Ministério Público e sob os olhares do Judiciário. O papel dos agentes da Abin se restringiu a acompanhar e fotografar alvos nas ruas, ler emails interceptados por ordem judicial, transcrever conversas interceptadas com ordem judicial. Ou seja, era um papel meramente auxiliar. Um trabalho braçal. No pen drive do delegado Protógenes foram apreendidos também documentos em word produzidos por agentes da Abin sobre algumas autoridades. Esses papéis, que incluem dados delirantes e informações de difícil comprovação, jamais foram anexados à Satiagraha. São imprestáveis como prova, tanto que o delegado não os juntou ao inquérito. E foi apenas esse o papel da Abin. Por que a eventual participação de agentes da Abin em certo ponto do inquérito poderia ser capaz de anular a operação inteiraa? Não há uma única participação, nem mesmo lateral, de agentes da Abin no episódio do suborno de dois delegados federais. A alegação de que a mera e pontual ajuda de alguns agentes da Abin em qualquer ponto da investigação seja capaz de anular um processo inteiro é inteiramente risível. É, na verdade, um tapa na cara dos cidadãos brasileiros pagadores de impostos e cumpridores das leis. Os advogados falam na teoria importada dos EUA dos “frutos da árvore contaminada”. Diz a tese que um processo gerado por uma prova ilícita deve ser anulado pelo vício na origem. Ocorre que a participação dos agentes da Abin n Satiagraha nada teve a ver com a origem do processo, foi sempre posterior, e portanto a teoria é totalmente inválida.
CC: Dantas já foi condenado fora do Brasil. Cortes britânicas e norte-americanas se referiram a ele em termos duros e o acusaram de fraude, entre outro crimes. No Brasil, a despeito da anulação posterior (agora em analise no Supremo), ele foi condenado em primeira instancia por suborno. Seu nome também tem sido citado nos principais escândalos da era FHC e Lula. Ele continua, porém, a ser tratado em diversos círculos e por considerável parcela da mídia como um “empresário polêmico”. E apenas isso. Pelo seu livro, conclui-se que ele e mais do que polêmico, certo?
RV: Dantas e o banco Opportunity aparecem referidos em diversos escândalos nos últimos anos: grampos do BNDES e as privatizações, caso do extinto banco Banestado, investigação privada da Kroll e a Operação Chacal, CPI dos Correios e o mensalão e, por fim, a Operação Satiagraha. Essa sequência de acontecimentos coloca o banqueiro como um dos principais personagens da história brasileira contemporânea. Tratá-lo como “polêmico” é um resumo pobre e impreciso. Ele foi acusado e investigado não por suas supostas “polêmicas”, mas por fatos e atos que podem e devem ser averiguados.
CC: As relações de Dantas com o PSDB foram retratadas em varias reportagens e livros ao longo das ultimas décadas. “Operação Banqueiro” acrescenta novas e interessantes provas dessa relação umbilical. O banqueiro, por outro lado, sempre se declarou perseguido pelo PT, mas os interesses do Opportunity e do partido se entrelaçam na Satiagraha. Você chegou a buscar explicações para os motivos de os petistas terem saído em apoio ao banqueiro e participarem da força tarefa para desacreditar a operação?
RV: A Satiagraha veio a público em abril de 2008, no mesmo período de intensas negociações entre os fundos de pensão ligados ao PT, a telefônica Oi e o banqueiro com vistas à criação da gigante da telefonia BrOi. Havia um interesse público e manifesto do governo na criação da nova supertele, uma operação que acabou possível após um ato do próprio presidente Lula. Creio que as investigações da Satiagraha chegaram num péssimo momento para os interesses do governo, que queria logo concluir aquela fusão. Isso pode ter contribuído para a extrema má vontade do governo em relação ao inquérito policial. Por outro lado, Dantas havia conseguido se aproximar de petistas históricos. No livro procurei descrever o papel de dois desses petistas no processo de criação da BrOi. Houve um segundo fato: em 2008, a Polícia Federal havia incomodado muitos interesses de políticos de vários partidos, incluindo petistas e integrantes da base aliada. E a “tolerância” do PT e do governo em relação à PF havia chegado ao ponto máximo um ano antes, quando uma equipe de policiais invadiu a casa do irmão de Lula na Grande São Paulo. Por sua vez, Lula havia superado, do ponto de vista da sua imagem diante o eleitorado, o trauma da acusação do mensalão, e não estava tão dependente das ações espetaculares da polícia, que davam ao governo um discurso anti-corrupção.
CC: Dantas recorre a uma teoria conspiratória para se defender. Diz-se vitima da união de interesses políticos e econômicos de integrantes do PT, seu desafeto Luis Roberto Demarco e a Telecom Italia. Ele tem usado esse argumento para tentar influenciar processos contra ele no Brasil.  Nos últimos anos, ele e seus advogados se referem a um inquérito em Milao que investigou e puniu funcionários da Telecom Italia por espionagem. Esse inquérito sempre é evocado em diversos processos pelo Opportunity. Ao longo de sua pesquisa, encontrou alguma evidência dessa conspiração ou alguma relação entre os processos no Brasil e a investigação italiana?
RV: Tive acesso e verifiquei milhares de páginas que integram a investigação realizada na Itália, incluindo os extensos depoimentos dos principais envolvidos. Como digo no livro, o Opportunity enfrenta sérias e talvez incontornáveis dificuldades para demonstrar uma prova objetiva sobre a alegada corrupção de autoridades do Brasil por funcionários da Telecom Italia de modo a “perseguir” o banco brasileiro. Até o momento, essa hipótese não passa disso, uma simples suspeita sem confirmação. Nos autos há apenas referências indiretas e imprecisas. Mas os advogados do Opportunity passaram a manobrar esse fantasma para relacionar a investigação no Brasil à outra da Itália, exigindo que uma acusação só fosse investigada depois da outra. É como se um motorista atropelasse alguém na rua e, quando encontrado pela polícia, alegasse ao juiz: “Lá na Itália uma pessoa disse que esse delegado que me prendeu aqui está me perseguindo. Então eu só posso ser acusado do atropelamento se antes vocês investigarem esse delegado”. É um argumento juridicamente absurdo. Mas que ganhou guarida em variados meios.
CC: No relatório da Satiagraha, Protógenes Queiroz dedica um capitulo às relações de Dantas com a mídia. Como você definiria essa relação?
RV: O foco do meu livro são as provas, acusações e explicações do caso Satiagraha e não o papel da mídia, embora ela seja um personagem presente em toda a narrativa. Eu também entendi que o debate sobre o papel da mídia na cobertura da Satiagraha havia sido extenso e intenso na internet, por meio de blogs e sites e outras publicações, como CartaCapital, que remaram contra a maré, e por isso eu não precisava gastar páginas que poderiam ser usadas para avaliar outros aspectos do caso. Mas ao longo do livro eu procurei demonstrar diversas imprecisões e enganos divulgados pela mídia que acabaram por ajudar as posições do Opportunity. Outro aspecto notável foi ver que boa parte da mídia não viu nenhum problema na paralisação e anulação do caso Satiagraha, considerando-os fatos quase rotineiros, mas que de banais nada tinham.
 VIA TIJOLAÇO
http://tijolaco.com.br/blog/?p=12411&fb_action_ids=251999291629271&fb_action_types=og.likes&fb_source=other_multiline&action_object_map={%22251999291629271%22%3A636454743056863}&action_type_map={%22251999291629271%22%3A%22og.likes%22}&action_ref_map=[]

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Porque os diabos dos aquarianos conseguem perceber as coisas antes que todo mundo?

Aquário
 

Detesto este signo. Detesto mesmo. E por quê?

Porque os diabos dos aquarianos conseguem perceber as coisas antes que todo mundo e assim, não dramatizam. E como conseguem resolver problemas com um piscar de olhos. Acho até, que as aquarianas não tem tpm.

O chato do aquariano tem dom de ser futurista e como tal, ele antecede fatos, situações e depois que você se estrepa ele solta: ‘Não te avisei’? Chato Chato Chato.

O aquariano sempre é o mais diferente ou o mais tranquilo… Ele se antecede as tendências, então tudo que ele disser que é bom ou vai pegar, acredite… vai pegar.

São completamente apaixonados por eletrônicos, jogos, computadores, tudo que é futurista e único. Um aquariano perfeito, seria o maluco beleza Raul Seixas, que falou sobre a metamorfose ambulante. Ah, aquário tem humor, tem uma loucura interna e um desprendimento das convenções que não é tipo, que não é calculado. Eles são naturalmente assim.Tem uma intelectualidade vibrante, são curiosos, cientistas, adoram analisar as coisas, os fatos, teorizar sobre algo ou mostrar um lado da questão que ainda não foi explorado. Pessoas de look original, idéias anarquistas, pessoas que mudam o curso da história são de aquário. Também ligados nas questões humanitárias…

Adoram coisas como ‘buraco de ozônio’, ou o ‘futuro do homem na era virtual’, ou a ‘pílula e sua função neste milênio na vida da mulher.’ ONU e NASA soam como sinfonia dos Deuses no coração aquariano. No amor, são divertidos, desencanados, joviais, e não esquentam muito a cabeça com nada. Nada de supérfluo, lógico.

Na verdade são dedicados, mas nem ouse tentar prende-los. Eles te chutam como se chuta uma bola. As mulheres de aquário, na maioria das vezes, moram sozinhas, tem filhos sozinhas, tem seu próprio negócio, e não são nada caretas, adoro.

Mas não se esqueçam…são cientistas… E te analisam e te observam o tempo todo, sem você perceber. E se você é conservador, familiar e muito moralista, esqueça este signo. Ele veio ao mundo para agitar…

http://www.cannaclub.com.br/2013/12/o-lado-sombrio-de-cada-signo.html



Gostou? Veja também: 12 vilões para 12 signos

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O DIA QUE DUROU 21 ANOS (Completo)

Publicado em 25/12/2013
Documentário, sob a direção de Camilo Tavares, baseado no livro homônimo do jornalista e ex-guerrilheiro Flávio Tavares, que relata com depoimentos, imagens, áudio e documentos, a interferência direta da CIA e do governo estadunidense sobre a soberania brasileira que culmina com o golpe e a ditadura militar (1964-1985)

Sem resistir ao golpe, João Goulart partiu para o exílio e evitou uma luta sangrenta

Não à guerra civil

Sem resistir ao golpe, João Goulart partiu para o exílio e evitou uma luta sangrenta entre reformistas e golpistas

Jorge Ferreira
Publicado em 23/8/2012
o

  • Percebendo o risco de uma guerra civil, Jango decide evitar o confronto e partir para o exílio. Acima, o presidente num comício ao lado da esposa.Percebendo o risco de uma guerra civil, Jango decide evitar o confronto e partir para o exílio. Acima, o presidente num comício ao lado da esposa.
    Manhã do dia 31 de março de 1964. No Palácio Laranjeiras, no estado da Guanabara, o presidente João Goulart (1919-1976) acordou cedo. Na noite anterior, ele discursara para cerca de 2.000 sargentos no Automóvel Clube. Assustado, Jango leu as manchetes. O Jornal do Brasil e o Correio da Manhã pediam a sua deposição. O presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, divulgou manifesto rompendo com o governo e incitando as Forças Armadas a restabelecer a ordem no país. As crises políticas e militares se sucediam desde setembro do ano anterior, quando sargentos tomaram Brasília pelas armas. Mas a Revolta dos Marinheiros no dia 25 de março e a anistia que receberam provocaram enorme insatisfação nas Forças Armadas. A presença de Jango no Automóvel Clube agravou a crise militar. Para grande parte da oficialidade, inclusive a que defendia a legalidade, o governo estava subvertendo os pilares básicos da instituição: a hierarquia e a disciplina.
    Depois de ler os jornais, o presidente soube que o general Olímpio Mourão Filho, vindo de Juiz de Fora, marchava com recrutas para a Guanabara com o objetivo de derrubá-lo da Presidência da República. Mourão participava do grupo conspirador de Minas Gerais, cujo líder civil era o governador Magalhães Pinto.
    A primeira atitude de Goulart, com o apoio de seus ministros, foi resistir ao golpe. Jango ordenou que o Regimento Sampaio, na Vila Militar, o Grupamento de Obuses, no bairro de Deodoro, e o 1º Batalhão de Caçadores, em Petrópolis, tropas profissionalizadas do Exército, detivessem Mourão. A seguir, planejou sustar a tentativa de golpe depondo Magalhães Pinto do governo de Minas Gerais e nomeando um interventor.
    Poucas horas antes, San Tiago Dantas, deputado federal e amigo de Goulart, soubera que o governo dos Estados Unidos apoiava o movimento e que reconheceria o “estado de beligerância” de Minas Gerais, fornecendo suporte financeiro, diplomático e militar a Magalhães Pinto. As informações que Dantas recebeu do governo mineiro eram de que os Estados Unidos poderiam interferir militarmente na crise política, se necessário. Navios de guerra norte-americanos estavam se dirigindo para o litoral brasileiro. A intervenção em Minas Gerais, portanto, poderia deflagrar uma guerra civil com intervenção estrangeira. Após conversa com San Tiago Dantas, Goulart recuou, e o decreto de intervenção em Minas Gerais foi sustado.
    Na tarde do dia 31, os governadores Carlos Lacerda (GB) e Ademar de Barros (SP) defendiam o golpe nas rádios, com o apoio do governador Ildo Meneghetti (RS). O Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) declarou greve geral, mas a iniciativa paralisou os transportes, impedindo que a população fosse para as ruas.
    Jango tentou convencer os comandantes das quatro jurisdições do Exército a garantir a legalidade. Ele encontrou apoio dos comandantes do I (GB, RJ, ES e MG) e  do III Exército (PR, SC e RS), mas não do IV (estados do Nordeste). Restava conversar com o comandante do II Exército (SP), general Amaury Kruel, seu amigo. Kruel declarou que só o apoiaria se o CGT fosse declarado ilegal e os comunistas perseguidos. Jango recusou.
    Naquele momento, decisões pessoais dos comandantes militares valiam pouco. O que contava eram as inclinações do conjunto da oficialidade e dos generais que formavam o Estado-Maior de cada um dos quatro Exércitos.
    No fim da noite, tropas do II Exército marcharam para a Guanabara. Os comandantes do Regimento Sampaio, do Batalhão de Caçadores e do Grupamento de Obuses decidiram apoiar Mourão, que continuaria sua marcha acompanhado por tropas profissionais.
    Nas primeiras horas do dia 1º de abril, diversos comandos militares declararam apoio ao movimento de deposição do presidente. Quando amanheceu,,o editorial do jornal Correio da Manhã era “Fora”.
    Na Guanabara, os fuzileiros navais esperavam ordens do presidente para prender Lacerda – seria uma resposta do governo aos golpistas. Mas a ordem não veio. Naquela manhã, San Tiago Dantas dissera a Jango que a frota norte-americana invadiria a Baía da Guanabara se Lacerda fosse preso.
    Jango percebeu que não eram grupos civis e militares minoritários que tentavam golpear as instituições, como ocorrera em episódios anteriores. Era um movimento conjunto das Forças Armadas com apoio de empresários, de amplos setores das classes médias e dos meios de comunicação. O movimento ainda contava com os governadores da Guanabara, de Minas Gerais, de São Paulo e do Rio Grande do Sul, com suas polícias civis e militares. No Congresso Nacional, grande parte dos parlamentares deu aval ao golpe. O Supremo Tribunal Federal calou-se diante da crise política. Além disso, o movimento golpista tinha o apoio do governo norte-americano. Jango compreendeu a extensão do golpe que estava em curso. A convocação para a resistência deflagraria uma guerra civil com consequências imprevisíveis. Na manhã do dia 1º de abril, ele iniciou o recuo. Ao meio-dia, partiu para Brasília – atitude interpretada como capitulação.
    No final da tarde, Arthur da Costa e Silva (1899-1969), general pouco conhecido, entrou na sede do Ministério da Guerra e declarou-se ministro. A seguir, instituiu o “Comando Supremo da Revolução”.
    Em Brasília, Jango emitiu comunicado denunciando os golpistas. Alegou que as medidas nacionalistas e populares que tomou em seu governo uniram forças políticas e econômicas impatrióticas cujo objetivo era “impedir que ao povo brasileiro fossem assegurados melhores padrões de cultura, de segurança e de bem-estar social”. Depois, partiu para Porto Alegre. Enquanto o avião seguia para o Sul, nas primeiras horas do dia 2 de abril, o presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, impedindo debates, declarou vago o cargo de presidente da República. Um pouco mais tarde, com a presença do presidente do Supremo Tribunal Federal, Andrade empossou o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, na Presidência da República. A participação ativa das lideranças do Poder Legislativo e a omissão do Poder Judiciário foram decisivas para o sucesso do golpe.
    Em Porto Alegre, o comandante do III Exército, general Ladário Telles, e Leonel Brizola (1922-2004) tinham esperança de reverter o golpe. O III Exército era mais poderoso do que os outros juntos, e Brizola planejava reeditar a Campanha da Legalidade. Naquele episódio, ocorrido em agosto e setembro de 1961, os três ministros militares, diante da renúncia do presidente Jânio Quadros, tentaram impedir a posse do vice-presidente João Goulart. Brizola reagiu e, utilizando cadeia de rádio, mobilizou o país em defesa da Constituição. Com a adesão do III Exército à causa da legalidade, o golpe contra a posse de Jango fracassou. Brizola, portanto, acreditava que poderia repetir em 1964 o que ocorrera em 1961. Às 8 horas da manhã do dia 2 de abril. reuniram-se Goulart, Brizola, Ladário Telles e os generais do Estado-Maior do III Exército. Telles demonstrou otimismo, mas a maioria dos generais do III Exército comunicou lealdade ao novo ministro da Guerra, enquanto a Brigada Militar obedecia ao governador do estado. Jango percebeu que não havia como resistir.
    Hoje sabemos que o golpe resultou em 21 anos de ditadura. Mas os personagens que participaram daqueles conflitos não conheciam o futuro. Ditadura militar não estava nos planos dos líderes civis golpistas, como Carlos Lacerda (1914-1977) e Magalhães Pinto, ambos presidenciáveis nas eleições de 1965. Jornais que defenderam a deposição de Goulart, como o Correio da Manhã, também não apoiavam a instituição de governos militares. Entre os próprios militares golpistas não havia planos de poder. Seus depoimentos confirmam que não existia um projeto a favor de algo, apenas contra. Os planos imediatos eram depor Goulart e fazer uma “limpeza”, retirando do cenário político os comunistas, os trabalhistas e os sindicalistas identificados com ele.
    Jango, por sua vez, acreditou que o golpe repetia o que acontecera com Vargas em outubro de 1945: o presidente é deposto, fica exilado no próprio país e depois o processo político retorna à normalidade.
    Nos anos que se seguiram, Goulart foi bastante criticado por não resistir ao golpe. Atualmente, admite-se a extensão destrutiva que o chamado de resistência provocaria na sociedade brasileira. O jornalista Paulo Markun afirma que “Jango deve ser valorizado por aquilo que não fez: jogar o sangue de outros na luta política”. Zuenir Ventura concorda: “Jango teve um dos seus momentos mais bonitos ao evitar aquilo que imaginava que viria a ser uma guerra civil com um milhão de mortos”. Goulart compreendia que guerra civil é algo que se sabe como começa, mas não como termina. Como ocorre nesses conflitos, toda a sociedade padece, mas são os trabalhadores e a população mais pobre os maiores prejudicados. Esta foi a principal razão para o gesto de Goulart de não resistir aos golpistas.
     
    Jorge Ferreiraé professor da Universidade Federal Fluminense e autor de Jango, uma biografia (Civilização Brasileira, 2011).
     
    Saiba Mais
    BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. O governo João Goulart. As lutas sociais no Brasil1961-1964. Edição revista e ampliada. São Paulo: Editora da Unesp, 2010.
    D'ARAÚJO, Maria Celina, SOARES, Gláucio A. D. e CASTRO, Celso (orgs.). Visões do Golpe. Amemória militar de 1964. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994.
    MORAES, Dênis. A esquerda e o golpe de 64. São Paulo: Expressão Popular, 2011.
    OTERO, Jorge. João Goulart. Lembranças do exílio. Rio de Janeiro: Casa Jorge Editorial, 2001.
    Saiba Mais - Filme
    “Jango”, de Sílvio Tendler (1984).

    http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/nao-a-guerra-civil-1

Procurador não vê Black Bloc como organização criminosa

Fausto Macedo
06.janeiro.2014

Procurador não vê Black Bloc como organização criminosa

‘Precisa verificar se essas pessoas se associam para crimes com divisão de tarefas e hierarquia’, diz Rodrigo de Grandis
por Fausto Macedo e Mateus Coutinho
O procurador da República Rodrigo de Grandis, que atua no Ministério Público Federal em São Paulo, avalia que os black blocs – mascarados que promovem protestos nas ruas desde junho de 2013 – “se assemelhariam mais à ideia de associação criminosa, do que propriamente de organização”.
“Eu não sei direito o que são os ‘black blocs’. Precisa verificar se efetivamente essas pessoas que se autodenominam ‘black blocs’ se associam de forma estável e permanente, com a finalidade de praticar crimes cuja pena seja superior a 4 anos de prisão, com divisão de tarefas e hierarquia”, pondera De Grandis. “Pelo que vi na imprensa esse grupo ainda não tem esse grau de sofisticação, estrutura”.
De Grandis fez essa afirmação ao ser indagado se os black blocs podem ser enquadrados na nova Lei 12.850, que define organização criminosa e disciplina a investigação.
A Lei 12.850 está em vigor desde agosto. Para o procurador ela representa um avanço importante no combate ao crime organizado – porque, inclusive, prevê meios de obtenção de prova contra as organizações criminosas e abre caminho para técnicas especiais, como a infiltração de agentes e a delação premiada.
Pela definição legal, organização criminosa é a associação de 4 ou mais pessoas, com estrutura ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas e hierarquia para a prática de crimes punidos com penas máximas superiores a 4 anos ou que tenham caráter transnacional.
Para procurador da República em São Paulo faltam elementos para enquadrar black blocs como quadrilha. Foto: Evelson de Freitas/Estadão
O procurador Rodrigo de Grandis trabalha há uma década exclusivamente na acusação a autores de crimes financeiros, lavagem de dinheiro, evasão de divisas – tramas geralmente engendradas por organizações criminosas.
Ele aponta avanços que a Lei 12.850 propicia no combate ao crime organizado.

ESTADO: O que muda com a Lei 12.850?
RODRIGO DE GRANDIS: Ela cria um conceito jurídico de organização criminosa, que existia de alguma forma já no ordenamento jurídico brasileiro, mas não de um modo tão claro e abrangente. Essa lei cria conceito positivado, escrito, de organização criminosa e também cria um tipo penal, o crime de pretender financiar ou de alguma forma estar vinculado a uma organização criminosa. A Lei 12.850 tem mais uma virtude, porque regulamenta de maneira bem adequada as técnicas especiais de investigação. Até então, a gente tinha no Brasil a definição muito superficial de infiltração de agentes, de entrega controlada e outras técnicas especiais de investigação. Agora, de maneira bem pormenorizada, inclusive a própria colaboração premiada.
ESTADO: Deixa de existir a figura do artigo 288 do Código Penal?
DE GRANDIS: O artigo 288 é modificado, passa a ser denominado de associação criminosa, não é associação ilícita, crime punido com reclusão de 1 a 3 anos associarem-se 3 ou mais pessoas para o fim específico de cometer crimes. Quadrilha não existe mais, passa a existir uma associação criminosa, uma associação ilícita formada a partir de 3 pessoas. Antes, pelo artigo 288, seriam 4 pessoas, agora a partir de 3 pessoas. Modificou a redação do artigo 288.
ESTADO: Qual a diferença de organização criminosa e quadrilha ou bando?
DE GRANDIS: A partir da Lei 12.850 você tem um número de pessoas diferente, 3 para associação ilícita e quatro para organização criminosa. Só que para fins de organização criminosa vai exigir uma divisão de tarefas, uma hierarquia, uma formação muito mais sofisticada e elaborada do que propriamente para associação ilícita. Organização criminosa é um plus se comparamos aqui a associação ilícita. Formação de quadrilha não existe mais, esse nome foi banido do ordenamento jurídico. É uma nova figura penal com outro nome.
ESTADO: As facções criminosas PCC (Primeiro Comando da Capital), de São Paulo, e CV (Comando Vermelho), do Rio, se enquadram no conceito de organização criminosa?
DE GRANDIS: PCC e CV são organizações criminosas porque todos os requisitos do artigo primeiro, parágrafo primeiro, estão presentes, ou seja, mais de 4 pessoas, divisão de tarefas, hierarquia, atividade com fins de infrações penais cuja pena máxima seria superior a 4 anos, como sequestro, tráfico de entorpecentes, etc. São quadros típicos de organizações criminosas brasileiras, PCC e CV.
Rodrigo de Grandis falou ao Estado sobre as novas configurações jurídicas para lidar com o crime organizado. Foto: Marcio Fernandes/Estadão
ESTADO: Os ‘black blocs’ podem receber o rótulo de organização criminosa?
DE GRANDIS: Eu não sei direito o que são os black blocs. Só acompanho o tema na imprensa, um grupo de pessoas que está se manifestando. Precisa verificar se efetivamente essas pessoas que se autodenominam ‘black blocs’ se associam de forma estável e permanente, com a finalidade de praticar crimes cuja pena seja superior a 4 anos de prisão, com divisão de tarefas e hierarquia. Pelo que vi esse grupo ainda não tem esse grau de sofisticação, estrutura. Ao que parece, se assemelhariam muito mais à ideia de associação criminosa do que propriamente de organização.
ESTADO: O Brasil já não tem outras leis que tratam de organizações criminosas? Por que a Lei 12.850?
DE GRANDIS: A Lei 12.850 me parece a mais completa em termos de disciplina. Além de conceituar organização criminosa ela cria um crime que não existia, o de pertencer, financiar ou, de alguma forma, constituir ou integrar organização criminosa. Além disso, disciplina as técnicas especiais de investigação e a colaboração premiada que você tem em várias leis e diplomas legais, mas não tem uma regulamentação. Quem é que pode propor a delação? A Lei 12.850 disciplina de forma particularizada a colaboração, é a grande virtude dessa lei.
ESTADO: O sr. é a favor da delação premiada?
DE GRANDIS: Ela é fundamental. Sou amplamente favorável à colaboração premiada, instrumento de grande importância. Em todos os países que criaram leis e instrumentos de combate à criminalidade organizada a colaboração premiada é passo importantíssimo, talvez o mais importante.
ESTADO: Ela ainda é pouco aplicada no Brasil?
DE GRANDIS: Nas varas especializadas (lavagem de dinheiro e crimes financeiros) a colaboração é aplicada em casos complexos e os resultados são exitosos, como no caso Maluf (Paulo Maluf, ex-governador do Estado de São Paulo e ex-prefeito paulistano), quando o doleiro Birigui confessou ser doleiro dos Maluf.
ESTADO: Terrorismo é organização criminosa?
DE GRANDIS: Não, terrorismo não é organização criminosa. Existe uma diferença muito clara, pelo menos do ponto de vista internacional, entre terrorismo e organização criminosa: o fato de a organização criminosa buscar a obtenção de uma vantagem em especial, embora nossa lei não exija isso, uma vantagem de caráter econômico, enquanto qualquer grupo (terrorista) não busca, em si, uma vantagem econômica. Pelo menos imediatamente. A vantagem econômica serve, por exemplo, para financiar uma atividade terrorista no sentido de estabelecer um discurso político ou uma determinada filosofia. A diferença fundamental seria essa, a busca ou não de uma vantagem.
 FONTE:
http://blogs.estadao.com.br/fausto-macedo/procurador-nao-ve-black-bloc-como-organizacao-criminosa/

Engana-se quem pensa que já se conhecem todos os fatos relacionados com o golpe civil militar de 1964

Publicado em 03/10/2013

Sobre o autor deste artigoMário Augusto Jakobskind
É correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE 


Quando dólares falam mais alto


Engana-se quem pensa que já se conhecem todos os fatos relacionados com o golpe civil militar de 1964 que derrubou o Presidente constitucional João Goulart. Nos últimos meses, graças ao trabalho das Comissões da Verdade, sejam estaduais ou a Nacional, muito fato novo vem sendo divulgado.
Mas um fato desta semana, protagonizado por João Vicente Goulart, ao ouvir uma denúncia do então Major do Exército Erimá Pinheiro Moreira, poderá mudar o entendimento de muita gente sobre a ocorrência  mais negativa da história recente brasileira. O alerta tem endereço certo, ou seja, aqueles que ainda imaginam terem os golpistas civis e militares agido por idealismo ou algo do gênero.
O Major farmacêutico em questão, hoje anistiado como Coronel, servia em São Paulo em 31 de março de 1964 sob as ordens do então comandante II Exército, General Amaury Kruel (foto).  Na manhã daquele dia, Kruel dizia em alto e bom som que resistiria aos golpistas, mas em pouco tempo mudou de posição. E qual foi o motivo de o general, que era amigo do Presidente Jango Goulart, ter mudado de posição assim tão de repente, não mais que de repente?
Mineiro de Alvinópolis, Erimá Moreira, hoje com 94 anos, e há muito com o fato ocorrido naquele dia trágico atravessado na garganta, decidiu contar em detalhes o que aconteceu. O militar, que era também proprietário de um laboratório farmacêutico e posteriormente convidado a assumir a direção de um hospital, foi procurado por Kruel no hospital. Naquele encontro, o general garantiu ao major que Jango não seria derrubado e que o II Exército garantiria a vida do Presidente da República.
Pois bem, as 2 da tarde Erimá foi procurado por um emissário de Kruel de nome Ascoli de Oliveira dizendo que o general queria se reunir com um pessoal fora das dependências do II Exército. Erimá indicou então o espaço do laboratório localizado na esquina da Avenida Aclimação, local que hoje é a sede de uma escola particular de São Paulo. Pouco tempo depois apareceu o próprio comandante do II Exército, que antes de se dirigir a uma sala onde receberia os visitantes pediu ao então major que aguardasse a chegada do grupo.
Erimá Moreira ficou aguardando até que apareceram quatro pessoas, um deles o presidente interino da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP), de nome Raphael de Souza Noschese, este já conhecido do major. Três dos visitantes carregavam duas maletas grandes cada um. Erimá, por questão de segurança, porque temia que pudessem estar carregando explosivos ou armas, mandou abrir as maletas e viu uma grande quantidade de notas de dólares. Terminada a reunião foi pedida que a equipe do major levasse as maletas até o porta-malas do carro de Amaury Kruel, o que foi feito.
De manhã cedo, por volta das 6,30 da manhã, Erimá Moreira conta que mais ou menos uma hora e meia depois da chegada no laboratório ligou o rádio de pilha para ouvir o discurso do comandante do II Exército. Moreira disse que levou um susto quando ouviu Kruel dizer que se “o Presidente da República não demitisse os comunistas do governo ficaria ao lado da “revolução”.
Erimá Moreira então associou o que tinha acontecido no dia anterior com a mudança de postura do Kruel e falou para si mesmo: “pelo amor de Deus será que ajudei o Kruel a derrubar o Presidente da República?” 
Ainda ouvindo o discurso de Kruel, conta Erimá, chegaram uns praças para avisar que tinha uma reunião marcada com o general no QG do II Exército.
Na reunião, vários militares, alguns comandantes de unidades, eram perguntados se apoiavam Kruel. “Eu não aceitei e pedi para ser transferido”.
Indignado, Erimá Moreira dirigiu-se a um coronel do staff do comandante do II Exército para perguntar se o general Kruel não tinha recebido todo aquele dinheiro para garantir a vida do Presidente. “Me transfiram daqui, que com o Kruel no comando eu não fico”.
Aí então – prossegue Erimá Moreira – me colocaram de férias para eu esfriar a cabeça. Na volta das férias, depois de um mês, fiquei sabendo pelo jornal que o Kruel havia me cassado”.
A partir de então o Major e a família passaram maus momentos com os vizinhos dizendo à minha mulher que era casada com um comunista. “Naquela época, quem fosse preso ou cassado era considerado comunista”.
Algum tempo depois contei esta história que estou contando agora ao General Carlos Luis Guedes, meu amigo desde quando servimos em unidades militares em São João del Rey. Fiz um relatório por escrito e com firma reconhecida. O General Guedes tirou xerox e levou o relato para a mesa do Kruel. Em menos de 24 horas o Kruel pediu para ira para a Reserva. Fiquei sabendo que com o milhão de dólares que recebeu do governo dos Estados Unidos comprou duas fazendas na Bahia”.
Ao finalizar o relato, o hoje Coronel Erimá Moreira mostrou-se aliviado e ao ser perguntado se autorizava a divulgação desse depoimento, ele respondeu que “não tinha problema nenhum”.
Nesse sentido, sugerimos aos editores de todas as mídias que procurem o Coronel Erimá Pinheiro Moreira para ouvir dele próprio o que foi contado neste espaço. Sugerimos em especial aos editores de O Globo, periódico que recentemente fez uma autocrítica por ter apoiado o golpe de 64, que elaborem matéria com o militar que reside em São Paulo.

http://www.diretodaredacao.com/noticia/quando-dolares-falam-mais-alto

COMNTARIOS:
    • Em 03/10/2013, Eliseu Leão escreveu:

      Legal. Ouvimos sempre a estoria contada pelo caçador e raramente a contada pela caça. --- Faz muito tempo que está girando na internet a mail - ''Os cinco Generais Presidentes'' - relatando a ''pobreza'' deles: Castelo, apenas um apartamento em Ipanema e poucas ações de empresas públicas e privadas -- Costa e Silva bateu as botas deixando um apartamento em construção, em Copacabana -- Garrastazu Médice, dispunha, como herança de família, de uma fazenda de gado em Bagé -- Ernesto Geisel, antes de assumir a presidência, comprou o sítio de Teresópolis -- Figueiredo, depois de deixar o poder, não aguentou as despesas do sítio em Petrópolis. Pensou em vende-lo e ficar com os cavalos pra não sentir o cheiro do Povo. Depois mudou de idéia. Vendeu primeiro os cavalos e depois o sítio, ficando com o apartamento de São Conrado. O autor desse relato quer lembrar aos eleitores ''palhaços'' que estes generais não enriqueceram no poder, ao contrário do Lula, que fez filme com dinheiro público exaltando a propria personalidade, comprou avião de luxo no exterior, saiu de Brasilia com 11 caminhões lotados com moveis e objetos roubados, etc, etc.

    • Em 03/10/2013, Eliseu Leão escreveu:

      O Kruel era coronel mas já tinha talento -- A Escola Superior de Guerra (criada em 1949 por inspiração e com a ajuda dos EUA) foi dirida pelo grupo de entreguistas da ''cruzada democrática'', que obedecendo ordens expressas do governo estadunidense, retirou o General Estilac Leal do Ministério da Guerra (um nome que honra o Brasil e os brasileiros). Com a queda do Estilac Leal a curriola do Eduardo Gomes teve ''mão livre'' pra desencadear a repressão dentro das Forças Armadas sob a orientação direta de oficiais estadunidenses. Transformaram quartéis em locais de tortura de dezenas de oficiais, sargentos, soldados e marinheiros ligados à luta anti-imperialista; oficiais estadunidenses participavam das escoltas que prendiam militares brasileiros!! ------ Alguém pode imaginar uma escolta integrada por militares brasileiros prendendo militares estadunidenses no solo dos EUA?? Basta esse fato pra dar a dimensão da falta de honra, patriotismo e vergonha dos entreguistas que executaram o golpe contra Jango ------ O capitão estadunidense Edgard Bundy, obedecendo ordens do presidente Truman, orientou diligências no Brasil ''dando assistencia'' ao cel. Amaury Kruel na Auditoria incumbida de julgar oficiais ''comunistas'' da FAB (comunistas eram aqueles que defendiam os interesses do Brasil e se opunham aos interesses dos EUA). Fonte: Moniz Bandeira.

    • Em 03/10/2013, Rubens escreveu:

      É, o poder do dinheiro e a falta de dignidade de um comandante do exército brasileiro.

    • Em 04/10/2013, Eliseu Leão escreveu:

      Parece até que foi ntem, 3 de outubro de 1953, a assinatura da Lei 2004 pelo Getúlio Vargas. 60 anos redondos! A Standard Oil do Nelson Rockfeller (que se dependesse de mim é espirito danado, padecendo nas quintas do inferno que nem mesmo a visão mais horripilante de um Hieronymus Bosch conseguiria representar), aliciara deus e todo mundo pra convencer os brasileiros que não existia nenhum petróleo por estas bandas. Quatro anos depois da assinatura da 2004, uma Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara dos Deputados, comprovara que “O Estado de São Paulo”, “O Globo” e “Correio da Manhã” foram bem remunerados pela publicidade estrangeira para moverem campanhas - contra - a nacionalização do petróleo. --- Parece ontem porque a luta continua ainda hoje, como recorda Fernando Brito: . E Brito grifa: “liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas”… --- Quanta traição, quanta desonra na ação destes individuos civis e militares que não merecem a cidadania brasileira nem o nosso respeito; que juraram de servir ao Brasil... --- E já que estamos falamos da Lei 2004 pensem no dano que um general como o Eurico Gaspar Dutra, insignificante intelectualmente, moralmente e fisicamente, causou e ainda causa ao Brasil. Um cara tão desprezivel que nem merece ser representado nos horrores das telas do Bosch.

    • Em 05/10/2013, Flávio Alimandro escreveu:

      A grana que esquerdistas receberam de Cuba e outras republicas soviéticas conta não né...

    • Em 05/10/2013, alderijo bonache escreveu:

      O companheiro Flávio Alimandro, também conhece a "história do ouro de Moscou"?

    • Em 05/10/2013, Flávio Alimandro escreveu:

      A "ajuda fraterna"dinheiro que Moscou enviava aos vários PCs no mundo, dinheiro que financiou tentativas de revoluções e derrubadas de governos...Tô sabendo companheiro Alderijo Bonache...mas aí pode né...

    • Em 05/10/2013, Flávio Alimandro escreveu:

      Ou do envio pelos socialistas/comunistas espanhóis de todo o tesouro da Espanha para serem "guardados" na Rússia socialista (URSS) por Stalin, evidentemente esses tesouros jamais foram devolvidos para a Espanha que se tornou a partir dai uma nação pobre.

    • Em 05/10/2013, Lisalvaro escreveu:

      O que essa comissão da MENTIRA quer e desqualificar uma revolução vitoriosa. Ate hoje não se tem noticia de militares ricos, ao contrario de hoje, em que um filho de um ex presidente catador de estrume de elefante, se tornou de uma ora para outra milho nario.

    • Em 05/10/2013, Clovis escreveu:

      Isso lembra o que foi comprovado neste ano, após a liberação de documentos até então secretos do governo britânico. A Espanha não entrou na Segunda Guerra (ao lado dos nazistas) porque os principais generais de Franco foram literalmente comprados pelo serviço secreto inglês.

    • Em 06/10/2013, Carlos escreveu:

      Mas isso era lógico. E depois venderam o Brasil para os EUA.

    • Em 06/10/2013, Maués escreveu:

      Não devemos confundir nem generalizar, a cúpula militar desfechou o golpe a soldo dos mandatários capitalistas, a base da oficialidade cumpriu ordens sem saber os reais objetivos da quartelada. Aos que estão enraivecidos com o corajoso depoimento do major Erimar, eu lembro que: contra fatos não há argumentos!

    • Em 06/10/2013, Fernando escreveu:

      Fico realmente impressionado que depois passados tantos anos e com tantos livros publicados pela direita e também pela esquerda, que as pessoas parecem não ter qualquer capacidade de discernimento para entender, apesar das provas contundentes que estão aí que o golpe militar de 64 assim como os demais golpes ocorridos na américa latina forma todos uma iniciativa dos norte-americanos no sentido de "impedir ou evitar" que o comunismo ou o "MAL CUBANO" se espalhassem por aqui, mas que na verdade esta era uma iniciativa para que eles simplesmente ampliassem enormemente o seu poderio econômico e financeiro. Os norte-americanos sempre viveram a ainda vivem explorando a tudo e a todos, mas antes da segunda guerra era um país como outro qualquer, sem eira nem beira. Este é um assunto muito amplo, entretanto meu caríssimo Mario Augusto, mais uma vez parabéns pela matéria. A corrupção campeia em todo o poder. Talvez poderíamos citar num primeiro momento dois presidentes que sobreviveram ilesos a este ataque: Allende e agora nosso Jose "Pepe" Mujica, o resto é o resto!

    • Em 07/10/2013, Eliseu Leão escreveu:

      Confirmando o leitor Fernando --- «Numa reunião de embaixadores da America Latina, em 1950, George Kennan disse que a maior preocupação dos EUA é com ''a proteção das nossas (isto é, da A.Latina) matérias-primas. Devemos combater a heresia que está se espalhando: a idéia de que um governo tem responsabilidade direta pelo bem do povo. Isso é comunismo, seja qual for o lado politico dos que a defendem. Essa gente pode formar grupos de auto-ajuda, baseados na Igreja, ou coisas desse tipo, mas se eles apoiarem tal heresia, são comunistas.» Pau neles. E explicou como agir: «... repressão policial dura do governo local. Isso não é vergonhoso, porque os comunistas são essencialmente traidores... É melhor ter um regime forte no poder do que um governo liberal, indulgente e infiltrado de hereges.» Os resultados dos estudos de uma Comissão de alto nível constatava, em 1955, que a ameaça principal da ideologia comunista era a recusa em exercer papel serviçal, isto é, o de complementar as economias industriais do Ocidente. (Noam Chomsky).

    • Em 13/10/2013, Nilson Lage escreveu:

      Na década de 1950, em meu primeiro ano como repórter do Diário Carioca, o fotógrafo que fazia par comigo, Veneziano, registrou a confraternização desse general, então chefe de polícia no Rio de Janeiro, com famoso bicheiro num bar da Praça Mauá A foto não foi publicada, mas alguém faturou, tanto que o Veneziano ganhou uma gratificação.

    • Em 13/10/2013, diogo alvares fanck escreveu:

      Fernando disse , EUA era uma país sem eira nem beira, quanto desconhecimento, nesta época os EUA já tinham mais automóveis que todo o resto do planeta juntos, idem para avioes, eletrodomésticos, já detinham mais da metade de todas novas descobertas nas mais diversas áreas (vide Nobeis), tanto que quando entraram na 2 guerra colocaram toda esta forca industrial voltada para dar suporte aos seus soldados e aliados no Front Europeu. Capacidade de abastecimento numa tal quantidade e qualidade que assombrou o mundo, a verdade é esta , o resto é desculpa de quem nao conseguiu se desenvolver!!!!.

    • Em 20/11/2013, jose carlos fernandez escreveu:

      sem falar nos dolares das Farc da Colombia, ne.... ou sera que eram so narcodolares??

Kennedy pensava em invadir o Brasil

Gravação revela que Kennedy pensava em invadir o Brasil

Elio Gaspari divulga na internet documentos sobre a ditadura militar no Brasil
Chico Otávio 
Publicado:
Presidente americano John F. Kennedy Foto: AP
Presidente americano John F. Kennedy AP
RIO — Documentos colhidos durante os últimos 30 anos anos pelo jornalista Elio Gaspari, colunista do GLOBO, que serviram de base para a edição e a reedição de seus livros sobre o governo militar no Brasil, já estão disponíveis no site “Arquivos da Ditadura”.
De acordo com a editora Intrínseca, responsável pelo projeto, o acervo reúne bilhetes, despachos, discursos, manuscritos, diários de conversas travadas pela cúpula e telegramas do governo americano, somando mais de 15 mil itens sobre a ditadura. São registros que se iniciam nos anos anteriores ao golpe de 1964 e seguem até os últimos dias do regime. Entre eles, há 10 mil provenientes do arquivo do general Golbery do Couto e Silva, como suas apreciações e análises conjunturais redigidas em três momentos distintos, de 1960 a 1968.

Um dos destaques do site é o áudio de uma reunião do presidente americano John F. Kennedy, na qual ele debate a situação do Brasil e do Vietnã na Casa Branca, 46 dias antes de ser assassinado em Dallas, no Texas. Kennedy indagou se os Estados Unidos poderiam “intervir militarmente” no Brasil para depor o então presidente João Goulart.
Para a cientista política Maria Celina D'Araújo, a informação não supreende:
— Os americanos estavam dispostos, mas a ajuda não foi necessária. O golpe foi tramado e aplicado aqui. Made in Brazil mesmo – comentou.
De fato, Washington se preparava para um cenário de guerra civil, mas, como se sabe, não foi preciso oferecer mais do que apoio diplomático aos militares que promoveram o golpe de Estado no Brasil em 31 de março e 1º de abril de 1964. A conversa de Kennedy está na edição revista e ampliada de “A Ditadura Envergonhada".

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/gravacao-revela-que-kennedy-pensava-em-invadir-brasil-11218793#ixzz2pe72y5Hl
© 1996 - 2014. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização. 

http://oglobo.globo.com/pais/gravacao-revela-que-kennedy-pensava-em-invadir-brasil-11218793

Por que Sartre não saiu de moda no Brasil?

Para biógrafa de Sartre, filósofo volta a ser debatido por intelectuais franceses.

MARCELO BORTOLOTI


Mais de 30 anos após a morte de Jean-Paul Sartre (1905-1980), ninguém ainda é capaz de arriscar de que forma sua obra entrará para a posteridade. O filósofo francês continua despertando paixões, e sendo louvado ou execrado conforme a orientação política do seu leitor.
Passagem de Sartre pelo Brasil teve muita imprensa e pouca filosofia Gil compara gostar de Sartre a gostar de Lula
Sua biógrafa, a franco-argelina Annie Cohen-Solal, autora de "Sartre, 1905-1980" (LP&M), começa a enxergar uma retomada de estudos mais isentos --ou mais acadêmicos-- a seu respeito.
Esta semana ela entregou à editora Gallimard os originais de "Une Renaissance Sartrienne" ("Um Renascimento Sartreano", em tradução livre), no qual aponta a volta do autor aos círculos universitários da França, de onde ele havia sido banido.

Zélia Gattai/Fundação Casa de Jorge Amado
Jean-Paul Sartre em Ouro Preto (MG), em 1960, fotografado pela escritora Zélia Gattai
Jean-Paul Sartre em Ouro Preto (MG), em 1960, fotografado pela escritora Zélia Gattai
Cohen-Solal é uma defensora aguerrida do filósofo, e ela própria é parte deste movimento. Em junho, ela organiza na École Normale Supérieure, universidade parisiense onde Sartre estudou, um ciclo de debates sobre ele.
Há exatos 70 anos, Sartre publicou "O Ser e o Nada", um marco na filosofia do século 20. A obra deu popularidade ao existencialismo, doutrina segundo a qual a existência precede a essência, e portanto o homem se constrói pelos seus próprios atos.
Difundindo suas teses em livros de filosofia (como "O Imaginário"), mas também em obras de dramaturgia e romance (como "A Idade da Razão"), Sartre tornou-se uma celebridade mundial.
Mas sua imagem começou a ser maculada no final da década de 1950. Seu livro "Crítica da Razão Dialética", lançado em 1960, foi recebido com muita desconfiança por tentar unir o existencialismo a ideias marxistas.
A partir daí, adotando posições políticas cada vez mais radicais como a adesão incondicional ao regime de Mao Tsé-tung, na China, sua produção foi acusada de estar à serviço de uma ideologia comunista.
Annie Cohen-Solal fala à Folha da condenação que Sartre experimentou na França e defende seu legado.
*
Folha - Seu livro defende que as ideias de Sartre continuam vivas? Annie Cohen-Solal - Não. Eu apenas descrevo a situação na França hoje. Depois de três décadas de uma crítica brutal contra Sartre na imprensa, e com muito poucas pesquisas acadêmicas sobre ele, surpreendentemente para mim, as coisas estão mudando. Toda uma geração de jovens estudantes está agora olhando para sua obra com uma perspectiva diferente.
Por quê?
Quando Sartre morreu, em 1980, recebeu tantas homenagens que parecia estarmos enterrando um segundo Victor Hugo. Em seguida, seu trabalho embarcou em uma aventura estranha, cheia de felicidade ou infortúnios, dependendo do país e de acordo com os tempos.

Enquanto na França passou a ser divertido criticar detalhes insignificantes da sua vida, as homenagens da Europa, África, Ásia e nas duas Américas concordavam que a mensagem de Sartre era uma ferramenta de referência para descriptografar o nosso tempo. Agora, estudantes franceses começaram a perceber esta relevância, especialmente na École Normale Supérieure, onde estamos discutindo a criação de uma cadeira Sartre.
Qual é seu legado mais importante?
Ele foi o intelectual global que deu poder aos enfraquecidos. O apoio dele aos excluídos, como judeus, africanos colonizados, homossexuais, mulheres e trabalhadores, ajudou a reverter a relação de poder. Hoje, muitas pessoas estão fazendo pesquisa sobre sua obra na África.

Por que recebeu tantas críticas na França?
Sartre foi educado em uma família protestante. Recebeu educação em casa até os dez anos, e foi muito influenciado por esses valores, que expressou em toda a sua vida.

Esse espírito protestante o levou a enfrentar tabus da memória coletiva francesa, como a colaboração com os nazistas, a tortura, a colonização etc. E sua atitude chocou muitas pessoas em um país de tradição católica.
Sua adesão radical ao comunismo afetou essa imagem?
Ele nunca foi um membro de carteirinha do Partido Comunista Francês, apenas um companheiro fortuito entre 1952 e 1956.

Ele apoiou os comunistas quando manifestações do partido estavam sendo injustamente sufocadas pela polícia francesa, mas se afastou deles quando os russos reprimiram a insurreição húngara e quando os tanques soviéticos invadiram Budapeste. Sartre terminou sua vida como um maoista, tornando-se mais e mais radical.
Sua participação política deve ser esquecida?
Eu não colocaria dessa forma. Acho que a trajetória e a obra de Sartre são um todo. E pessoas muito à direita não iriam se interessar por seu trabalho de qualquer modo.

Por que Sartre não saiu de moda no Brasil?
Eu digo que o Brasil é um dos países mais sartreanos em que já estive. E acredito que isso se deva, em parte, ao fato de Sartre ter passado três meses no país no verão de 1960. Na época, ele lutava ao lado dos revolucionários argelinos pela independência da colonização francesa, e suas ideias tiveram grande repercussão no país. 


FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1252077-para-biografa-de-sartre-filosofo-volta-a-ser-debatido-por-intelectuais-franceses.shtml

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

DIREITA: Esperta - ESQUERDA: Inteligente.

Texto de :
J Oliveira Oliv
No Facebook . Vide endereço do link no final.

DIREITA: Esperta - ESQUERDA: Inteligente.

Bom lá vou Eu de novo, com essa minha boca sensual e grande falar, bom devo perder mais Algumas amizades, mais, falo por que sou falador, então que assim seja.

É o seguinte, chego a conclusão, que a sorte da Esquerda no Brasil é que a Direita raivosa não é inteligente. Ela é apenas esperta, e como é. Já o falta a nossa Esquerda nossa de cada dia um pouco de esperteza, mas acredito que isso deverá levar anos para que consiga.

A Direita joga uma pegadinha do tipo "asilo no Brasil para Edward Snowden", pronto ai só se ver Petistas compartilhando o tal de AVAZZ, só vejo alguns petistas desfazendo amizade por quer não quis assinar a tal petição, é tudo que a Direita Raivosa quer. Acompanhem o movimento da Folha de S. Paulo com sua manchete: "Brasil diz que não troca asilo a Snowden por informações", diz que a até a Globo "fala" sobre o tema, mesmo que seja discreto, mais ai tem, há têm, não sei o que ´mais tem. Mais para Direita Esperta o que vale mesmo que seja alguns poucos Petistas ou Simpatizantes brigando, mais já é alguma coisa.

A Direita é Esperta só não é "inteligente", já esquerda é Inteligente, mas lhe falta esperteza e como falta.

Acho lindo de morrer Petistas, Simpatizantes participando das Ditas Páginas de Esquerda no Facebook. Acordem Petistas, Simpatizantes, Pessoas ditas de Esquerda.

A maioria das páginas do Facebook que dizem ser de Esquerda, na verdade são da Direita, apenas estão desfaçada, com o único proposito de unir em um só lugar as ideias dos Petistas, ora nada melhor, já que Eu sou da Direita raivosa, sei que fulano e sicrano não vão me adicionar, então que tal criarmos um espaço a onde possamos reunir todos os Petistas, Simpatizantes para acompanharmos Eles de perto? Entenderam? Não, porra Você é inteligente, entenda.

A Direita é Esperta. Vocês já pararam para pensar o que é que os Petistas e Simpatizantes mas adoram nesse espaço virtual? Adivinhem, é isso imagens de Lula e Dilma as estrelas máximas representantes do PT.

Eu tiro por Mim, adoro ver essas imagens, as fotos de Lula, Dilma, aquela estrela vermelha. O Pior que a Direita já sacou isso, então nada melhor que atrair milhares de petistas e Simpatizantes para suas página, do que pelos os olhos: Coloca-se fotos de Lula, Dilma, fotos com frases de efeitos pronto, mande um convite para os petistas e Simpatizantes que Eles caem feito patinhos, afinal eles estão vendo Lula, Dilma, aquela página tão enfeitada de estrelas vermelhas, há ai é meu lugar vou já pra lá.

Existem muitos Amigos Meus que fazem parte dessas Páginas da Direita desfaçadas de Esquerda e nem se dão conta disso, apenas deixam-se encantar com as imagens da página, mais leiam com atenção as entre linhas das postagens, as vezes ela está escondida em uma, duas palavras, as verdadeiras intenções dessas páginas. Mais lembre que o objetivo é um só:

REUNIR O MÁXIMO DE PETISTAS E SIMPATIZANTES EM ESPAÇO SÓ PARA ACOMPANHAR DE PERTO SUAS IDEIAS, OS SEUS MOVIMENTOS.
ESTAMOS EM UM JOGO DE XADREZ, A ONDE A DIREITA É ESPERTA, A ONDE A CADA DIA ELA DERRUBA MAIS UMA PEÇA DA ESQUERDA. VAMOS FICAR ATENTOS, ESTAMOS NUMA GUERRA VIRTUAL QUE NEM POR ISSO DEIXA DE SER REAL.

Obs¹: Logo, logo serei excluído do Facebook, estou sempre sendo questionado se quero publicar determinada matéria, já fui até denunciado com se Eu fosse um Fake, a sorte é que todos os meus dados estão registrados no Facebook são verdadeiros, e já dei provas disso. Mas nunca se sabe, estamos lhe dando com forças poderosas e muitas espertas.

Obs²: Pensei que era só Eu que estava com essa loucura de pensar assim, que estava só, mais descobri que existe Outros amigos loucos também. Abraços.
https://www.facebook.com/joseraimundo.oliveira 
J Oliveira Oliv

Indenização por direito ao esquecimento é matéria constitucional?

 STJ
Em andamento:

 Supremo analisará se indenização por direito ao esquecimento é matéria constitucional
A Globo Participações S/A recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar fazer com que a corte constitucional avalie o cabimento de indenização por violação do direito ao esquecimento no sistema brasileiro. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconheceu esse direito de forma inédita em junho deste ano. Para a empresa, a decisão do STJ viola a liberdade de comunicação, entre outros dispositivos constitucionais.

Em novembro, o vice-presidente do STJ, ministro Gilson Dipp, não admitiu o recurso extraordinário interposto contra a decisão da Quarta Turma do Tribunal.

Conforme essa decisão, o recurso extraordinário não poderia ser admitido por falta de prequestionamento – ou seja, os dispositivos constitucionais tidos como violados não teriam sido abordados na decisão da Quarta Turma. Além disso, eventual violação à Constituição seria apenas indireta.

Relatado pelo ministro Luis Felipe Salomão, o recurso especial reconheceu que a Globo violou o direito ao esquecimento de um homem que havia sido inocentado de qualquer participação na chacina da Candelária. As acusações foram novamente retratadas, anos depois dos fatos, por um programa da emissora.

Direitos e liberdades
Para a Globo, essa decisão viola a liberdade de pensamento, de comunicação e de expressão artística, além do direito à informação. Extrapola também o direito de resposta e a proteção à intimidade e à privacidade, além de impor restrições inconstitucionais à manifestação do pensamento e à programação de emissoras de televisão.

Agora, esses temas serão apreciados pelo próprio Supremo. O processo tramita desde o dia 10 de dezembro naquela corte, sob o registro Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 789.246.

Leia também:
Globo terá de pagar R$ 50 mil por violar direito ao esquecimento

Para STJ, decisão sobre direito ao esquecimento não deve seguir ao Supremo

O direito de ser deixado em paz

Uso de imagem de Aida Curi morta no programa Linha Direta não configurou dano moral

Ouça ainda:
Reportagem especial debate o direito ao esquecimento 
 
 
http://www.stj.jus.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=112732&utm_source=agencia&utm_medium=email&utm_campaign=pushsco