Esquerda X Direita na avenida Paulista
“ares fascistas"
por Rodrigo Vianna
A marcha em São Paulo, nesta quinta-feira (20/06), foi convocada pelo
MPL (Movimento Passe Livre), para comemorar a vitória obtida – com a
redução nas tarifas de ônibus e metrô. Era pra ser uma festa. Virou mais
um sintoma preocupante do avanço da extrema-direita nas ruas. É o que
mostra a foto acima (Portal Terra): um manifestante morde a bandeira do
PT. Outras bandeiras foram queimadas. Nenhuma era de partidos de
direita, como PSDB ou DEM. Não. O ódio “anti-partido” tem um sentido
muito claro.
Eu estava lá. Vi de perto. Como já acontecera em
outras manifestações nas últimas duas semanas, grupos organizados – e
que se dizem “apartidários” (o que, aliás, é um direito de qualquer
cidadão) – tentaram impedir que os partidos políticos e as organizações
sociais eguessem suas bandeiras na avenida Paulista. Agrediram
militantes do PSTU, xingaram a turma do PSOL e ameaçaram a militância do
PT. Na minha frente, um homem com capacete de motoqueiro e jaqueta de
couro tentou bater numa senhora com mais de 60 anos, que carregava uma
bandeira vermelha. “O PT não vai sair dessse quarteirão, não vamos
deixar o PT pisar aqui, é a nossa avenida”, ele gritava descontrolado.
Mas o motoqueiro selvagem foi afastado a pontapés. E o PT marchou. Não
eram muitos os petistas. Mas estavam lá, num gesto simbólico de que o
partido precisa voltar para a rua. Será que aquele era o momento?
Daquele jeito? Naquele cenário? Temo que não tenha sido uma boa idéia.
Acho que há bons motivos – sempre – para criticar os partidos. Faz
parte da Democracia. O PT, especialmente, pode ser criticado por ter
cedido demais aos “acertos de gabinete”. Mas querer impedir – na marra –
que partidos e organizações sociais participem de um ato público não
tem outro nome: fascismo. No Portal Terra, leio: “MPL deixa ato e diz
que direita quer dar ares fascista a protestos”.
Não é nenhum
exagero. Quem estava lá na Paulista sentiu de perto. O clima de ódio era
tão grande que a manifestação adotou um formato curioso: em uma faixa
da avenida, marcharam o MPL, seguido por UJS, UNE, MST e por militantes
de partidos como PT, PSOL, PSTU e PCO (esses três bastante críticos em
relação a Dilma e ao PT).
A esquerda foi hostilizada
seguidamente e o alvo principal era o partido de Lula. “Ei, PT, vai
tomar no cu”, gritava um grupo de jovens de clase média, bem a meu lado.
O curioso: quem passava por eles carregando bandeiras vermelhas não
eram petistas, mas adeptos do PCO. Eu disse isso a um dos rapazes:
“olha, esses aí não são do PT”. E ele: “não? Ah, mas são todos
comunistas”.
A direita babava. E se sentia forte. Jovens
bombados, meninas bem-vestidas e a turma de engravatados que saía dos
escritórios gritavam: “o povo, unido, não precisa de partido”. O mote
ecoava entre jovens de periferia, skatistas, secundaristas, além de
famílias nitidamente de classe média. Tentei conversar com um desses
jovens: “rapaz, a última vez que fecharam ou proibiram partidos no
Brasil foi na ditadura”. E ele, com mais revolta do que ódio: “Não quero
saber, nos partidos só tem vagabundo”.
Tentei seguir na
argumentação (juro que tentei, apesar do barulho e das hostilidades):
“mas muitos desses partidos é que ajudaram a construir a Democracia que
permite a todos nós estar na avenida”. E ele: “foda-se”.
Essa
turma dos “sem-partido” marchou pelo lado oposto da Paulista… As duas
marchas seguiam lado a lado, com muitas hostilidades. Militantes da
esquerda montaram um “cordão de isolamento” para evitar que os fascistas
mais exaltados conseguissem arrancar bandeiras ou agredissem as
pessoas.
Pouco antes de a marcha (sempre bipartida) chegar ao
prédio da Fundação Cásper Líbero, um grupo mais exaltado de direita
atacou. Alguns usavam capacetes, outros tinham camisas com inscrições de
lutas marciais. Um amigo disse que viu um sujeito com taco de beisebol
na mão. Os agressores invadiram a marcha da “esquerda” e criaram um
impasse. Naquele momento, poderia ter havido um conflito de grandes
proporções.
Vi militantes de esquerda, naquele momento,
recolhendo bandeiras e se dispersando. Tinham conseguido marchar pela
Paulista. Mas a direita mostrara mais vontade de combater.
Dez
minutos depois, surgem a meu lado dois rapazes do MPL – desolados. O ato
de “festa” tinha sido dispersado na porrada. O MPL tentou reorganizar a
bateria à frente da caminhada, e retomar as palavras de ordem por
transporte público de qualidade. Mas a maioria já não queria ouvir.
“Chega de corrupção”, “Fora Dilma”, “PT Lixo” eram as palavras de ordem que dominavam a Paulista às 8 da noite..
O MPL já percebera, dois dias atrás, a tentativa da direita de tomar o
movimento. Nas redes sociais, isso está claro – como escrevi aqui. Hoje,
a esquerda tentou marcar posição. Conseguiu só em parte. O fascismo
botou a cabeça pra fora. O monstro emergiu da lagoa.
Claro que a
manifestação não foi só isso. Havia muitos militantes LGTB, com
palavras de ordem contra a inacreditável “cura gay”, e pedindo o
afastamento do deputado Feliciano. Havia centenas de cartazes “contra a
PEC 37″ (um protesto justo, ainda que claramente instrumentalizado pos
setores conservadores).
O mais chocante: chego em casa e vejo a
cobertura na GloboNews. O canal da família Marinho diz que a
manifestação em São Paulo foi “uma grande festa da democracia”. Nenhuma
palavra sobre as hostilidades contra a esquerda. Nenhuma imagem de
bandeiras queimadas ou arrancadas. Será que a Globo não viu? Ou viu e
achou que isso faz parte da festa?
A pauta da GloboNews, da
Globo e da Veja ganhou a parada na avenida Paulista. Não foi de goleada,
mas a direita ganhou. Dilma ainda acha que o controle remoto resolve?
Anos de bombardeio midiático estão se cristalizando nas ruas, brotando
em cartazes feitos à mão.
Era curioso ver todos os partidos de
esquerda, juntos, resistindo aos fascistas. A direita gritava
enfurecida: “Sem partido”. A turma da esquerda devolvia: “Sem
fascismo”. Isso o Brasil não viu na Globo News. A emissora (e dizem-me
que o JN fez cobertura parecida) tentou criar um clima de “civismo”
unificado, contra a bandalheira.
Foi assim que a direita encurralou Vargas em 54. Foi assim que se iniciaram os ataques a Jango em 64.
Pelo que vi hoje em São Paulo, sigo acreditando que esse é um movimento
em disputa. A esquerda organizada entrou na luta (talvez de forma
atabalhoada). Mas por enquanto está perdendo a batalha simbólica.
Quem está ganhando? A direita fascista (pelo menos em São Paulo foi o que vi). E a pauta do “civismo” da Globo.
Em outras cidades brasileiras, ganha o jogo uma espécie de caos: sem
bandeiras claras, impera o “cantemos o Hino Nacional contra tudo que
está aí”. Ou o cerco ao Congresso Nacional. Louvado como “ato de coragem
do povo”.
O jogo ainda precisa ser jogado, até o fim. Mas os sinais não são bons. E vejo que não sou o único preocupado.
A sugestão mais ponderada ouvi de meu filho de 16 anos; “acho que tá na
hora de parar, pensar com calma, e lutar por uma causa de cada vez”.
É isso. A esquerda teve uma vitória com a redução das tarifas. Precisa
encontrar foco pra seguir na rua. E enfrentar a pauta da direita. Com
coragem. O caldo de cultura que vi em São Paulo mostra que há uma
avenida aberta para uma direita que não é mais “neoliberal”. Mas muito
pior. Uma direita que gostaria de fechar os partidos e viver num mundo
onde o povo se dissolve gostosamente numa unidade artificial – sem
partidos, sem os detestados “políticos”.
De novo: que outro nome dar a isso, se não fascismo.
PS: parece que a maioria silenciosa começa a se manifestar, preocupada
com a forma que os protestos vão assumindo. Dilma marcou reunião de
ministério e deve falar ao país nessa sexta-feira.
sábado, 29 de junho de 2013
sexta-feira, 21 de junho de 2013
Sobre a nova pesquisa Datafolha
por Gilberto Nascimento, no FacebookHá cerca de uma hora, na esquina de casa, vi uma mulher abordando outra para perguntar o que achava das manifestações e quebra-quebra no País e se era a favor do que vinha acontecendo.
Como o assunto me interessou, parei e fiquei um pouco próximo para ouvir do que se tratava. A mulher que perguntava tinha um crachá branco e azul, com o nome do Datafolha.
Minha surpresa foi quando a pesquisadora indagou em quem a mulher votava e se ela gostava da Dilma e do Lula. A entrevistada respondeu que votava e continuaria votando no PT.
Aí, a tal pesquisadora respondeu: “Fala baixo, você pode apanhar”. Cheguei perto e questionei: “como pesquisadora, a senhora não pode interferir nas respostas”. A suposta representante do Datafolha disse que só estava avisando “porque gente do PT estava apanhando ontem na Paulista”.
Respondi novamente: “a senhora quer amedrontar a entrevistada? Quer que ela mude de opinião?”. Peguei o nome da entrevistadora no crachá e disse que iria informar o instituto.
Pelo visto, é assim que se colhe a opinião do povo nas ruas. E preparem-se: nas próximas horas pode sair uma nova pesquisa dizendo que o povo não quer mais a Dilma e o PT no poder.
PSDB e DEM estão por trás das agressões a militantes
Os episódios de agressão contra partidos de esquerda e organizações sindicais registrados durante os protestos contra o aumento das tarifas dos transportes públicos nesta semana foram provocados por grupos de extrema direita, como os skinheads, instrumentalizados pelo PSDB e pelo DEM. A afirmação é do presidente nacional do PSTU, José Maria de Almeida. "Ironicamente, esses são justamente os partidos que, junto com o PT, provocam a insatisfação geral da população com as legendas", afirmou.
O dirigente do PSTU diz não ter provas que corroborem a afirmação, mas informou que a prática de 'recrutar radicais para prejudicar movimentos sociais' é comum no meio político. O presidente estadual do PSDB-SP, o deputado federal Duarte Nogueira, considerou a acusação "mentirosa e irresponsável". "De nossa parte não há nenhum envolvimento direto nem de sugestão de pauta nos atos. Tentar encontrar culpados pelas agressões sofridas é não ter noção do que está acontecendo."
Para o senador Agripino Maia (DEM-RN), presidente nacional do Democratas, "o José Maria está alucinando. Talvez movido pela expulsão em alguns atos, ele está tendo estes delírios. Esse declaração é mais um gesto de radicalismo dele, mostra que ele não entendeu o caráter apartidário da manifestação".
José Maria diz compreender o sentimento geral da população contra os partidos. "A maioria dessas opiniões [contrárias às agremiações] tem sua origem nos escândalos que marcam as legendas que integram o governo e a oposição de direita", diz José Maria.
Ele afirma que "assim como acabamos com a ditadura no Brasil, vamos acabar com os fascistas. Não recuaremos. Não abaixaremos as bandeiras, elas estarão cada vez mais altas". Segundo ele, o PSTU e diversas organizações sociais já estão se articulando para promover uma greve geral, com pautas "concretas que beneficiarão o trabalhador".
José Maria defendeu também os militantes petistas que foram agredidos, que de acordo com ele são de alas à esquerda dentro da legenda e que criticaram desde o início dos protestos a postura dos governos municipal, de Fernando Haddad (PT), e estadual, do governador Geraldo Alckmin (PSDB).
O partido ainda não tem um balanço nacional de militantes feridos nos atos, mas estima em "dezenas", especialmente nos protestos do Rio de Janeiro.
quinta-feira, 20 de junho de 2013
O GIGANTE ACORDOU desde quando Lula tirou mais de 30 milhões de pessoas da miséria!!!
O GiGANTE ACORDOU desde quando Lula tirou mais de 30 milhões de pessoas da miséria!!!
O GiGANTE ACORDOU desde quando Lula colocou outros tantos bilhões na classe média!!! O GiGANTE ACORDOU desde quando o Brasil começou a bater recordes de exportação!!! O GiGANTE ACORDOU desde quando o Brasil passou a ser a 5ª nação mais rica do planeta!!! O GiGANTE ACORDOU desde quando Lula/Dilma criaram mais de 18 milhões de empregos com carteiras assinadas!!! O GIGANTE ACORDOU desde quando Lula criou 214 novas escolas técnicas federais!!! O GIGANTE ACORDOU desde quando Lula criou 14 novas universidades federais e Dilma 4, FHC nenhuma!!!! O GIGANTE ACORDOU desde quando o orçamento da Educação passou de 33,1 bilhões de reais para 86,2 bilhões de reais!!! O GIGANTE ACORDOU desde quando foram criadas 1,1 milhão de bolsas para estudantes de baixa renda nas faculdades particulares (Prouni)!!! O GIGANTE ACORDOU desde quando passou a ter 6,7 milhões de universitários – eram 3,5 milhões em 2002 com FHC!!! O GIGANTE ACORDOU desde quando o Pronatec registrou – 2 milhões de alunos matriculados!!! O GIGANTE ACORDOU desde quando foram destinados em 2013(este ano) – 116 bilhões de reais para Fundeb - Ensino básico!!! O GIGANTE ACORDOU desde quando a Evasão escolar nos primeiros anos do ensino fundamental caiu de 8,2% para 1,6!!!
"NÃO foi o GIGANTE que ACORDOU, é Você que estava DORMINDO!!!"
Emanuel Leandro
https://www.facebook.com/emanuel.leandro1?fref=ts
O GiGANTE ACORDOU desde quando Lula colocou outros tantos bilhões na classe média!!! O GiGANTE ACORDOU desde quando o Brasil começou a bater recordes de exportação!!! O GiGANTE ACORDOU desde quando o Brasil passou a ser a 5ª nação mais rica do planeta!!! O GiGANTE ACORDOU desde quando Lula/Dilma criaram mais de 18 milhões de empregos com carteiras assinadas!!! O GIGANTE ACORDOU desde quando Lula criou 214 novas escolas técnicas federais!!! O GIGANTE ACORDOU desde quando Lula criou 14 novas universidades federais e Dilma 4, FHC nenhuma!!!! O GIGANTE ACORDOU desde quando o orçamento da Educação passou de 33,1 bilhões de reais para 86,2 bilhões de reais!!! O GIGANTE ACORDOU desde quando foram criadas 1,1 milhão de bolsas para estudantes de baixa renda nas faculdades particulares (Prouni)!!! O GIGANTE ACORDOU desde quando passou a ter 6,7 milhões de universitários – eram 3,5 milhões em 2002 com FHC!!! O GIGANTE ACORDOU desde quando o Pronatec registrou – 2 milhões de alunos matriculados!!! O GIGANTE ACORDOU desde quando foram destinados em 2013(este ano) – 116 bilhões de reais para Fundeb - Ensino básico!!! O GIGANTE ACORDOU desde quando a Evasão escolar nos primeiros anos do ensino fundamental caiu de 8,2% para 1,6!!!
"NÃO foi o GIGANTE que ACORDOU, é Você que estava DORMINDO!!!"
Emanuel Leandro
https://www.facebook.com/emanuel.leandro1?fref=ts
Está tudo tão estranho, e não é à toa. Prelúdio de um… golpe?. Marília Moschkovich
Socióloga,
militante feminista, escritora, vez em quando jornalista. Também
publico no “Mulher Alternativa” e no “Outras Palavras”.
Está tudo tão estranho, e não é à toa.
Um relato do quebra-cabeças que fui montando nos últimos dias. Aviso que o post é longo, mas prometo fazer valer cada palavra.
Começo
explicando que não ia postar este texto na internet. Com medo. Pode
parecer bobagem, mas um pressentimento me dizia que o papel impresso
seria melhor. O papel impresso garantiria maiores chances de as pessoas
lerem tudo, menores chances e copiarem trechos isolados destruindo todo o
raciocínio necessário.
Enquanto forma de
comunicação, o texto exige uma linearidade que é difícil. Difícil
transformar os fatos, as coisas que vi e vivi nos últimos dias em texto.
Estou falando aqui das ruas de São Paulo e da diferença entre o que
vejo acontecer e o que está sendo propagandeado nos meios de comunicação
e até mesmo em alguns blogs.
Talvez essa
dimensão da coisa me seja possível porque conheço realmente muita gente,
de vários círculos; talvez porque sempre tenha sido ligada à militância
política, desde adolescente; talvez porque tenha tido a oportunidade de
ir às ruas; talvez porque pude estar conectada na maior parte do tempo.
Não sei. Mas gostaria de compartilhar com vocês.
E
gostaria que, ao fim, me dissessem se estou louca. Eu espero
verdadeiramente que sim, pois a minha impressão é a de que tudo é muito
mais grave do que está parecendo.
Tentei
escrever este texto mais ou menos em ordem cronológica. Se não foi uma
boa estratégia, por favor me avisem e eu busco uma maneira melhor de
contar. Peço paciência. O texto é longo.
1. Contexto é bom e mantém a pauta no lugar
Hoje
é dia 18 de junho de 2013. Há uma semana, no dia 10, cerca de 5 mil
pessoas foram violentamente reprimidas pela Policia Militar paulista na
Avenida Paulista, símbolo da cidade de São Paulo. Com a transmissão dos
horrores provocados pela PM pela internet, muitas pessoas se mobilizaram
para participar do ato seguinte, que seria realizado no dia 13. A pauta
era a revogação no aumento das tarifas de ônibus, que já são caras e já
excluem diversos cidadãos se seu direito de ir e vir, frequentando a
própria cidade onde moram.
No dia 13, então, aconteceu a primeira coisa estranha, que acendeu uma luzinha amarela (quase vermelha de tão laranja) na minha cabeça: os editoriais da folha e do estadão aprovavam o que a PM tinha feito no dia 10 de junho e, mais do que isso, incentivavam ações violentas da pm “em nome do trânsito” [aliás, alguém me faz um documentário sensacional com esse título, faz favor? ]. Guardem essa informação.
Logo após esses editoriais, no fim do dia, a PM reprimiu cerca de 20mil pessoas.
Acompanhei tudo de casa, em outra cidade. Na primeira hora de
concentração para a manifestação foram presas 70 pessoas, por sua
intenção de participar do protesto. Essa intenção era identificada pela
PM com o agora famoso “porte de vinagre” (já que vinagre atenua efeitos
do gás lacrimogêneo). Muitas pessoas saíram feridas nesse dia e, com os
horrores novamente transmitidos - mas dessa vez também pelos grandes
meios de comunicação, inclusive esses dos editoriais da manhã, que
tiveram suas equipes de reportagem gravemente feridas -, muita gente se
mobilizou para o próximo ato.
2. Desonestidade pouca é bobagem
No próprio dia 13, à noite, aconteceu a segunda “coisa estranha”.
Logo no final da pancadaria na região da Paulista, sabíamos que o
próximo ato seria na segunda-feira, dia 17 de junho. Me incluíram num
evento no Facebook, com exatamente o mesmo nome dos eventos do MPL, as mesmas imagens, bandeiras, etc. Só
que marcado para sexta-feira, o dia seguinte. Eu dei “ok”, entrei no
evento, e comecei a reparar em posts muito, mas muito esquisitos.
Bandeiras que não eram as do MPL (que conheço desde adolescente),
discursos muito voltados à direita, entre outros. O que estava ali não era o projeto de cidade e de país que eu defendo, ou que o MPL defende.
Dei
uma olhada melhor: eram três pessoas que haviam criado o evento. Fucei o
pouco que fica público no perfil de cada um. Não encontrei nenhuma
postagem sobre nenhuma causa política. Apenas postagens sobre outros
assuntos. Lá no fim de um dos perfis, porém, encontrei uma postagem com
um grupo de pessoas em alguma das tais marchas contra a corrupção.
Alguma coisa com a palavra “Juventude”, não me lembro bem. Ficou claro que não tinha nada a ver com o MPL e, pior que isso, estavam tentando se passar pelo MPL.
Alguém
me deu um toque e observei que a descrição dizia o trajeto da
manifestação (coisa que o MPL nunca fez, até hoje, sabiamente). Além
disso, na descrição havia propostas como “ir ao prédio da rede globo” e
“cantar o hino nacional”, “todos vestidos de branco”. O alerta vermelho
novamente acendeu na minha cabeça. Hino nacional é coisa de
integralista, de fascista. Vestir branco é coisa de movimentos em geral
muito ou totalmente despolitizados. Basta um mínimo de perspectiva
histórica pra sacar. Pois bem.
Ajudei a
alertar sobre a desonestidade de quem quer que estivesse organizando
aquilo e meu alerta chegou a uma das pessoas que, parece, estavam
envolvidas nessa organização (ou conhecia quem estava). O discurso dela,
que conhece alguém que eu conheço, era totalmente despolitizado. Ela
falava em “paz”, “corrupção” e outras palavras de ordem vazias que não
representam reivindicação concreta alguma, e muito menos um projeto de
qualquer tipo para a sociedade, a cidade de São Paulo, etc. Mais
um pouco de perspectiva histórica e a gente entende no que é que
palavras de ordem e reivindicações vazias aleatórias acabam. Depois
de fazer essa breve mobilização na internet com várias outras pessoas,
acabaram mudando o nome e a foto do evento, no próprio dia 13 de noitão.
No dia seguinte transferiram o evento para a segunda-feira, “para unir
as forças”, diziam.
3. E o juiz apita! Começa a partida!
Seguiu-se
um final de semana extremamente violento em diversos lugares do país.
Era o início da Copa das Confederações e muitos manifestantes foram
protestar pelo direito de protestarem. O que houve em sp mostrou que
esse direito estava ameaçado. Além disso, com a tal “lei da copa”, uma
legislação provisória que vale durante os eventos da FIFA, em algumas
áreas publicas se tornam proibidas quaisquer tipos de manifestações
políticas. Quer dizer, mais uma ameaça a esse direito tão fundamental
numa [suposta] democracia.
No final de semana
as manifestações não foram tão grandes, mas significativas em ao menos
três cidades: Belo Horizonte, Brasília e Rio de Janeiro. No DF e no RJ
as polícias militares seguiram a receita paulista e foram extremamente
violentas. A polícia mineira, porém, parecia um exemplo de atuação
cidadã, que repassamos, compartilhamos e apoiamos em redes sociais do
lado de cá do sudeste.
Não me lembro bem, mas acho que foi no intervalo entre uma coisa e outra que percebi a terceira “coisa estranha”.
Um pouco depois do massacre na região da Paulista, e um pouco antes do
final de semana de horrores, mais um sinal: ficamos sabendo que uma
conhecida distante, depois do dia 13, pegou um ônibus para ir ao Rio de
Janeiro. Essa pessoa contou que a PM paulista parou o ônibus na estrada,
antes de sair do Estado de São Paulo. Mandaram os passageiros
descerem e policiais entraram no veículo. Quando os passageiros subiram
novamente, todas as coisas, bolsas, malas e mochilas estavam reviradas. A
policial perguntou a essa pessoa se ela tinha participado de algum dos
protestos. Pediu pra ver o celular e checou se havia vídeos, fotografias, etc.
Não à toa e no mesmo “clima”, conto pra vocês a quarta
“coisa estranha”: descobrimos que, após o ato em BH, um rapaz
identificado como uma das lideranças políticas de lá foi preso, em sua
casa. Parece que a nossa polícia exemplar não era tão exemplar
assim, mas agora ninguém compartilhava mais. Coisas semelhantes
aconteceram em Brasília, antes mesmo das manifestações começarem.
4. Sequestraram a pauta?
Então
veio a segunda-feira. Dia 17 de junho de 2013. Ontem. Havia muita gente
se prontificando a participar dos protestos, guias de segurança
compartilhados nas redes, gente montando pontos de apoio, etc. Uma
verdadeira mobilização para que muita gente se mobilizasse. Estávamos
otimistas.
Curiosamente, os mesmos meios de
comunicação conservadores que incentivaram as ações violentas da PM na
quinta-feira anterior (13) de manhã, em seus editoriais, agora diziam
que de fato as pessoas deveriam ir às ruas. Só que com outras bandeiras.
Isso não seria um problema, se as pessoas não tivessem, de fato, ido à
rua com as bandeiras pautadas por esses grupos políticos (representados
por esses meios de comunicação). O clima, na segunda-feira, era outro.
Era como se a manifestação não fosse política e como se não estivesse
acontecendo no mesmo planeta em que eu vivo. Meu otimismo começou a
decair.
A pauta foi sequestrada por pessoas
que estavam, havia alguns dias, condenando os manifestantes por terem
parado o trânsito, e que são parte dos grupos sociais que sempre
criminalizaram os movimentos sociais no Brasil (representados por um
pedaço da classe política, estatisticamente o mais corrupto - não, não está nem perto de ser o PT -,
e pelos meios de comunicações que se beneficiam de uma política de
concessões da época da ditadura). De repente se falava em impeachment da
presidenta. As pessoas usavam a bandeira nacional e se pintavam de
verde e amarelo como ordenado por grandes figurões da mídia de massas,
colunistas de opinião extremamente populares e conservadores.
As
reações de militantes variavam. Houve quem achasse lindo, afinal de
contas, era o povo nas ruas. Houve quem desconfiasse. Houve quem se
revoltasse. Houve quem, entre todos os sentimentos possíveis, ficasse
absolutamente confuso. Qualquer levante popular em que a pauta não eh
muito definida cria uma situação de instabilidade política que pode
virar qualquer coisa. Vimos isso no início do Estado Novo e no golpe de
1964, ambos extremamente fascistas. Não quer dizer que desta vez seria
igual, mas a história me dizia pra ficar atenta.
5. Não, sequestraram o ato!
A
passeata do dia 17, segunda-feira, estava marcada para sair do Largo da
Batata, que fica numa das pontas da avenida Faria Lima. Não se sabia,
não havia decisão ainda, do que se faria depois. Aos que não entendem, a
falta de um trajeto pré-definido se justifica muito bem por duas
percepções: (i) a de que é fácil armar emboscadas para repressão quando
divulga-se o trajeto; e, (ii) mais importante do que isso, a percepção
de que são as pessoas se manifestando, na rua, que devem definir na hora
o que fazer. [e aqui, se vocês forem espertos, verão exatamente onde está a minha contradição - que não nego, também me confunde]
A
passeata parecia uma comemoração de final de copa do mundo. Irônico,
não? Começamos a teorizar (sem muita teoria) que talvez essa fosse a
única referência de manifestações públicas que as pessoas tivessem, em
massa:o futebol. Os gritos eram do futebol, as palavras de ordem eram do
futebol. Muitas camisetas também eram do futebol. Havia
inclusive uns imbecis soltando rojões, o que não é muito esperto pois
pode gerar muito pânico considerando que havia poucos dias muita gente
ali tinha sido bombardeada com gás lacrimogêneo. Havia pessoas brincando com fogo. [guardem essa informação do fogo também]
Agora uma pausa: vocês se lembram do fato estranho número dois? O
evento falso no facebook? Bom, o trajeto desse evento falso incluía a
Berrini, a ponte Estaiada e o palácio dos Bandeirantes, sede do governo
do Estado. Reparem só.
Quando a passeata chegou ao cruzamento da Faria Lima com a Juscelino, fomos
praticamente empurrados para o lado direito. Nessa hora achamos aquilo
muito esquisito. Em nossas cabeças, só fazia sentido ir à Paulista, onde
havíamos sido proibidos de entrar havia alguns dias. Era uma
questão de honra, de simbologia, de tudo. Resolvemos parar para
descobrir se havia gente indo para o lado oposto e subindo a Brigadeiro
até a Paulista. Umas amigas disseram que estavam na boca do túnel.
Avisei pra não irem pelo túnel que era roubada. Elas disseram então que
estavam seguindo a passeata pela ponte, atravessando a Marginal
Pinheiros.
Demoramos um tanto pra
descobrirmos, já prontos pra ir para casa broxados, que havia gente
subindo para o outro lado. Gente indo à esquerda. Era lá que preferíamos
estar. Encontramos um outro grupo de pessoas conhecidas e amigas e
seguimos juntos. As palavras de ordem não mudaram. Eram as mesmas em
todos os lugares. As pessoas reproduziam qualquer frase de efeito tosca
de manira acrítica, sem pensar no que estavam dizendo. Efeito
“multidão”, deve ser.
As frases me
incomodaram muito. Nem uma só palavra sobre o governador que ordenara à
PM descer bala, cassetete e gás na galera havia poucos dias. Que promove
o genocídio da juventude negra nessa cidade todos os dias, há 20 anos.
Nem mesmo uma. Os culpados de todos os problemas do mundo, para os
verde-amarelos-bandeira-hino eram o prefeito e a presidenta. Ou essas
pessoas são ignorantes, ou são extremamente desonestas.
Nem
chegamos à Paulista, incomodados com aquilo. Fomos para casa nos
sentindo muito esquisitos. Aí então conseguimos entender que aquelas
pessoas do evento falso no facebook tinham conseguido de alguma maneira
manobrar uma parte muito grande de pessoas que queria ir se manifestar
em outro lugar. A falta de informação foi o que deu poder para esse
grupo naquele momento específico. Mas quem era esse grupo? Não sei
exatamente. Mas fiquei incomodada.
6. O centro em chamas.
Quem
diria que essa sensação bizarra e sem nome da segunda-feira faria todo
sentido no dia seguinte? Fez. Infelizmente fez. O dia seguinte, “hoje”,
dia 18 de junho de 2013, seria decisivo. Veríamos se as pessoas se
desmobilizariam, se a pauta da revogação do aumento se fortaleceria.
Essa era minha esperança que, infelizmente, não se confirmou. A partir
daqui são todos fatos recentes, enquanto escrevo e vou tentar
explica-los em ordem cronológica. Aviso que foram fazendo sentido aos
poucos, conforme falávamos com pessoas, ouvíamos relatos, descobríamos
novas informações. Essa é minha tentativa de relatar o que eu vi, vivi,
experienciei.
No fim da tarde, pegamos o
metrô Faria Lima lotadíssimo um pouco depois do horário marcado para a
manifestação. Perguntei na internet, em redes sociais, se o ato ainda
estava na concentração ou se estava andando, e para onde. Minha intenção
era saber em qual estação descer. Me disseram, tomando a
televisão como referencia (que é a referencia possível, já que não havia
um único comunicado oficial do MPL em lugar algum) que o ato estava na
prefeitura. Guardem essa informação.
Fomos então até o metrô República. Helicópteros diversos sobrevoavam a praça e reparei na quinta “coisa estranha”: quase não havia polícia. Acho que vimos uns três ou quatro controlando curiosamente a ENTRADA do metrô e não a saída… Quer dizer, quem entrasse no metro tinha mais chance de ser abordado do que quem estava saindo, ao contrário do dia 13.
A
manifestação estava passando ali e fomos seguindo, até que percebemos
que a prefeitura era outro lado. Para onde estavam indo essas pessoas?
Não sabíamos, mas pelos gritos, pelo clima de torcida de futebol,
sabíamos que não queríamos estar ali, endossando algo em que não
acreditávamos nem um pouco e que já estávamos julgando ser meio perigoso.
Quando passamos em frente à câmara de vereadores, a manifestação
começou a vaiar e xingar em massa. Oras, não foram eles também que
encheram aquela câmara com vereadores? O discurso de ser
“apolítico” ou “contra” a classe política serve a um único interesse, a
história e a sociologia nos mostram: o dos grupos conservadores para
continuarem tocando a estrutura social injusta como ela é, sem grandes
mudanças. Pois era esse o discurso repetido ali.
Resolvemos então descer pela rua Jandaia e tentar voltar à Sé, pois disseram nas redes sociais que o ato real, do MPL, estava no Parque Dom Pedro.
Como aquilo fazia mais sentido do que um monte de pessoas bem
esquisitas, com cartazes bem bizarros, subindo para a Paulista, lá fomos
nós.
Outro fato estranho, número seis: no meio da Rua Jandaia, num local bem visível para qualquer passante nos viadutos do centro, um colchão em chamas.
A manifestação sequer tinha passado ali. Uma rua deserta e um colchão
em chamas. Para quê? Que tipo de sinal era aquele? Quem estava mandando e
quem estava recebendo? Guardamos as mascaras de proteção com medo de
sermos culpados por algo que não sabíamos sequer de onde tinha vindo e
passamos rápido pela rua.
Cruzamos com a
mesma passeata, mais para cima, que vinha lá da região que fica mais
abaixo da Sé, mas não sabíamos ainda de onde. Atrás da catedral,
esperamos amigos. Uma amiga disse que o marido estava chateado porque
não conseguiu pegar trem na Vila Olímpia. Achamos normal, às vezes a
CPTM trava mesmo, daí essa porcaria de transporte e os protestos, etc.
pois bem. Guardem a informação.
Uma amiga
ligou dizendo que estava perto do teatro municipal e do Vale do
Anhangabaú, que estava “pegando fogo”. Imbecil que me sinto agora, na
hora achei que ela estava falando que estava cheio de gente, bacana,
legal. [que tonta!] Perguntei se era o ato do MPL, se tinha as faixas do MPL. Ela disse que sim mas não confiei muito. Resolvemos ir ver.
[A partir daqui todos os fatos são “estranhos”. Bem estranhos.]
O
clima no centro era muito tenso quando chegamos lá. Em nenhum dos
outros lugares estava tão tenso. Tudo muito esquisito sem sabermos bem o
quê. Os moradores de rua não estavam como quem está em suas casas. Os moradores de rua estavam atentos, em cantos, em grupos. Poucos dormiam.
Parecia noite de operação especial da PM (quem frequenta de verdade a
cidade de São Paulo, e não apenas o próprio bairro, sabe bem o que é
isso entre os moradores de rua).
Só que era ainda mais estranho: não havia polícia.
Não havia polícia no centro de São Paulo à noite. No meio de toda essa
onda. Não havia polícia alguma. Nadinha de nada, em lugar nenhum.
Na
Sé, descobrimos mais ou menos o caminho e fomos mais ou menos andando
perto de outras pessoas. Um grupo de franciscanos estava andando perto
de nós, também. Vimos uma fumaça preta. Fogo. MUITO fogo. Muito alto. O centro em chamas.
Tentamos
chegar mais perto e ver. Havia pessoas trepadas em construções com
latas de spray enquanto outros bradavam em volta daquela coisa queimando
que não conseguíamos identificar. Outro colchão? Os mesmos que deixaram o colchão queimando na Jandaia? Mas quem eram eles?
De
repente algumas pessoas gritaram e nós,mais outros e os franciscanos,
corremos achando que talvez o choque estaria avançando. Afinal de
contas, era óbvio que a polícia iria descer o cacete em quem tinha
levantado aquele fogaréu (aliás, será q ela só tinha visto agora, que
estava daquele tamanho todo?). Só que não.
Na corrida descobrimos que era a equipe da TV Record. Estavam fugindo do local - a multidão indo pra cima deles - depois de terem o carro da reportagem queimado. Não, não era um colchão. Era o carro de reportagem de uma rede de televisão.
O olhar no rosto da repórter me comoveu. Ela, como nós, não conseguia
encontrar muito sentido em tudo que estava acontecendo. Ao lado de onde
conversávamos, uns quatro policiais militares. Parados. Assistindo o fogo, a equipe sendo perseguida… Resolvemos dar no pé que bobos nós não somos. Tinha algo muito, mas muito errado (e estranho) ali.
Voltamos
andando bem rápido para a Sé, onde os moradores de rua continuavam
alertas, e os franciscanos tentavam recolher pertences caídos pelo chão
na fuga e se organizarem novamente para dar continuidade a sua missão.
Nós não fomos tão bravos e decidimos voltar para nossas casas.
7. Prelúdio de um… golpe?
No
metrô um aviso: as estações de trem estavam fechadas. É, pois é, aquela
coisa que havíamos falado antes e tal. Mal havíamos chegado em casa,
porém, uma conhecida posta no facebook que um amigo não
conseguiu chegar em lugar nenhum porque algumas pessoas invadiram os
trilhos da CPTM e várias estações ficaram paradas, fechadas. Não
era caos “normal” da CPTM, nem problemas “técnicos” como a moça
anunciava. Era de propósito. Seriam os mesmos do colchão, do carro da
Record?
Lemos, em seguida, em redes
sociais, que havia pessoas saqueando lojas e destruindo bancos no
centro. Sabíamos que eram o mesmos. Recebi um relato de que uma ocupação
de sem-teto foi alvo de tentativa (?) de incêndio. Naquele
momento sabíamos que, quem quer que estivesse por trás do “caos” no
centro, da depredação de ônibus na frente do Palácio dos Bandeirantes no
dia anterior, de tentativas de criar caos na prefeitura, etc. não era o
MPL. Também sabíamos que não era nenhum grupo de esquerda: gente de esquerda não quer exterminar sem-teto.
Esse plano é de outro grupo político, esse que manteve a PM funcionando
nos últimos 20 anos com a mesma estrutura da época da ditadura militar.
Algum tempo depois, mais uma notícia: em
Belo Horizonte, onde já se fala de chamar a Força Nacional e onde os
protestos foram violentíssimos na segunda-feira (culminando inclusive em
morte), havia ocorrido a mesma coisa. Depredação total do centro da cidade, sem nenhum policial por perto. Nenhunzinho. Muito estranho.
Nessa
hora eu já estava convencida de que estamos diante de uma tentativa
muito séria de golpe, instauração de estado de exceção, ou algod do
tipo. Muito séria. Muito, muito, muito séria. Postei algumas coisas no facebook, vi que havia pessoas compartilhando da minha sensação. Sobretudo quem havia ido às ruas no dia de hoje.
Um pouquinho depois,
outra notícia: a nova embaixadora dos EUA no Brasil é a mesma
embaixadora que estava trabalhando no Paraguai quando deram um golpe de
estado em Fernando Lugo.
Me
perguntaram e eu não sei responder qual golpe, nem por que. Mas se o
debate pela desmilitarização da polícia e pelo fim da PM parece que
finalmente havia irrompido pelos portões da USP, esse seria um ótimo
motivo. Nem sempre um golpe é um golpe de Estado. Em 1989 vivemos um
golpe midiático de opinião pública, por exemplo. Pode ser que estejamos
diante de outro. Essa é a impressão que, ligando esses pontos, eu tenho.
Já
vieram me falar que supor golpe “desmobiliza” as pessoas, que ficam em
casa com medo. De forma alguma. Um “golpe” não são exércitos adentrando a
cidade. Não necessariamente. Um “golpe” pode estar baseado na ideia
errônea de que devemos apoiar todo e qualquer tipo de indignação, apenas
porque “o povo na rua é tão bonito!”.
Curiosamente,
quando falei sobre a manifestação do dia 13 com meus alunos, no dia 14,
vários deles me perguntaram se havia chances de golpes militares,
tomadas de poder, novas ditaduras. A minha resposta foi apenas uma, que
ainda sustento sobre este possível golpe de opinião pública/mídia: em
toda e qualquer tentativa de golpe, o que faz com que ela seja ou não
bem-sucedida é a resposta popular ao ataque. Em 1964, a resposta popular
foi o apoio e passamos a viver numa ditadura. Nos anos 2000, a reposta
do povo venezuelano à tentativa de golpe em Chávez foi a de rechaço, e a
democracia foi restabelecida.
O ponto é que
depende de nós. Depende de estarmos nas ruas apoiando as bandeiras
certas (e há pessoas se mobilizando para divulgar em tempo real, de
maneira eficaz, onde está o ato contra o aumento da passagem, porque já
não podemos dizer que é apenas “um” movimento, como fez Haddad em sua
entrevista coletiva). Depende de nos recusarmos a comprar toda e
qualquer informação. Depende de levantarmos e irmos ver com nossos
próprios olhos o que está acontecendo.
Se
essa sequencia de fatos faz sentido pra você, por favor leia e repasse o
papel. Faça uma cópia. Guarde. Compartilhe. Só peço o cuidado de
compartilharem sempre integralmente. Qualquer pessoa mal-intencionada
pode usar coisas que eu disse para outros fins. Não quero isso.
Quero apenas que vocês sigam minha linha de raciocínio e me digam: estamos mesmo diante da possibilidade iminente de um golpe?
Estou louca?
Espero sinceramente que sim. Mas acho que não.
https://medium.com/primavera-brasileira/dfa6bc73bd8a
quarta-feira, 19 de junho de 2013
Dilma fez a sua parte e reduziu os impostos das empresas de transportes coletivos
O governo federal fez neste ano e em 2012 uma redução de impostos das empresas de transporte coletivo que permite queda de até 7,23% no valor da tarifa de ônibus urbano. O corte de tributos anunciado pelo governo possibilita que os preços das passagens caiam em algumas grandes cidades ou tenham reajuste menor em outras localidades.
Em 31 de maio, o governo encaminhou ao Congresso Nacional a Medida Provisória nº 617, que isenta de PIS/Cofins os serviços de transporte coletivo rodoviário, metroviário e ferroviário. Segundo dados do Ministério da Fazenda, tal desoneração tem um impacto de 3,65% sobre o valor do faturamento das empresas. Isso quer dizer que deixou de incidir sobre o valor da passagem do transporte coletivo 3,65%.
Em 17 de agosto de 2012, a presidenta Dilma Rousseff sancionou o Projeto de Lei de Conversão 18/2012 (MP 563), desonerando a folha de pagamento das empresas de transporte coletivo rodoviário. A medida passou a vigorar a partir de janeiro de 2013. Agora, em 15 de julho de 2103, o governo enviou ao Congresso Nacional, através da MP 612, a desoneração da folha de pagamento para o transporte coletivo metroviário.
A redução de 20% sobre a folha de pagamento das empresas de transporte coletivo rodoviário equivale a 5,58% do faturamento. Subtraindo deste percentual o recolhimento de 2% de tributo sobre o faturamento das empresas, chega-se a um impacto de 3,58% de redução sobre as tarifas.
Estado policial dos Estados Unidos ameaça democracia, analisa Frei Betto
Espionagem
Estado policial dos Estados Unidos ameaça democracia, analisa Frei Betto
Para assessor de movimentos sociais, postura de Barack Obama não é democrática e cria Estado de terror
por Redação RBA
publicado
18/06/2013 14:13
Victor Soares/ABr
São Paulo – O assessor de movimentos sociais Frei Betto comentou à Rádio Brasil Atual que é um exemplo de “arremedo de democracia, uma democracia sem liberdade e privacidade" o
governo norte-americano ter acesso a e-mails, telefonemas e dados
pessoais da sociedade civil. Ele afirmou que comprovar que a democracia e
a liberdade individual não são compatíveis é uma vitória de Osama Bin
Laden.
Para Frei Betto, o presidente dos Estados Unidos não
apresentou postura democrática ao comentar o escândalo, na semana
passada. “Uma senadora democrata norte-americana afirmou que uma das
obrigações do governo é garantir que os Estados Unidos permaneçam
seguro, e o próprio presidente não foi menos enfático, disse que é
preciso reconhecer que não se pode ter cem por cento de segurança e
cento por cento de respeito à esfera privada e zero por cento de
inconveniente.”
A consagração do estado policial, segundo Frei Betto,
é capaz de controlar todos os cidadãos, e o medo do terrorismo faz com
que 56% dos habitantes dos EUA apoiem a vigilância telefônica e
eletrônica da população.
Segundo o jornal britânico The Guardian, a NSA
(sigla em inglês de Agência de Segurança Nacional) dos EUA criou um
banco de dados com ligações telefônicas e mensagens de voz de milhões de
cidadãos, coletados de pessoas que utilizam o serviço da operadora
Verizon – uma das mais populares no país. O jornal obteve cópia de uma
ação judicial sigilosa da NSA.
Na administração de George W. Bush, a imprensa
norte-americana revelou uma série de gravações e escutas telefônicas
ordenadas com base no "Patriot Act". Essa é a primeira vez, no entanto,
que, sob a tutela de Obama, um caso de espionagem de grandes proporções é
revelado. Fato que pode dar "sinais da continuação da política de
controle da população", segundo a imprensa europeia.
Edward Snowden, o principal responsável pelo
vazamento do programa de vigilância de comunicações dos Estados Unidos,
disse na quarta-feira (12) que o governo norte-americano mantém
espionagem na China e Hong Kong há vários anos. Para justificar o
vazamento dos dados, logo quando o escândalo veio à tona, ele afirmou
que não gostaria de viver “num mundo em que tudo o que faço e o que digo
fica registrado”. Ele acrescentou que agiu assim porque percebeu que os
presidentes podem mentir para se manter no poder e ignorar sua
promessas públicas sem consequência.
http://www.redebrasilatual.com.br/mundo/2013/06/estado-policial-dos-eua-ameaca-democracia-analisa-frei-betto-1802.html
terça-feira, 18 de junho de 2013
“Foda-se o Brasil”, gritava o rapaz em SP
“Foda-se o Brasil”, gritava o rapaz em SP
publicada terça-feira, 18/06/2013 às 22:40 e atualizada terça-feira, 18/06/2013 às 22:38
por Rodrigo Vianna
A chegada ao viaduto do Chá foi surpreendentemente rápida. Trabalhadores e lojistas tinha ido embora mais cedo, deixando o centro de São Paulo estranhamente vazio às seis horas da tarde. Contornei o Teatro Municipal, e segui a pé, para cruzar o viaduto rumo à Prefeitura – onde os manifestantes se concentravam. Estava acompanhado da equipe de gravação da TV.
No sentido contrário, a massa marchava. Pareciam estudantes razoavelmente organizados: carregavam faixas de diretórios acadêmicos, bandeiras da UJS, mas também muitos cartazes desenhados a mão: “O Brasil acordou”, “Fora FIFA”, entre outros. Um rapaz me informou: ”estamos indo pra Paulista porque o Haddad nem está mais aí na Prefeitura”. Haddad tinha seguido ao encontro da presidenta Dilma, para uma reunião no Aeroporto de Congonhas. Pensei em tomar o rumo da Paulista, mas meu chefe de reportagem avisou pelo rádio: “acho melhor você ficar por aí, porque um grupo pequeno resolveu ficar pra atacar a Prefeitura”.
Pouco a pouco me aproximo do prédio. O grupo que ficou não era tão pequeno assim. E o que vejo e ouço é estranho – pra dizer o mínimo. Há homens mascarados, muita gente de coturno. E há também jovens que conversam com a gíria típica da periferia paulistana. Misturados a eles, moleques com jeito de playboys de classe média. Gritam palavras de ordem de forma desorganizada e aleatória.
Um menino, a meu lado, grita “Fora, petralhada”, e “Fora, Dilma”. Puxo papo, e ele conta: “Sou do grupo Mudança Já, que luta por menos impostos e uma gestão eficiente”. Esse não parece da periferia. Pelo papo e pelas roupas. De fato, mora no Jabaquara – bairro de classe média. O menino fala mal do MPL – Movimento Passe Livre, que puxou as manifestações desde o início. “Esses não me representam, são agitadores e falam com jeito de comunista”.
Êpa…
De repente, o grupo dos mascarados se exalta e avança sobre os portões da Prefeitura. Voam pedras, arrancadas do calçamento do centro antigo. Pedras portuguesas. Jovens mascarados arremetem contra os homens da Guarda Civil Metropolitana. Um deles usa camiseta branca justa, bota em estilo militar e age com a volúpia típica dos provocadores que conhecíamos tão bem nos anos 80 – quando a Democracia ainda engatinhava. É o rapaz que aparece nas fotos acima…
Alguns picham as paredes da Prefeitura. A turma mais moderada grita: “sem vandalismo”. Os mascarados devolvem: “sem moralismo”. Um rapaz passa a meu lado e grita: “vamos quebrar tudo”. E quebram mesmo.* Pedras voam perigosamente sobre nossas cabeças.
Mas a imagem mais chocante eu veria logo depois. Um grupo segura uma bandeira brasileira e queima. Um rapaz grita: “foda-se o Brasil, Nacionalismo é coisa de imbecil”. E aí tenho certeza que há um caldo de cultura perigoso por aqui.
Um Brasil fraco, um Estado nacional sob ataque, não será capaz de melhorar a vida do povo. Isso interessa para os conservadores e para seus aliados nos Estados Unidos.
De repente, chega um grupo novo, mais de cem pessoas. Trazem uma faixa amarela, com a frase “Chega de Impostos – Mooca”. O bairro da Mooca é um reduto da classe média – em geral, conservadora. A palavra de ordem é “Fora, Dilma”.
Um funcionário da Prefeitura meio gordinho aparece na janela. Ao meu lado, um grupo berra pra ele: “Gordo, filho da puta, você vai morrer. Você come nossos impostos, filho da puta”.
Penso com meus botões: essa turma foi pra rua pra pedir serviços públicos de qualidade e, de repente, está pedindo também menos impostos, menos Estado. E queimando a bandeira do Brasil. O que é isso?
Ah, é o sintoma de uma sociedade que incluiu jovens pelo consumo, sem politização. Ok. Isso está claro. Desde 2010, dizíamos nos blogs que essa equação do lulismo poderia não fechar. Despolitização? Ou pior que isso: um pé no fascismo? O discurso que nega a Política é a melhor forma de deixar a avenida aberta para uma Política autoritária.
Claro que o povo na rua é muito mais que isso. O recorte que descrevo acima é bastante específico. Entre os milhares que foram para a Paulista, na segunda e na terça-feira em São Paulo, havia muita gente progressista, disposta a mudar o Brasil. Mas ali também imperava o “Fora, Políticos”. Ora, se todos foram eleitos, o que será que essa turma imagina? Sovietes no Grajaú e no Morro do Alemão? Nada disso. A idéia de muitos por hora é botar fogo em tudo. Qual será o fim disso?
A esquerda organizada, hoje tive certeza, precisa disputar as ruas. Lula precisa reaparecer e botar o bloco na rua.
Outro dia escrevi aqui: quando vemos esse clima de “Fora, todos os Políticos” podemos imaginar duas saídas possíveis
- a Argentina que escolheu os Kirchner para se recuperar depois do caos;
- ou a Espanha, que levou jovens “indignados” para as praças (e lá também bandeiras de partidos eram “proibidas”) mas no fim das contas elegeu os franquistas do PP.
No Brasil, o jogo está sendo jogado. A massa lulista – aquela massa forte das periferias das capitais, e do Nordeste – essa massa não está nas ruas. Isso ficou claro pelo que vi e ouvi nas ruas de São Paulo.
Nas ruas há uma mistura: ultra-esquerda, nova esquerda, indignados em geral e, infelizmente, também há o velho lúmpen que pode virar – fácil, fácil – caldo de cultura para uma saída autoritária.
Quem conhece bem a história do Brasil não ficaria surpreendido se, desse processo todo, nascesse não “uma nova política”. Mas um governo (mais) conservador, que botasse o Brasil de novo “nos trilhos” da submissão aos EUA, jogando fora os tênues avanços da Era Lula.
Afinal, “foda-se o Brasil”, não é? Essa cena não vou esquecer: a nossa bandeira queimada por jovens tresloucados que afirmam querer mudar o país. Foi estranho.
* Ao fim da manifestação, parte dos jovens mascarados avançou em direção ao carro da TV Record que estava diante da Prefeitura e tocou fogo no veículo. Tudo que parece – ou é – símbolo de poder acaba virando alvo. Nenhum jornalista ficou ferido. O alvo era a empresa.
Leia outros textos de Palavra Minha
http://www.rodrigovianna.com.br/palavra-minha/foda-se-o-brasil-gritava-o-rapaz-em-sp.html
CORAÇÃO NA VOZ! O site da cantora Vania Carvalho, tudo de bom!
Felicidade maior
Quando Vania Carvalho me indicou para
fazer a apresentação do seu novo CD, Coração na Voz, bateu o orgulho e a
alegria de poder falar publicamente de uma querida amiga, Quer
felicidade maior?
Vania e eu nos conhecemos já não sei
desde quando, nossas famílias têm laços estreitados por décadas de
carinho, partilhamos gostos e ideais, estivemos juntas em não sei
quantos momentos especiais, passamos por ... Mas, peraí, não devo falar
sobre isso. Estamos em seara profissional e devo me ater ao CD.
Pois o faço com a mesma honra e alegria. Porque Vania, afora a amiga, é uma cantora extraordinária, uma de nossas melhores.
Mas tem uma trajetória tão
extraordinária quanto singular. Publicitária, formada em Filosofia,
talvez o ofício ao qual menos tenha se dedicado seja exatamente o de
cantar, o que tornou a sua voz uma delícia para poucos iniciados
(incluindo os amigos e a talentosa família reunidos nas rodas de samba
promovidas pela prima Clarinha).
Por motivos variados - inclusive a tal
impiedosa e incompreensível lei de mercado, mostrengo de olhos de
cifrões -, houve mesmo momentos em que Vania desistiu, "asilando-se" no
interior do Rio, lá pelas bandas de Miguel Pereira. Papai ficava louco
da vida; considerava um desperdício criminoso privar o público de uma
cantora de tamanha qualidade.
Mas, felizmente, a arte sempre insistiu
em resgatá-la, para o bem da própria arte, Agora mais uma vez. E assim
ela volta com o CD Coração na Voz, em que reúne diamantes lapidados pelo
dom que a natureza lhe presenteou. Só um reparo: coração na voz não é
coisa episódica na vida de Vania Carvalho, é o que ela sempre teve, para
o nosso deleite. Quer felicidade maior?
Graça Lago
jornalista, filha de Mário Lago
jornalista, filha de Mário Lago
Dedicatória para Mário Lago
Nesse disco, em que interpreto 22 dos
grandes compositores brasileiros, peço licença para uma homenagem
especial a Mário Lago, artista de mil instrumentos com quem tive a
felicidade de formar uma bela parceria. Devo ao Mário mais do que a
existência ou sobrevivência como cantora.
Este é o meu segundo disco solo - o
primeiro foi lançado em 1978! Nesse longo intervalo, Mário me manteve
presente na música, nos shows que realizava e para os quais sempre me
chamava a participar.
Por isso, dedico esse CD a ele. E também pelo respeito político que tenho por sua lucidez e coerência. Rua sem sol,
dele e Henrique Gandelman, espelha esta coerência. A música faz parte
do meu repertório de vida, até mais do que o profissional. Não poderia
faltar em um trabalho que batizei de Coração na voz, porque é isso,
realmente, o que estou colocando nele, o meu coração na minha voz.
- Mário, querido, espero que você goste, interpretei com toda a admiração que tenho por você e pela família Lago.
Vania Carvalho
Contatos:
www.vaniacarvalho.com.br
https://www.facebook.com/vaniasantos.decarvalho?hc_location=timeline
"NÃO, REAÇA, EU NÃO ESTOU DO SEU LADO!
Vania Santos Leal de Carvalho
Vania na foto
Repassou-me esse texto de
William Azalim
William Azalim
"NÃO, REAÇA, EU NÃO ESTOU DO SEU LADO!
Não vem transformar esse protesto legítimo em uma ação despolitizante contra a corrupção. Não vem usar nariz de palhaço, não tem palhaço nenhum aqui. Agora que a mídia comprou a manifestação tu vem dizer que acordou? O povo já está na rua há muito tempo, movimentos sociais estão mobilizados apanhando da polícia faz muito tempo. São eles os baderneiros, os vândalos, os que atrapalham o trânsito. Movimento pelo transporte, Movimento Feminista, Movimento Gay, Movimento pela Terra, Movimento Estudantil… Ninguém estava dormindo! Essa violência que espanta todo mundo não é novidade, não é coisa de agora. Acontece TODOS os dias nas periferias brasileiras, onde não tem câmera pra registrar ou repórter para se machucar e modificar o discurso da mídia. Não podemos admitir que nossa luta seja convertida pela direita numa passeata contra a corrupção. Não é uma causa de neoliberais."
Brasil, Copa para quem? __ A 'visão" de um deficiente visual nas manidestações .
Brasil, Copa para quem?
Pois é, numa segunda-feira, 17/06/2013 aqui estou
eu falando diretamente
de Minas Gerais.
Onde nesse momento, várias pessoas se reúnem perto
da Praça Sete e se encaminham para o estádio do Mineirão.
Pois é, o Brasil parece realmente ter acordado,
para uma realidade de
mais de 25 anos de pura fanfarrice por parte dos
nossos governantes de antes e de hoje.
Finalmente o País Acorda, depois de muita coisa errada.
Foi preciso
Mensalão, Privataria Tucana, FHC, entre outras
coisas que todos já sabem para aí sim as pessoas se darem conta da nossa realidade...
Então o Governo decide como que em ato de desespero
conter todas essas
manifestações, como que querendo ocultar do mundo
todo a nossa
realidade.
Isso tudo está parecendo até o golpe de 64, quando
ninguém podia se
Manifestar. Do nada vinham balas de borracha, tiro
pra todo lado, e
mais.. As pessoas eram levadas presas por motivos
banais...
Aqui no Brasil as coisas são feitas por várias
pessoas, algumas que sabem
porque estão
se manifestando, e outras não.
E é bem fácil definir quem é quem.
Basta saber que quem protesta por uma causa
realmente sabe o porque está
se manifestando.
Outras entraram de gaiato, apenas querendo fazer
balbúrdia e
Bagunça, nada mais. Creio que as informações estão chegando ás
pessoas por essa mídia
manipuladora, que colocam as informações de uma
forma realmente macia
Para evitar toda e qualquer manifestação..
Hoje de manhã enquanto eu assistia O noticiário
aqui do Estado, não
sabia da proporção que isso ia tomar..
Até que veio a parte da tarde, e tudo mudou.
Na praça 7 principal via da região central De BH as
pessoas iam se
reunindo, criando força em massa, e aquilo foi
aumentando...
Até agora, no momento em que escrevo, estão seguindo sentido Estádio Do Mineirão mais de
17000 Pessoas, e de várias causas e setores diferentes.Generalizou-se
a causa!
O Estado de minas a fim de Evitar qualquer tipo de
manifestações por parte
dos sindicatos representativos juntamente com o Tribunal
de Justiça De
Minas Gerais concedeu uma liminar, proibindo todos
os sindicatos de se
manifestarem Sobre o alegamento de que isso pode
prejudicar os jogos e
ainda mais.
Quem infligir essa Liminar, estará sujeito a multa
de 5.000,00 reais por
Dia.
A pessoas pobres, professores, jovens, e de todas
as esferas pedindo,
reinvidicando
Seus direitos, e de uma forma bem pacífica.
Emquanto isso, a polícia de BH entra em contato com
o Exército para
tentar impedir a chegada deles até o estádio.
A claro, um dos cartazes diz: Copa pra Quem?..
Gente o ingresso mais barato ta aí por volta dos
seus 800 reais.
Sim, isso inclui o valor da cervejinha que está em
torno de 9 a 12 reais.
Sendo essa de 12 Reais a do patrocinador da Copa.
E detalhe: A Fifa ultrapassa até a Lei Federal, que
proíbe a venda de
bebidas com teor alcoólico nos estádios de todo o
Brasil;.
Agora uma declaração muito interessante mostrada no
site Do Jornal O
Globo..
Publicado: 17/06/13 - 14h46
No domingo, protesto em torno do Maracanã, durante
o jogo México e
Itália, terminou em confronto com policiais
RIO : ” O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, disse
nesta segunda-feira
que o governo não vai tolerar manifestações que
atrapalhem ou tentem
impedir jogos da Copa das Confederações. Em evento
no Rio, Rebelo
ressaltou que o Brasil assumiu o compromisso de
realizar o evento e vai
cumpri-lo.
” Não vamos permitir que nenhuma dessas
manifestações atrapalhe nenhum
dos eventos que nos comprometemos a realizar. Quem
achar que pode
impedi-los enfrentará a determinação do governo de
impedir. As
manifestações serão toleradas dentro desse limite ”
disse Aldo.
Segundo o ministro, as polícias estaduais tiveram
sucesso em garantir a
realização dos três primeiros jogos da Copa das
Confederações e, por
isso, manterão seu esquema de segurança para as
próximas partidas. Aldo
Rebelo afirmou não temer que a imagem do Brasil
seja prejudicada pelas
manifestações e espera que o resto do mundo veja o
país como um lugar
democrático, mas capaz de garantir a ordem.
Sobre as vaias à presidenta da República, Dilma
Rousseff, no jogo de
abertura da Copa, no último sábado em Brasília, o
ministro disse que
como militante do movimento estudantil teve que
conviver com isso, mas
não aconselha que os torcedores tenham esse
comportamento.
Obras para a Copa 2014 serão concluídas, afirma
Rebelo
Aldo ainda garantiu que todas as obras necessárias
estarão prontas para
a Copa do Mundo de 2014, apesar de alguns setores
da sociedade
discordarem. Segundo ele, as obras que não forem
concluídas a tempo
sairão da matriz de responsabilidades da Copa e
perderão o direito de
ter um regime de contratação diferenciada.
Sobre as despesas com o evento, Aldo Rebelo disse
que, para cada R$ 1
gasto pelo poder público, R$ 3,4 foram investidos
pela iniciativa
privada.
No evento sobre economia do futebol, o presidente
da Federação
Internacional de Futebol (Fifa), Joseph Blatter,
disse que durante a
realização de eventos internacionais, algumas vezes
é preciso lidar com
eventualidades como os protestos no Brasil e na
Turquia, onde a Fifa
realizará o Mundial de Futebol sub-20. Blatter
elogiou os estádios
Jornalista Mário Filho, o Maracanã, e Mané
Garrincha.
* Agora gostaria de fazer um parêntese aqui: (
Sobre o Brasil não ter
investindo dinheiro público na copa, o que dígasse
passagem foi gasto até
de mais...
Sobre a Fifa não lucrar com isso? não, não me façam
rir!
90% que entra
de dinheiro é lógico que vai toda pra Fifa, né?.
Eu termino este post com uma única coisa a dizer:
Acorda Brasil!)
Bruno Maximo
@brunoceguinho
Assinar:
Postagens (Atom)