Artigo:
PED cria diálogo entre base política original e novos segmentos sociais - Tarso
Genro
O PT vive hoje um momento decisivo e não é um mero
bordão afirmar o caráter definitivo das escolhas que estamos por fazer, que
prefiguram o destino do Partido.
O que
estamos decidindo agora é se seremos capazes de recriarmos o nosso Partido para
enfrentar os desafios ainda mais complexos e graves que se apresentam hoje para
nós, ou se continuaremos nos repetindo indefinidamente, tornando-nos cada vez
mais parecidos com aquilo contra o qual lutamos tanto para nos diferenciar ─ um
partido tradicional, subsumido na ordem conservadora, quando não legitimador
dela.
É
inegável que o PT tem uma história notável e fulgurante: a nossa geração de
militantes criou, em plena crise do socialismo real, na periferia do sistema
capitalista, em um país governado por uma ditadura, um partido de esquerda que
rompeu com a tradição elitista da cultura política brasileira e com a cultura
autoritária da esquerda, à época, assumindo a democracia sem que para tanto
tivesse que renunciar ao seu compromisso com a igualdade.
Mais: o
PT, nos governos locais e regionais que dirigiu com os seus aliados
progressistas, foi capaz de radicalizar a forma e o exercício da democracia,
transformando as experiências de combinação da representação institucional com
a participação direta da cidadania, em referenciais mundiais, reconhecidas até
pelos organismos internacionais.
Todo o
capital cultural, experiência organizativa e energia política que acumulamos
nesse período de afirmação do PT, permitiu-nos resistir e reagir ao modelo de
globalização neoliberal, bem como lançar, com o governo Lula, as bases de um
projeto nacional que recuperou a nossa soberania, retomou o papel organizador
do Estado no desenvolvimento e permitiu a inclusão de milhões de brasileiros,
criando milhões de empregos no campo e na cidade, bem como oportunidades para
todos os setores da sociedade brasileira.
Podemos
hoje afirmar que esse ciclo de desenvolvimento com inclusão, liderado por Lula
durante oito anos e agora conduzido por Dilma, realizou-se da melhor forma
possível, considerando os marcos institucionais em que estava inscrito e os
limites impostos pela crise da economia global. E, ensina-nos a História,
quando um processo sócio-político se realiza, exige ser superado, no sentido de
que precisa ir além de si mesmo, transformar-se para preservar as suas melhores
virtudes e propor outras, reconstituir-se para responder às novas exigências
sociais e ao novo tempo político.
Não será
possível a qualquer governo do PT e às nossas bancadas, em qualquer nível, bem
como tornará difícil para os movimentos sociais portadores de valores e causas
com as quais nos identificamos ─ dos mais tradicionais, como os sindicatos, aos
mais fluidos e alternativos, como as redes sociais e as novas formas de
comunicação digital ─ recuperar relevância social e reconhecimento político sem
que o nosso Partido, a partir do PED, seja de fato e imediatamente refundado.
A
“refundação” não é mera figura de retórica ou dramatização da política, pois é
uma exigência histórica para que o PT, aqui e agora, assuma com a lucidez,
coragem e determinação que no passado já revelou ter, a aventura intelectual,
política e ética de se auto-recriar. Esse processo implica em realizar uma
ampla e profunda reforma democrática interna, cultural e organizacional; em
criar mecanismos para fortalecer as correntes internas de opinião, gerando uma
nova dinâmica que resgate a tradição do debate teórico-político, ao qual
renunciamos em nome do pragmatismo; em assumir o protagonismo que precisa ter
para orientar os governos e parlamentares que elege e protegê-los da rendição à
governabilidade, só como fim em si mesma.
A
recriação do PT implica também em reinventar a sua relação com a sociedade, em
propor aos movimentos tradicionais um novo contrato, que não pode se
fundamentar na concessão irrestrita ao corporativismo economicista. E envolve a
redefinição da relação do Partido com os sujeitos desse novo mundo fragmentado
da revolução tecnológica em curso, especialmente na esfera da comunicação ─
repactuação que não se fará simplesmente mediante concessões à subjetividade
alienada, mas criando condições para que as opiniões e posições desses novos
atores se justifiquem na cena pública e contribuam para gerar novas formas de
sociabilidade democrática. Por fim, a nossa reconstrução envolve o
estabelecimento do diálogo com os partidos, sindicatos e movimentos do nosso
campo, de outros países ou globais, que hoje compartilham das mesmas perplexidades
e dilemas do PT.
A
“refundação” é o ponto de partida de um processo capaz de recuperar e elevar a
um novo patamar político, a vocação do PT para ser um partido de massas e um
partido dirigente, espaço de elaboração e centro de articulação de um projeto
democrático e popular com hegemonia da esquerda, referência e inspiração para
as organizações e movimentos comprometidos com a construção de uma nova ordem
mundial.
O PED é a
oportunidade de promovermos esse debate e de elegermos uma direção capaz de
liderar e ser a fiadora desse processo de refundação. Direção que, além de ter
capacidade para promover a repactuação interna, tenha talento para,
transcendendo os estreitos limites do Partido, criar condições para um amplo
diálogo com os setores que constituem a nossa base política original, com os
novos segmentos sociais que emergiram na cena política com os avanços dos
nossos governos, bem como com os sujeitos vinculados organicamente às
transformações atuais nos campos do saber e do fazer, na cultura contemporânea,
na ciência e na tecnologia, com especial ênfase no inadiável e inarredável
diálogo com a juventude.
Apoio a
Mensagem ao Partido e a candidatura do Deputado Paulo Teixeira à Presidência
Nacional. Estou confiante de que podem liderar as forças partidárias na
recriação do Partido, que precisa reafirmar os seus compromissos, atualizar o
seu programa, ter maior clareza estratégica, recuperar a sua memória e criar um
novo horizonte utópico. Queremos dar sentido ao que fazemos, para que sejamos
dignos da nossa História e legítimos portadores de um futuro de mais igualdade
e mais democracia.
* Tarso
Genro é governador do Rio Grande do Sul
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Artigo: PED cria diálogo entre base política original e novos segmentos sociais - Tarso Genro
O PT vive hoje um momento decisivo e não é um mero bordão afirmar o caráter definitivo das escolhas que estamos por fazer, que prefiguram o destino do Partido.
O que estamos decidindo agora é se seremos capazes de recriarmos o nosso Partido para enfrentar os desafios ainda mais complexos e graves que se apresentam hoje para nós, ou se continuaremos nos repetindo indefinidamente, tornando-nos cada vez mais parecidos com aquilo contra o qual lutamos tanto para nos diferenciar ─ um partido tradicional, subsumido na ordem conservadora, quando não legitimador dela.
É inegável que o PT tem uma história notável e fulgurante: a nossa geração de militantes criou, em plena crise do socialismo real, na periferia do sistema capitalista, em um país governado por uma ditadura, um partido de esquerda que rompeu com a tradição elitista da cultura política brasileira e com a cultura autoritária da esquerda, à época, assumindo a democracia sem que para tanto tivesse que renunciar ao seu compromisso com a igualdade.
Mais: o PT, nos governos locais e regionais que dirigiu com os seus aliados progressistas, foi capaz de radicalizar a forma e o exercício da democracia, transformando as experiências de combinação da representação institucional com a participação direta da cidadania, em referenciais mundiais, reconhecidas até pelos organismos internacionais.
Todo o capital cultural, experiência organizativa e energia política que acumulamos nesse período de afirmação do PT, permitiu-nos resistir e reagir ao modelo de globalização neoliberal, bem como lançar, com o governo Lula, as bases de um projeto nacional que recuperou a nossa soberania, retomou o papel organizador do Estado no desenvolvimento e permitiu a inclusão de milhões de brasileiros, criando milhões de empregos no campo e na cidade, bem como oportunidades para todos os setores da sociedade brasileira.
Podemos hoje afirmar que esse ciclo de desenvolvimento com inclusão, liderado por Lula durante oito anos e agora conduzido por Dilma, realizou-se da melhor forma possível, considerando os marcos institucionais em que estava inscrito e os limites impostos pela crise da economia global. E, ensina-nos a História, quando um processo sócio-político se realiza, exige ser superado, no sentido de que precisa ir além de si mesmo, transformar-se para preservar as suas melhores virtudes e propor outras, reconstituir-se para responder às novas exigências sociais e ao novo tempo político.
Não será possível a qualquer governo do PT e às nossas bancadas, em qualquer nível, bem como tornará difícil para os movimentos sociais portadores de valores e causas com as quais nos identificamos ─ dos mais tradicionais, como os sindicatos, aos mais fluidos e alternativos, como as redes sociais e as novas formas de comunicação digital ─ recuperar relevância social e reconhecimento político sem que o nosso Partido, a partir do PED, seja de fato e imediatamente refundado.
A “refundação” não é mera figura de retórica ou dramatização da política, pois é uma exigência histórica para que o PT, aqui e agora, assuma com a lucidez, coragem e determinação que no passado já revelou ter, a aventura intelectual, política e ética de se auto-recriar. Esse processo implica em realizar uma ampla e profunda reforma democrática interna, cultural e organizacional; em criar mecanismos para fortalecer as correntes internas de opinião, gerando uma nova dinâmica que resgate a tradição do debate teórico-político, ao qual renunciamos em nome do pragmatismo; em assumir o protagonismo que precisa ter para orientar os governos e parlamentares que elege e protegê-los da rendição à governabilidade, só como fim em si mesma.
A recriação do PT implica também em reinventar a sua relação com a sociedade, em propor aos movimentos tradicionais um novo contrato, que não pode se fundamentar na concessão irrestrita ao corporativismo economicista. E envolve a redefinição da relação do Partido com os sujeitos desse novo mundo fragmentado da revolução tecnológica em curso, especialmente na esfera da comunicação ─ repactuação que não se fará simplesmente mediante concessões à subjetividade alienada, mas criando condições para que as opiniões e posições desses novos atores se justifiquem na cena pública e contribuam para gerar novas formas de sociabilidade democrática. Por fim, a nossa reconstrução envolve o estabelecimento do diálogo com os partidos, sindicatos e movimentos do nosso campo, de outros países ou globais, que hoje compartilham das mesmas perplexidades e dilemas do PT.
A “refundação” é o ponto de partida de um processo capaz de recuperar e elevar a um novo patamar político, a vocação do PT para ser um partido de massas e um partido dirigente, espaço de elaboração e centro de articulação de um projeto democrático e popular com hegemonia da esquerda, referência e inspiração para as organizações e movimentos comprometidos com a construção de uma nova ordem mundial.
O PED é a oportunidade de promovermos esse debate e de elegermos uma direção capaz de liderar e ser a fiadora desse processo de refundação. Direção que, além de ter capacidade para promover a repactuação interna, tenha talento para, transcendendo os estreitos limites do Partido, criar condições para um amplo diálogo com os setores que constituem a nossa base política original, com os novos segmentos sociais que emergiram na cena política com os avanços dos nossos governos, bem como com os sujeitos vinculados organicamente às transformações atuais nos campos do saber e do fazer, na cultura contemporânea, na ciência e na tecnologia, com especial ênfase no inadiável e inarredável diálogo com a juventude.
Apoio a Mensagem ao Partido e a candidatura do Deputado Paulo Teixeira à Presidência Nacional. Estou confiante de que podem liderar as forças partidárias na recriação do Partido, que precisa reafirmar os seus compromissos, atualizar o seu programa, ter maior clareza estratégica, recuperar a sua memória e criar um novo horizonte utópico. Queremos dar sentido ao que fazemos, para que sejamos dignos da nossa História e legítimos portadores de um futuro de mais igualdade e mais democracia.
* Tarso Genro é governador do Rio Grande do Sul
Artigo: PED cria diálogo entre base política original e novos segmentos sociais - Tarso Genro
O PT vive hoje um momento decisivo e não é um mero bordão afirmar o caráter definitivo das escolhas que estamos por fazer, que prefiguram o destino do Partido.
O que estamos decidindo agora é se seremos capazes de recriarmos o nosso Partido para enfrentar os desafios ainda mais complexos e graves que se apresentam hoje para nós, ou se continuaremos nos repetindo indefinidamente, tornando-nos cada vez mais parecidos com aquilo contra o qual lutamos tanto para nos diferenciar ─ um partido tradicional, subsumido na ordem conservadora, quando não legitimador dela.
É inegável que o PT tem uma história notável e fulgurante: a nossa geração de militantes criou, em plena crise do socialismo real, na periferia do sistema capitalista, em um país governado por uma ditadura, um partido de esquerda que rompeu com a tradição elitista da cultura política brasileira e com a cultura autoritária da esquerda, à época, assumindo a democracia sem que para tanto tivesse que renunciar ao seu compromisso com a igualdade.
Mais: o PT, nos governos locais e regionais que dirigiu com os seus aliados progressistas, foi capaz de radicalizar a forma e o exercício da democracia, transformando as experiências de combinação da representação institucional com a participação direta da cidadania, em referenciais mundiais, reconhecidas até pelos organismos internacionais.
Todo o capital cultural, experiência organizativa e energia política que acumulamos nesse período de afirmação do PT, permitiu-nos resistir e reagir ao modelo de globalização neoliberal, bem como lançar, com o governo Lula, as bases de um projeto nacional que recuperou a nossa soberania, retomou o papel organizador do Estado no desenvolvimento e permitiu a inclusão de milhões de brasileiros, criando milhões de empregos no campo e na cidade, bem como oportunidades para todos os setores da sociedade brasileira.
Podemos hoje afirmar que esse ciclo de desenvolvimento com inclusão, liderado por Lula durante oito anos e agora conduzido por Dilma, realizou-se da melhor forma possível, considerando os marcos institucionais em que estava inscrito e os limites impostos pela crise da economia global. E, ensina-nos a História, quando um processo sócio-político se realiza, exige ser superado, no sentido de que precisa ir além de si mesmo, transformar-se para preservar as suas melhores virtudes e propor outras, reconstituir-se para responder às novas exigências sociais e ao novo tempo político.
Não será possível a qualquer governo do PT e às nossas bancadas, em qualquer nível, bem como tornará difícil para os movimentos sociais portadores de valores e causas com as quais nos identificamos ─ dos mais tradicionais, como os sindicatos, aos mais fluidos e alternativos, como as redes sociais e as novas formas de comunicação digital ─ recuperar relevância social e reconhecimento político sem que o nosso Partido, a partir do PED, seja de fato e imediatamente refundado.
A “refundação” não é mera figura de retórica ou dramatização da política, pois é uma exigência histórica para que o PT, aqui e agora, assuma com a lucidez, coragem e determinação que no passado já revelou ter, a aventura intelectual, política e ética de se auto-recriar. Esse processo implica em realizar uma ampla e profunda reforma democrática interna, cultural e organizacional; em criar mecanismos para fortalecer as correntes internas de opinião, gerando uma nova dinâmica que resgate a tradição do debate teórico-político, ao qual renunciamos em nome do pragmatismo; em assumir o protagonismo que precisa ter para orientar os governos e parlamentares que elege e protegê-los da rendição à governabilidade, só como fim em si mesma.
A recriação do PT implica também em reinventar a sua relação com a sociedade, em propor aos movimentos tradicionais um novo contrato, que não pode se fundamentar na concessão irrestrita ao corporativismo economicista. E envolve a redefinição da relação do Partido com os sujeitos desse novo mundo fragmentado da revolução tecnológica em curso, especialmente na esfera da comunicação ─ repactuação que não se fará simplesmente mediante concessões à subjetividade alienada, mas criando condições para que as opiniões e posições desses novos atores se justifiquem na cena pública e contribuam para gerar novas formas de sociabilidade democrática. Por fim, a nossa reconstrução envolve o estabelecimento do diálogo com os partidos, sindicatos e movimentos do nosso campo, de outros países ou globais, que hoje compartilham das mesmas perplexidades e dilemas do PT.
A “refundação” é o ponto de partida de um processo capaz de recuperar e elevar a um novo patamar político, a vocação do PT para ser um partido de massas e um partido dirigente, espaço de elaboração e centro de articulação de um projeto democrático e popular com hegemonia da esquerda, referência e inspiração para as organizações e movimentos comprometidos com a construção de uma nova ordem mundial.
O PED é a oportunidade de promovermos esse debate e de elegermos uma direção capaz de liderar e ser a fiadora desse processo de refundação. Direção que, além de ter capacidade para promover a repactuação interna, tenha talento para, transcendendo os estreitos limites do Partido, criar condições para um amplo diálogo com os setores que constituem a nossa base política original, com os novos segmentos sociais que emergiram na cena política com os avanços dos nossos governos, bem como com os sujeitos vinculados organicamente às transformações atuais nos campos do saber e do fazer, na cultura contemporânea, na ciência e na tecnologia, com especial ênfase no inadiável e inarredável diálogo com a juventude.
Apoio a Mensagem ao Partido e a candidatura do Deputado Paulo Teixeira à Presidência Nacional. Estou confiante de que podem liderar as forças partidárias na recriação do Partido, que precisa reafirmar os seus compromissos, atualizar o seu programa, ter maior clareza estratégica, recuperar a sua memória e criar um novo horizonte utópico. Queremos dar sentido ao que fazemos, para que sejamos dignos da nossa História e legítimos portadores de um futuro de mais igualdade e mais democracia.
* Tarso Genro é governador do Rio Grande do Sul
Artigo: PED cria diálogo entre base política original e novos segmentos sociais - Tarso Genro
O PT vive hoje um momento decisivo e não é um mero bordão afirmar o caráter definitivo das escolhas que estamos por fazer, que prefiguram o destino do Partido.
O que estamos decidindo agora é se seremos capazes de recriarmos o nosso Partido para enfrentar os desafios ainda mais complexos e graves que se apresentam hoje para nós, ou se continuaremos nos repetindo indefinidamente, tornando-nos cada vez mais parecidos com aquilo contra o qual lutamos tanto para nos diferenciar ─ um partido tradicional, subsumido na ordem conservadora, quando não legitimador dela.
É inegável que o PT tem uma história notável e fulgurante: a nossa geração de militantes criou, em plena crise do socialismo real, na periferia do sistema capitalista, em um país governado por uma ditadura, um partido de esquerda que rompeu com a tradição elitista da cultura política brasileira e com a cultura autoritária da esquerda, à época, assumindo a democracia sem que para tanto tivesse que renunciar ao seu compromisso com a igualdade.
Mais: o PT, nos governos locais e regionais que dirigiu com os seus aliados progressistas, foi capaz de radicalizar a forma e o exercício da democracia, transformando as experiências de combinação da representação institucional com a participação direta da cidadania, em referenciais mundiais, reconhecidas até pelos organismos internacionais.
Todo o capital cultural, experiência organizativa e energia política que acumulamos nesse período de afirmação do PT, permitiu-nos resistir e reagir ao modelo de globalização neoliberal, bem como lançar, com o governo Lula, as bases de um projeto nacional que recuperou a nossa soberania, retomou o papel organizador do Estado no desenvolvimento e permitiu a inclusão de milhões de brasileiros, criando milhões de empregos no campo e na cidade, bem como oportunidades para todos os setores da sociedade brasileira.
Podemos hoje afirmar que esse ciclo de desenvolvimento com inclusão, liderado por Lula durante oito anos e agora conduzido por Dilma, realizou-se da melhor forma possível, considerando os marcos institucionais em que estava inscrito e os limites impostos pela crise da economia global. E, ensina-nos a História, quando um processo sócio-político se realiza, exige ser superado, no sentido de que precisa ir além de si mesmo, transformar-se para preservar as suas melhores virtudes e propor outras, reconstituir-se para responder às novas exigências sociais e ao novo tempo político.
Não será possível a qualquer governo do PT e às nossas bancadas, em qualquer nível, bem como tornará difícil para os movimentos sociais portadores de valores e causas com as quais nos identificamos ─ dos mais tradicionais, como os sindicatos, aos mais fluidos e alternativos, como as redes sociais e as novas formas de comunicação digital ─ recuperar relevância social e reconhecimento político sem que o nosso Partido, a partir do PED, seja de fato e imediatamente refundado.
A “refundação” não é mera figura de retórica ou dramatização da política, pois é uma exigência histórica para que o PT, aqui e agora, assuma com a lucidez, coragem e determinação que no passado já revelou ter, a aventura intelectual, política e ética de se auto-recriar. Esse processo implica em realizar uma ampla e profunda reforma democrática interna, cultural e organizacional; em criar mecanismos para fortalecer as correntes internas de opinião, gerando uma nova dinâmica que resgate a tradição do debate teórico-político, ao qual renunciamos em nome do pragmatismo; em assumir o protagonismo que precisa ter para orientar os governos e parlamentares que elege e protegê-los da rendição à governabilidade, só como fim em si mesma.
A recriação do PT implica também em reinventar a sua relação com a sociedade, em propor aos movimentos tradicionais um novo contrato, que não pode se fundamentar na concessão irrestrita ao corporativismo economicista. E envolve a redefinição da relação do Partido com os sujeitos desse novo mundo fragmentado da revolução tecnológica em curso, especialmente na esfera da comunicação ─ repactuação que não se fará simplesmente mediante concessões à subjetividade alienada, mas criando condições para que as opiniões e posições desses novos atores se justifiquem na cena pública e contribuam para gerar novas formas de sociabilidade democrática. Por fim, a nossa reconstrução envolve o estabelecimento do diálogo com os partidos, sindicatos e movimentos do nosso campo, de outros países ou globais, que hoje compartilham das mesmas perplexidades e dilemas do PT.
A “refundação” é o ponto de partida de um processo capaz de recuperar e elevar a um novo patamar político, a vocação do PT para ser um partido de massas e um partido dirigente, espaço de elaboração e centro de articulação de um projeto democrático e popular com hegemonia da esquerda, referência e inspiração para as organizações e movimentos comprometidos com a construção de uma nova ordem mundial.
O PED é a oportunidade de promovermos esse debate e de elegermos uma direção capaz de liderar e ser a fiadora desse processo de refundação. Direção que, além de ter capacidade para promover a repactuação interna, tenha talento para, transcendendo os estreitos limites do Partido, criar condições para um amplo diálogo com os setores que constituem a nossa base política original, com os novos segmentos sociais que emergiram na cena política com os avanços dos nossos governos, bem como com os sujeitos vinculados organicamente às transformações atuais nos campos do saber e do fazer, na cultura contemporânea, na ciência e na tecnologia, com especial ênfase no inadiável e inarredável diálogo com a juventude.
Apoio a Mensagem ao Partido e a candidatura do Deputado Paulo Teixeira à Presidência Nacional. Estou confiante de que podem liderar as forças partidárias na recriação do Partido, que precisa reafirmar os seus compromissos, atualizar o seu programa, ter maior clareza estratégica, recuperar a sua memória e criar um novo horizonte utópico. Queremos dar sentido ao que fazemos, para que sejamos dignos da nossa História e legítimos portadores de um futuro de mais igualdade e mais democracia.
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