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sábado, 8 de setembro de 2012

Das Heranças: FHC x Lula


Das Heranças: FHC x Lula

4 de setembro de 2012


Desde que assumiu a Presidência, Dilma, buscou uma relação cordial com o ex-presidente FHC, convidando-o para eventos, elogiando sua vida pública, querendo manter um espírito republicano e sem olhar o passado, visando superar os constantes choques e conflitos entre o governo Lula e o de FHC. Muitos de nós a criticamos por isto, mas a meu ver era o momento certo de tocar para frente o país e desarmar os combates, sem dar mais espaço para tiroteios inúteis, o excelente mandato de Lula, já enterrara as mazelas dos Governos anteriores.

Porém, invariavelmente, FHC, se aproveitando desta cordialidade e, por ausência de liderança na oposição, volta seguidamente a vestir armas e espezinhar o Governo Lula. Com o apoio midiático tentou ressuscitar seu governo, esquecendo-se como fora lastimável. Por vários meses, durante estes quase dois anos, a dupla FHC-Mídia, atacou Lula, atribuindo-lhe uma herança pesada à Dilma. Seguidamente, Dilma, contemporizava, punha panos quentes, e quanto mais assim agia, mais ácidas eram as críticas da dupla.

Ontem Dilma deu um petardo fatal em FHC, deixou de por panos quentes e mandou um direto, pondo o ex-presidente no seu devido lugar, a nota é um primor, clara e concisa:
“Citada de modo incorreto pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em artigo publicado neste domingo, nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, creio ser necessário recolocar os fatos em seus devidos lugares.
Recebi do ex-presidente Lula uma herança bendita. Não recebi um país sob intervenção do FMI ou sob a ameaça de apagão.
Recebi uma economia sólida, com crescimento robusto, inflação sob controle, investimentos consistentes em infraestrutura e reservas cambiais recordes.
Recebi um país mais justo e menos desigual, com 40 milhões de pessoas ascendendo à classe média, pleno emprego e oportunidade de acesso à universidade a centenas de milhares de estudantes.
Recebi um Brasil mais respeitado lá fora graças às posições firmes do ex-presidente Lula no cenário internacional. Um democrata que não caiu na tentação de uma mudança constitucional que o beneficiasse. O ex-presidente Lula é um exemplo de estadista”.

Vamos relembrar quais as “heranças” deixadas, tanto por FHC, quanto por Lula, para não termos dúvidas:

I – O que legou FHC a Lula

Situação Política e Econômica pré Lula:
  1. Janeiro de 1999 uma desastrada maxidesvalorização do real elevou de 1, 12 para 2,17 em apenas uma semana;
  2. O governo privatista FHC se esgotou em 15 dias após a posse;
  3. Os três anos seguintes foram de extrema letargia, baixo crescimento e todos os “ganhos” das grandes privatizações foram consumidos no imenso déficit das contas públicas;
  4. O maior caos político-administrativo foi o apagão energético. O Ministério de Minas e Energia esvaziado, sobreveio o maior vexame da história recente, país não podia crescer por falta de geração e/ou transmissão da energia produzida;
  5. Apesar da melhoria da economia em 2001 o governo politicamente estava derrotado;
  6. Iniciado o ano da sucessão a oposição comandada por Lula era amplamente favorita;
  7. Em Abril de 2002 o Dólar estava no cambio flutuante no valor de R$ 2,32. O risco país em torno de 800 pontos (dados do BC);
  8. A candidatura governista, da imprensa e dos empresários o Sr José Serra não alça voo é uma candidatura que ruma ao fracasso;
  9. Em meados de abril/2002 o Sr Luiz Fernando Figueiredo Diretor de Política Monetária do Banco Central modifica a política de prefixação de rendimentos dos fundos de investimentos. Antecipando os vencimentos dos títulos públicos fixados em dólar;
  10. A medida, aparentemente técnica, na verdade revela-se uma tentativa de golpear a oposição, pois com ela todos os índices econômicos são alterados radicalmente;
  11. Em um mês o dólar salta pra três reais, o risco país vai a 1500 pontos. A imprensa pró-FHC e seu candidato espalham boatos que a culpa deste desarranjo é a expectativa de Lula tornar-se Presidente;
  12. Este clima de terror eleitoral foi maligno para o país entre o primeiro e o segundo turno o dólar chegará a 4,04 e o risco pais a 2500 pontos, o IGPM que remunera aluguéis e tarifas públicas vai a 30%;

II – O que legou Lula a Dilma


Além de um ano espetacular, 2010, com crescimento vigoroso de 7,5%, com todos os indicadores econômicos em alta:
1)    14 milhões de novos empregos, taxa de desemprego mais baixa da história;
2)    De Janeiro de 2003 a Junho de 2010 43% a mais de empregos formais;
3)    Classe média aumentou em 24 milhões de pessoas;
4)    32 milhões de pessoas saíram da linha da miséria;
5)    Classe C tem mais poder de consumo de A+B juntas. Classe D emergindo e entrando firme no mercado;
6)    Salário mínimo foi de US $ 65 para 295 e quebrou a versão de que se aumentasse salário previdência, empresas iriam a falência;
7)    Brasil é 3º país  no ranking de investimentos mundiais;
8)    Petrobras fará a maior capitalização da América Latina por uma empresa, algo em torno de 25 Bilhões de Dólares, Pré-Sal vira realidade;
9)    Contas públicas em ordem;
10)  Diminuição da carga tributária de  36,1% para 33,58% do PIB em plena crise;
11)  8ª Economia mundial e perspectiva de ser a 5ª em 5 anos;
12)  Copa do Mundo em 2014 e Olimpíadas em 2016, abrindo ampla perspectiva de investimentos, obras e empregos;


Os números dizem por si só

III – Os desafios de Dilma



Mesmo com todos os ótimos indicadores, a política de combate à crise em 2008, com corretas medidas de incentivo à economia, trazem problemas presentes, principalmente porque a crise não se dissolveu em 4 anos, que era a avaliação do governo Lula, ela se prolonga, por, pelo menos, mais 4 anos, carregando um ambiente de baixo crescimento mundial, com queda de exportações e pressões inflacionárias. As tarefas, ou herança de Dilma, em geral são positivas, mas o entorno geral de crise, claro que não é favorável, mas nada disto tem a ver com Lula, ou herança “pesada” como tentam imputar falsamente, FHC e a Mídia.

Muito há que se fazer, a dívida social é imensa, falta avanças mais na reforma agrária, falta resolver o problema do câmbio, combater a desindustrialização, diminuir impostos, mais política de inclusão social. Melhorar ainda mais a educação e a saúde pública. Mas sem dúvida muito foi feito apesar de todas as dúvidas de 2002. A questão da crise permanece como fator limitante para novos e ousados vôos, mas o país é muito melhor do que o deixado por FHC, esta é a realidade, que é dura para oposição capitaneada pelos tucanos e para mídia, sua aliada, que cobra “sangue” no embate político.

Agora, Dilma, o pôs na lona, parabéns, Presidenta!!!
De ARNOBIO ROCHA
@arnobio1969

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