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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Prisão domiciliar para Jefferson


Prisão domiciliar para Jefferson. Encarcerar doentes é coisa para “instintos mais primitivos”

4 de Dezembro de 2013 | 19:12 Autor: Fernando Brito
jefferson
Conheci Roberto Jefferson quando este era um jovem e obesíssimo advogado, que fazia o tipo “prendo e arrebento” daqueles tempos de General João Figueiredo que vivíamos no início de 1982.
Ainda um jovem repórter, trabalhando na Tribuna da Imprensa e na Última Hora, fui com Leonel Brizola ao Povo na TV, programa do qual participava, sob o comando do veterano Wilton Franco.
Jefferson não foi nada simpático e correspondeu ao aperto de mão de Brizola com evidente cara de desagrado. Ele estava, àquela altura, perfeitamente sintonizado com o grupo udenista que se adonara do PTB do Rio de Janeiro,  em torno da lacerdista Sandra Cavalcanti, então estrela entre os comentaristas da Rádio Globo, no líder de audiência Haroldo de Andrade.
Não preciso, portanto, de laudo de qualquer junta médica para dizer, olhando seu aspecto hoje, o que o câncer de pâncreas que o acometeu fez à sua saúde.
Quem acompanhou a agonia e morte do todo-poderoso da Apple, Steve Jobs, sabe o que essa doença faz, mesmo quando tratada com os maiores recursos.
Portanto, há 30 anos - e cada vez mais, à medida em que se tornou o que se tornou – não tenho por Jefferson a menor simpatia. Mas tenho idade e princípios para ter horrores políticos, não ódios pessoais ou desprezo por um ser humano.
Jefferson fez muito mal ao Brasil, mas nem por isso qualquer pessoa de bem deve, ao vê-lo condenado, deixar que, como disse ele próprio na CPI dos Correios ao ver José Dirceu, deixar que se despertem seus “instintos mais primitivos”.
Porque Jefferson não fará mal a ninguém mais e mantê-lo encarcerado, nestas condições, seria apenas um exercício de crueldade mórbida.
Por isso, espero que se lhe venha a ser concedida a prisão domiciliar, não importa se tenha simpatia ou horror ao seu papel e comportamento.
Condena-lo à morte “informalmente”, ao mandá-lo para um lugar que – qualquer um tem esta certeza – vai acelerar a degradação de sua sobrevida é uma morbidez indigna.
Que bom se Joaquim Barbosa tivesse mostrado por José Genoíno o respeito que teve aos problemas de saúde de Jefferson, esperando até agora para definir sua prisão, não sem antes ouvir os médicos.

http://tijolaco.com.br/blog/?p=10925
TEXTO ORIGINAL DO BLOG TIJOLAÇO

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