sábado, 7 de dezembro de 2013
quinta-feira, 5 de dezembro de 2013
A sina da oposição: sobrevivência e terrorismo - A oposição não se dará por vencida!
04/12/2013
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A sina da oposição: sobrevivência e terrorismo |
A oposição não se dará por vencida, e poderá promover um terrorismo político, econômico, moral e midiático jamais visto na política brasileira.
Depois da incandescência das ruas em junho, análises apressadas pintavam um cenário de terra arrasada para a Dilma. Foi incrível a seletividade de determinados analistas, que alardeavam o pior dos mundos para a Presidenta, mas omitiam que a insatisfação era generalizada e difusa, e abarcava todo o sistema político, a política, os governos e os políticos.
Passado o rescaldo daqueles acontecimentos, sucessivas pesquisas de opinião indicam um ambiente de melhora do desempenho eleitoral de Dilma. Em todas as simulações - de todos os institutos de pesquisa -, a Presidenta ostenta considerável chance de reeleição, inclusive no primeiro turno.
A oposição, entretanto, segue colecionando dificuldades. Para ela, o cenário mais alentador é, curiosamente, aquele no qual figuram as “candidaturas-sombras” de Marina Silva e José Serra. Os até agora “candidatos titulares” Eduardo Campos e Aécio Neves peleiam com seus fantasmas para manterem suas candidaturas, podendo chegar em 2014 menores do que são hoje.
A potencial reeleição de Dilma, que culminaria um ciclo de 16 anos de governos dirigidos pelo PT, levará o reacionarismo capitaneado pelo PSDB, PPS e DEM ao ocaso. Com sua visão de um país arcaico, excludente e colonizado, aqueles partidos perdem a capacidade de interpretação e de aderência ao Brasil contemporâneo. A profecia deles, do “fim da raça”, finalmente terá se realizado; porém, com as setas invertidas – em desfavor deles mesmos.
Nesse contexto, a candidatura do Aécio é tão sólida quanto a chance de se converter em pó. O PSDB, pela primeira vez na trajetória do partido, enfrenta a perspectiva real de uma derrota acachapante no próximo ano. Para os tucanos [mas também para seus satélites PPS e DEM], a eleição de 2014 terá como prioridade a sobrevivência partidária e a preservação dos espaços de poder ameaçados de mudar de guarda.
Não se pode descartar, por isso, a hipótese da candidatura presidencial de José Serra em lugar da de Aécio. Alckmin e Aécio teriam, assim, a função de proteger a jóia da coroa do PSDB: os governos de SP e MG. Aliás, uma tarefa difícil, para quem terá de se explicar sobre escândalos escabrosos: cartel do metrô e o genuíno mensalão.
Adicionalmente, outros dois espectros rondam as eleições. O primeiro, de nome Joaquim Barbosa. Sua candidatura, se confirmada, materializaria eleitoralmente o bloco de poder conformado pela mídia conservadora e setores reacionários do Judiciário. É esse bloco que, na realidade, agenda e articula o combate ideológico ao PT e ao governo Dilma, substituindo os partidos da direita, que estão aos frangalhos e minguando sua audiência na sociedade.
Não existe espaço no Brasil contemporâneo para uma nova farsa do gênero “caçador de marajás”. A Rede Globo não conseguirá converter Joaquim Barbosa em um santo; aliás, um Ministro adepto de manobras fiscais para investir em Miami. O império da família Marinho não conseguirá construir essa nova mitificação da política brasileira, como fez com Fernando Collor em 1989 para derrotar Lula.
A opção Joaquim será calculada não pela aspiração de vitória com ele, mas como variável para levar a eleição para o segundo turno. O contexto proclive para a ocorrência de segundo turno é aquele que apresenta na cédula eleitoral os nomes de Dilma, Serra, Marina e Joaquim. O justiceiro, jacobino, vingativo, exemplar e inexpugnável Barbosa seria um veículo para se tentar barrar a reeleição direta de Dilma.
O outro espectro que ronda a próxima eleição de 2014 atende pelo nome de Lula.
Com
considerável insistência é cogitada a candidatura dele em lugar da de
Dilma; insinuação que se propaga na base de apoio do governo, nos meios
empresariais, no sistema financeiro e junto a setores militantes. Os
pretextos são uníssonos, tanto dentro como fora do PT: a heterodoxia
econômica e o estilo da Presidenta.
Embora o próprio Lula rechace, essa insinuação paira no ar como uma bruma, fomentada na mídia pelas manjadas “fontes próximas ao ex-Presidente”.
É problemático esse procedimento, porque involuntariamente [ou deliberadamente?] expõe Dilma a tensões conservadoras [e inclusive regressivas] na definição do programa e no perfil do eventual segundo governo. Porém, ao mesmo tempo, não deixa de ser cômodo para o governo – e terrível para a oposição - saber que pode contar com um suplente eleitoralmente insuperável, caso a conjuntura econômica e política degringole.
Hoy por hoy - como se diz em castelhano -, a perspectiva é desalentadora para a oposição conservadora, que vive o dilema de tentar sobreviver enfrentando uma tendência de derrota e de definhamento de sua representação política. A realidade para a direita é tão mais dramática quanto mais evidente é a obsolescência programática e a incapacidade de oferecer uma visão generosa de futuro para um país que, não sem importantes limites e contradições, finalmente passou a ingressar na modernidade.
Devemos nos preparar para uma conjuntura complicada até as eleições de 2014. A oposição não se dará por vencida, e poderá promover um terrorismo político, econômico, moral e midiático jamais visto na política brasileira. Não se pode menosprezar a capacidade de sabotagem, de difusão de ódio e a vilania deles nessa luta derradeira de sobrevivência. Eles querem sequestrar o Brasil dos brasileiros.
CARTA MAIOR - http://www.cartamaior.com.br/?/Coluna/A-sina-da-oposicao-sobrevivencia-e-terrorismo/29721
MORRE MANDELA- Mandela mostrou a importância do diálogo entre os homens, diz Lula
Mandela mostrou a importância do diálogo entre os homens, diz Lula
Do UOL, em São Paulo
Leia a íntegra da nota:
"Mandela foi uma das mais importantes lideranças políticas do nosso planeta. Sua história de lutas é inigualável, um exemplo de determinação, de perseverança e de quanto é importante a disposição para o diálogo entre os homens. Será sempre o maior símbolo mundial na busca da paz, da democracia e da inclusão social. O Brasil e o mundo estão de luto. Tive a imensa honra de conhecê-lo e estar com ele em momentos muito especiais. Agora, Madiba se foi, mas deixou para todos nós os seus ensinamentos inesquecíveis."
http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2013/12/05/mandela-mostrou-importancia-do-dialogo-entre-os-homens-diz-lula.htm
CONHEÇA A HISTÓRIA DE NELSON MANDELA: http://noticias.uol.com.br/infograficos/2013/06/24/conheca-a-historia-de-nelson-mandela.htm#2
'Cabeça de Genoino é um grande e disputadíssimo troféu' , diz biógrafa de ex-deputado
'Cabeça de Genoino é um grande e disputadíssimo troféu', diz biógrafa de ex-deputado
Guilherme Balza
Do UOL, em São Paulo
Do UOL, em São Paulo
- Eduardo Knapp/Folhapress
Com o braço esquerdo levantado em gesto de resistência, o ex-presidente do PT José Genoino deixa sua casa, no bairro do Butantã, na zona oeste de São Paulo, para se entregar à polícia
"Ele simboliza a esquerda que chegou ao poder. Uma esquerda que agora está indo para o cárcere. Sua cabeça é um grande e disputadíssimo troféu", afirmou Denise, em entrevista ao UOL. A jornalista biografou o petista em "Entre o sonho e o poder", publicado em agosto de 2006 pela Geração Editoral.
Para contar a história de Genoino, Denise o entrevistou várias vezes ao longo de 2005, justamente o ano em que veio à tona o escândalo do mensalão. A partir daí, tornou-se amiga do ex-deputado e família.
"Passei a conviver com sua família, que é extremamente unida. Acompanhei o julgamento, o cerco da imprensa, todas as dores que eles viveram. Mas eles continuam firmes, unidos", diz.
Ampliar
José
Genoino foi um dos beneficiados pela Lei da Anistia, em 1979, e um dos
fundadores do PT (Partido dos Trabalhadores), que conseguiu registro no
TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 1982. Pelo partido, conseguiu seu
primeiro mandato como deputado federal por São Paulo e 1983 Leia mais Reprodução/Facebook
Cronologia da prisão de Genoino
15.nov.2013 | Genoino se entrega à Polícia Federal em São Paulo Leia mais |
16.nov.2013 | Genoino é transferido para o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília Leia mais |
17.nov.2013 | Segundo relatos de familiares, ele passou mal na prisão Leia mais |
19.nov.2013 | Laudo do IML afirma que Genoino é "paciente com doença grave" Leia mais |
21.nov.2013 | Genoino passa mal e é levado para o Instituto de Cardiologia do Distrito Federal. No mesmo dia, Joaquim Barbosa determina a realização de perícia médica no deputado Leia mais |
23.nov.2013 | Junta médica indicada pelo STF analisa Genoino Leia mais |
24.nov.2013 | Genoino tem alta do Instituto de Cardiologia e vai para a casa de uma filha que mora em Brasília, em prisão domiciliar até uma decisão do STF Leia mais |
26.nov.2013 | Laudo da junta médica indicada pelo STF afirma que não "é imprescindível a permanência domiciliar fixa" Leia mais |
27.nov.2013 | Laudo da junta médica da Câmara dos Deputados, que analisa seu pedido de aposentadoria por invalidez, rejeita pedido de aposentadoria de Genoino e diz que doença não é grave Leia mais |
"Minutos antes de sair de sua casa em São Paulo para se entregar na Polícia Federal, Genoino dizia que estava tranquilo porque apenas lutava por causas e sonhos. Estava tranquilo porque tinha a consciência dos inocentes. Posso te certificar de que ele não tem nenhum arrependimento", diz.
Presidente do PT na época do mensalão, Genoino foi condenado a 6 anos e 11 meses de prisão, em regime semiaberto, pelo crime de corrupção ativa. O ex-parlamentar também foi condenado por formação de quadrilha (2 anos e 3 meses), mas a acusação será reexaminada pelo Supremo em 2014 em função dos embargos infringentes.
Cardiopata, Genoino chegou a ficar alguns dias preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, mas neste momento está recluso na casa de uma filha, também na capital federal, até que haja uma avaliação definitiva sobre como ele deve cumprir a pena.
Na terça-feira (3), o petista decidiu renunciar ao mandato na Câmara dos Deputados para evitar um processo de cassação. A escritora avalia que o petista acertou na decisão. "Genoino não teria o direito à ampla defesa, já que está doente e licenciado."
Denise conta que em 2005, ao final do processo de entrevistas que fez com Genoino, em meio às denúncias do mensalão, o ex-deptuado declarou que "entre o sonho e o poder, prefere o sonho". "Talvez, por isso, hoje consiga renunciar a seu mandato."
Dia 13 de dezembro - PT prepara ato de desagravo a Dirceu, Genoino e Delúbio
PT prepara ato de desagravo a Dirceu, Genoino e Delúbio
Por
Agência Estado
|
Texto
Tema será tratado em congresso do partido como "Solidariedade aos companheiros injustiçados"

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O ato já consta da programação oficial do evento. Na sexta-feira, 13 de dezembro, às 10h, o tema será tratado com o seguinte título: "Solidariedade aos companheiros injustiçados". A ideia dos organizadores é demonstrar o apoio do partido aos condenados, que mesmo presos não passaram por qualquer processo disciplinar na legenda. São esperadas também fortes críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e, especialmente, ao presidente da Corte, o ministro Joaquim Barbosa.
A decisão de realizar a homenagem foi tomada após Dirceu, já preso na Papuda, em Brasília (DF), ter reclamado que o ex-presidente Lula ainda não tinha se manifestado sobre as prisões, como revelou o Estado. Lula, então, discutiu com a cúpula petista a fórmula mais adequada para a homenagem.
Participarão do Congresso 800 delegados de todo o País. Na abertura, será dada posse ao presidente da legenda, Rui Falcão, reeleito com ampla maioria no mês passado. A nova Executiva será formada, mas sua composição só deve ser acertada na véspera, no dia 11, quando o partido reunirá seu diretório nacional.
A reunião do partido quase foi cancelada devido à falta de conteúdo para os debates. Como, porém, o hotel em que será realizado o evento já estava reservado, inclusive com a hospedagem dos delegados paga, optou-se por manter o evento mesmo após a prisão da antiga cúpula do partido. Serão realizadas apenas duas mesas temáticas: Perspectivas do 5º Congresso; e Legado e Futuro do Projeto Democrático Popular.
No texto-base do documento que será discutido no Congresso do PT, elaborado pelo assessor especial da Presidência da República Marco Aurélio Garcia e pelo deputado Ricardo Berzoini (SP), o PT vai criticar o sistema político-eleitoral. Na avaliação da legenda, esse modelo "favorece a corrupção e corrói o conteúdo programático da ação governamental". "Desde 2003, sobretudo, temos enfrentado dificuldades em mudar o sistema político brasileiro, verdadeira camisa de força que impede transformações mais profundas e impõe um 'presidencialismo de coalizão', que corrói o conteúdo programático da ação governamental", diz trecho.
O texto traz ainda críticas ao Judiciário definido como "lento, elitista, pouco transparente e permeado por interesses privados". Há ainda uma autocrítica sobre a "burocratização" do PT e a definição de um mote para a campanha de 2014 na defesa dos 11 anos de governo petista: "Nunca menos". A minuta elaborada até agora poderá ainda sofrer emendas e será votada somente no último dia do Congresso.
http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2013-12-05/pt-prepara-ato-de-desagravo-a-dirceu-genoino-e-delubio.html
Prisão domiciliar para Jefferson
Prisão domiciliar para Jefferson. Encarcerar doentes é coisa para “instintos mais primitivos”
4 de Dezembro de 2013 | 19:12 Autor: Fernando Brito

Conheci Roberto Jefferson quando este era um jovem e obesíssimo advogado, que fazia o tipo “prendo e arrebento” daqueles tempos de General João Figueiredo que vivíamos no início de 1982.
Ainda um jovem repórter, trabalhando na Tribuna da Imprensa e na Última Hora, fui com Leonel Brizola ao Povo na TV, programa do qual participava, sob o comando do veterano Wilton Franco.
Jefferson não foi nada simpático e correspondeu ao aperto de mão de Brizola com evidente cara de desagrado. Ele estava, àquela altura, perfeitamente sintonizado com o grupo udenista que se adonara do PTB do Rio de Janeiro, em torno da lacerdista Sandra Cavalcanti, então estrela entre os comentaristas da Rádio Globo, no líder de audiência Haroldo de Andrade.
Não preciso, portanto, de laudo de qualquer junta médica para dizer, olhando seu aspecto hoje, o que o câncer de pâncreas que o acometeu fez à sua saúde.
Quem acompanhou a agonia e morte do todo-poderoso da Apple, Steve Jobs, sabe o que essa doença faz, mesmo quando tratada com os maiores recursos.
Portanto, há 30 anos - e cada vez mais, à medida em que se tornou o que se tornou – não tenho por Jefferson a menor simpatia. Mas tenho idade e princípios para ter horrores políticos, não ódios pessoais ou desprezo por um ser humano.
Jefferson fez muito mal ao Brasil, mas nem por isso qualquer pessoa de bem deve, ao vê-lo condenado, deixar que, como disse ele próprio na CPI dos Correios ao ver José Dirceu, deixar que se despertem seus “instintos mais primitivos”.
Porque Jefferson não fará mal a ninguém mais e mantê-lo encarcerado, nestas condições, seria apenas um exercício de crueldade mórbida.
Por isso, espero que se lhe venha a ser concedida a prisão domiciliar, não importa se tenha simpatia ou horror ao seu papel e comportamento.
Condena-lo à morte “informalmente”, ao mandá-lo para um lugar que – qualquer um tem esta certeza – vai acelerar a degradação de sua sobrevida é uma morbidez indigna.
Que bom se Joaquim Barbosa tivesse mostrado por José Genoíno o respeito que teve aos problemas de saúde de Jefferson, esperando até agora para definir sua prisão, não sem antes ouvir os médicos.
http://tijolaco.com.br/blog/?p=10925
TEXTO ORIGINAL DO BLOG TIJOLAÇO
A classe média suicida - - Imbecis, é por vocês que vou morrer!
A classe média suicida
23 de Dezembro de 2013 | 14:42 Autor: Fernando Brito
- Imbecis, é por vocês que vou morrer!
O comportamento da elite brasileira, por vezes, lembra o daqueles franceses, que, por covardia e interesses pessoais, tornaram-se agentes da dominação hitleriana sobre o país.
O Brasil jamais, em sua história, foi mais um país de classe média como é hoje – não obstante ainda termos uma legião imensa de excluídos. Parece mesmo irônico que o governo petista viesse a repetir aquela frase com que procurava desqualificar, nos tempos de imaturidade, Getúlio Vargas, apontado como “o pai dos pobres e a mãe dos ricos”.
Ontem, o BC divulgou o salto dos gastos de brasileiros no exterior: US$ 2,1 bilhões em abril de 2013, 17% acima do registrado em abril do ano passado. Nos quatro primeiros meses do ano, passaram de US$ 8 bilhões.
É obvio que tamanha gastança não é feita pelas elites tradicionais, apenas. Grande parte dela provém da classe média que, deslumbrada com seu poder de compra crescente, viaja à Turquia por causa da novela da Globo ou compra enxovais de bebês em Nova York.
Não se está condenando estas pessoas – embora haja coisas bem melhores para motivar viagens – mas apontando a contradição entre o que podem hoje e o que se deixam levar a pensar sobre o governo que sustenta um crescimento econômico que lhes permite o que, antes, não podia fazer.
Mas é impressionante como ela se deixa levar pelo catastrofismo econômico que, há anos e sob as mais variadas formas, os porta-vozes da dominação financeira que subjugou este país impõem através da mídia e daqueles que ela seleciona como “analistas de economia”.
Porque é ele, o mundo das finanças e dos ganhos astronômicos que não perdoa que, em parte, tenha tido de moderar seus apetites sobre a carne suculenta deste país que, antes, devoravam sem qualquer moderação.
Ontem, o Brasil 247 pôs o dedo na ferida: embora a inflação inicie uma trajetória de queda, a economia aumente sua atividade e o IBGE acabe de registrar o menor índice de desemprego para o mês de abril em 11 anos, a pressão do catastrofismo não dá tréguas.
O 247 vai ao ponto: eles querem é mais juros.
Os juros que, aliás, a classe média paga em seu consumo.
Como os soldados de Vichy, eles seguem o que os colaboracionistas da dominação lhes ordenam. E nem percebem que são ordens, acham que é mesmo aquilo o que pensam.
Felizmente, também como na França ocupada, eles são minoria, como provam as pesquisas de opinião sobre a popularidade do Governo Dilma.
Mas são os que têm voz, pelos meios de comunicação.
Porque nós, os que defendemos uma trajetória de libertação e avanço deste país, não falamos. E, quando falamos, nos fixamos muito mais na crítica às concessões que a política obriga um governo progressista a fazer.
E, sob este clima, toda sorte de oportunismos se espalha: os marinismos, as chantagens parlamentares do PMDB, a dança com que Eduardo Campos se oferece como alternativa à direita, desfalcada de um José Serra que afunda – atirando, aliás – e um Aécio Neves que não decola.
E, tal como naquela França do pré-guerra, não vão faltar figuras como a de Pierre Laval, que passou de socialista a expoente da direita e um dos maiores colaboradores dos alemães.
Se não entendermos que teremos, nas eleições do ano que vem, de enfrentar corações e mentes desta classe média ascendente com o máximo de solidez possível na base de apoio ao Governo progressista, estaremos correndo sérios riscos.
Isso, de maneira alguma, significa deixarmos de pensar o que pensamos e combater desvios – políticos e pessoais – do poder.
Mas, também, e jamais, esquecermos que a luta que se trava é maior e mais, muito mais, importante e vital.
É pelos direitos do povo brasileiro – mesmo os de sua classe média – de viver melhor, num país livre, que não mais será escravo de ninguém.
http://tijolaco.com.br/blog/?p=181
PUBICAÇÃO ORIGINAL DO BLOG TIJOLAÇO
PCC paga pensão vitalícia a quem mata juízes
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
PCC paga pensão vitalícia a quem mata juízes
Investigação do Ministério
Público revela que executores de um magistrado morto em 2003 no interior
paulista recebem até hoje R$ 5 mil mensais
Do Jornal da Band
pauta@band.com.br
O PCC (Primeiro Comando da Capital), facção criminosa que domina os presídios de São Paulo, paga a detentos que mataram juízes e policiais uma espécie de "pensão vitalícia". Uma investigação do Ministério Público revela que executores de um magistrado morto em 2003 no interior paulista recebem até hoje R$ 5 mil mensais do PCC como recompensa pelo crime.
Mesmo atrás das grades, presos perigosos recebem recompensas em dinheiro e imóveis do PCC pelos crimes graves que cometeram. É o caso dos assassinos do juiz corregedor de presidente prudente, Antonio José Machado Dias. Mais de dez anos depois, os três executores do magistrados continuam amparados pela facção criminosa. O depoimento de um ex-líder do grupo revela que os detentos conhecidos como Funchal, Ferrugem e Chocolate ganharam casas e recebem uma pensão vitalícia pelo cumprimento da missão. O juiz – responsável pela vara que julgava os crimes do PCC – foi fuzilado dentro de um carro, na saída do fórum.
Leia mais:
SP: PM prende dupla e encontra estatuto do PCCSTF concede habeas corpus para líder do PCC
O líder da facção, Marcos Herbas Camacho, o Marcola, foi condenado a 29 anos de prisão, em 2009, por ser o mandante do assassinato. Planilhas do grupo apreendidas pela promotoria mostram que familiares de bandidos também têm uma mesada.
É com o dinheiro de assaltos e do tráfico de drogas que o crime organizado consegue pagar recompensas para seus integrantes e familiares. Recebe também este tipo de auxílio quem assassinou policiais e agentes penitenciários.
http://linkis.com/band.uol.com.br/3d5J
Pouco tédio, saudável loucura
Pouco tédio, saudável loucura
Um passeio por luxuriantes bosques de melancolia e sandice
MARCELO COELHO
RESUMO Um dos grandes clássicos do século 17, "A Anatomia da Melancolia", de Robert Burton, tem sua primeira tradução integral no Brasil. "Elogio da Loucura", de Erasmo de Roterdã, obra-prima do século 16, tem nova edição. Labirintos de erudição, os livros iluminam bem além do que os estados mentais que se propõem a investigar.
Dom Quixote, como se sabe, leu tantos livros de cavalaria que terminou enlouquecendo. Mas o texto de Miguel de Cervantes é, na verdade, um pouco mais específico: o excesso de leitura "secou o cérebro" do fidalgo.
Ainda que a frase soe engraçada, não se trata de uma figura de linguagem. Para a medicina da época, um cérebro "seco" tornava-se exposto aos vapores quentes produzidos pelo fígado e pelo baço. Ou melhor: como o fígado produz líquidos quentes (os famosos "humores"), é preciso que uma vida ativa e com exercícios moderados se encarregue de expulsá-los.
Caso continuem a circular, o efeito será a "melancolia". O termo, no século 17, correspondia a muito mais coisas do que à simples tristeza ou depressão. Todo tipo de delírio, imaginação extrema, furor lascivo --desde que sem febre-- era entendido como "melancolia".
Melancólico era Dom Quixote, da mesma maneira que Hamlet, ou que o apaixonado Romeu, ou ainda a mulher de Macbeth, tentando inutilmente limpar das próprias mãos as imaginárias manchas de sangue de seus crimes.
A palavra vem do grego "melas", negro, e "chole", bile. A bile negra seria um dos quatro "humores" produzidos pelo corpo, ao lado do sangue, da fleuma e da bile amarela ou "normal". Esses humores podiam ser quentes, como o sangue, ou frios, como a fleuma --cuja função é umedecer as várias partes do organismo, como as juntas, a língua e os olhos.
Além dos "humores", acreditava-se também na presença dos "espíritos", que não são fantasmas, mas vapores finíssimos, exalados pelo sangue. Esses espíritos eram o instrumento da alma para realizar as suas ações.
Conforme o lugar de onde vinham esses vapores, produzem-se diferentes atividades. Os espíritos naturais eram gerados pelo calor do fígado, servindo como uma espécie de motor para as funções comuns do corpo. Os espíritos vitais vinham do coração, e os espíritos animais, conduzidos ao cérebro, organizavam os movimentos dos nervos.
Bastante complicada, a medicina daqueles tempos. Mais complicada ainda pelo fato de que a famosa "bile negra", fria, espessa e ácida, nunca foi encontrada em nenhum corpo humano, vivo ou morto. No máximo, o que se encontraram foram casos de sangue no vômito e na urina.
Nada disso impediu que, desde a Antiguidade --a partir de Hipócrates (460-370 a.C.) e Galeno (120-200 d. C.), a teoria dos humores dominasse a medicina ocidental até que uma nova cultura científica, baseada na dissecção dos cadáveres e na lógica da experimentação empírica, fosse aos poucos sendo imposta a partir do século 17.
Em 1621, o saber especulativo em torno da "bile negra" acumulava-se em inúmeros tratados, lendas, anedotas, fábulas e contradições. Sete anos depois, William Harvey publicaria seu tratado sobre "o movimento do coração", explicando que este órgão tinha a função de bombear o sangue, sem "produzir" nada; assim, a medicina de Galeno começou seu caminho para o relativo desuso.
Cito o ano de 1621 porque esta é a data de publicação de "A Anatomia da Melancolia" [1º volume, R$ 50; 2º, R$ 75; 3º, R$ 65; 4º, R$ 120], obra de Robert Burton (1577-1640) em quatro tomos, cuja notável tradução por Guilherme Gontijo Flores se vê publicada agora pela editora da Universidade Federal do Paraná.
Burton não era médico, mas sim um erudito que acumulou seus estudos filológicos com o cargo de vigário anglicano na igreja de St. Thomas, em Oxford. Em quase duas mil páginas, mais as várias centenas dedicadas às notas da edição brasileira, a primeira da obra no país, encontramos citações e referências a uma multidão de autores.
Não apenas os poetas clássicos mais conhecidos, como Virgílio e Horácio, não apenas prosadores como Juvenal, Tucídides e Apuleio; não apenas a "Bíblia" e Santo Agostinho, mas uma quantidade colossal de versejadores, comentadores, tratadistas, médicos, santos, viajantes.
São Belarmino, Menófilo de Damasco, João Meúrsio, são Cirilo de Alexandria, Areteu da Capadócia, Heúrnio. Mácio, Serapião o Velho, Serapião o Jovem. O dinamarquês Pedro Bartolino, o filósofo Sebastião Barradas. Capivácio, Ranzóvio, Trebácio, Publílio, Xifilino. O viajante português Pedro Queirós, o jesuíta belga Aguilônio, o matemático iraniano Al-Kindi...
Existe até mesmo um Aécio, médico romano que viveu por volta de 500 depois de Cristo, e que não deve ser confundido com Ácio, Lúcio Ácio, dramaturgo 600 anos mais velho.
LABIRINTOS Se o leitor não se diverte com enfiadas de nomes, com sequências vertiginosas de palavras praticamente equivalentes, com labirintos de exemplos e contraexemplos que terminam sem concluir coisa nenhuma, é melhor que deixe de lado a "Anatomia da Melancolia".
Claro que não é um livro a ser lido em poucos dias, de modo intensivo, como acaba sendo o fado dos resenhistas de jornal. Mas a exuberância das palavras, das associações, dos "causos" e das referências que preenchem todas essas páginas produz um efeito contagiante, embriagador.
Nada menos melancólico, no sentido moderno do termo, do que a "A Anatomia da Melancolia". Percebe-se um autor que sorri o tempo todo, que não se cansa nunca, que se delicia no seu tesouro de erudição como um tio Patinhas ao tomar seu banho diário na famosa caixa-forte.
Todo assunto, qualquer tema, pode entrar nas cogitações do autor. Banhos, por exemplo. Que tal? Podem ser um remédio para alguns tipos de melancolia, na medida em que resfriam o corpo. Certo imperador romano tomava sete por dia. A ingestão de água, preferencialmente a da chuva, também é recomendável.
O assunto permite a Burton desencadear um dilúvio de curiosidades e informações duvidosas. O abastecimento cotidiano de água no Cairo, por exemplo, chegou a ser entregue a 8.000 camelos. Canos de chumbo são criticados por Galeno, pois liberam uma "cerusa untuosa" (talvez uma cerussa, carbonato de chumbo do tipo do alvaiade) que causa disenteria. Só que, argumenta Burton, "isso é contrário à experiência geral".
Se fosse assim, os habitantes de inúmeras cidades italianas, assim como os de Montpellier, na França, sofreriam de constantes diarreias, e, como diz o genovês Alsario dalla Croce, tal não acontece.
Frutas podem ajudar no combate à melancolia --ou provocá-la. O caso dos figos é polêmico. Muitos médicos recomendam; Alexandre de Trales não é deste conselho. Talvez seja questão de quantidade.
Quantas refeições por dia? Duas, de modo que o estômago possa digerir bem, sem "provocar cruezas". Guianério aceita três, mas Montano é estrito e fica com apenas duas.
A questão, mais precisamente, está em limitar a variedade de pratos por vez. A ceia deve ser mais pesada que o almoço; outros sustentam o contrário. Quanto ao que comer, há quem prefira lebres, e quem prefira pavões.
Que cada um siga a própria lei, conclui Burton, dizendo que o imperador Tibério ria muito de quem, depois dos 30 anos, ainda aceitasse conselhos sobre como se alimentar.
Nas poucas páginas desse capítulo, que pertence ao terceiro volume --o dos remédios contra a melancolia--, pode-se ver de que modo o acúmulo de informações termina sendo uma escola de ceticismo.
Tem-se às vezes a impressão de assistir a um daqueles debates do Supremo, nos quais diversos tratadistas e autoridades jurídicas são invocadas a favor ou contra um caso muito concreto, que a rigor poderia dispensá-los na maior parte das vezes.
Não seria absurdo especular que a ciência médica, na época de Burton, estava num estágio próximo ao que, ainda hoje em dia, encontram-se os estudos jurídicos. Não temos --e provavelmente nunca teremos-- condições de aplicar métodos experimentais no campo da teoria penal, ou na legislação das sociedades anônimas.
Há saberes, há pressupostos sobre a natureza humana, há autores que formulam com maior ou menor clareza o que procurar quando se fala em "atenuantes" ou "agravantes" de um crime.
Ideias sobre o comportamento das pessoas, concepções de certo e de errado, observações concretas e filosofia moral se misturam um bocado entre os teóricos do direito, e certamente a medicina, ao longo de séculos, trazia também seus traços de conhecimento sobre o homem e a ética, tanto quanto sobre o movimento da linfa e os calores do baço. Ainda mais no caso da melancolia, doença de múltiplas definições, inumeráveis efeitos e causas divididas em várias camadas.
A tentativa de Burton é organizar toda essa massa de conhecimentos, o que ele faz dividindo sua obra em quatro partes. As causas da melancolia e as curas para a doença ganham um volume cada, com muitas subdivisões --membros, partes, seções-- que justificam o título de "anatomia".
DIVAGAÇÕES Acontece que Burton, assim como seu tema, é avesso a sistematizações. Não resiste ao prazer de divagar, de comentar, de trazer casos confusos e engraçados ao curso da argumentação. Assim, o quarto e último volume, cuja tradução foi lançada neste mês, surge quase como que um livro à parte, com prefácio e tudo, no qual se examina a "melancolia amorosa".
Pode ser lido primeiro, com grande prazer. Sem dúvida, é aquele em que o autor se concede maior dose de liberdade e independência de pensamento. Antes de mais nada, porque o tema do amor lhe serve de pretexto para muitos comentários picantes, além de lindas lembranças da história pagã.
Vênus nasce do mar, diz ele, porque também o amor é capaz de tempestades, destruições e calmarias. O amor pode ser encontrado até entre minerais e vegetais. Haja vista o caso do ímã; haja vista o caso das palmeiras, que se acariciam uma à outra.
Ou mesmo sofrem de amor, como uma palmeira macho, nascida na cidade italiana de Brindisi, e outra fêmea, natural de Otranto, a léguas dali. Viveram estéreis por muito tempo, até que, adquirindo altura suficiente, puderam ver-se, e frutificaram.
A história deve ser fabulosa, adverte Burton, para dizer logo em seguida que Piero Valeriano, no seu livro sobre hieróglifos, e Melchior Guilandino, no seu tratado sobre os papiros, sustentam-na com convicção.
A atitude de Burton, ao longo de todo a obra, não varia. Não se trata exatamente de defender a impossibilidade de um conhecimento exato, como fez Montaigne, um pouco de brincadeira, numa parte de seus "Ensaios" (1580). Defesa do ceticismo, o ensaio "Apologia de Raymond Sebond" não resume todo o pensamento do autor francês --que Burton cita apenas de passagem. Mas há muito de Montaigne no primeiro volume da "A Anatomia", um longo arrazoado para justificar o fato de que mesmo quem não é médico está autorizado a escrever sobre o assunto. Afinal, muitos médicos terminam falando sobre teologia, uma vez que compram cargos e sinecuras na estrutura da igreja.
Os homens mais sábios da Antiguidade, prossegue Burton, são comprovados malucos. Alguém poderia atribuir isso ao fato de serem pagãos. Mas quanta insensatez não se encontra no mundo cristão? Monges que se comportam como serpentes, peregrinos correndo atrás de falsas relíquias, 120 mil mortos só no sítio de uma cidade belga, crimes e mais crimes feitos em nome da religião.
O tom se torna ainda mais corrosivo no final do quarto volume. Depois de escrever, com muita desinibição, sobre casos de priapismo, sobre paixões entre mulheres e ursos, sobre jovens que tentam descobrir a data de seu casamento jogando cebolas como se fossem búzios, sobre os que se suicidam pela namorada, sobre os que se tornam melancólicos por muita acumulação de sêmen nos testículos, Burton resolver abordar a melancolia produzida por outro tipo de amor.
A saber, o amor a Deus. Sim, a religião é necessária, mas cabe apontar, diz o autor, "as diversas fúrias" provocadas por "pitonisas, sibilas, entusiastas, pseudoprofetas, heréticos e cismáticos". Nada no mundo causa mais mortes, horrores e misérias. "Hei de apresentar", afirma Burton, "um oceano estupendo, vasto, infinito de loucura e sandice inacreditáveis".
No seu estilo típico, que Angus Wilson chama de "etceterativo", ele continua: "Um mar cheio de recifes e rochas, areias, golfos, euripos [canais de águas agitadas] e ondas contrárias, cheios de monstros temíveis, formas rudes, vagas estrondosas, tempestades, calmarias de sereias".
O prazer das palavras, a euforia do vocabulário, diminui a gravidade do assunto e disfarça o seu perigo. Verdade que Robert Burton, que publicou o livro sob o pseudônimo de Democritus Junior, escrevia na posição, relativamente confortável, de um clérigo anglicano. Podia acusar à vontade as "superstições papistas", ironizar feitos fabulosos de santos, apontar canalhices de bispos e pontífices, duvidar de milagres e relíquias, assim como desprezar as crenças de outras correntes protestantes, sem parecer infiel aos preceitos do "verdadeiro" cristianismo.
Pode-se ver, na "Anatomia da Melancolia", o quanto o movimento da Reforma foi libertador em seu tempo, abrindo caminho para a crítica racionalista da fé cristã.
PRECURSOR Um dos maiores precursores desse movimento, mas ainda leal à Igreja Católica, e adversário intelectual de Lutero, foi Erasmo de Roterdã (1466-1536). Numa boa coincidência, saiu recentemente em livro de bolso uma nova tradução, diretamente do latim, de seu clássico "Elogio da Loucura" [trad. Elaine Sartorelli, Hedra, R$ 19, 180 págs.], escrito em 1509.
Se o livro de Burton dá mostras de um talento espantoso, e quase demente em sua alegria de tudo dizer e tudo citar, o livro de Erasmo é obra de gênio, e está merecidamente ao lado da "Utopia", de seu amigo Thomas More, e de "O Príncipe", de Maquiavel, na coleção das obras-primas curtas que toda produtora de livros de bolso, como a excelente editora Hedra, cedo ou tarde se encarrega de publicar.
Assim como a "melancolia" de Burton é muito mais que o ânimo depressivo que associamos ao termo, englobando todo tipo de alucinação, fobia, obsessão e paranoia, a "loucura" de Erasmo não é propriamente uma demência.
Em latim, trata-se da "stultitia", a tolice, a estupidez, ou, se quisermos ainda, a "burrice", como esclarece a tradutora Elaine Sartorelli em sua ótima e breve introdução. Por óbvias razões, ela prefere manter o título consagrado.
Num célebre passe de mágica retórico, Erasmo faz com que a loucura tome, ela própria, a palavra. Todos seriam mais felizes, afirma a personagem em seu autoelogio, se vivessem como animais num chiqueiro.
Um dos companheiros de Ulisses, aliás, convenceu-se disso depois que Circe, no poema de Homero, transformou todos em suínos. Não é a infância, ademais, a idade mais bem-aventurada? E o que são as crianças, exceto humanos tomados de loucura?
Jogar, dançar, beber vinho, fazer pantomimas... "Nada disso foi inventado pelos sábios", continua o texto. O amante que não vê a verruga da sua amada, o pai que acha lindo o filho estrábico, que podemos dizer contra eles? Quantos divórcios não aconteceriam se os casais tivessem mais senso crítico?
Tudo vai por essa toada humorística, até o momento em que as garras de Erasmo se fazem entrever. Teólogos e pregadores, diz o livro, têm sucesso garantido ao defender os maiores absurdos e tolices. Os grandes da igreja empreendem guerras de conquista, derramam sangue, acumulam bens, espalham a infelicidade e o terror, tudo em nome da mansidão de Jesus.
Verdade que, conforme avança, o discurso perde em coerência ficcional, uma vez que a loucura, ou a estupidez, deveria defender também todos os males que já causou. O espírito de denúncia, entretanto, é o que prevalece.
Erasmo e Burton, como Montaigne, são atualíssimos, exceto talvez num ponto. Representando uma ponte entre a cultura clássica e o espírito moderno, mostram a fragilidade do que, nos dias de hoje, parece ser uma espécie de historicismo exagerado.
Não é invenção de Rousseau, por exemplo, o gosto pelas caminhadas solitárias na natureza, nem é puramente criação do romantismo o fastio de tudo, o tédio existencial. Há com certeza pouco tédio e saudável loucura nesses bosques clássicos, nesses gabinetes luxuriantes que os dois autores nos levam para visitar.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrissima/141514-pouco-tedio-saudavel-loucura.shtml
Calem-se canalhas! - CHICO VIGILANTE
Calem-se canalhas!

CHICO VIGILANTE
A presidenta Dilma é firme contra os lobistas de altos aumentos para os combustíveis no paísA direita brasileira não se conforma com o fato do Brasil ter há mais de 10 anos um governo que se importa com a maioria do povo brasileiro.
Um governo que não defende, como sempre aconteceu, os privilégios de uma elite, mas sim age no sentido de que todos possam andar de avião, todos possam comprar um carro e nele colocar combustível.
A direita e seus defensores da imprensa comercial, na verdade lobistas do capital, insistem em criticar mais uma vez a presidenta Dilma pelo aumento dos combustíveis ocorrido nos últimos dias.
Estão insatisfeitos porque defendiam um aumento bem maior do que o concedido. Queriam 30% no lugar 4% para a gasolina e 8% para o diesel. Os que se arvoram em defensores da Petrobrás, afirmando que a empresa vai quebrar se o governo não permitir aumentos reais, são na verdade defensores de um grupo de capitalistas investidores na Petrobrás, a quem só interessa lucros e ganhos de capital.
A sociedade precisa entender o que está acontecendo. A esses lobistas só interessa subordinar a Nação aos interesses dos EUA, pregando o aumento dos preços de combustíveis de acordo com a variação do dólar.
A sociedade brasileira nunca ganhou e nem ganhará com isso. O comportamento dos preços da gasolina a nível mundial é uma das equações mais complexas da economia. Além da variedade de impostos aí embutidos, a queda no preço do barril a nível mundial, quando aconteceu, não significou para nós brasileiros, queda do preço final ao consumidor.
Em 1990, o barril de petróleo custava 28 dólares no mercado internacional, enquanto a gasolina valia o equivalente a 84 centavos de real. Em 1998 o preço do petróleo era de cerca de 11 dólares o barril, menos da metade do preço anterior, mas o brasileiro não se beneficiou com a redução, e pagava em novembro cerca de 80 centavos de real por litro.
Em dezembro de 1998 o governo Fernando Henrique deu de presente de Natal aos brasileiros um aumento de combustíveis entre 6% e 8% como forma de cobrir seus rombos, uma vez que com a gasolina mais cara crescia a receita dos impostos.
Aquela situação é bem diferente do que ocorre agora quando o preço do barril de petróleo está cerca de U$ 100 e a presidente Dilma só autoriza a Petrobrás liberar reajustes estritamente necessários e de valores abaixo dos esperados pelo mercado, como aconteceu nos últimos ocorridos este ano.
Segundo analistas do Credit Suisse – banco de investimentos suíço - em relatório a clientes, o reajuste de 30 de janeiro deste ano, de 6,6% na gasolina e de 5,4% no diesel, ficou abaixo das expectativas do mercado.
A pressão agora aumenta. No início do ano, eles não rebaixaram a cotação das ações da empresa, mas neste final de semana, após o anúncio dos reajustes de combustíveis, o Credit Suisse rebaixou a recomendação para as Acões da Petrobrás (PETR3 e PETR4) que passaram de outperform – desempenho acima da média do mercado – para underperform – desempenho abaixo da média do mercado, ou seja, uma recomendação equivalente à de venda.
Além disso, analistas criticaram a decisão da Petrobras na sexta-feira de não divulgar detalhes sobre a nova metodologia de reajustes de combustíveis, afirmando que a falta de clareza sobre os critérios mantém incertezas para o mercado, em um momento em que a empresa enfrenta defasagem dos preços domésticos na comparação com os internacionais.
A verdade é uma só. É necessário entender que o Brasil é um país soberano e a Petrobrás é uma estatal, e o papel de uma estatal é o de servir em primeiro lugar ao seu povo e não ao grupo de capitalistas investidores da empresa.
E como país soberano o Brasil e a Petrobrás tem sim o direito de
"por razões comerciais, manter os parâmetros da metodologia de precificação estritamente internos à companhia", agrade isso ou não, aos lobistas da sórdida campanha que vem sendo feita por setores da imprensa que usam o economês para difamar o governo e tentar confundir a opinião pública.
http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/122877/Calem-se-canalhas!.htm
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