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sábado, 14 de novembro de 2009

Uma homenagem a meu pai, Mestre de Obra por 50 anos.


Com muito orgulho e muita competência, meu pai trabalhou em construção civil desde os 12 anos de idade vindo da Cajazeiras na Paraiba. Aos 20 anos era mestre de obra dos mais respeitados na área onde trabalhou, aqui na Bahia e outros Estados. Filho único de  um  admirador de Lampião , de nome João Vieira da Silva que infelizmente deixou o mundo com menos de 30 anos por causa dos sofrimentos daquele sertão. Meu pai foi para o trabalho desde a infância , orfão de pai,  e veio  para Salvador com toda a familia da recém esposada minha mãe,  pernambucana,  aos 27 anos  e terminou se instalando aqui. Comprou um pacote e levou um pacotão! Primeiramente morou perto do mar  em Mar Grande na Ilha de Vera Cruz , depois na Cidade Baixa, no bairro do Bomfim . Em junho 2000 foi  colaborar com a construçao do Edén, com certeza em um trabalho mais leve e mais tranquilo.O trabalho de contar suas belas histórias aos que trabalham na mesma area ou gostam dela. Sei que ele fez o melhor quando passou por aqui e essa musica me lembra muito esse homem espetacular. Meu pai:



Cidadão


Lucio Barbosa


Tá vendo aquele edifício moço?

Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar
Hoje depois dele pronto
olho pra cima e fico tonto
Mas me chega um cidadão
e me diz desconfiado, tu tá aí admirado
ou tá querendo roubar?
Meu domingo tá perdido
vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E pra aumentar o meu tédio
eu nem posso olhar pro prédio
que eu ajudei a fazer
Tá vendo aquele colégio moço?
Eu também trabalhei lá...
Lá eu quase me arrebento
Pus a massa fiz cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha inocente
vem pra mim toda contente
Pai vou me matricular
Mas me diz um cidadão
Criança de pé no chão
aqui não pode estudar
Esta dor doeu mais forte
por que que eu deixei o norte
eu me pus a me dizer
Lá a seca castigava mas o pouco que eu plantava
tinha direito a colher
Tá vendo aquela igreja moço?
Onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo
Enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Lá sim valeu a pena
Tem quermesse, tem novena
e o padre me deixa entrar
Foi lá que Cristo me disse
Rapaz deixe de tolice
não se deixe amedrontar
Fui eu quem criou a terra
enchi o rio fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
e na maioria das casas
Eu também não posso entrar
Fui eu quem criou a terra
enchi o rio fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
e na maioria das casas
Eu também não posso entrar...

Saudades meu pai!
                           E NAO É VERDADE ?




Um comentário:

  1. linda homenagem amigo, linda letra, não há musica melhor pra retratar e homenagiar um construtor civil, procurava essa letra há tempos....obrigado é Feliz 2011.

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