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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Herzog nunca foi uma "ameaça nacional", diz aliado da ditadura


27 DE NOVEMBRO DE 2013 - 11H07 

Herzog nunca foi uma "ameaça nacional", diz aliado da ditadura


O ex-governador de São Paulo, Paulo Egydio Martins, que governou o estado entre 1975 e 1979, durante a ditadura, afirmou nesta terça-feira (26) que muitas empresas financiaram o golpe contra João Goulart, presidente deposto pelo golpe em 1º de abril de 1964. "É difícil encontrar alguém que não tenha financiado a conspiração", disse, em depoimento à Comissão da Verdade da Câmara de vereadores de São Paulo. "O volume de dinheiro repassado aos coronéis aumentava a cada discurso inflamado do Jango”.


Arquivo
Herzog nunca foi uma "ameaça nacional", diz aliado da ditadura 
Na foto, Vladimir Herzog. Comissão da Verdade da Câmara Municipal ouviu de Paulo Egydio Martins, que governou o estado de São Paulo entre 1975 e 1979. 
Segundo o ex-governador, os empresários usavam dinheiro de caixa dois nessas doações. "Ninguém doava dinheiro de lucro", afirmou. No depoimento, ele negou que soubesse do financiamento dos órgãos de tortura e da própria estrutura da ditadura.

Egydio afirmou que fazia parte do núcleo de pensamento estratégico da conspiração, que contava com outras figuras ilustres, como o ex-diretor do jornal O Estado de São Paulo, Júlio de Mesquita Filho.

Para o ex-governador,que também foi ministro do Desenvolvimento no governo Castelloo Branco (1964-66), as mortes do jornalista Vladimir Herzog e o metalúrgico Manuel Fiel Filho, em 1975 e 1976 respectivamente, assassinados sob tortura no DOI-Codi, foram planejadas pela linha dura do regime, com o suposto objetivo de desestabilizar o governo do general Ernesto Geisel.

“Não é possível que alguém acredite que Herzog pudesse representar uma ameaça nacional. Um metalúrgico que distribuía a Voz Operária poderia ser uma ameaça nacional? Não tinha nada que mostrasse que ele e Herzog oferecessem algum tipo de risco, mas com a morte deles a população iria ficar exaltada e aí seria justificada uma ação mais violenta do Exército”, afirmou.

"Eu era um homem de confiança do Geisel em São Paulo. Militares linha dura, como o ex-ministro do Exército Sylvio Frota, não queriam que o Geisel efetivasse a abertura política. Causando problemas em São Paulo, esperavam atingir o presidente", disse Egydio.

Ele destacou a destituição do comandante do II exército, Ednardo D’Ávila Mello, após os assassinatos. "Um caso inédito na história do Brasil. Nem na Guerra do Paraguai houve a dispensa de um militar de alta patente", afirmou.

Para o vereador Gilberto Natalini, presidente da comissão, o depoimento é importante pela representatividade do ex-governador. "Ele participou da articulação e do governo, conhece o processo por dentro. Negou conhecimento sobre algumas coisas, como da estrutura do DOI-Codi, que não é possível crer que não tivesse, na posição dele. Mas foi um bom depoimento", considerou.

A última reunião de 2013 da Comissão da Verdade da Câmara Municipal será no dia 10 de dezembro, às 10h. Nela será ouvido João Vicente Goulart, filho do ex-presidente deposto João Goulart.


http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=230221&id_secao=1
Fonte: Rede Brasil Atual

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